Não se deixe enganar...

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  • sábado, 24 de janeiro de 2009
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  • Da revista Carta Capital, separei os dois trechos da entrevista de Protógenes Queiróz, para mostrar como é fácil comprar no varejo e no atacado determinadas pautas de notícias na imprensa; e que não deve surpreender ninguém.

    Paulo Henrique Amorim chamou “Sistema Daniel Dantas de Comunicação” e é mais velho do que a fome movido não por ondas de rádio, baterias, caracteres impressos, pela ética; mas por interesses privados escusos. O lucro a qualquer custo, nem que para isso, se tenha que brigar com a notícia.

    Aqui tivemos um exemplo bem palpável protagonizado por acusados na Operação Rodin (Escândalo do Detran-RS).

    Em Canoas diversos “homens honrados e de bem” eram paparicados por jornalistas-formadores de opinião de toda forma. Certa vez um programa onde o assunto era o HPS de Canoas ficou evidente ser matéria paga “regiamente”. HPS em que os trabalhadores foram contratados em regime de cooperativa, tendo, inclusive, intervenção do Ministério Público!

    Chico Fraga estava na mesa de debates. Naquela semana, curiosamente em diversas rádios, o assunto era o mesmo, HPS de Canoas. Até o Lasier Martins, após o estouro da Operação Rodin, comentou que havia viajado com Chico Fraga para a Feira de Hanover e "não havia percebido nada"!

    Ora, este tipo de programa e de matéria só é convincente aos idiotas ou desavisados. O que move informações ou notícias em um meio de comunicação, certamente é o o fato mas o “fluxo de dinheiro”; o que eu vou ganhar com isto?

    Sai do cofre de uns e vai para o bolso de outros. Esta é a lógica da informação atual. Raramente há alguma notícia que contrarie os interesses do capital ou de algum parceiro do dono do jornal. Falo de informação relevante, política ou econômica.

    A Revista Capital é seguidora do que Mino Carta chama de "informar é seguir a fidelidade canina aos fatos”. Este deveria ser a linha de atuação dos jornais e demais meios de comunicação. Mas não é!

    Enquanto cada consumidor de jornal não exigir qualidade da informação, não mudaremos esta lógica. Sendo um jornal um produto pelo qual se paga determinado valor, resta-nos exigir respeito como consumidores; caso contrário estaremos pagando pela desinformação. Uma equação irracional no capitalismo!

    Edição 520 de Carta Capital (05-11-2008):

    <...>
    Carta Capital: Por que o senhor se preocupou, especificamente, em investigar a participação de gente da imprensa no esquema criminoso de Daniel Dantas?
    Protógenes Queiroz: Eu sabia que, a partir da execução da Operação Satiagraha, viriam notícias para proteger o bandido. Por isso resolvi abrir um capítulo no meu relatório sobre o papel da mídia na investigação. Então, há vários jornalistas comprometidos com Daniel Dantas, de forma direta e indireta. Se eu não colocasse isso no papel, seria pior. Coloquei justamente para a própria imprensa ter a decência de discutir o processo sob o plano da ética e da moral. Hoje, a imprensa já encontrou o seu caminho. Alguns jornais passaram a discutir isso internamente, que eu sei, fui informado. O furo de reportagem é válido, mas nem sempre o timing da imprensa é o timing da polícia. Se puder conciliar as duas coisas, magnífico. Mas na maioria das vezes não é possível, e o prejuízo para a sociedade e para o País é muito grande.

    CC: Havia mesmo uma espécie de “Sistema Dantas de Comunicação”, como apelidou o jornalista Paulo Henrique Amorim?

    PQ: Havia, sim, em quase todos os jornais e revistas daqui e até no exterior. Eu me espantei, fiquei assustado, porque era uma coisa que eu jamais poderia imaginar que uma pessoa teria o poder de manipular a mídia do Brasil. Levei logo o assunto ao conhecimento do procurador (Rodrigo de Grandis, do Ministério Público Federal de São Paulo) e ao juiz (Fausto De Sanctis, da Justiça Federal de São Paulo). Aquilo me causou uma repulsa muito grande e, no decorrer da investigação, isso foi se aprofundando a tal ponto que eu percebi que grandes veículos de comunicação estavam nas mãos do Dantas. Não as empresas todas, mas determinados jornalistas que fabricavam matérias para facilitar os negócios de Dantas, no presente e no futuro. Isso era uma coisa diária, a relação dele com esses jornalistas. Quando o interroguei, até disse a ele que ele seria mais feliz se comprasse um jornal ou uma rede de televisão, porque, como banqueiro, ele não é uma pessoa feliz.

    Existem dois vídeos no YouTube que eu recomendo:

    1-http://br.youtube.com/watch?v=jrSrWzlFan0
    2-http://br.youtube.com/watch?v=essYyn7SGro

    Se você acredita estar sendo enganado por seu jornal, cancele a assinatura. Esta é a lógica do capitalismo! Não troque seu direito de ter uma informação de qualidade, por panelas, CDs, DVDs ou livros. Você estará fazendo papel de idiota, muito conveniente aos meios de comunicação!
     
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