Uma vida inteira de amizade

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  • sexta-feira, 5 de março de 2010
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  • Não sabemos bem de que modo nascem e crescem as amizades.

    Sabemos que partem de pequenas e sucessivas aproximações, afinidades e contrastes que se atraem. Depois, ganham vida própria. Um belo dia, certas pessoas se convertem em parceiras do destino de outras. Incorporam-se à experiência delas.

    São famosas as duplas, ou trios, ou quartetos, de amigos que se completam, se complementam e se negam a vida inteira.

    Amizades também são feitas de silêncios, hiatos, distâncias, crises, brigas e esquecimentos. São humanas, dinâmicas, contraditórias, imperfeitas. Carregamos muitas culpas por falhas ou desatenções nesse terreno.

    Há amigos de diferentes tipos, gêneros e graus. Amigos de parte da vida e amigos da vida inteira. Alguns que colam em nossa trajetória e com ela se confundem, e amigos que a acompanham mas não se envolvem. Há amigos e conhecidos. Todos nos causam sentimentos de afeição, ternura ou simpatia, sua presença ou lembrança nos agradam, ainda que possam também nos irritar em um ou outro momento. Muitos se tornam tão presentes e entranhados em nossa marcha que muitas vezes nem percebemos direito que eles existem, como se fossem uma paisagem especial ou um dado da natureza. Esquecemos algumas pequenas cortesias e certos gestos mais prosaicos de afeto e gentileza, por exemplo.

    Tive a sorte e a oportunidade de ter amigos desse tipo especial. No dia 15 de fevereiro de 2010, morreu um deles, especialíssimo: Gildo Marçal Bezerra Brandão, professor do Departamento de Ciência Política da USP. Éramos tão amigos e fizemos tantas coisas em conjunto – coisas que se misturaram umas nas outras – que me sinto estranho ao tentar homenageá-lo nesse momento de tristeza e consternação.

    Escrevi o artigo que aparece no post anterior para O Estado de S. Paulo. Gildo foi um intelectual e um militante da grande política que nunca torceu o nariz para a pequena política. Esse texto servirá de base para outro, que sairá na Revista Brasileira de Ciências Sociais, da qual Gildo foi diretor por 4 anos. Preparei também um pequeno artigo para a revista Lua Nova, do CEDEC, instituição em que Gildo jogava suas energias nos últimos tempos.

    Somados, os textos terão algumas repetições, que espero possam ser relevadas. Foram escritos com a intenção de destacar uma trajetória de vida e uma obra que merecem ser conhecidas e preservadas.

    No próximo 19 de março, sexta-feira, dia reservado para a conclusão das provas que dariam a Gildo o título de Professor Titular de Ciência Política da USP, haverá uma homenagem a ele, feita pelo Departamento de Ciência Política. Será no Anfiteatro da História, na FFLCH, a partir das 14 horas. Darei mais detalhes nos próximos dias.



     
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