Patrus admite apoiar Jô e rejeita Lacerda
Do Hoje Em dia, publicado em 21/08/2008
O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), disse ontem, em entrevista exclusiva ao HOJE EM DIA, que poderá apoiar outro candidato em Belo Horizonte, e não Marcio Lacerda (PSB), que tem como vice o petista Roberto Carvalho, caso haja desrespeito à decisão do Diretório Nacional do PT, que proibiu a aliança formal entre o partido e o PSDB.
Segundo ele, a participação do governador Aécio Neves (PSDB) no programa eleitoral de Lacerda, no rádio e na televisão, seria um motivo para reavaliar sua posição. "Se a decisão do Diretório Nacional não for cumprida, é claro que me reservo o direito de reavaliar. A participação do Aécio no programa do Marcio Lacerda merece um exame maior. A decisão do Diretório Nacional é muito clara: o PSDB não pode participar formalmente da aliança. A gente teria que considerar se a participação do Aécio no horário eleitoral representa um desrespeito à decisão”, apontou.
Patrus confirmou que não participará da campanha de Lacerda, independentemente se a decisão for descumprida ou não. "O processo da aliança foi ruim. Não posso apoiar o candidato, porque não participei do processo. Assim como outras lideranças de Minas do PT e fora do PT, fui excluído do processo. Fiquei sabendo pela imprensa da candidatura. Segundo, porque não conheço o candidato. Fui apresentado a ele recentemente. Não posso pedir ao povo de Belo Horizonte para votar numa pessoa que não conheço. Tenho até boas referências dele, mas, pela maneira como o processo foi conduzido, não sei quais são suas idéias e projetos para a cidade”, disse.
O ministrou voltou a criticar as decisões dos diretórios do PT de Minas e de BH, que aprovaram a aliança com os tucanos. "Questiono a decisão do diretório municipal, porque foi tomada por uma maioria circunstancial. Mas como não tomamos nenhuma posição oficial naquele momento, é uma questão julgada. A decisão foi confirmada por uma reunião muito equilibrada do diretório estadual. Penso que uma maior sensibilidade política levaria uma negociação naquele momento. Uma decisão por 29 votos a 26, com três abstenções, mostra que o melhor caminho seria a busca de consenso”, sustentou.
Patrus ressaltou que não tem nada pessoal contra Aécio nem contra o prefeito Fernando Pimentel, os dois articuladores da aliança. "Tenho uma boa relação com o Aécio e uma relação fraternal de muitos anos com o Fernando Pimentel. Faço um questionamento político em relação ao processo. Também não sou contra alianças com o PSDB. Apenas considero que elas devem ser discutidas pelos respectivos partidos. Lideranças importantes do PSDB têm se queixado comigo que também que não foram ouvidas”, observou.
Na sua avaliação, a aliança deveria ter sido feita em torno de um programa para Belo Horizonte. "O PT e o PSDB são partidos diferentes, que disputaram a eleição presidencial. Para fazer uma aliança numa cidade importante como Belo Horizonte, faltou conteúdo. Foi uma aliança em torno de projetos pessoais e que não teve dimensão programática”, condenou.
Patrus disse que ter sido excluído da negociação deixou nele uma "dor no coração”. "Belo Horizonte é minha cidade. É um dos grandes amores da minha vida. A cidade que me acolheu no início dos anos 70, onde participei da luta contra a ditadura, do movimento estudantil, das comunidades eclesiais de base, fiz faculdade de Direito, constituí minha família e me fiz profissionalmente como advogado, me fiz politicamente, como vereador, relator da Lei Orgânica da cidade, prefeito e deputado federal”, disse ele, que teve 500 mil votos para deputado em Minas, do quais 300 mil em BH.
O ministro informou ainda que, por coerência, também não participará da campanha em Bocaiúva, no Norte de Minas, sua terra natal, onde PT e PSDB estão coligados. "Embora considere que é uma situação diferente de Belo Horizonte, por coerência, também não participarei da campanha. Lá também não participei do processo e não fui ouvido”, admitiu.
Comentário do blogueiro:
Na entrevista com o ministro Patrus Ananias ao Hoje em Dia, ficou claro o processo de escolha do candidato-laranja, Márcio Lacerda (PSB), da dupla Aécio-Pimentel. Como já tenho dito, lideranças importantes da política mineira com laços com Belo Horizonte foram excluídas da “união mineira” envolvendo PT e PSDB. Tem mais gente de fora da aliança que dentro dela. Do governo federal, foram excluídos o vice-presidente José Alencar e os ministros Patrus Ananais, Luiz Dulci e Hélio Costa. Todavia, certamente Aécio também não consultou seu colega de partido, o senador Eduardo Azeredo (PSDB). O próprio senador assinalou recentemente que a aliança de BH acabou gerando exclusão de políticos com base eleitoral no município. E obviamente, o deputado João Leite (PSDB) também não participa da aliança.
Ao contrário que mostra a mídia, o descontentamento não é só dos petistas. Porém, é o PT que mais perde com a aliança. Ademais, o PSDB já ganhou, independente do resultado da eleição. Isso porque rachou seu principal adversário, além de abrir espaço para o governador Aécio Neves (PSDB). O triste é observar a cara-de-pau da candidatura Lacerda de mencionar no programa eleitoral do partido os nomes de Patrus e Célio de Castro. Ontem, o candidato à vice, o petista Roberto de Carvalho, tentou associar-se sua trajetória com a de Patrus Ananias. Um disparate que dispensa comentários.
ONZE CONTRA UM… POR CAUSA DE UM GOL CONTRA
O Blog do Bruno que, assim como este blog, apóia a candidata Jô Moraes em Belo Horizonte, postou uma matéria sobre a disputa eleitoral na cidade. O PT, com sua bancada na Câmara dos Deputados, proporcionou horário eleitoral para a aparição de um adversário político, o governador mineiro Aécio Neves (PSDB). É o resultado de aliança esdrúxula sob a batuta do PT de Belo Horizonte e de seu prefeito, o atucanado Fernando Pimentel (PT).
Se alguém tinha dúvidas de que Aécio representa oposição ao governo Lula, basta ver suas críticas às ações do governo federal, em que ataca as obras do PAC (Programa de Aceleração Econômica) que tanto beneficia os mineiros e Belo Horizonte em particular. Segundo o governador, o governo Lula seria gastador, e também gastaria mal os recursos. De fato, o governo Lula comete um pecado para os padrões políticos dos tucanos: gasta com os pobres. Por isso, o governador clama por um choque de gestão federal, ou seja, corte de recursos de programas sociais, saúde, etc. Para comprovar tal assertiva, é só observar a revolta do PSDB com a possibilidade do governo utilizar os recursos extras do pré-sal para a melhorar a vida dos brasileiros, elevando os investimentos em educação e programas de combate à pobreza e redução das desigualdades sociais. Mas essa é outra discussão, que será objeto de um post posterior.
Do Blog do Bruno
Começou ontem na TV o horário eleitoral gratuito dos candidatos a Prefeito. Em Belo Horizonte, o tempo destinado ao candidato indicado pelo Governador Aécio Neves foi de pouco mais de onze minutos. Já a candidata Jô Moraes, que lidera as pesquisas de opinião pública, teve pouco mais de um minuto de espaço para se apresentar ao eleitor e expor suas propostas.
E por que o tempo do candidato do Governador Aécio Neves foi tão extenso? A resposta é simples: o critério de divisão do tempo entre os candidatos leva em conta o número de deputados federais que tem cada coligação. O PT, como é sabido, tem uma grande bancada na Câmara dos Deputados em Brasília (tanto é que fez o Presidente da Câmara) e está na coligação que apoia o candidato indicado pelo Governador Aécio Neves, juntamente com vários outros partidos.
Como já era esperado, o Governador Aécio Neves apareceu e ocupou parte mais do que significativa no programa eleitoral de seu candidato, embora o PSDB “formalmente” não componha a coligação PSB-PT.
Assim, graças ao grande tamanho da bancada do PT na Câmara dos Deputados em Brasília, o Governador Aécio Neves, do PSDB, teve bastante tempo no programa eleitoral gratuito.
O PSDB é um partido que faz oposição ao Governo Lula. E essa oposição, é bom dizer, é programática. Aliás, recentemente, o próprio Governador Aécio Neves fez pesadas críticas aos “gastos” do Governo Lula. Essas críticas foram rebatidas pelo Deputado Estadual André Quintão (PT), em pronunciamento na Assembléia Legislativa na 3ª feira (dia 19), ao citar os investimentos do PAC em saneamento e habitação do Governo Federal em Belo Horizonte. Nada mais natural: a diretita é contra gastar dinheiro com pobre.
Não é preciso ser nenhum gênio para concluir que o tamanho da bancada de deputados federais do PT proporcionou, em Belo Horizonte, o grande tempo no horário eleitoral gratuito de que hoje dispõe, na prática, o Governador Aécio Neves.
E é assim porque o PT de Belo Horizonte decidiu compor a coligação encabeçada pelo candidato indicado pelo Governador Aécio Neves. Na minha terra (que, por coincidência, é Belo Horizonte), isso tem nome: gol contra.
E o Diretório Nacional do PT, o que fez? Não vetou a esdrúxula aliança, limitando-se a se manifestar contra a participação “formal” do PSDB na coligação. Talvez tenha achado que isso seria suficiente para alijar o Governador Aécio Neves da campanha, inclusive do tempo na TV.
O PT e o Governo Lula agora pagam o preço dos atos cometidos.
Mas nem tudo está perdido. A candidata Jô Moraes, do PCdoB, com pouco mais de um minuto na televisão, está em primeiro lugar em todas as pesquisas realizadas. Trata-se, realmente, da campanha afinada com as propostas que hoje norteiam o Governo Lula. Não é por acaso que vários dirigentes e militantes do PT estão apoiando abertamente a candidatura Jô Moraes.
Aliás, não só gente do PT, mas também pessoas comuns, que, exatamente porque estão de acordo com a política do Governo Lula, entendem que o mais adequado é apoiar Jô Moraes. É o meu caso, e também do Blog do Jefferson Marinho, http://blogjefferson.blogspot.com/
Por fim, não posso deixar de notar: a campanha de Jô Moraes se parece muito com as campanhas do PT dos anos 80: pouco dinheiro, pouco espaço na TV, mas muita militância e muita criatividade para combater os economicamente poderosos. Para quem sente saudades daquele tempo, a candidatura Jô Moares é um colírio…
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