UM FELICÍSSIMO 2010

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Coetzee homenageando Putnam

Um discurso escrito em papel podia parecer uma descrição perfeita de árvores, mas se fosse produzido por macacos batendo ao acaso em teclas de uma máquina de escrever durante milhões de anos, então as palavras não se refeririam a nada.
Hilary Putnam, Razão, verdade e história (Ed. Dom Quixote 1992, esgotado), p. 26

Sono, pensa, que remenda a puída manga do desvelo. Que forma incrível de colocar a coisa! Nem mesmo todos os macacos do mundo batucando em máquinas de escrever a vida inteira produziriam essas palavras arranjadas nessa ordem.
J. M. Coetzee, Elizabeth Costello, p. 34

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Vivendo em Tempos Interessantes: Saudações ao Futuro que Chega.

Tarsila do Amaral - "Carnaval em Madureira" - 1924

Eric Hobsbawm, o grande historiador britânico, vem reiterando incessantemente nos últimos anos que o grande programa político destes nossos dias deve ser a retomada e a defesa dos valores iluministas, como um contraponto necessário ao irracionalismo e a barbárie. Posso dizer que a adesão – mas sem perder o espírito crítico e uma boa dose de iconoclastia – a este programa tem marcado o “Abobrinhas Psicodélicas” neste pouco mais de um ano de existência. Neste tempo, passei a ter uma noção efetiva do que representa hoje a grande rede e da capacidade daquilo que vem sendo chamado de “blogosfera”, de intervir e de influenciar o real. Sem ufanismos ou otimismos exagerados, percebo hoje que a “guerrilha virtual” levada a cabo por milhares de pessoas em todo o Brasil tem conseguido causar alguns pequenos estragos na, até agora, intransponível barreira midiática. É lógico que ainda estamos longe da quebra do monopólio da informação, mas – pela primeira vez – vemos os senhores da mídia acusando os golpes que vem sofrendo das fundas cibernéticas dos inúmeros “Davis” da internet. Neste sentido, os blogueiros estão entre os primeiros que perceberam, consciente ou inconscientemente, o fenômeno que foi traduzido em palavras pelo teólogo e deputado democrata-cristão alemão Heiner Geibler: “Antigamente, nas revoluções, as estações de trem eram ocupadas. Hoje, ocupamos conceitos”. Assim, o que começou meio que na brincadeira – um espaço para exorcizar fantasmas e também para publicar textos que fugissem dos padrões mais rígidos dos artigos acadêmicos que habitualmente escrevo – acabou se tornando um gostoso vício e, por que não, uma pequena trincheira onde eu exponho e debato idéias. E neste relativamente curto período de existência do blog, encontrei diversos companheiros e companheiras de caminhada que participaram – concordando ou discordando – das discussões aqui travadas e que, principalmente, mostraram que apesar de aparentemente estarmos nadando contra a corrente, ainda há espaço para a construção de utopias coletivas. Sem sombra de dúvidas, vivemos em tempos interessantes. E para nós que vivemos no sempre tão propalado “País do Futuro”, eles se mostram mais interessantes ainda, porque parece que, finalmente, o futuro chegou e, ao passarmos da contemplação para a ação, estamos participando de uma pequena revolução silenciosa – à brasileira – que tem atordoado os setores que secularmente foram os fiadores e intermediários da nossa miséria e da nossa dependência. Assim, é com esperança e com ânimo renovado para continuar a "combater o bom combate" que desejo a todos (as) um ótimo 2010 e que deixo aqui dois poemas que traduzem bem o espírito deste blog. O primeiro é da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen e foi escrito dois dias após a Revolução dos Cravos, em abril de 1974; o segundo, é de um grande poeta brasileiro, já citado aqui outras vezes, Eduardo Alves da Costa:

Revolução
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
Como casa limpa
Como chão varrido
Como porta aberta

Como puro ínicio
Como tempo novo
Sem mancha nem vício

Como a voz do mar
Interior de um povo

Como página em branco
Onde o poema emerge

Como arquitectura
Do homem que ergue
Sua habitação

27 de Abril de 1974

Não Te Esqueças do Mundo
(Eduardo Alves da Costa)

Ainda que o divino te chame pelo nome
e te ofereça a sua intimidade,
não te esqueças do mundo.
Porque é aqui, entre dores e esperanças
que teus irmãos caminham,
atados aos esquecimento.
E se tu, que recebeste a benção da recordação,
não te importares mais com eles,
quem os receberá na região dos sonhos,
para lhes traduzir o sentido das visões
que os tornam tão próximos dos Deuses?

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Trilha Sonora do Dia: "Bom Tempo", de Chico Buarque, cantada por Mônica Salmaso.

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"Deus ajuda quem cedo madruga!"

Uma das coisas que me da mais prazer em levantar cedo é poder ver coisas que passam normalmente despercebidas. Mas tem que ter um certo zoom...
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A falta de uma oposição

Não poderia ser mais melancólico o final do ano político. Em meio ao foguetório e às confraternizações habituais, oculta-se um quadro sem brilho, pobre, desqualificado, que não promete nenhum bom augúrio.

É um quadro curioso, que intriga precisamente porque não sugere qualquer indício de ameaça à estabilidade política ou de algo que esteja pondo em risco a democracia no país. Se nada ameaça a legalidade política, se tudo parece indicar que continuaremos a viver democraticamente, a assistir ao revezamento regular dos governantes e à eleição sem traumas dos parlamentares, por que persiste esse clima de indiferença e pessimismo com relação à política? Será que é por que tudo parece estar bem – ou muito bem, como pensam alguns – que ninguém no país se mostra civicamente comprometido, interessado em participar das decisões nacionais ou mesmo decidido a brigar para eleger os melhores representantes políticos?

Pode-se associar a isso ao menos uma dupla preocupação. Por um lado, se a política não funciona bem, não envolve nem compromete os cidadãos, aumenta o risco de que a cidadania não consiga se manter ativa e organizada, pressionando por seus direitos e vigiando os governos. Como poderá ela manifestar suas aspirações e lutar para garanti-las? Como serão formados os consensos que nortearão as escolhas dos governantes? Por outro lado, a inoperância da política pode significar um obstáculo a mais para os planos futuros da sociedade, tanto quanto para as promessas e os compromissos anunciados pelos governantes. Mesmo o tão aclamado e acalentado desenvolvimento ficará sob risco, e isso para não lembrar das expectativas de reforma social e melhoria da distribuição de renda, operações que são eminentemente políticas e dependem de forma crucial de consensos que somente a política pode produzir.

A sucessão de escândalos, a corrupção convertida em prática cotidiana, o baixo nível dos debates e a ausência dramática de propostas integradas e factíveis para se governar o país é a ponta de um iceberg que hoje aprisiona todo o campo político nacional. Não há partido que escape dele. Depois do caso Azeredo, em Minas, foi a vez do caso Arruda, no Distrito Federal, amplificado com os boatos de que novas revelações estariam prestes a atingir políticos de outras unidades da federação. Ou seja, ligando-se os fios ao mensalão de 2005, aos vários pequenos casos que a ele se seguiram, à indigência do Congresso e à opacidade programática dos partidos políticos, o resultado é que a sujeira e a mediocridade contaminaram o sistema inteiro.

Dada a variável tempo, o prejuízo acabou localizado: afetou a medula das oposições, tirando delas aquele sussurro “ético” que poderia se converter num dos eixos do discurso com que disputar o pleito de 2010. Ou seja, o que já era ruim, ficou péssimo. E as oposições chegaram ao fim do ano em situação de miséria política e programática, sem discurso, sem propostas, até mesmo sem candidatos e lideranças consensuais.

Quando se fala em oposições, fala-se em PSDB, DEM e PPS, partidos de caráter e dimensões distintas, mas que vêm falando linguagem semelhante e afinada.

Como articular coisas tão diferentes? Quem comanda, quem define os conteúdos, qual o papel de cada parceiro dessa operação? A “frente” oposicionista não responde a essas questões. Não é comandada por ninguém, não tem definições programáticas e não fala outro dialeto que não o anti-Lula, com pitadas improdutivas de frustração e udenismo moralista. Define-se como centro-esquerda, mas de esquerda não tem nada, sequer uma retórica. É algo que intriga, especialmente quando se lembra que o PPS é herdeiro do PCB e o PSDB se considera expressão da social-democracia, ou seja, são continuadores de tradições repletas de glórias e identidades, goste-se ou não delas. 2010 será um ano novo se esses partidos honrarem suas tradições.

Uma oposição sem discurso e sem coerência não deveria ser vista como objeto de desejo da situação. Pode ser que agrade a alguns setores governistas ou a parte da cúpula que conduzirá a campanha de Dilma Rousseff, pois é, afinal, um obstáculo eleitoral a menos. Mas é uma tragédia para a democracia e para a sociedade, especialmente porque deixa parcelas importantes da população sem um norte e reforça o clima de unanimidade que, ao não corresponder à realidade, funciona como um elixir de apatia e desinteresse. A ausência de uma oposição vigorosa não é boa para os governos em geral e muito menos para aqueles que se seguirão à era Lula, pois os despoja de “consciência crítica” e os deixa sem qualquer tipo de freio ou contraponto factível.

O ano só não terminou perfeito para a situação porque perfeição não existe. Não há como negar que o governo Lula abre 2010 em posição de vantagem, fortalecido pelos escândalos do último bimestre, pela alta popularidade do presidente e pelas previsões de que 2010 trará consigo crescimento econômico e mais benefícios sociais. Isso forma uma conjunção astral terrível para as oposições, roubando delas quase todas as fichas. Em nome do que se baterão os candidatos contrários a Dilma? A ladainha moralista ou gerencial, a denúncia do “assalto petista ao Estado” e as acusações de populismo serão inócuas, sobretudo se não forem apresentadas com um mínimo de razoabilidade e suporte factual.

Do lado governamental, há, é claro, os riscos inerentes a uma aliança com o PMDB, a conduta mercurial de parceiros pesados como Ciro Gomes, a ruindade intrínseca das falas triunfalistas e maniqueístas tão usuais, a dificuldade que o PT terá de superar o lulismo, dar cara própria à sua candidata e qualificar seu discurso como força reformadora.

Se o PT e os demais partidos conseguirem sacudir a poeira e ganhar consistência, 2010 estará salvo. Se fracassarem, continuaremos na mesma velha e boa toada de sempre.

Bom ano novo a todos. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 26/12/2009, p. A2]

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Lei da anistia, tortura e desobediência civil

Está se discutindo a revogação da lei que anistiou os atos de tortura realizados nos calabouços da ditadura militar, e me choquei ao ver que Luis Nassif entra na discussão ao lado dos deformadores de opinião, visto que coloca lado a lado (1) os atos de desobediência civil de Fernando Gabeira e outros e (2) as ilegalidades cometidas nos porões do DOI-CODI.

É fundamental que todos saibam que há toda a diferença do mundo entre (1) se rebelar contra um governo ilegítimo e (2) torturar pessoas. Só posso lamentar que Nassif esteja entre os que desconhecem essa diferença básica. Para mostrá-la vou me apoiar não em Lenin, Trotsky ou Mao, mas sim em John Rawls, filósofo apreciado até mesmo por um conservador como Marco Maciel, senador e antigo vice-presidente da república.

Diz Rawls que temos o direito de desobedecer ante injustiças, preferencialmente ante injustiças que impedem a remoção de outras injustiças, desde que os apelos normais tenham sido feitos, e fracassaram. (Pros que futricam em livros, ver o ¶57 de Uma teoria da justiça.)

Ora, Fernando Gabeira e outros brasileiros se rebelaram contra um grupo armado que usurpou o poder com o auxílio financeiro e estratégico de uma potência estrangeira, os Estados Unidos da América. Por terem tido a coragem de se rebelar contra tal violência às pessoas e instituições, Gabeira e seus companheiros de luta merecem todo o nosso respeito, e as dores sofridas por seus corpos e mentes precisam ser narradas às próximas gerações, para que todos saibam que houve, há e deverá haver brasileiros fieis ao senso de justiça.

Que os meios normais fracassaram é evidente, tendo mesmo os usurpadores feito um ato institucional, o de número 5, o qual abolia os meios normais de apelo por justiça.

Assim, aqueles que se levantaram contra a usurpação agiram bem, pois agiram tal como exige o senso de justiça.

Quanto aos que torturaram, cometeram injustiça dupla. Primeiro, por estarem ao lado de usurpadores. Segundo, por não respeitarem a dignidade humana.

Nada há de semelhante entre os que desobedecem ao poder ilegítimo e os que trucidam esses que combatem a usurpação. A diferença é enorme, pois estamos falando de grupos diametralmente opostos no eixo da justiça. (1) Gabeira e seus companheiros são herois da luta por justiça, e (2) aqueles que os torturaram precisam ser levadas às cortes. Isso precisa estar claro para todos que queiram realizar o trabalho de formar opiniões sobre um tema tão importante.

Nas fotos acima, Antônio Carlos Bicalho Lana, dirigente da Ação Libertadora Nacional (ALN), antes e depois da tortura. A partir de imagens de Grupo Tortura Nunca Mais e Maria Frô.

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PS 1 - Já que fui eu quem iniciou o joguinho de recitar nomes de filósofos e textos filosóficos, tenho o ônus de ser minimamente preciso, ainda que esteja escrevendo em um blog bem geral. No ¶55 de Uma teoria da justiça Rawls distingue desobediência civil de ação armada, mas levando em conta que o desobediente civil se apoia no senso de justiça da maioria das pessoas, enquanto o combatente se apoia no seu próprio senso de justiça. No caso guerrilha versus ditadura, quem é quem? Como usar esses termos rawlsianos? Aqui há problemas na aplicação das categorias de Rawls. Primeiro, me parece que os guerrilheiros se apoiam no senso de justiça da maioria, de modo que estão fazendo desobediência civil. Já os militares que usurparam o poder são combatentes, pois se apoiam em uma concepção de justiça distinta daquela da maioria. Por outro lado, é claro que Rawls quer reservar o termo "desobediência civil" para a resistência não violenta. Levando tudo isso em conta, deixo um pouco mais claro duas coisas. Primeiro, que estou usando o termo damaneira geral, a qual inclui resistência pacífica e violenta. Segundo, que Rawls reconhece que a ação armada é legítima em certos casos, os quais ele não discute, mas certamente estão apoiados nos fatores que justificam a desobediência civil, a qual é um ato apoiado no senso geral de justiça que busca evitar novas injustiças de um poder injusto.

PS 2 - A discussão continua nO Descurvo, de Hugo Albuquerque.
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Sobre a revogação da Lei da Anistia e o Revanchismo!


BRASÍLIA - A terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), que se propõe a criar uma comissão especial para revogar a Lei de Anistia de 1979, provocou uma crise militar na véspera do Natal e levou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a escrever uma carta de demissão e a procurar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 22, na Base Aérea de Brasília, para entregar o cargo.

Solidários a Jobim, os três comandantes das Forças Armadas (Exército, Aeronáutica e Marinha) decidiram que também deixariam os cargos, se a saída de Jobim fosse consumada.

Na avaliação dos militares e do próprio ministro Jobim, o PNDH-3, proposto pelo ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, e lançado no dia 21 passado, tem trechos "revanchistas e provocativos".

Ao final de três dias de tensão, o presidente da República e o ministro da Defesa fizeram um acordo político: não se reescreve o texto do programa, mas as propostas de lei a enviar ao Congresso não afrontarão as Forças Armadas e, se for preciso, a base partidária governista será mobilizada para não aprovar textos de caráter revanchista.

Os comandantes militares transformaram Jobim em fiador desse acordo, mas disseram que a manutenção da Lei de Anistia é "ponto de honra". As Forças Armadas tratam com "naturalidade institucional" o fato de os benefícios da lei e sua amplitude estarem hoje sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF) - isso é decorrente de um processo legal aberto na Justiça Federal de São Paulo contra os ex-coronéis e torturadores Carlos Alberto Brilhante Ustra e Aldir dos Santos Maciel, este já falecido.

Além da proposta para revogar a Lei de Anistia, que está na diretriz que fala em acabar com "as leis remanescentes do período 1964-1985 que sejam contrárias à garantia dos Direitos Humanos", outro ponto irritou os militares e, em especial, o ministro Jobim.

"Se querem por coronel e general no banco dos réus, então também vamos botar a Dilma e o Franklin Martins", disse um general da ativa ao Estado, referindo-se à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao ministro de Comunicação de Governo, que participaram da luta armada. "Não me venham falar em processo para militar pois a maioria nem está mais nos quartéis de hoje", acrescentou o general.

Os militares também consideram "picuinha" e "provocação" as propostas do ministro Vannuchi incluírem a ideia de uma lei "proibindo que logradouros, atos e próprios nacionais e prédios públicos recebam nomes de pessoas que praticaram crimes de lesa-humanidade". "Estamos engolindo sapo atrás de sapo", resumiu o general, que pediu anonimato por não poder se manifestar.

A decisão de Jobim entregar o cargo foi decidida no dia 21 e teve, inicialmente, o apoio solidário dos comandantes Juniti Saito (Aeronáutica) e Enzo Peri (Exército). Consultado por telefone, porque estava no Rio, o comandante da Marinha, o almirante Moura Neto, também aderiu. Diante da tensão, o presidente Lula acertou que se encontraria com Jobim na Base Aérea de Brasília, às 16h30, na volta da viagem ao Rio, onde foi inaugurar casas populares no complexo do Alemão e visitou obras do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).

Na conversa, Lula rejeitou a entrega da carta de demissão e disse que contornaria politicamente o problema. Pediu que o ministro garantisse aos comandantes militares que o Planalto não seria porta-voz de medidas que revogassem a Lei de Anistia.

Os militares acataram a decisão, mas reclamaram com Jobim da posição "vacilante" do Planalto e do "ambiente de constantes provocações" criado pela secretaria de Vannuchi e o ministro Tarso Genro (Justiça). Incomodaram-se também com o que avaliaram como "empenho eleitoral excessivo" da ministra Dilma no apoio a Vannuchi.

"Lula age assim: empurra a crise com a barriga e a gente nunca sai desse ambiente de ameaça", protestou um brigadeiro em entrevista ao Estado.

Na visão das Forças Armadas, a cerimônia de premiação de vítimas da ditadura, no dia 21, foi "uma armação" para constranger os militares, tendo Dilma como figura central, não só por ter sido torturada, mas por ter chorado e escolhido a ocasião para exibir o novo visual de cabelos curtíssimos, depois da quimioterapia para tratamento de um câncer linfático.


Estadão



Um breve comentário deste blog: Decorridos pelo menos 36 anos pode-se olhar para esses fatos como circunscritos à época em que ocorreram. É justo que paguemos, com recursos financeiros e paciência pelas escolhas pessoais pelos envolvidos? Esse vitimismo delirante pode ser utilizado como justificativa para a cupinização do Estado? Quem frequentou masmorras naquele período sabia exatamente que essa possibilidade existia tanto quanto, em maior ou menor grau, a de assumir o poder. De qualquer modo jogaram suas cartas. De modo impróprio hoje se beneficiam do e com o poder. Seria pedir muito que não nos atormentassem com essas desculpas? Façam o que estão fazendo e não percam tempo em justificar atos e falcatruas pois são exatamente o que qualquer um faz em nossa democracia adjetivada. Seja de direita, centro ou esquerda (ou suas combinações e mutações). Esse revisionismo não tem sentido.
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5 erótica

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BARRACO NO JORNAL NACIONAL PORTUGUÊS (não é piada)

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Em bate-boca antológico, apresentadora golpista e mal-intencionada do mais assistido telejornal lusitano leva um escalda-rabo histórico de entrevistado
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Tanto quanto alguns "âncoras" de nosso amado torrão auriverde, a jornalista Manuela Moura Guedes, da TVI de Portugal, não é flor que se cheire. Certamente, por não conviver com certo tipo de "jornalismo", você talvez estranhe muito o fato de a moça ser adepta de práticas heterodoxas no tratamento das notícias, como manipulação espúria, omissões, mentiras e juízos de valor, sempre a beneficiar determinado grupo político e a assassinar a reputação de outros. Não por acaso, o programa apresentado pela suposta irmã caçula do roqueiro Serguei chama-se... Jornal Nacional. E, coincidência: a TVI é a mais importante emissora de TV em Portugal, hoje em dia.
Ocorre que um certo Sr. Pinto - o advogado e jornalista António Marinho Pinto, para sermos "exactos" - soltou os cachorros para cima da donzela. Ao vivo e em cores, o causídico aplicou na apresentadora um sabão dos mais borbulhantes.
As cenas a seguir aconteceram há poucos meses. Mas é bom você já ficar sabendo que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) daquele pequeno país ibérico notificou a TVI por considerar que a emissora "desrespeitou as normas ético-legais do jornalismo misturando factos e opinião em várias edições do "Jornal Nacional", alvo de queixas analisadas pelo organismo". O órgão considerou ainda que a TVI deve "demarcar "claramente os factos da opinião", como determina o Estatuto do Jornalista.
Faça de conta que foi aqui. E lave sua alma com o Dr. Pinto.
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Nosso primeiro contato com o vídeo deu-se pelo blog Desabafo Brasil.
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PS - A pressão funcionou. Manuela Moura Guedes não dá mais as caras no Jornal Nacional.
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Publicações

Tenho mostrado trabalhos variados aqui no blog: charges, histórias em quadrinhos, caricaturas, cartuns, ilustrações e vinhetas, além dos meus compulsivos esboços. E caso algum dos meus fiéis 25 seguidores estiver se perguntando onde diabos essas coisas foram publicadas afinal, estou inaugurando a rubrica "Publicações" para dar conta do que estiver disponível nas boas casas (do  ramo). Muita coisa tem saído em publicações periódicas, jornais e revistas, em princípio efêmeras, mas também tenho muito livro e álbum (solo ou em parcerias) na vitrine. Só do "Rango" , desde 1974 ( "Rango 1"), são 16 álbuns, até 2005. A maioria está esgotada, e alguns são raridades até em "sebos". Mas a luta continua, em breve terei algumas cositas novas pra mostrar. Por enquanto, vou referir o que está disponível, caso alguém se interesse. Espero que essa nova secção tenha sempre novidades pra mostrar...





Rango 35 Anos
Ed. L&PM, Porto Alegre, 2005

É um pocket com dupla vantagem:
barato e completo. Dá uma geral das
tiras do Rango, desde o começo nos anos 70
até o final dos 90, inclusive c/ o prefácio de
Erico Verissimo para o "Rango 1" . E tá em
todo lugar: shopping, supermercado, tabacaria,
etc. Quem quiser autografado, me mande um mail
pelo seguinte endereço: hqrango@gmail.com
que eu providencio.



As Melhores do Analista de Bagé
Ed. Objetiva, Rio De Janeiro, 2007

Vitória pessoal: depois de 17 anos, consegui reunir
em álbum as cerca de 80 páginas a cores que publicamos,
Luis Fernando Verissimo e eu, na revista Playboy, de
1983 a 1990. O que só rolou pela decisiva atuação de um
intermediário c/ baita trânsito em várias editoras, e sensibilidade p/ entender o valor do material envolvido: o insubstituível Marco Amaral, precocemente falecido antes do álbum publicado.A tiragem foi pequena e, a essa altura, está no fim do estoque.
Mas é legal pra quem quiser ver o processo onde me amansei no uso da aquarela. Aliás, este foi meu grande ganho pessoal, porque o pagamento da Abril era increditávelmente ridículo...
Desse não posso garantir autógrafos via mail/correio porque só
tenho em casa a reserva técnica.
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Resenha de 2009

Minha última crônica domingueira do ano.
Falo de projetos, houveram falta deles, ou nenhum deles este ano.
Falcatruas houveram muitas, principalmente nas artes e na maldita cultura que temos hoje em dia.
Criamos vários ídolos de barro como qualquer republiqueta socialista, faz.
Ainda somos escravocratas da economia primária, plantamos, criamos animais de raça, exploramos nossos minerais, e vendemos para o exterior como fazíamos há duzentos anos atrás.
Um exemplo dessa escravatura é que um maço de cigarros, ou um litro de cerveja ou coca-cola custa mais barato que um litro de leite.
As organizações criminosas têm grandes alianças políticas, senão, não teriam a força que tem.
Falta mesmo aquele fantástico nome ser mudado de república federativa do Brasil, para RDB, república democrática do Brasil, é assim que qualquer paiseco socialista se autodenomina.
O conceito de república fica deturpado, pois esta palavra é a antítese do governo monárquico ou feudal, assim nenhuma ditadura poderia ser chamada de república.


República ou republicano é algo contrário a qualquer absolutismo.

Para finalizar o meu "chororo" dominical, que tal contratar um pai de santo, para enterrar um sapo barbudo, num cemitério, levando na boca o nome do sinistro jurídico.
Há milhares de cadáveres que morreram por falta de atendimento nas filas susianas.
Eu sempre digo, esse maldito sempre digo que todo mundo diz, esperança é algo que é a última a morrer, então todos que as têm morrem antes.
Como diria  Ernest Hemingway "in his timeless favorite expression:
- il faut (d'abord) durer.
FELIZ ANO NOVO À TODOS,
Não vendam seus votos aos políticos corruptos, vamos lutar pelos projetos que jazem há quase 16 anos nas gavetas do congresso, se não os existem, devemos trocar de políticos.
K&H
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SERRA 2010. NEM MORTO!!!

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SERRA 2010. NEM MORTO!!!

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Feliz Natal!!!!

À todos os amigos, colaboradores, leitores, parceiros, Feliz Natal em sua máxima assepção da palavra!

Façamos nós nossa parte!
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QUEM PAGARÁ O PATO NA MISSA DO GALO

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Living La Vida Loca - 10

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Pacotinho de bondades - Final

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A Estrela.

Manuel Alegre*

Dedicado "à minha avó Margarida"

Todos os anos, pelo Natal, eu ia a Belém. A viagem começava em Dezembro, no princípio das férias. Primeiro pela colheita do musgo, nos recantos mais húmidos do jardim. Cortava-se como um bolo, era bom sentir as grandes fatias despegarem-se da areia, dos muros ou dos troncos das árvores velhas, principalmente da ameixieira. Enchia-se a canastra devagar, enquanto a avó ia montando o que se chamaria hoje as estruturas, ou mesmo infraestruturas, junto da parede da sala de jantar que dava para o jardim. Eram caixotes, caixas de chapéus e de sapatos viradas do avesso, tábuas, que pouco a pouco ela ia cobrindo de musgo, ao mesmo tempo que fazia carreiros e caminhos com areia e areão. Mais tarde os rios e os lagos, com bocados de espelhos antigos, de vidros ou mesmo de travessas cheias de água. Até que todos os caixotes, caixas e tábuas desapareciam. Ficavam montanhas, planícies, rios, lagos. Era uma nova criação do mundo. Aqui e ali uma casinha ou um pastor com suas cabras. E todos os caminhos iam para Belém.
Não era como o presépio da Igreja que estava sempre todo pronto, mesmo antes de o Menino nascer. A cabana, a vaca, o burro, os três reis do Oriente. Maria, José, Jesus deitado nas palhinhas. Via-se logo que era a fingir. Não o da avó, que era mais do que um presépio, era uma peregrinação, uma jornada mágica ou, se quiserem, um milagre. Nós estávamos ali e não estávamos ali. De repente era a Judeia, passeávamos nas margens do Tiberíades, andávamos pelo Velho Testamento, João Baptista baptizava nas águas do Jordão e aquele monte, ao longe, podia ser o Sinai ou talvez o último lugar de onde Moisés, sem lá entrar, viu finalmente a terra onde corria o leite e o mel. Mas agora era o Novo Testamento. A avó ia buscar as figuras ao sótão, eram bonecos de barro comprados nas feiras, alguns mais antigos, de porcelana inglesa, como aquele caçador que a avó colocava à frente dizendo: Este é o pai. Seguia-se a mãe, de vestido comprido, dir-se-ia que ia para o baile, mas não, saía de cima de uma mesinha da sala de visitas e agora estava ao lado do pai, olhando levemente para trás onde, entretanto, a avó já tinha colocado figuras mais toscas, eu, a minha irmã, os primos, alguns amigos, todos a caminho de Belém.
- E a avó?, perguntava eu.
- Eu já estou velha para essas andanças.
De dia para dia mudávamos de lugar. E todas as manhãs deparávamos com novas casas, mais rebanhos, pastores, gente que descia das serras, atravessava os rios e os lagos. Os caminhos ficavam cada vez mais cheios. E todos iam para Belém. À noite tremulavam luzes. Acendiam e apagavam. Mas ainda não se via a cabana, nem Maria, nem José.
Então uma noite, entre as estrelas do céu, aparecia uma que brilhava mais que todas.
- Esta é a estrela, dizia a avó.
E era uma estrela que nos guiava. Na manhã seguinte lá estavam eles, os três reis do Oriente, Magos, explicava o pai, que também não dizia Pai Natal, dizia S. Nicolau, talvez por influência de uma misse de origem russa que em pequeno lhe falava de renas e trenós e de S. Nicolau atravessando as estepes.
Cheirava a musgo na sala de jantar. Cheirava a musgo e a lenha molhada que secava em frente do fogão. E os Magos lá vinham, a pé, de burro, de camelo. Traziam o oiro, o incenso, a mirra. Às vezes nós, os mais pequenos, juntávamo-nos e cantávamos: “Os três reis do Oriente / Já chegaram a Belém.”
- Não chegaram nada, atalhava a avó, ainda não.
Estávamos cada vez mais perto. E também nervosos. Confesso que às vezes fazia batota. Empurrava-nos um pouco mais para a frente, para mais perto de Belém e do lugar onde eu sabia que mais tarde ou mais cedo a avó ia pôr a cabana. Mas ela descobria.
- Não lucras nada com isso, podes apressar toda a gente, não podes apressar o tempo.
Cada vez havia mais luzes na Judeia. Por vezes surgiam novos lagos, eram mistérios da minha avó. E a estrela lá estava, a grande estrela de prata que brilhava mais do que todas as outras, às vezes eu ia à janela e via a projecção daquela estrela, ficava confuso, já não sabia se era a estrela da sala ou uma estrela do céu, era uma estrela nova, uma estrela de prata, era uma estrela que nos guiava. No céu, na sala, na Judeia, talvez dentro de nós.
Até que chegava o primeiro dos grandes momentos solenes. A avó chamava-nos ao sótão ( nós dizíamos forro ), abria uma velha arca e desempacotava a cabana. Depois, muito comovida, quase sempre com lágrimas nos olhos, as figuras de Maria e José.
- Não há nada tão antigo nesta casa, já eram dos avós dos meus avós.
Impressionava-me sobretudo o manto muito azul de Maria e o rosto magro, quase assustado, de José. A avó limpava-os com muito cuidado e mandava-nos sair. Nunca nos deixou ver o resto.
À noite, quando regressávamos da missa do galo, a que a avó não ia, chegávamos a casa e finalmente estávamos em Belém. A estrela brilhava intensamente sobre a cabana, Maria e José debruçavam-se sobre o berço, onde Jesus, todo rosado, deitado nas palhinhas, agitava os braços e as pernas, envolvido pelo bafo quente dos animais, enquanto os três reis do Oriente, agora sim, chegavam a Belém para depositar aos pés do Menino o oiro, o incenso, a mirra. E vinham os pastores, e vinha o pai, de caçador, a mãe, de vestido de baile, e vínhamos nós, eu, a minha irmã, os primos, não éramos de porcelana nem de barro, estávamos ali em carne e osso, era noite de Natal, uma estrela nos guiava, brilhava sobre a Judeia e sobre o presépio, brilhava cá fora entre as estrelas, brilhava dentro de nós. Naquela noite, naquele momento, nós não estávamos na sala de jantar em frente do presépio, tínhamos chegado finalmente a Belém para adorar o Menino ao lado de Maria e José e dos três reis do Oriente, Magos, não conseguia deixar de corrigir o meu pai. Mas mágica, verdadeiramente mágica era a avó. Era ela que fazia o milagre da transfiguração, trazia o Natal para dentro de casa e levava-nos a todos até Belém. O cheiro a musgo e a lenha. Os montes, os vales, os rios, os lagos. Caminhos e caminhos que iam para Belém. E a estrela de prata, a estrela que nos guiava. Era uma estrela no céu, dentro de casa, dentro de nós. Pela mão da avó ela brilhava. Pela sua magia Belém estava dentro de casa. E a casa também ia até Belém.
Mais tarde, muito mais tarde, eu estava no exílio. Na noite de Natal os revolucionários ficavam tristes e nostálgicos. Talvez recordassem outras avós, outros presépios, outros lugares. Reuniam-se em casa deste ou daquele, improvisava-se uma árvore de Natal, trocavam-se presentes. Mas ninguém, nem mesmo os mais duros, os que faziam gala em dizer que o Natal para eles não significava nada, nem mesmo esses conseguiam disfarçar uma sombra no olhar. Saudade, dir-se-á. Mas talvez fosse mais do que saudade e solidão e o pior de todos os exílios que é o de se sentir estrangeiro no mundo. Talvez fosse a consciência de que, para lá de todas as crenças ou não crenças, havia um irremediável sentimento de perda. Muitas vezes me perguntei o que seria. Mas não conseguia responder. Sentia o mesmo aperto, o mesmo buraco por dentro, o mesmo sentimento de algo para sempre perdido.
Uma noite de Natal, em Paris, eu estava sozinho. Comprei uma garrafa de vinho do Porto, mas não fui capaz de bebê-la assim, completamente só, num quarto de criada de um sexto andar numa velha rua do Quartier Latin. Peguei na garrafa e fui até aos Halles. Procurei o bistrot onde costumava comer uma omelete de fiambre. Felizmente estava aberto. Pedi a omelete e abri a garrafa. Havia mais três solitários no bistrot, um velho de grandes barbas, um tipo com cara de eslavo, um africano. Convidei-os para partilharem comigo a garrafa de Porto, que não resistiu muito tempo. Encomendámos outras bebidas.
- Conta uma história de Natal do teu país, pediu o velho.
- Só se for a do presépio da minha avó.
- Então conta.
Eu contei. Era já muito tarde e o patrão disse-nos que queria fechar. Chegados à rua o africano apontou o céu e disse-me: Olha.
E eu vi. Uma estrela que brilhava mais que as outras estrelas. Era uma estrela de prata. A estrela da avó. Brilhava no céu, brilhava outra vez dentro de mim, quase posso jurar que brilhava dentro dos outros três.
Então eu perguntei ao africano como se chamava. E ele respondeu:
- Baltazar.
Perguntei ao velho e ele disse:
- Melchior.
E sem que sequer eu lhe perguntasse o eslavo disse:
- O meu nome é Gaspar.
Era noite de Natal e talvez ainda por magia da avó eu estava na rua, em Les Halles, com os três reis do Oriente, Magos, diria o meu pai.
- E agora? perguntei a Baltazar.
- Agora, respondeu o africano apontando a estrela, agora vamos para Belém.

Lisboa, 3/10/2000

*Manuel Alegre, poeta e político português, tem sido um dos nomes mais expressivos da esquerda democrática daquele país, nas quatro últimas décadas. Nas últimas eleições presidenciais portuguesas, em 2006, lançou-se como candidato independente e ficou em segundo lugar, obtendo mais de um milhão de votos.
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Ilustração



Ilustração p/ "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarães
( Ed. L&PM, P.Alegre, 2003)
Bico de pena (nanquim)
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Ilustração



Ilustração p/ "A Escrava Isaura", de Bernardo Guimarâes
( Ed. L&PM, P.Alegre, 2003)
Bico de pena ( nanquim)
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Ilustração

Capa do álbum "Venha fazer água conosco"
( ed. da Pref. Mun. de P.Alegre)
Aquarela
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GLOBO CONTRATA ANALFABETO FUNCIONAL DE ZERO HORA PARA CUIDAR DE PORTAL


O maior grupo de comunicação do país - aquele que se orgulha de possuir entre seus próceres um bem-dotado intelectual capaz de escrever um livro científico gracejando sobre as falas improvisadas do Presidente Lula - acaba de fazer uma aquisição de peso. A julgar pelo título grifado na imagem acima, capturada por volta das 16h desta quarta-feira, o portal G1 trouxe para suas fileiras de escribas alguém capaz de suplantar o heroico feito do dia 29 de abril. Graças à projeção internacional conseguida após nossa postagem do último dia 16, o redator do jornalixo gaúcho, pelo visto, foi imediatamente absorvido pela corporação-mãe.
Veja aqui e aqui como outras organizações midiáticas trataram do mesmo assunto em suas manchetes.
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Lei é Lei! Então: Até que enfim cumpriram a Lei

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, determinou ontem a entrega do menino S., de 9 anos, para o pai, David Goldman, que vive nos Estados Unidos. Mendes restabeleceu decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região que determinou que o garoto fosse levado ao Consulado no Rio e cassou decisão tomada na semana passada pelo colega Marco Aurélio Mello, que ordenava a permanência do menino. Com isso, a partir da comunicação oficial à família, será reaberto o prazo de 48 horas para a entrega do menino ao pai.

S. veio para o Brasil em 2004 com a mãe, a estilista Bruna Bianchi. No Brasil, Bruna resolveu separar-se de David Goldman, não retornou aos EUA e, posteriormente, se casou com o advogado João Paulo Lins e Silva. Em agosto de 2008, Bruna morreu após o parto da segunda filha. De lá para cá, Goldman e Lins e Silva disputam a guarda do menino. Na semana passada, graças ao despacho de Marco Aurélio, a família tinha conseguido suspender a decisão do TRF que determinava a entrega do menino e consequente viagem para os Estados Unidos. Desse despacho recorreram o pai do garoto e a Advocacia Geral da União (AGU).

Gilmar Mendes concluiu que a manutenção do menino no Brasil é irregular e contraria um tratado internacional. "É importante considerar, inclusive, que o acórdão do TRF da 2.ª Região assentou a configuração de retenção ilícita do menor S., nos termos do tratado internacional. A repercussão jurídica, política e social - sobretudo em âmbito internacional - é de extrema gravidade. Assim, não há como se negar a ilicitude da conduta de manutenção da criança no Estado brasileiro".

Mendes ressaltou que a decisão judicial do TRF que determinou a entrega do menino ao pai assegurou um acordo de visitação entre os parentes brasileiros e americanos. Em seu despacho, ele reconheceu que a orientação do STF é no sentido de não ser possível julgar um mandado de segurança (ação movida pelo pai e pela AGU) com o objetivo de contestar um ato do tribunal (a decisão de Marco Aurélio, que determinava a permanência do garoto no Brasil). "No entanto, em hipóteses excepcionais, esta Corte já admitiu a impetração de mandado de segurança contra atos jurisdicionais irrecorríveis e exarados monocraticamente por ministros do STF".


Integra da Decisão de Gilmar Mendes AQUI
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SANTA CEIA

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RELATÓRIO SEM-VERGONHA DE TUCANO IDEM DIZ QUE NÃO HÁ CORRUPÇÃO NO GOVERNO SEM-VERGONHA DE TUCANA IDEM



Um certo Coffy Rodrigues, deputado tucano que lidera o ranking da sem-vergonhice no PSDB gaúcho, não teve pejo de se apresentar, ontem, diante de câmeras e microfones, lendo o que ele afirmou ser o relatório final da CPI da Corrupção, instalada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para investigar a roubalheira generalizada que campeia no governo de Yeda Crusius.
Com a mesma caradura cínica observada durante as sessões da Comissão em que era o relator, nas quais aproveitava o "tempo livre" para cortar as unhas ou jogar boliche no celular, Coffy brindou os circunstantes com uma ode ao escárnio, isentando sua fada-madrinha - e toda a corriola amiga - de responsabilidades em todos os episódios de corrupção deslavada colecionados durante a gestão de Yeda.
Estamos falando de desvios na casa das centenas de milhões de reais, sobre os quais os deputados sem-vergonhas aliados do Piratini manifestaram-se fugindo do plenário na hora H.
E estamos falando de escândalos fartamente ilustrados com gravações de áudio e vídeo, fotos, documentos e testemunhos, todos devidamente registrados pelo blog Zero Corrupção, criado para tal fim.
A chamada "imprensa local", como sói, tratou logo de botar um rochedo sobre o assunto. Na capa do tabloide Zero Hora - a mais sem-vergonha das gazetas sem-vergonhas brasileiras - a zombaria patrocinada pelos tucanos ganhou este esclarecedor destaque na edição hoje:
.

Seu concorrente, Correio do Povo, pelo menos teve a hombridade de dar nome aos bois, a despeito dos miseráveis três parágrafos que destinou à pauta.
Se você quiser ler o verdadeiro relatório da CPI da Corrupção, que propõe o indiciamento de 32 sem-vergonhas - incluindo Yeda - clique aqui.

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Um pouco de sensatez...


“Em uma eleição em dois turnos, é um erro e um desrespeito à democracia querer fazer uma polarização em relação a quem fez melhor no passado. Nós temos é que apostar em quem pode fazer mais e melhor no presente para viabilizarmos o futuro que queremos”. “A gente tem de superar a visão tradicional de oposição pela oposição. A minha visão em relação ao Brasil é que nós tivemos conquistas nos últimos 16 anos de ambos os governos (FHC e Lula). As conquistas devem ser preservadas, mas a história não pára”.



Marina Silva (PV/AC), virtual candidata a presidência da República em 2010
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Um poste calado!


Lula diz que Dilma não abdicará do controle da inflação

Presidente diz que ministra 'não rasga nota' e reafirmou que haverá crescimento econômico vigoroso em 2010

Beatriz Abreu e Vera Rosa, da Agência Estado


BRASÍLIA - "O controle da inflação é uma política da qual não abdicaremos", disse hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele fez essa afirmação respondendo a uma pergunta, durante café da manhã com jornalistas, sobre a possibilidade de mudanças na política no caso de vitória da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, nas eleições presidenciais do próximo ano. "É difícil mudar o que está dando certo. Só se pode aperfeiçoar", comentou o presidente. "A Dilma tem juízo político e econômico. Não rasga nota", acrescentou.

Ele disse que a ministra Dilma está absolutamente inteirada das ações do governo, em todas as áreas, porque, afinal, "sempre esteve presente na coordenação do governo". "Para mim, inflação é uma coisa preciosa. Não é só o número um dessa política. Eu já convivi com inflação de 80%. Não abdicaremos do controle da inflação", disse Lula numa demonstração de que considera prioritário conter a alta dos preços.

A política adotada nos dois mandatos de Lula prevê o controle da inflação por meio da calibragem das taxas de juros. O Banco Central vem reduzindo a taxa selic nos últimos meses e, no mercado, há uma dúvida sobre em que momento será necessário retomar a alta dos juros para conter um eventual aumento da inflação decorrente dos chamados impulsos fiscais (gastos públicos) e aumento exacerbado do consumo.

Na conversa com jornalistas hoje, o presidente Lula traçou um panorama otimista para a economia. Disse que nas conversas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, há a garantia de um crescimento "vigoroso" da economia em 2010. Ele não quis fazer previsões.

Estadão


BRASÍLIA - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apareceu, nesta segunda, 21, pela primeira vez, sem peruca, depois do tratamento de quimioterapia a que se submeteu para combater um câncer linfático. Ela participou da cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, no Palácio do Itamaraty, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em entrevista, a ministra disse que decidiu aparecer em público novamente com seu cabelo natural, no dia de hoje, porque achou que "já estava bom". Ela vinha usando peruca por causa da queda de cabelo causada pela quimioterapia. A ministra falou em entrevista que, antes, não dava para deixar de usar peruca, porque seu cabelo, depois do tratamento, ainda estava irregular, "cheio de buracos".

"Achei que já estava bom", disse a ministra, referindo-se ao fato de ter aparecido hoje com o cabelo natural. "Não dava para tirar (a peruca) lá em Copenhague", comentou, à 15ª conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP 15), da qual participou na semana passada, na capital da Dinamarca.

Elogios de José Alencar

O vice-presidente da República, José Alencar, disse que achou bonito o novo visual da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Eu já passei por isso, também perdi o cabelo, mas agora está nascendo. Mas está bonito o cabelo dela. Está moderno", afirmou Alencar, ao deixar há pouco o Palácio do Itamaraty, onde também participou da cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos 3.

Com relação à candidatura da ministra para a Presidência da República, Alencar disse que há uma característica na pessoa da ministra que deve ser observada. "Ela é uma mulher braba. E nós sempre precisamos que à frente do governo esteja alguém com determinação, competência e história. E a Dilma possui tudo isso. Não é por acaso que o presidente Lula a escolheu como sua indicada", afirmou.

Sobre sua possível candidatura ao Senado, Alencar disse que só o fará se Deus deixar, referindo-se ao tratamento de câncer no abdome. "As coisas estão indo bem, o tumor está definhando. Significa que está secando, desaparecendo. Alguns médicos já falam para eu colocar o verbo no passado. Havia um câncer no José Alencar. Se Deus me curar, eu aceito disputar democraticamente", afirmou.

Discurso emocionado

Em discurso emocionado, há pouco, na solenidade que homenageou sua colega de luta revolucionária, Inês Etiene Romeu, com a entrega do prêmio Direitos Humanos 2009, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, destacou a importância da homenagem como "testemunho da generosidade, da coragem e da dignidade de uma geração". "Quem viveu aquele tempo em que palavra democracia era esquecida, quando não perversamente deturpada, compreende o sentido do resgate a conservação da memória do que ocorreu no país naquele período", disse Dilma, ao lembrar que foi companheira de Inês, de sonhos e lutas. "Naquela época a opressão deles (militares) e a nossa esperança foram companheiras cotidianas". Dilma lembrou também dos colegas torturados e mortos nas prisões da ditadura e destacou o sofrimento da amiga, que foi sequestrada e submetida à violência, em cárcere privado e beneficiada anos depois, com a Lei da Anistia.

"Inês, o Brasil te reconhece com este premio. Obrigada por tudo", disse Dilma, explicando que a emoção é maior porque o País vive hoje um novo momento de transformação social, política, econômica e sobretudo democrática, alcançados no governo Lula. "O Brasil, hoje, é um Brasil que o seu estado e os seus recursos estão realmente a serviço da maioria da população", destacou.



Estadão


Lula defende aumento de gastos e diz que não fará 'arrocho'

Presidente diz que funcionários estavam 'porcamente remunerados' e afirma que não faltará recursos para Copa

Beatriz Abreu e Vera Rosa, da Agência Estado


BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o aumento dos gastos públicos e disse que não promoverá um arrocho salarial.

"Não faremos arrocho salarial. A máquina pública estava desmantelada, destruída e atrofiada. Os funcionários públicos de alto escalão estavam porcamente remunerados", disse Lula em café da manhã com jornalistas.

A elevação da folha salarial é um dos pontos da política do governo criticada pela oposição. Os oposicionistas, como o PSDB, alertam para a dificuldade de equilíbrio das contas a partir de 2010 devido ao impacto da folha salarial e a baixa arrecadação tributária, provocada pelas desonerações praticadas pelo governo. "Nós vamos continuar contratando médicos, professores", afirmou.



Lula defendeu o endividamento da União e a medida que ampliou a margem de endividamento dos estados para que participassem do esforço do governo federal de estímulo à economia. Segundo ele, havia uma capacidade de endividamento que foi utilizada. "A dívida pública está bem controlada e a perspectiva de crescimento da economia é a melhor possível", disse.

O presidente insistiu que a economia vai crescer "de forma vigorosa" em 2010 e, dirigindo-se aos jornalistas, comentou: "Vocês terão um ano estupendo".

Recursos para a Copa

Lula afirmou que o governo tem dinheiro suficiente para bancar os investimentos necessários para a realização da Copa, em 2014. "Não vamos ter problema de dinheiro. Todos os aeroportos que precisarem de obras terão suas obras, e isso vale para os metrôs e todas as obras necessárias para a realização da Copa", disse Lula.

Segundo ele, o governo não deixará passar a oportunidade de "mostrar a cara do Brasil". "Não teremos problemas de investimentos", afirmou.



Estadão


Lula diz não acreditar em dobradinha Serra-Aécio para 2010

'Eu não sei se dois Coutinhos, dois Tostões... se saem bem no mesmo time', disse o presidente.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira não apostar que o PSDB consiga unir os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) em uma mesma chapa à Presidência no ano que vem.

Aécio abriu mão da pré-candidatura na semana passada. Em privado, diz querer lançar-se ao Senado, apesar dos apelos da cúpula tucana para que dispute a vice, tendo Serra na cabeça de chapa. Para o partido, uma dobradinha seria fundamental à eventual vitória da oposição.

"Eu não sei se dois Coutinhos, dois Tostões... se saem bem no mesmo time", disse o presidente em um café da manhã com os jornalistas que cobrem o Planalto.

A frase faz alusão aos craques do futebol. O presidente informou que ainda não conversou com o governador de Minas após a decisão, mas irá procurá-lo ao final das festas de natal e ano-novo.

Lula indicou a razão de querer uma disputa plebiscitária entre Serra e sua pré-candidata, ministra Dilma Rousseff: fica mais fácil transferir votos numa disputa polarizada.

É exatamente por conta dessa lógica que não descarta conversar com seu aliado, deputado Ciro Gomes (PSB), a quem desfilou uma série de elogios nesta manhã. Ciro é pré-candidato à Presidência e, ao que consta nas pesquisas, tem ajudado Dilma tirando votos do tucano paulista.

"Se eu perceber que o momento político não comporta dois candidatos da base, eu vou discutir com ele."

Houve recado também ao PT de São Paulo. Nas palavras do presidente, o PT "precisa procurar seu José de Alencar", em referência a 2002, quando escolheu seu vice no setor empresarial para ganhar a diferença de votos --em geral os mais conservadores-- necessária para vencer as eleições daquele ano.

Segundo ele, a sigla sempre procura no Estado aliados no espectro político de sempre: a esquerda.

"É a soma do zero com o zero", resumiu.

O conselho poderia facilmente ser estendido a Estados onde o PT impõe dificuldades a uma aliança local com PMDB --imprescindível à formação do consórcio nacional que tenta empreender.

Lula elogiou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP). Disse tratar-se de um bom companheiro, mas não fez o gesto esperado por Temer de rever a defesa feita alguns dias atrás de uma lista tríplice para escolha do vice na chapa de Dilma. O peemedebista é o principal cotado ao posto dentro do partido, e não gostou nada do comentário de Lula sobre a inclusão de novos nomes.

Uma coisa é certa, argumentou o presidente, a vaga de vice tem mesmo de ficar com o PMDB.

CLIMA

Após o fracasso das negociações sobre clima, em Copenhague, Lula afirmou que o encontro do México, em 2010, pode chegar a bom termo.

Afirmou, ainda, não ter aceitado na Dinamarca a proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de monitorar as ações dos países contra o aquecimento global nos moldes da fiscalização empreendida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Questionado se está havendo uma inflexão nas relações entre Brasil e EUA --sobretudo após a crise política em Honduras-- o presidente disse que ainda reserva boas expectativas em relação ao colega e que, igualmente, acredita que ele fará uma boa administração.

"Sou um otimista", garantiu.

(Edição de Carmen Munari)


Estadão



Percebem que Lulla diz e ela vai atrás. Ela não é ninguém. Não sabe nada, nem falar em público. É um fracosso total
Essa é mais uma megalomania do presidente Lulla¹³ em achar que sua popularidade pode eleger até um poste.
É o caso de Dilma. Ela é somente um poste e sem Lulla ela nem existe. O pior é que ela sabe disso. Só para manter a quadrilha no poder.
É isso que nós somos!
Só instrumento de poder.
Não há democracia, mas sim a ditadura da maioria de "miolo mole" brasileira.

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Quem é esse cara???


"Seja com [José] Serra ou com Aécio [Neves], a estratégia montada para a Dilma vai ser a mesma. Nós queremos uma campanha polarizada, com dados comparativos dos dois governos".


disse Lula , referindo-se Fernando Henrique Cardoso (eleição plebiscitária).




"Não sei se o Aécio explicitou porque tomou essa decisão. Se é definitiva ou se é jogo de pressão, eu não sei".
"Acho que ele fez um gesto muito mais para dentro do PSDB, em função de estar percebendo que há um jogo para que o Serra seja o candidato. Mas não conversei com ele ainda, vou procurá-lo no início do ano que vem".


disse Lula, acrescentando que conversará com o governador de Minas no ano que vem.


O presidente também avaliou a possibilidade de composição de uma chapa única com os dois tucanos, fazendo uma analogia com o futebol. Para ele, dois "Coutinho", "Tostão" ou "Dirceu Lopes" no mesmo time podem não dar certo. Coutinho foi centroavante do Santos na época de Pelé, Tostão foi titular na seleção de 1970 e Dirceu Lopes foi ídolo no Cruzeiro nas décadas de 60 e 70.

Lula disse "não acreditar" que o PMDB possa fechar com José Serra, apesar da cisão do partido entre o pré-candidato tucano e a ministra Dilma Rousseff.


Entrevista coletiva com Lula, hoje (21/12) pela manhã.
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Um pouco de números destes 5 meses


O mais notório é a queda em progressão desde o início até agora!
Ajudem-nos a melhorar.
Nossa média diária no mês agosto chegou a 160 visitantes por dia...
Hoje são 48 apenas por dia!
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Parabéns a todos os leitores e colaboradores

Dia 17 completamos 150 dias de cooperação e coolaboração.
Nossa média foi de 80 visitantes por dia.
Muito grato aos diletantes brasileiros.
Da moderação do Blog Verdade Política.
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Lula, o Filho do Mundo ou Sobre a Universalidade de um Símbolo.

Na última semana, em uma conversa de bar – ou melhor, em uma conversa num restaurante japonês -, papeava com alguns amigos sobre as razões da grande popularidade de Lula, apesar dele ter contra si a quase totalidade da grande imprensa. Assim, entre sushis, sashimis e harumakis – e generosas doses de saquê -, discutíamos temas como mitos e mitologias políticas, o papel da mídia, imaginário social, cultura política e ideologia (quando se juntam vários historiadores e cientistas sociais em uma mesa, o papo acaba descambando pr’uma merda qualquer do gênero!). Em meio à tão douta – e etílica - discussão, não pude deixar de pensar que talvez uma das explicações – entre as muitas - possíveis para tal fenômeno, seja justamente uma das mais simples dentre aquelas que apareceram à mesa: Lula é mais perfeita tradução – com tempero brasileiro – de um dos fetiches do liberalismo, o self-made man. Ele é o vencedor improvável, o homem comum que deu certo, a exceção que justifica a regra, enfim, o exemplo que alimenta o sonho de milhões e que dá algum sentido a existências quase sempre medíocres. Há quase quatro séculos esse “fetiche” é vendido para a humanidade e isto foi assimilado de tal forma por nós todos, que tal idéia passou a ser encarada como absolutamente lógica e irrefutável. Em um país como o nosso, com um longo e imenso histórico de desigualdade e exploração, o símbolo que Lula representa tem o seu significado enormemente ampliado. Mas o simbolismo da figura de Lula transcende nossas fronteiras nacionais e o restante do mundo também se sente seduzido por ele; afinal, em seu processo de expansão - ao se internacionalizar e “unificar” o mundo - o capitalismo também universalizou os seus valores e a sua ética. Neste sentido, Lula não é só “filho do Brasil”, mas também “filho do mundo”. Portanto, não deixa de ser uma doce ironia perceber que aqueles setores da elite brasileira – incluindo-se aí o seu braço midiático - que procuraram nos incutir tais valores desde que nascemos, são hoje os mais incomodados com a ascensão do “presidente-operário”. Assim, quem sabe, esta não é uma grande piada das Parcas, as míticas fiandeiras que - segundo a mitologia greco-romana - tecem os fios dos destinos dos homens?

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Trilha Sonora do Dia: Emerson, Lake and Palmer com "Fanfare for the Common Man".


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