Dura vida de baluarte da direita

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  • quarta-feira, 17 de outubro de 2007
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  • Uma nota na última Carta Capital dá a Denis Rosenfeld o papel de primeiro neoliberalóide comercial de nossa mídia. Um exagero. O professor de ética política da Universidade do Rio Grande do Sul, embora algumas vezes citado por profetas da direita em alguns recantos do país, tem sua fama restrita às proximidades do Chuí. O que permite refletirmos o quão regionais eles o são. Exceção e justiça seja feita a Diogo Mainardi, graças a enorme tiragem da Veja, que o coloca em um palenquezinho bem remunerado há anos. E apenas a isso, vale registrar. Mais correto seria lembrar de nomes como Roberto Campos, Eugênio Gudin e Gustavo Corção, que freqüentaram quase cotidianamente páginas de jornais, como porta-vozes do mais legítimo pensamento da direita. Ganharam para tal.

    Interessante que os três se formaram em engenharia. O primeiro foi diplomata, passou a se interessar por economia, tendo participado até da Conferência de Bretton Woods, aquela que forjou o enorme “banco imobiliário” que ainda estamos vivendo e que ajuda a empurrar o capitalismo para o buraco. Gudin se interessou por economia em 1920 quando passou a publicar artigos no O Jornal, do Rio de Janeiro. Algum tempo depois foi ser seu diretor de redação. Corção foi pensador católico, autor de vários romances e ensaios, um dos participantes mais constantes e ativos da imprensa carioca. Todos, ainda hoje, têm seus textos lembrados e citados pela nata do pensamento liberal.

    Penso que deve ser difícil entrar hoje neste mundinho não tendo um bom curriculum de pensamento conservador. Daí, imagino as dificuldades de um Ali Kamel, depois de uma curta carreira de repórter, que tenta agora publicar seus primeiros livros e fazer polêmica para agradar seus chefes, atualmente enrolado em disse-me-disses prosaicos com Luis Nassif. Logo ele que justificou ontem algumas de suas últimas tentativas desastradas de opinião em carta de leitores no Globo como “Nota da redação”. Ou seja, o diretor do jornalismo da TV Globo também é a redação do jornal O Globo. Tem em suas mãos todo o poderio da mídia e se sujeita ao triste papel da retórica diversionista, evitando ser desnudado em sua impostura como teórico de qualquer assunto.

    Claro, não vamos por isso ressuscitar Gudin, Corção ou Bob Fields, melhor esquecê-los todos.
     
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