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Para proteger o candidato do PRBS ao governo estadual, tabloide transforma bomba em traque jornalístico
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A notícia explodiu, precisamente, às 13:26h de hoje, conforme a gabação do “Blog do Editor” , abrigado na edição digital da gazetinha. Tanto era tema relevante, que o simples fato de o veículo jactar-se por tal primazia já fornecia a verdadeira dimensão do fato novo.
Ao apresentar a denúncia contra oito pessoas suspeitas do assassinato do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, o Ministério Público gaúcho não usou meias-palavras: o crime foi encomendado, motivado por vingança, diferentemente do que concluiu a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos da polícia tucana de Yeda, que encerrou o caso concluindo que o crime foi latrocínio, descartando, peremptoriamente, a hipótese de execução.
Por ocasião da morte do Secretário, o “jornalismo” do Grupo RBS não poupou energias para que o episódio não fosse caracterizado como “queima de arquivo”. Por aqueles dias, a melíflua colunista política de ZH, em instante de raro açodamento, chegou a escrever em sua Página 10: “Já sei que os adeptos da teoria da conspiração vão acusar a polícia de estar abafando o caso, mas os elementos levantados pela polícia indicam que Eliseu Santos foi apenas mais uma vítima da violência que grassa em Porto Alegre”.
Como se sabe, a administração do agora ex-prefeito José Fogaça esteve mergulhada em um verdadeiro festival de falcatruas e escândalos de corrupção, e o Secretário assassinado era o pivô de vários casos – em um deles, envolvendo um desvio de R$ 9,6 milhões, o próprio Fogaça é apontado como conivente pelo MPE. Por isso mesmo, uma verdadeira força-tarefa empenhou-se, com afinco, em mandar o “Caso Eliseu” para o limbo. De lembrar que este mesmo Cloaca News já havia demonstrado, de maneira cabal e irrefutável, que a ordem de Zero Hora é “aliviar Fogaça”.
Pois, hoje, ao anunciar clangorosamente a denúncia do Ministério Público, que apresenta uma reviravolta no episódio, o tabloide surtou. Veja, na imagem acima (clique para ampliá-la), que o furo jornalístico de ZH – ufania de todo profissional de imprensa – não mereceu a manchete principal na capa de sua edição eletrônica. A frase que poderia ser, em letras garrafais, “Secretário de Fogaça foi executado por vingança, diz Ministério Público”, ou “Assassinato de Eliseu foi encomendado, diz MP”, ficou reduzida a uma legendinha anódina, sem-vergonha mesmo.
Já podemos até imaginar a capa da edição impressa, que circulará na Sexta-Feira Santa, mas vamos nos resguardar. Porque o “jornalismo” de Zero Hora é sempre uma caixinha de surpresas em que o buraco é, invariavelmente, mais embaixo.