Pior, só de parabelo
Poucas vezes se usou linguagem tão dura em relação aos banqueiros fora de panfletos da extrema-esquerda, mas trata-se de um grande jornal liberal. Visto que os calçados Gucci substituíram as cartolas vitorianas como símbolos dos magnatas financeiros, “Meliantes de Mocassim” (Looters in Loafers, no original) foi a expressão de Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia e um dos astros do New York Times na sua coluna de 19 de abril.
O Goldman Sachs, o mais lucrativo banco de investimentos da história e o único dos “quatro grandes” de Wall Street a manter sua independência após a crise, teria surrupiado ao menos 1 bilhão de dólares. O fundo Magnetar foi acusado de operação similar em escala ainda maior pela ProPublica, uma respeitada agência de jornalismo sem fins lucrativos. Receia-se – e afirma-se – que é só a ponta do iceberg de um escândalo comparável ao de Bernard Madoff em 2008, que fraudou investidores em cerca de 50 bilhões de dólares.
Muitos bancos venderam títulos lastreados em hipotecas subprime, de risco de inadimplência alto e, ao mesmo tempo, criaram derivativos que apostavam na queda desses títulos, o que era eticamente duvidoso, mas não ilegal. O Goldman Sachs passou dos limites, segundo a SEC (equivalente estadunidense da CVM), por vender títulos propositalmente concebidos para beneficiar um cliente à custa de outros, sem que esses pudessem saber disso.
No início de 2007, o fundo de hedge Paulson & Co., dirigido por John Paulson, foi ao Goldman interessado em apostar pesado no estouro da bolha imobiliária. Para isso, precisava de um número suficiente de otários dispostos a apostar no contrário, no crescimento indefinido do mercado. O banco o atendeu lançando 2 bilhões de dólares em títulos chamados Abacus. O banco mentiu aos compradores, dizendo-lhes que um terceiro, o ACA Management, selecionara os títulos que lastreavam os Abacus. Na verdade, Paulson escolhia os piores papéis possíveis e o ACA os referendava. Ao mesmo tempo, o banco iludiu o ACA Management, dizendo-lhe que Paulson seria um comprador.
Um pouco como se uma concessionária aceitasse gorjeta de uma mulher para vender um carro sem freios ao marido para ela receber o seguro de vida. Em janeiro de 2008, 99% desses títulos haviam sido rebaixados, Paulson havia embolsado 1 bilhão, um terço da fortuna que o fez o 368º mais rico do mundo em 2008. Hoje tem 12 bilhões e é o 45º. Pelo serviço, pagou 15 milhões ao Goldman, mas a SEC não o acusou de nada.
Naturalmente, foram os investidores na outra ponta que perderam esse bilhão. A maior perda foi do ABN Amro, que quebrou e teve de ser estatizado, em 2008, passando ao controle do Royal Bank of Scotland (com participações do Banco Santander e o governo da Holanda), que teve de pagar 841 milhões de dólares ao Goldman para livrar-se das dívidas do ABN para com o banco de Wall Street. Outro grande perdedor foi o alemão IKB Deutsche Industriebank, que sofreu perdas de 150 milhões e também faliu. Passou ao controle do estatal KfW, que o revendeu à holding texana Lone Star Funds.
Reino Unido e Alemanha iniciaram suas- próprias investigações. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, acusou o Goldman de “falência moral” e ameaçou reter o pagamento de juros à instituição. Sua colega alemã, Angela Merkel, também avalia um processo legal. O diretor do Goldman londrino que articulou a operação e enganou o ACA, o francês Fabrice Tourre, foi protegido do assédio de clientes e jornalistas com o descredenciamento do órgão regulador e uma licença remunerada e o banco insiste em que ele não fez nada de errado. O Goldman alega em sua defesa que a transação se deu entre grandes investidores profissionais – ou seja, “homem não chora”.
Em 21 de abril, horas depois de o governo britânico anunciar o inquérito oficial, o Goldman anunciou lucros de 3,5 bilhões de dólares no primeiro trimestre, 65% mais que no mesmo período de 2009 e 35% mais que o esperado pelos analistas do mercado. E pagou 5,9 bilhões em bônus a seus executivos.
Igualmente perigosas para as finanças globais, embora não claramente ilegais, foram as operações do Goldman com o governo da Grécia para iludir as autoridades da União Europeia quanto a seu endividamento. As receitas futuras de aeroportos, pedágios e loterias do Estado foram “vendidas” por dinheiro vivo, o que equivale na prática a contrair empréstimos garantidos por essas receitas, mas não se revela como dívida nos demonstrativos oficiais. O JP Morgan realizou operações análogas com a Itália.
O caso do Magnetar é semelhante, diz o ProPublica: apostou contra os próprios papéis que, criados para quebrar, perderam 96% do valor total de 40 bilhões de dólares, enquanto títulos semelhantes de outras instituições perderam 68%. Pessoas com acesso à negociação disseram que o fundo pressionou os nove participantes – incluindo Merrill Lynch (hoje parte do Bank of America), Citi, JP Morgan Chase e o suíço UBS – a escolher os piores ativos. Todos os banqueiros lucraram pessoalmente, mas seus bancos, mesmo sem explicar aos investidores o caráter da operação e da aposta do Magnetar, tiveram dificuldade em vender esses papéis e arcaram com parte do prejuízo.
Segundo a SEC e o ProPublica, neste caso não se tentou ocultar os responsáveis pela escolha e não houve ilegalidade óbvia. Mas isso só reforça a necessidade de regulamentos mais severos para o setor financeiro, no momento em que o debate começa a se tornar mais sério no Congresso dos EUA. Os republicanos prometiam bloquear a discussão, mas, em 21 de abril, dois dos seus senadores anunciaram estar dispostos a negociar um acordo.
Pode ser apenas uma maneira de ganharem tempo até o caso sair das manchetes e voltar a atacar a proposta como “socialista”. Assim se fez com a reforma da saúde, apesar de meses de negociações para tentar conseguir o apoio de dois ou três republicanos. As bases de direita populista do “Tea Party” detestam Wall Street tanto quanto o governo federal, mas dificilmente esses políticos abrirão mão das doações de banqueiros para garantir seu voto.
Via CartaCapital
VAMOS REFRESCAR A MEMÓRIA DO COWBOY DA MOOCA (E FAZER UM FAVOR A ESTE REBOTALHO DE IMPRENSA QUE TEMOS)
Não sei por que...
A memória é mesmo uma coisa muito estranha! Se não fosse para mais nada, ela serviria para a gente lembrar do Capitólio, que, apesar de alguns anúncios, nunca chegou a ser restaurado. E serviria para lembrar dos cinemas que não estavam dentro dos shoppings. Aliás, nem existiam shoppings. Nos longínquos anos da década de 1970, existiam conjuntos comerciais, ou centros comerciais. Nada de “shopping”.
Acho que a coisa toda começou a mudar com o Rex. A primeira vez que eu fui ao cinema, foi no Rex. Não lembro qual foi o primeiro filme que eu vi. Acho que era um dos Trapalhões em que havia um navio de piratas: “O Trapalhão na Ilha do Tesouro”. Ou, talvez, um do Teixeirinha: “A Quadrilha Do Perna Dura”. Lembro de ter visto a ambos. E lembro que eram sessões duplas. E que, depois de um desses filmes, passou um filme de romanos, em inglês. Não entendi xongas. Lá por 1975, eu ainda não sabia ler as legendas.
Mas o caso é que o prédio do Cine Rex ficava no calçadão de Canoas (onde havia umas coisas coloridas de acrílico, tipo umas paradas de ônibus, no meio do nada, bem anos 70!). E o Cine Rex foi vendido para uma mega rede de lojas de departamentos: a Imcosul!
Dali para o monopólio dos cinemas de shopping, foi um pulo!
Annonymus capins
Fibrosa, pouco palatável e de baixo valor nutritivo, logo se mostrou uma invasora terrível e sua comercialização foi proibida em 1978. De lá para cá, o capim annoni vem tomando conta dos campos gaúchos. Estima-se que o annoni já invadiu meio milhão de hectares no Rio Grande do Sul. O seu controle é difícil e sua erradicação, virtualmente impossível. É mais uma ameaça à biodiversidade do bioma pampa.
Pois agora o annoni passou a habitar também as calçadas das esburacadas ruas do Bairro Menino Deus, em nossa abandonada capital. Como o capim annoni tem baixo valor forrageiro e como não há mais gado no bairro desde que a feira agropecuária foi transferida para Esteio, podemos supor que não se trata de uma pastagem. E se não for por conta de um até então desconhecido valor ornamental da planta, as touceiras de annoni que se encontram próximas ao muro estruturante estão lá por puro relaxamento. Por falta de capinas e de roçadas em nossas calçadas e meio-fios. Apenas mais um sinal de abandono e desleixo nesta Porto Alegre que está demais...
Desabafos dos verdadeiros «donos» das terras do Brasil
posted by viriato @ 27.4.10
via Pimenta Negra
Reforma do Código Florestal Brasileiro
Do Canal Temático Meio Ambiente
Código Ambiental: 90% dos produtores descumprem lei
Por Lilian Milena
Agropecuaristas querem reforma do Código Florestal Nacional alegando incompatibilidade das regras federais à realidade do produtor brasileiro. A Comissão Especial, que analisa as diretrizes, se reúne esta terça-feira (27) para definir o cronograma de trabalho das discussões.
Os reformistas estimam que 90% dos produtores brasileiros transgridem de alguma forma a Lei nº 4.771/65, o que significa 5 milhões de pessoas. Segundo o deputado federal, e relator da proposta de reforma, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a alta taxa de fazendeiros que não se adéquam às regras ambientais é motivo suficiente para revisão das diretrizes nacionais de conservação e preservação de biomas.
Em contrapartida, ambientalistas reforçam a necessidade de se manter a proteção de áreas de mananciais, encostas e florestas, considerando os benefícios indiretos à economia agrícola e seus impactos sobre o clima local. André Lima, coordenador de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), lembra que os últimos desastres ambientais sofridos pelas populações dos estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro foram resultados da combinação de fenômenos hidrológicos e desrespeito à legislação ambiental.
Autor: luizhenriquemendesvia Luiz Nassif
Livro sobre Nabuco será lançado no IFHC, em São Paulo
Meu livro "O encontro de Joaquim Nabuco com a política. As desventuras do liberalismo", recém publicado pela editora Paz e Terra, será lançado em São Paulo na quinta-feira dia 29 de abril.
O lançamento ocorrerá no Instituto Fernando Henrique Cardoso e será aberto pelo próprio FHC. Com isso, acabará por ser mais que um evento literário ou acadêmico. Tudo somado, fará jus à figura pública de Nabuco e contribuirá para atualizar seu legado.
Espero que alguns dos meus amigos, colegas, alunos possam comparecer. Pelo livro, claro, mas também pela discussão, já que da sessão participará o historiador carioca Ricardo Salles, autor de um belo livro, Nabuco, pensador do Império, publicado anos atrás pela Topbooks.
A sede do IFHC fica na Rua Formosa, 367 - 6º andar. Bem no centro de São Paulo, praça Ramos, Metrô Anhangabaú, saída Formosa. Está marcado para 29/04 às 16h, com a sessão de autógrafos fixada para as 17h30.
Inscrições devem ser feitas com Cristiane Garcia, na Editora Paz e Terra, ou pelo telefone 11- 3337-8399 ou por email: imprensa@pazeterra.com.br.
Sei que o horário é complicado e que não é todo mundo que gosta ou pode ir ao centro, sobretudo no meio da semana. Sou suspeito, claro, mas acho que valerá a pena.
Tir Nan Og
Vejam a animação abaixo, chamada "Tir Nan Og" dirigida por Fursy Teyssier.
O que você sente?
Velost entrevista Kiko Dinucci
Vejam só a última do Velost: ele fez uma entrevista muito massa com o Kiko Dinucci. Vejam só
Lembro-me dos anos gloriosos de um tempo longínquo que ficou lá atrás em lugares imemoráveis (tipo o Centro Cultural São Paulo, em 2008, hehe). Foi lá que o próprio Velost que me apresentou Kiko Dinucci e Bando Afromacarrônico
Chili Vegetariano
Você já comeu gostoso hoje? Não?! Então, de pé, oh vítima da fome!
Aqui n'A CORTIÇA, além de fanfarronadas e velhacarias, tem comida também! Sim, agora você pode levar uma boa comida aqui n'A CORTIÇA!
Sim, CHILI VEGETARIANO! Para inagurarmos nossa seção de comidas, nada melhor que um delicioso rango mexicano beeem apimentado! E para que os vegetarianos não fiquem patrulhando (ainda mais do que eles já fazem), nossa primeira receita é totalmente vegeta!
Bom, a receita do rango e o método de preparo é do maitre Giu, um old fellow deliquente subversivo, desses que se estivéssemos na época do Inesquecível Garrastazu, ou do Paranhos Fleury, o Piedoso, não deixaria o topete tão alto!
Mas chega de gracinhas sem graça! Mãos ao grude!
INGREDIENTES:
1) Proteína de soja texturizada. Se tiver como comprar aquela escurecida na zona cerealista fica ainda melhor do que aquela convencional de mercado.
2) Feijão, vermelho de preferência. Isso dará uma aparência mais atrativa!
3) Pimentas diversas, Do reino, Malagueta, Dedo-de-moça e também um bom molho do tipo Bravo, Tabasco.
4) Molho de tomate
5) Temperos de ervas e especiarias (tipo páprica picante, gengibre, louro, etc.) pra dar um saborzinho.
6) Além é claro de uma cebola, dois dentes de alho e sal, que pode ser substituído por shoyu.
7) Extintor de incêndio ou cerveja muito gelada.
PROCEDER:
1) Separe 500g da proteína de soja. Deixe a soja hidratar por uns 20 minutos em água aquecida. Paralelamente cozinhe o feijão já podendo acrescentar pimenta do reino na água dele, mais ou menos um copo e meio a dois de feijão será suficiente.
2) De preferência utilize um ralador para a cebola e um triturador para o alho. Isso será obviamente seu refogado.
3) Já pode fatiar umas malaguetas, cerca de meia-dúzia tá bom.
4) Enquanto o feijão termina de cozinhar, o que leva mais ou menos 35 minutos na panela de pressão, já pode expremer a soja para tirar a água e começar a apimentá-la.
5) Acrescente a malagueta fatiada e também o uma dose generosa de seu caldo. Coloque sal ou shoyu (a gosto) e vá mexendo a soja.
6) Quando o feijão estiver no ponto, e aqui é bom lembrar que ele deve ficar ainda um pouco massudo (não cozinhe tanto a ponto dos grãos se desfazerem!); tire todo o caldo pegue uma parte dele e refogue juntamente com uma parte da soja (não toda de uma vez!). Depois que der aquela refogada já pode acrescentar o molho de tomate (um copo mais ou menos) e as ervas.
7) Por fim misture toda a soja e o resto do feijão. Para decorar e deixar o chili matador espalhe generosamente o molho de pimenta por cima da mistura e coloque as dedo-de-moça para enfeitar como se fossem velas de aniversário. Está pronto!
Essa receita é boa para até no máximo 8 pessoas. Fica bacana comer o chili no meio de nachos que podem ser próprios pra isso ou senão compra aquele Dorito´s Dipas ou tradicional (do pacotinho amarelo). Se você tiver tacos, enrole o chili salada e queijo derretido, fica foda!
Se você estiver se perguntando "mas e o extintor, pra que era"? Mera questão de sobrevivência. Depois de degustar o que há de melhor na culinária mexicana, é bom ter um extintor por perto... mas uma brejinha bem gelada também serve.
E se você quiser compartilhar sua receita inigualável, mande para A CORTIÇA com fotinhos e o método de preparo, pois teremos prazer em divulgar e ainda mais prazer em comer tudo o que você tiver para oferecer!
ARRIBA, CARAJO!
Jogo sujo na rede
NA MANHÃ da segunda feira 19, o publicitário Marcelo Branco, contratado para coordenar a campanha de Dilma Rousseff na internet, não sabia, mas estava prestes a encarnar o papel de Davi. Na noite do mesmo dia, menos de 24 horas depois de colocar no ar um jingle para comemorar 45 anos de existência muito semelhante ao slogan de campanha do PSDB, a Globo iria capitular a um movimento iniciado justamente por uma mensagem postada por Branco no Twitter, o microblog que se tornou febre no mundo. “Jingle de comemoração dos 45 anos da TV Globo embute, de forma disfarçada, propaganda pró-José Serra”, avisou o tuiteiro, antes das 10 da manhã. Poucas horas depois, o comercial estava fora do ar.
“O Golias piscou”, comemorou, em seu blog pessoal, o Tijolaço.com, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ), herdeiro político do avô, o ex-governador do Rio Leonel Brizola, que lutou até morrer, em 2004, contra o poder da família Marinho. O pedetista fez mais barulho, inexplicavelmente, do que o PT. Isso porque, com o Twitter de Branco, os petistas venceram a primeira batalha da guerra que se anuncia, sem quartel e sem trégua, na internet durante a campanha eleitoral. Até o departamento jurídico da emissora entrou em campo para precipitar o fim da campanha publicitária. Segundo Ricardo Noblat, jornalista da casa, advogados da empresa consultaram o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, e chegaram à conclusão de que o melhor era interromper a exibição do comercial.
O desfecho da histórica ilustra bem como vão funcionar estratégias montadas por todos os partidos, mas, sobretudo, entre petistas e tucanos, cujo alvos são as chamadas redes sociais da internet (Twitter, Orkut, Facebook e YouTube), que acumulam cerca de 60 milhões de usuários . Com o auxílio de especialistas, a rede tem sido mapeada de forma a estabelecer modelos de comportamento e de perfil dos usuários. Isso inclui análise permanente dos blogs, a partir de referências positivas, negativas e neutras. Tudo organizado e transformado em relatórios quase diários para os comandos das campanhas.
No caso do PT, os assessores dizem pretender usar a web para disseminar o verdadeiro currículo de Dilma Rousseff, em contraposição à famosa ficha falsa do Dops, veiculada primeiramente pela Folha de São Paulo, depois de circular por sites de extrema-direita e imundar, em forma de spam, e-mail por todo o País. A ideia é mostrar, por exemplo, que a ex-ministra nunca participou diretamente da luta armada, nunca foi terrorista e foi condenada pelos tribunais da ditadura por crime de “subversão”, a dois anos de cadeia — embora tenha sido esquecida na prisão, onde ficou por três anos. De resto, suberversivos eram considerados todos que contestatavam a legitimidade do regime ditatorial, entre eles José Serra e o ex-presidente Fernando Henrrique Cardoso.
Quem cuida do contúdo de internet para o PSDB é Arnon de Mello, filho do ex-presidente, atual senador e aliado recente de Lula, Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Arnon é um dos donos da Loops Mobilização Social e se apresenta como economista formado pela Universidade de Chicago e mestrado em Harvard, diretor do jornal Gazeta de Alagoas e funcionário do banco americano Lehman Brothers, epicentro da mais grave crise econômica mundial desde o crack de 1929. Um de seus sócios é João Falcão, ex-secretário de cultura de Olinda (PE), filho de Joaquim Falcão, ex-diretor da fundação Roberto Marinho e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Falcão pai também é um dos autores do livro DR. Roberto, de 2005, uma biografia autorizada do falecido dono das Organizações Globo.
A Loops foi a responsável, na internet, pela campanha do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em 2008. Gabeira acabou derrotado pelo atual prefeito, Eduardo Paes, do PMDB. O parlamentar verde, contudo, deverá contratá-la outra vez, desta feita para a campanha ao governo estadual. Por enquanto, a Loops se dedicará à captação de doações e ao monitoramento de informações divulgadas na internet sobre Serra, sobretudo, às que circulam no ambiente das redes sociais. A empresa não terá plena autonomia na campanha tucana. Estará subordinada à agência de publicidade digital Sinc, do empresário paulista Sérgio Caruso, ligado ao publicitário José Roberto Vieira da Costa, o Bob, homem de confiança do ex-governador. O nome de Caruso foi avalizado pelo ex-deputado do PSDB e atual presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), Márcio Fortes, um dos responsáveis pela arrecadação de fundos no comitê serrista.
O PSDB ainda mantém outras frentes na internet. Participam da tropa virtual as empresas Knowtec e Talk Interactive. A primeira, com sede em Florianópolis, tem uma longa lista de serviços prestados ao antigo PFL, atual DEM, por meio de uma ligação histórica com o ex-senador Jorge Bornhausen. Em Brasília, tem como cliente a Confederação Nacional de Agricultura, presidida pela senadora Kátia Abreu. Quando o PFL mudou de nome em 2007, o novo portal do partido na internet foi montado pela Knowtec.
As duas empresas são administradas pelo mesmo executivo, o engenheiro Luiz Alberto Ferla. Jovem e atual conselheiro político da Juventude DEM, Ferla está à frente do Instituto de Estudos Avançados (IEA) de Florianópolis, ONG dona de um contrato de 4,6 milhões de reais com a prefeitura de São Paulo assinado sem licitação. O contrato prevê uma consultoria voltada à reformulação do portal de notícias da prefeitura paulistana, obra que, no fim das contas, saiu por cerca de 500 mil reais. Após o contrato vir a público, o prefeito Gilberto Kassab decidiu cancelá-lo.
A Knowtec foi a primeira empresa brasileira a ir aos Estados Unidos, no ano passado, em nome dos tucanos, para tentar contratar os marqueteiros virtuais que fizeram sucesso na campanha do presidente democrata Barack Obama. Joe Rospars, da Blue State Digital, e Scott Goodstein, da Revolution Messaging, acabaram, porém, por fazer uma opção ideológica. Preferiram negociar com a Pepper, de Brasília, para então fechar um contrato de consultoria para o PT. Alegaram não trabalhar em campanhas de partidos conservadores. Desde então, a dupla tem aparecido na capital federal para opinar na estrutura de internet da candidatura petista. Em 2008, Rospars e Goodstein conseguiram que Obama arrecadasse, via internet, 750 milhões de dólares, por meio de 31 milhões de doadores (93% doaram até cem dólares).
Tudo indica que os marqueteiros de Obama se livraram de uma fria. A Knowtec está entre as companhias de tecnologia de informática investigadas pelo Ministério Público Federal no escândalo de corrupção do Distrito Federal. Em 1° de outubro de 2008, quando ainda era o orgulho do DEM e cotado para vice na chapa de Serra, o ex -governador José Roberto Arruda assinou com a Knowtec, via Secretaria de Comunicação Social, um contrato de 8,7 milhões de reais. A função da empresa era cuidar do portal de notícias do governo.
Os responsáveis pelo contrato foram os jornalistas Weligton Moraes e Omésio Pontes, assessores diretos de Arruda na área de Comunicação. A dupla foi flagrada alegremente no festival de propinas filmado pelo delator Durval Barbosa. Moraes, chefe do esquema de publicidade do governo distrital, foi preso por participar da tentativa de suborno de uma testemunha do caso. Ficou 60 dias no presidio da Papuda, até ser solto recentemente. Pode ser o próximo a fechar acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
De acordo com documentos levantados por CartaCapital no sistema de acompanhamento de gastos do Distrito Federal, apesar de o contrato ter sido de 8,7 milhões de reais, a Knowtec já embolsou 12,6 milhões. Como o prazo final do contrato é somente em 1° de outubro de 2010, é possível que a empresa ainda receba mais dinheiro nos próximos seis meses. Segundo dados do Siggo, há ao menos uma nota de empenho ainda pendente, no valor de 700 mil reais.
Loops, Sinc, Knowtec e Talk Interactive formam a parte visível da estratégia de campanha virtual do PSDB, mas há um fator invisível que, antes mesmo de ter se tornado efetivo, virou um problema. E atende pelo nome de Eduardo Graeff. Atual tesoureiro nacional do PSDB, Graeff é um tucano intimamente ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário-geral no Palácio do Planalto e para quem, até hoje, redige discursos e artigos. Também é muito ligado a Eduardo Jorge, a quem sucedeu na Secretaria-Geral da Presidência. Os dois estão na origem da desastrosa reunião de apoio político, realizada no apartamento de FHC, em março, entre o ex-presidente e o ex-governador Joaquim Roriz, causa de grande constrangimento na campanha de Serra.
No ano passado, Graeff ficou responsável pela montagem de um núcleo interno com vistas a elaborar um projeto de campanha virtual para as eleições de 2010. O tesoureiro foi escolhido por ser espécie de guru da web no ninho tucano, graças a um site mantido por ele, desde 2003, o “eagora”, que tanto pode ser interpretado como “Ágora eletrônica” como pelo sentido da pergunta “e agora?”, segundo informações da página na internet.
Graeff organizou um grupo de tuiteiros e blogueiros para inserir mensagens na rede social da internet, inicialmente com conteúdo partidário a favor da candidatura de Serra. A realidade, no entanto, tem sido outra. Em vez de militantes tucanos formais, a rede de Graeff virou um ninho de brucutus que preferem palavrões, baixarias e frases feitas a qualquer tipo de debate civilizado. O objetivo dessa turma é espalhar insultos ou replicar mentiras na rede mundial de computadores. Não que do lado petista não prolifere um pessoal do mesmo nível a inundar a área de comentários de portais e blogs com a mesma falta de criatividade e torpeza. Termos como “tucanalha” ou absurdas teses conspiratórias fazem sucesso entre essa esquerda demente. Mas nada se compara, até agora, à ação orquestrada do lado da oposição.
Em consequência dessa estratégia, a assessoria jurídica de Serra o teria aconselhado a se afastar de Graeff e impedir que o nome do ex-secretário seja associado, organicamente, à campanha presidencial.
Ao menos um site ligado ao PSDB, replicado no Twitter, é assumidamente voltado para desqualificar o PT, o governo do presidente Lula e a candidatura de Dilma Rousseff. Trata-sedo”Gente que mente” , mantido, segundo a direção do PSDB, por “simpatizantes” do partido. Na verdade, o site é criação de Cila Schulman, ex-secretária de Comunicação Social do governo do Paraná durante as gestões Jaime Lerner (DEM), entre 1994 e 2002. Cila trabalhou ainda na campanha de Kassab e presta serviços à presidência nacional do DEM. É filha de Maurício Schulman, ex-presidente do extinto Banco Nacional de Habitação (BNH) durante o governo do general Ernesto Geisel (1974-1979), e último presidente do Bamerindus, banco falido em 1994 e incorporado ao HSBC.
Na equipe do PT, coube a Branco elaborar uma rede de comunicação virtual tanto para controlar conteúdo como para neutralizar a ação de trogloditas e hackers. Para se ter uma ideia, apenas nos três primeiros dias de funcionamento do site da presidenciável petista , lançado na rede na segunda-feira 19, foram registrados 7 mil ataques de hackers, sem sucesso, baseados em um servidor registrado na Alemanha — expediente clássico da guerrilha virtual. Por enquanto, ainda não é possível identificá-los, mas os petistas registraram os IPs (identificadores dos computadores usados).
Uma semana antes, o site do PT havia sido invadido, “pichado” com mensagens pró-Serra e reprogramado de modo a direcionar os usuários para o site do PSDB. Em seguida, foi a vez da página do PMDB. Acusados pelos petistas de terrorismo virtual, os tucanos contra-atacaram com um pedido à Polícia Federal para investigar o caso e deixar o assunto em pratos limpos. Os tucanos atribuem aos petistas a estratégia de se fazerem de vítimas e colocar a culpa nos adversários.
Um dos sites clássicos utilizados contra a pré-candidata do PT é o “Porra Petralhas” , repleto de baixarias, mas focado, em comum a outras páginas do gênero, em colocar em Dilma Rousseff a pecha de “terrorista” e “inexperiente”, coincidentemente, duas teclas sistematicamente repetidas pela mídia nacional. O site não tem autor conhecido. Também no Twitter, o “Porra Petralhas” atua de forma massiva, sempre com xingamentos e acusações. A foto utilizada no perfil insinua um beijo na boca entre Dilma e Hugo Chávez, presidente da Venezuela, dentro de uma moldura de coração. Dois outros perfis de microblog, “Dilma Hussein” e o conhecido “Gente que Mente”, ajudam a desqualificar a candidata nas redes sociais. Um “retuíta” o outro, como se diz no jargão da internet.
Procurado por CartaCapital, Graeff mandou dizer que não vai se manifestar sobre o assunto. De acordo com Carlos Iberê, assessor de imprensa do PSDB, o ex-secretário participou apenas da formação do núcleo interno que discutiu a questão da campanha da internet e agora se dedica exclusivamente à função de tesoureiro. Cila Schulman não foi encontrada. A assessoria de Luiz Alberto Ferla informou não saber de “nada oficial” a respeito dos contratos ou do papel da empresa na campanha.
GREMLINS FAN FILM - Gremlins 3 Warmup
Um certo 25 de Abril.
RS URGENTE
"O portal que abriga o RS Urgente está passando por uma atualização técnica. Essa é a razão das quedas neste fim de semana."
Marco Weissheimer pelo twitter
Conta outra
Vi agora no Twitter. É isso mesmo? As organizações Globo assumiram publicamente seu lado nas próximas eleições? E, reclamam de censura? Eles? Ah, é Piada, só pode.
“Se o Mercosul é uma farsa ...
Parlamento do Mercosul e a declaração de Serra
Por Germano
Sou editor de um jornal díário na cidade do Rio Grande, no RS. Aqui, a cidade passa por um boom histórico, impulsionada pelo polo naval, tornando realidade a promessa de campanha de Lula de nacionalizar a frota de embarcações da Petrobras.
Pois bem, nesta quinta e sexta-feiras (22 e 23), realizou-se aqui o Pré-Fórum do Corredor Bioceânico Central, iniciativa de parlamentares do Mercosul com fins de aumentar a integração, sobretudo com respeito à logística e comércio. O grupo RBS ignorou o evento. Mas o jornal em que trabalho cobriu.
Compareceram em torno de 150 pessoas, vindas do Paraguai, da Argentina, do Uruguai e do Chile, que conheceram a cidade e, principalmente, nosso porto, chamado de Porto do Mercosul.
Mas o principal deste contato com você é para falar sobre uma posição tirada ao final do evento, na qual a UPM (União dos Parlamentares do Mercosul) repudiou a declaração de Serra, de que o Mercosul seria uma “farsa”. “Se o Mercosul é uma farsa, então nós aqui somos todos uns farsantes?”, me questionou um dos parlamentares. Segue cópia da matéria a ser publicada neste sábado no Jornal Agora, aqui de Rio Grande (www.jornalagora.com.br), na qual há no final menção a este repúdio:
Pré-Fórum do CBC fortalece a união entre os países
Autor: luisnassif -Hora da verdade
Agora que os candidatos caíram na estrada, que a fritura de Ciro Gomes se consumou e a integração ativa de Aécio Neves à campanha tucana parece favas contadas, é hora de perguntar o que nos reservarão as eleições presidenciais.
Em termos de marketing eleitoral, há poucas margens para novidades. ‘Pode-se esperar maior “judicialização” da área, dada a sofreguidão jurídica com que os comandos deverão se atacar reciprocamente. Muito esforço também será despendido para enquadrar os candidatos no padrão dos marqueteiros. Discursos arrumados, caras e bocas, frases de efeito, gestos simbólicos essenciais, concentração total para o momento da televisão -- afinal a imagem e a performance decidirão muita coisa. Ver-se-á quão à vontade os candidatos se sentirão e que constrangimentos terão ao se verem forçados a falar e fazer o que não gostariam.
Também será repetitivo o jogo de maior ou menor truculência que se travará para demonstrar ao eleitor que os candidatos são distintos, ou seja, para fixar a identidade de cada um. Isso pelo menos no ringue principal, em que se defrontarão PT e PSDB. O plebiscito é um expediente estranho à democracia e empobrece qualquer eleição. Mas as circunstâncias acabaram por impô-lo. Ele tenderá a levar o embate para territórios menos importantes, a personalizá-lo um pouco mais e a fazer com que o nível do debate oscile para baixo.
Mas é preciso reconhecer desde logo que tanto Serra quanto Dilma tem procurado construir bases de respeito mútuo, ainda que com alguns escorregões, que também são inevitáveis. Teremos de ver como se comportarão quando a temperatura subir. Mas já é um bom começo constatar que conseguem se cumprimentar em público e referir-se um ao outro em tom elevado.
As campanhas invadirão o mundo virtual, as eleições serão “norte-americanas”? Tomara que sim, porque será uma forma da política se aproximar do cotidiano. Porém, dada a natureza eminentemente anárquica das redes, pode-se esperar que o vale-tudo será pesado. Um passeio pelos ambientes do Twitter é revelador. Boatos, notícias plantadas ou amplificadas, movimentos mais ou menos sintonizados de desconstrução de imagens e propostas, o céu como limite. Para enriquecer a democracia, campanhas eletrônicas requerem eleitores politicamente educados, preparados para ver além da fumaça e da neblina, ou seja, para ligar de modo coerente o que é despejado segundo lógicas hipertextuais. Não é só uma questão de saber se os eleitores estão conectados em tempo integral.
Os ativistas e coordenadores da área poderão exibir habilidades técnicas inusitadas, agir como feras internáuticas, mas pouco produzirão se não conseguirem agregar valor ético e político aos seus tweets e, por esse caminho, ajudarem a educar a cidadania, facilitando o debate substantivo.
Esse o ponto: em que as campanhas emergentes contribuirão para oferecer aos brasileiros um esboço de seu futuro? Teremos uma disputa minimamente programática, em que idéias serão postas à mesa e servidas como iguarias? Ou teremos de nos contentar com coisas mais frugais, quem sabe com sobras de épocas mais fartas?
Sempre se pode esperar que a qualidade prevaleça sobre a quantidade, ainda que em condições difíceis. O país se defronta com uma agenda complicada, que requer concentração de energias, coesão política e compromissos claros. Os candidatos poderão contribuir muito se derem bons exemplos: se falarem com clareza de seus planos e metas, explicando, aos cidadãos, como multiplicarão os peixes, como farão para fazer com que todos ganhem e ninguém, pobre ou rico que seja, saia perdendo. A união do país talvez seja a chave que abrirá as portas do futuro: como alcançá-la sem que as feridas causadas em inimigos e adversários sejam sangrentas demais a ponto de impedir a cicatrização?
Isso também significa saber fazer escolhas: destacar o fundamental, por mais amargo que possa ser. Falar claramente, por exemplo, a respeito de Estado e de desenvolvimento, esses quase irmãos siameses da modernidade.
No caso do Estado, há indícios de que os candidatos apresentarão um desenho do que pretendem fazer com ele. Afinal, deixamos para trás a era FHC sem que a era Lula tenha recuperado o tema. Permanecemos na mesma, mas agora, em circunstâncias bem mais “estatais”, não há como fugir do assunto. Para além do discurso fácil de que se necessita de mais “intervenção”, de Estado “mais forte” e “ativo”, o decisivo será estabelecer com clareza os parâmetros da atividade estatal reguladora, que é de fato a que importa e decide tudo nestes tempos de vida líquida. Não ganharemos se a discussão ficar estacionada no terreno fiscal-financeiro, atrelada ao custo do Estado ou a seu tamanho. Sequer bastará a contraposição mecânica de Estado e mercado, por mais que se saiba que temos aí uma das grandes tensões da vida contemporânea. Precisamos de uma idéia clara seja do Estado administrativo de que o país necessita, seja do Estado político – do Estado que produz e garante a comunidade política – sem o qual a cidadania não pode avançar. Da combinação inteligente dessas duas faces do Estado (sem esquecer a face jurídica), nascerão as políticas sociais qualificadas para construir um país melhor.
O mesmo vale para o desenvolvimento. Encher a boca para dizer que precisamos fazer a economia crescer e gerar mais empregos é jogar para a platéia. Não acrescenta nada ao que se sabe e, para piorar, não esclarece o fundamental: como desenvolver sem agredir a natureza, sem sufocar os pequenos produtores, sem massacrar os trabalhadores e sem reduzir a economia a um sistema de mercadorias desprovido de preocupação social? Não indica também que pacto ético-político-social dará sustentação a um projeto de desenvolvimento de novo tipo, que precisamente por ser de novo tipo será muito mais complexo e desafiador.
Sem algo nessa direção, os eleitores ficarão a ver navios. E perderemos uma oportunidade. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 24/04/2010, p. A2].