A vitória do Liberalismo e a Derrota do Estado

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  • sexta-feira, 27 de novembro de 2009
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  • Particularmente, sou mais um divulgador e não escrevo muito, mas neste caso abro uma exceção, afinal se aproxima o aniversário de 1 ano, tanto do meu empreendimento, quanto deste blog.

    Coloco as duas coisas quase juntas porque nasceram assim e se completam, afinal um explica o outro, no fim das contas.

    Vou fazer um relato de toda a história de meus 13 anos como médico para que vocês entendam o que isso tem haver com Liberalismo e Estado.

    Me formei na Faculdade Estadual de Medicina de Marília, no interior de SP, em 1996.

    Logo em 1997, fui convocado para servir às Forças Armadas (eu não havia feito TG), como tenente médico da Força Aérea Brasileira na Amazônia (VII COMAR), patente que ainda ostento, só que na reserva.

    Voltei um ano depois a Marília, onde me especializei em Residência Médica de Ortopedia e Traumatologia. Em 2001, já tinha conseguido o título de especialista na área (SBOT).

    Em 2001, me sentia ainda “engajado” em fazer um “SUS melhor”, fazer a diferença, poder ajudar quem mais precisa, a troco do salário inicial, que é sempre mais vistoso no serviço público (grande erro, pois estaciona-se aí no salário que não tem plano de cargos e salários).

    Fiz especialidade em Saúde Pública e Saúde da Família e fui trabalhar para o SUS, animado, feliz da vida.

    Me sentia altruísta, de extremo engajamento social, inserido de maneira “politicamente correta” no contexto da sociedade brasileira.

    O sucesso no trabalho veio rápido, afinal: quantos médicos tem todo este gás para enfiar a cara no trabalho. Reelegemos prefeito só com a implantação inicial do programa Saúde da Família.

    Isso foi de 2001, passei por novos cursos, me tornei professor de Saúde da Família na Faculdade onde me formei, enfim : parecia o auge.

    A questão desagradável, era a imensa diferença de poder aquisitivo entre eu e meus colegas de turma. Eles me chamavam de otário e que a saída estava no empreendimento pessoal (um consultório médico particular) e não no serviço público. Além disso, com o passar dos anos e com o poder público local perceber que já havia ganho o ônus positivo político do Programa, foi desistindo e investindo menos. Com isso, como gestor, posso dizer que não tarda 1 ano e as coisas começam a fazer água. Primeiro em doses homeopáticas, indolor praticamente.

    Depois de maneira mais incisiva e escancarada, mas ainda não se torna prioridade. Após o ganho de mais uma eleição para o “partido da situação”, aí fomos a pique. E eles sabem como te “amoitar”.

    • “Se não estiver contente, a porta da rua é a serventia da casa.”

    Após 7 anos de trabalho exclusivamente público neste município (na carreira são 13 anos de SUS), me exauri de tal forma a denunciar todas as irregularidades ao jornal da cidade, e fui demitido.

    Foi um rebuliço, mas foi apurado? Não. Nem mudou nada, para não dizer que ainda piorou.

    Aí, no meu campo visual limitado pela exclusiva atuação no Estado.

    Só para constar, o SUS funcionas todo cupinizado, desde sua origem no Ministério da Saúde até a mais municipal instância de sua atuação. Ainda assim, se não houvesse corrupção, um sistema universal desses é impagável, e nada sustentável. Daí dizermos que o Brasil é o país do mundo com mais políticas públicas, ao mesmo tempo em que talvez seja o pior Prestador de Serviços Públicos que exista. Não é cumprido nem 10% do prometido ou previsto em Lei.

    Então abri o tal consultório, me desligando de forma total do Estado (SUS). Hoje estamos quase a completar 1 ano de serviço (9 de dezembro) e meu nível de vida subiu de forma tão inesperada, quanto o gosto que tomei em fazer medicina real, e não a submedicina do SUS.

    Muitos vão achar radical, mas um crescimento de rendimento com carga horária flexível (a agenda é minha e com nenhum problema estrutural de sistema para incomodar) de mais ou menos 4 vezes em 1 ano...

    Não há o que discutir. Até a suposta inserção social é falsa, afinal a porcentagem de bons serviços prestados, com a maior qualidade possível que realizávamos no SUS, é ínfima em relação a real demanda reprimida. Ou seja, é como se nada tivesse sido feito, a não ser remendos e curativos. Esta é a vitória do Liberalismo, onde em apenas 1 ano de serviços à rede privada, aumenta sua “qualidade de vida” em 4 vezes.

    A pior parte é a Derrota do Estado. Não que não se imaginasse isso num país onde o povo é instrumento de poder e não uma coletividade. Vivemos a ditadura da maioria e não uma democracia representativa.

    A esquerda altruísta e com alta taxa de sensiblidade social mostrou-se na verdade corrupta (muito mais que os “trogloditas de direita), ineficiente, incompetente, utópica (dolosamente), enfim uma grande FARSA.

    O Estatismo é em sua totalidade esta ignomínia. O Estado deveria ser mínimo, afinal é um mal republicano necessário. Mas onde exercesse seu papel deveria ser eficiente, proincipalmente na Educação, porém usa-se de forma vil a própria Educação como máquina de fabricar Analfabetos Funcionais.

    O que nos resta é pensar.

    Um exemplo: Dizem que o dinheiro do IPVA, é recolhido para manter as estradas, o que não ocorreu, levando à necessidade de privatizá-las para que ficassem transitáveis. Mas ainda continuamos a pagar o IPVA mais o pedágio (sobretaxa).

    Devemos dar graças ao fato dos setores de telefonia serem privados. Tem muita coisa ruim ainda, com certeza, mas imagine tudo isso sob a égide de um governo megalonanico.

    Assim é o futuro do SUS, uma máquina dolosamente corrupta e genocida silenciosa, onde todos os gestores em todas as instâncias (federal, estadual, municipal) são coniventes e responsáveis.

    Espero que alguém ainda os cobrem pelas milhares de mortes desnecessárias que ocorrem todos os dias nas filas do SUS.

    Ao invés de procurar ossos de terroristas no Araguaia, e torná-los Libertadores e Heróis, porque não evitam ao menos essa chacina diária do SUS?

    Pois então meus caros: Esta é a invariável vitória do Liberalismo, sem segredos e sem desonestidade ou corrupção.

    A derrota do Estado é óbvia neste país há décadas, só não vê quem tem preguiça de enxergar, ou tem algum interesse nesta distribuição de misérias!





     
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