Culturalmente, o Brasil ainda está longe de estar conectado a um mundo dito globalizado, importador eterno das mesmas mercadorias, modismos e enlatados que aqui chegam pelas enormes vias abertas da nossa dependência. Continuamos de costas para o resto da América Latina. E da Europa só nos chegam os rebutalhos, tal como o modelo Big Brother. Ora pois, é sensacional que a internet traga novos produtos, como o inteligente Programa do Aleixo, criação de três patrícios portugueses, que do YouTube ganhou a TV e já começa a ser conhecido além mar.
É um humor minimalista, nonsense, feito com recursos simples de edição e computação gráfica. Os diálogos são hilários. Pedro Aleixo é meio cachorro, meio urso, quase um ewok de Guerra nas Estrelas. Na TV, o programa passou a contar com uma estrutura de talk-show, sempre com Bruno Aleixo e Busto, uma escultura falante de Napoleão. Ao final, os dois ao piano cantam músicas conhecidas. Sugiro começar por conhecer a série da Escola do jovem Bruno, ou a sensacional partida de Street Figher.
Outra quase piada é o lançamento tardio no Brasil de “O homem que roubou Portugal”, do inglês Murray Teigh Bloom, originalmente de 1966. Conta a história verídica do português Artur Virgílio Alves dos Reis, um dos maiores falsários do mundo. Depois de falsificar diploma de engenheiro formado em Oxford, por escola politécnica inexistente, segue carreira de agressivo player capitalista, comprando e vendendo empresas com o dinheiro dos outros. Mas seu grande e definitivo golpe, onde ficou conhecido, e motivo de sua prisão, foi usar de cúmplices nas elites, documentos falsificados e muita lábia para encomendar a impressão de 200 mil notas de 500 escudos na Waterlow and Sons Limited, de Londres, a empresa impressora do dinheiro português. As cédulas, com a figura de Vasco da Gama, representavam 1% do PIB português, o que levou o país à lona.
Como se vê, Madoff e Daniel Dantas tiveram bons professores.