Um pequeno artigo meu sobre o cotidiano da saúde pública brasileira!

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  • quinta-feira, 1 de outubro de 2009
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  • Ainda sinto vontade de voltar ao serviço público, para tentar melhorar as coisas. Mas, às vezes, a gente tem que se render às evidências.




    Quando recém sai da faculdade de Medicina, ainda era cheio de sonhos e "utopias". Tive a sorte de ter como primeiro emprego, depois de formado, o cargo (após curso de instrução) de 2º tenente médico da Força Aérea Brasileira no VII COMAR, entenda-se como Amazônia Ocidental (Manaus, Porto Velho e Boa Vista).
    Pelas localidades e seus "acessos" éramos em muitos lugares o único médico visto no prazo de 6 meses, quando o último colega militar esteve lá.
    Em uma escola ou igreja, montamos consultórios de campanha com médico, dentista, enfermeiro e, é claro, cartório eleitoral e de identidade (se não ninguém vota, né?).
    Em resumo, o trabalho das 3 Forças Armadas Brasileira em solo Amazônico e de tamanha importância para a sobrevivência da região, muito mais que os bravateiros da Amazônia de hoje em dia fazem.
    Mesmo assim, não fiquei muito tempo...
    Não é fácil viver nestas condições e eu tinha "sonhos", mas bem mais delapidados depois deste tempo militar numa região que escancara as reais necessidades brasileiras e ninguém é ouvido, mas simplesmente se bate o "martelo" em qual interesse for mais útil naquele momento.
    Bem, após isso, voltei para São paulo, me especializei,e fiquei por aqui.
    A carreira, graças a muito trabalho, dedicação e acima de tudo muita ética e honestidade, as coisas aconteceram naturalmente.
    Hoje em dia 13 anos após, sempre preteri trabalhos mais rentáveis em detrimento ao serviço público.
    De 10 meses para cá, uma desavença com o poder público local me vez mudar radicalmente e investir exclusivamente em meu consultório.
    A população estremeceu, afinal foram 8 anos de unidade de saúde na mesma cidade....
    Eles se matam em pagar e lotam meu consultório, eu os ajudo, dou desconto, retornos a mais (5, 6 quantos necessários se o paciente não tiver condições).
    Ainda assim, em cidade vizinha, mantive um ambulatório do SUS, por ser minha vida, atender à população.
    Hoje, recebi a notícia que o prefeito queria falar comigo (cidade com 9 mil habitantes), por uma discussão que eu tinha tido com o Farmacêutico, no sentido de viabilizar o atendimento à população.
    Resumindo: fui demitido.
    Este foi o mesmo erro da outra cidade: O Governo e o SUS não suportam leis, normas, regras.
    Sabe qual foi a fala do prefeito??????????

    "As leis são flexíveis"

    O que posso eu dizer então.
    Pior, eu disse e escrevi umas verdades sobre a situação de atendimento à população no próprio prontuário, de tanta repetência dos mesmos erros sem solução.
    Qual o medo do prefeito????

    "Já imaginou se aparece em algum jornal" (detalhe, evidentemente a cidade não tem um jornal)

    Por mais que eu tento ser "social" e manter um trabalho no SUS, mais estes governos curtidos à esquerda podre atual me jogam ao liberalismo econômico, e pior, jogam na minha cara que é isso que realmente funciona.
    Liberalismo econômico!
    Oportunidades!
    Competência!
    Prestação de serviços de alta qualidade, mas por um preço justo.
    Vocês me acham insensível????
    Mas por 13 anos só trabalhei para o SUS...
    Assim a esquerda podre afastou mais um "lutador"(apelido do médico dos postos de saúde de pequenas cidades) e seus quadros preferem manter os velhos cabides inúteis.
    Após refletir muito, percebi que a "birra" era maior que a que tinha acontecido, afinal envouveu muitos interesses.
     
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