Em 2014, segue a batalha das ideias

Editorial do sítio Vermelho:

Durante o ano que se encerra, foi vasta, intensa e multidimensional a batalha das ideias. O Portal Vermelho sente-se gratificado por ter integrado uma das trincheiras dessa luta e, ao mirar retrospectivamente o caminho percorrido, constatar que as forças comunistas, revolucionárias, progressistas, de esquerda consequente deram novos passos na afirmação das suas convicções.

Na luta de ideias, aspecto inseparável do conjunto da luta política e social de classes, confrontamo-nos no cotidiano com o poderoso arsenal de ideias conservadoras e retrógradas, elaboradas segundo o figurino dos interesses do imperialismo, da burguesia monopolista-financeira, oligarquias agrárias e proprietários dos meios de comunicação/indústria cultural.

O pano de fundo desta luta, o cenário objetivo em que se desenrola, é a conjuntura mundial e nacional caracterizada por embates entre as forças conservadoras e as progressistas, pela crise do capitalismo, por abalos e transições na “ordem” mundial, por rivalidades interimperialistas, lancinantes conflitos, agressões aos povos, ameaças à paz advindas das potências dominantes e pelas lutas dos povos por sua emancipação nacional e social.

Como intérprete e porta-voz da corrente comunista, o Portal Vermelho se empenhou na difusão de um programa de luta pelo socialismo em nosso País, em sintonia com o desenvolvimento do curso político real e as aspirações do povo brasileiro. Nas condições concretas do Brasil deste início do século 21, a luta pelo socialismo entrelaça-se com as grandes bandeiras nacionais e populares: pelo desenvolvimento, a soberania nacional, o aprofundamento da democracia, a solução dos graves problemas sociais, as reivindicações dos trabalhadores e de todo o povo, as reformas estruturais democráticas. É uma luta em que as vertentes patriótica, democrática e social formam um todo único e inseparável e dão substância à mobilização do povo brasileiro e das amplas correntes políticas e sociais que o representam.

Do ponto de vista dos comunistas, o ano de 2013 foi pontilhado de acontecimentos – que culminaram na realização do 13º Congresso do PCdoB. Muito se acumulou em termos de amadurecimento de uma organização política que possui apurado referencial ideológico. Tomou ainda maior nitidez a luta pelo socialismo, a afirmação do caráter revolucionário do partido, sua identidade comunista, seu caráter de classe como intérprete e defensor das aspirações mais sentidas das classes trabalhadoras. Faz parte desse amadurecimento a defesa e desenvolvimento criador da teoria marxista-leninista nas condições peculiares da presente época e do desenvolvimento concreto da realidade objetiva nacional e mundial.

Foi o ano de 2013 um período rico para o desenvolvimento da luta de ideias também no âmbito do exercício do internacionalismo proletário. Fez parte do nosso cotidiano a denúncia das mazelas do capitalismo, a análise das contradições inarredáveis desse sistema, da sua crise geral e estrutural. Inseriu-se nesse quadro o combate às políticas de guerra do imperialismo estadunidense e demais potências a este aliadas, a denúncia dos crimes do sionismo, a oposição às políticas neoliberais, antidemocráticas e militaristas de governos conservadores mundo afora. Nesse combate, afirmamos os direitos dos trabalhadores, suas aspirações, assim como os valores da paz, da justiça, do progresso social, da soberania nacional, do direito internacional, da autodeterminação das nações e dos povos.

As forças progressistas e revolucionárias empenharam-se pela afirmação de suas ideias em meio a uma guerra midiática que se iguala a uma espécie de terrorismo, a “guerra fria” da atualidade, uma guerra em que o inimigo usa mentira e a manipulação como norma e arma. Os meios de comunicação a serviço do imperialismo estadunidense e seus aliados se transformaram em uma verdadeira usina de mentiras e na trincheira privilegiada de orientação e ação das classes dominantes.

As forças transformadoras que se dispõem a figurar na vanguarda da luta pelo socialismo têm nas ideias revolucionárias o indispensável referencial de identidade e orientação para a formulação correta de suas linhas estratégicas e as necessárias flexões táticas e políticas de alianças.

Neste contexto, é animador que partidos comunistas à frente de países socialistas, imersos na realização da gigantesca tarefa de atualizar seus modelos de desenvolvimento, tenham recentemente reiterado em pronunciamentos oficiais dos seus principais dirigentes a vigência do socialismo e proclamado a atualidade de sua linha política geral, missão histórica e ideologia.

A batalha das ideias se projeta também para 2014, tão aguda quanto no período precedente e com novos e maiores desafios.
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Um Bolsa-Dondoca pra madame da Folha

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Enquanto Lula e Dilma se preocupavam com futilidades como tirar dezenas de milhões de brasileiros da pobreza extrema, em implantar o virtual pleno emprego no país, em fazer a renda média do trabalhador bater recordes sucessivos de crescimento, em levar médicos a regiões em que muitos nunca foram atendidos por tais profissionais durante toda uma vida, aqueles que realmente importam neste país foram deixados à míngua.

A crueldade da ditadura lulopetista, porém, ultrapassou todos os limites com o recente aumento do IOF sobre os gastos dos turistas brasileiros no exterior. Esse governo sádico acaba de impor mais uma sevícia a essa pobre classe social rica que, lá se vai mais de uma década, vem sendo submetida a torturas cada vez mais diabólicas e que agora, para completar, nem pode mais buscar refúgio consumista em Miami.

Para se refazer das agruras nacionais, as madames e os doutores podiam ir obter suas bolsas Prada, seus X-Box ou mesmo um mísero burgundy Henri Jayer de 16 mil dólares em condições monetárias minimamente aceitáveis. Agora, no entanto, graças à perversidade de Dilma Rousseff tais condições ficaram insuportáveis.

É um crime de lesa-pátria, se não de lesa-humanidade. Só porque uma classe social que tem tanto do que reclamar – não é mesmo? – torrou vinte bilhõezinhos de dólares em compras de bugigangas no exterior, chegando a desequilibrar as contas externas do país, a imperadora vermelha baixou uma carga desumana de impostos sobre quem produz.

E o que é pior: para torrar tudo em programas sociais para uma gentinha que não faz a menor ideia do que são esses itens tão essenciais a qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto.

Mas eis que surge uma heroína, fidedigna defensora dos pobres e oprimidos ricaços. Essa verdadeira Joana D’Arc dos Jardins e do Leblon tem nome e profissão. Eliane Cantanhêde, uma simples colunista de jornal, levantou seu brado retumbante contra a iniquidade lulodilmista.

Quem não leu o grito de indignação contra a crueldade rubra da presidente da República agora pode conhecer esse documento histórico que se ombreia à Declaração francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão – muito mais chique do que as declarações de direitos humanos sucedâneas.

O post, claro, prossegue em seguida, logo que o leitor tiver ingerido um copo d’água para arrefecer a emoção.

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Eliane Cantanhêde

Presente de grego no Natal

BRASÍLIA – Os viajantes brasileiros deixaram (deixamos) mais de US$ 20 bilhões no exterior neste ano. No fim das contas vai dar umas cinco vezes mais do que a compra de caças suecos para renovar a frota da FAB, a serem pagos durante décadas.

Em vez de aquecer a economia do Brasil, estamos movimentando o comércio e gerando empregos nos países alheios, sobretudo nos ricos. Miami passou a ser o principal destino da brasileirada, que volta com malas gigantescas abarrotadas de peças de grife e todo tipo de bugiganga.

Na versão cor de rosa do governo, tudo isso é resultado do sucesso: o país está bombando, e os brasileiros estão cheios de amor para dar e com montanhas de dinheiro para viajar e gastar. Mas a realidade é outra e tem um nome: preço. Os preços no Brasil estão pela hora da morte.

Numa tarde em Miami, sentei para tomar um café e me senti em casa, mas a minha casa é aqui. À mesa da direita, paulistas; à da esquerda, nordestinos. E havia três moças de Minas. Todos cheios de sacolas.

Na volta, fiquei vagando duas horas num shopping em São Paulo à procura de lembrancinhas de Natal e tudo o que comprei foram dois lencinhos de seda, só para não sair de mãos abanando. Ah! E gastei R$ 60 de estacionamento num único dia.

Os produtos nacionais viraram artigo de luxo, os importados custam três vezes mais que nos EUA. Nem as feiras e o comércio popular escapam. Imagine a aflição da maioria de trabalhadores ao procurar brinquedos, tênis e roupas para os filhos.

Não foi nenhuma surpresa saber que o comércio teve seu pior Natal em 11 anos. A surpresa ficou por conta da reação desvairada do governo: em vez de se preocupar e se ocupar com os preços internos abusivos, aumentou o IOF e penalizou os cartões de débito em moeda estrangeira. Falta pão? Suprimam-se os brioches.

Se o brasileiro ficar, o bicho preço come; se correr, o bicho imposto pega. Obrigada, presidente Dilma, pelo presente de grego no Natal.
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Essa classe que afirma, pela pena da colunista revolucionária, que não pode pagar os preços extorsivos do Brasil – e que, como mostra essa colunista, já não encontra por aqui os itens que lhe apeteçam o paladar consumista –, diante de tanta carestia teve que recorrer aos aeroportos que a ditadura petralha encheu de “paraíbas” e “baianos”.

Com tantos brasileiros vivendo nessas condições degradantes na ponte aérea Cumbica/Galeão-Miami, a presidente da República vai à televisão e ainda tem a petulância de reclamar do que fazem a colunista e seus coleguinhas ao alardear racionamentos de energia que teimam em não dar as caras, crises inflacionárias que não se materializam, surtos de desemprego que ninguém vê.

Aquela que um site dito “de homens bons” chama de “búlgara escarlate” bem que poderia, em seu pronunciamento do último domingo, ter anunciado um programa social para madames como a tal colunista. Uma espécie de Bolsa-Dondoca. Uns mil dólares mensais para cada membro da família. Para sacar o benefício bastaria procurar as boas casas de câmbio dos shoppings e dos aeroportos. Com câmbio subsidiado, claro.
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Ilusão e utopia na imprensa

Por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa:

Os jornais e revistas destes dias festivos trazem suas próprias versões dos fatos que consideraram mais relevantes no ano que termina. Em geral, são os acontecimentos que eles mesmos selecionaram ao longo do tempo, com os quais tentaram influenciar a opinião dos cidadãos.

Como a imprensa, de modo geral, há muito mergulhou no processo de espetacularização da notícia, tudo tem um certo ar de banalidade, como se o excesso de informações transformasse toda novidade em um ato a ser superado no momento seguinte.

As imagens remetem a um mundo de emoções misturadas: o lutador com a perna fraturada, a presidente da República denunciando guerra psicológica na economia, ruas vazias e praias lotadas, tudo acaba na conta do entretenimento.

Um olhar sobre o conjunto do universo mediado, que alguns chamam de hipermediado, passa a convicção de que o ambiente social, ou seja, o espaço público onde nos realizamos como seres sociais, está vazio de significados.

Se, como dizia Norbert Wiener, criador do conceito de Cibernética, o ciclo da comunicação reorganiza o mundo dos homens e das máquinas, criando uma resistência ao processo natural de nulificação, é preciso pensar se o que recebemos dos sistemas da mídia ainda é informação.

Boa parte do que a mídia apresenta como relevante não passa do conjunto de ilusões que formulam a estrutura simbólica da cultura de massa. Esse sistema institucional compõe um campo político próprio, com suas doutrinas e dogmas, e pode-se dizer que se assemelha muito ao sistema das religiões, onde a racionalidade é condicionada pelas crenças. Faz parte desse processo, por exemplo, tratar como ilusão as utopias coletivas, quase sempre apresentadas como objetivos inalcançáveis, em contraposição às potencialidades da vontade individual.

Uma dessas fantasias é exatamente a ideia de que existem seres superiores, capazes de produzir, por sua iniciativa particular, o paraíso capitalista. O ano de 2013 trouxe um exemplo catastrófico dessa ilusão específica, na figura do empresário Eike Batista.

Erigido a super-herói da iniciativa privada, ele montou um conglomerado de negócios com apoio do Estado, e tudo desmoronou quando se revelou que havia errado os cálculos de riscos numa empresa de petróleo. Quando foi à bancarrota, e sua fortuna caiu do patamar dos bilhões para “meras” centenas de milhões de reais, a imprensa passa a tratá-lo como um pária.

O padrão residual
Esse fato específico, visto a partir do final desastroso, dissimula o que se passa no dia a dia da imprensa. Em geral, se olharmos para trás, acompanhando a retrospectiva proposta por jornais e revistas, o que vamos ver é uma coleção de erros da própria mídia, com previsões que nunca se realizaram, avaliações que acabaram negadas pelos fatos, e análises que o tempo desmentiu.

No entanto, no apanhado seletivo do passado recente, omitem-se os erros e renova-se a crença na capacidade do sistema de produzir reflexões lineares que possam se amoldar à realidade complexa e multifacetada. Como em todo processo comunicacional se produz sempre um padrão residual de informações que se convenciona chamar de realidade, a imprensa trabalha esse resultado como se fosse a completa realidade.

O curioso exercício de ler as retrospectivas tendo ao lado aquilo que a mídia apresentou sobre cada fato em seu tempo mostra como esses padrões residuais se distanciam dos fatos reais.

Sabemos que o processo de educação de uma sociedade passa quase sempre pela capacidade de seus indivíduos de identificar os sinais de realidade em meio aos eventos ilusórios da vida. Um povo alienado dificilmente aprenderá a reconhecer e exercer seus direitos e deveres de cidadania e um dos papéis da imprensa é colocar na agenda pública as informações socialmente mais relevantes e os meios para sua compreensão.

Até que ponto a manutenção de ilusões favorece o conservadorismo? O que impede o sistema da mídia, poder estruturante da indústria cultural, de propor uma visão mais progressista do mundo?

Quando o ano termina e as pessoas se abrem a manifestações de boa vontade, os balanços de notícias poderiam ser úteis para captar o que seria o desejo coletivo de uma sociedade melhor. Mas a seleção da mídia é centrada em sua própria versão da história, uma versão particular que prefere a manutenção das coisas como elas sempre foram.

Muda o calendário, mas os dias são iguais.
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Como o PSDB controla a mídia em MG

Por Lúcia Rodrigues, no blog Viomundo:

A explicação para que o mensalão tucano e outros escândalos que envolvem políticos do partido não repercutam em Minas Gerais tem nome, segundo o deputado estadual Sávio Souza Cruz (PMDB-MG), líder do bloco Minas Sem Censura, na Assembleia Legislativa do Estado. Trata-se de Andréa Neves, irmã mais velha do senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O parlamentar se refere a ela como a “Goebbels das Alterosas”, em uma clara alusão ao ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, que exercia forte controle sobre os meios de comunicação da Alemanha.

De acordo com Sávio, Andréa comanda o controle à mídia mineira com mão-de-ferro, para evitar que o irmão e políticos aliados sejam atingidos por notícias desfavoráveis.

Formada em jornalismo pela PUC Rio, Andréa integra desde 2003, quando Aécio assumiu o Executivo, o Grupo Técnico de Comunicação do Governo de Minas Gerais. O núcleo estratégico reúne representantes de empresas públicas e dos órgãos da administração direta, responsáveis pelas áreas de comunicação.

O deputado oposicionista relata que a maioria das empresas privadas sediadas em Minas está concentrada nas áreas de mineração, siderurgia e metalurgia, e que estas normalmente não são grandes anunciantes na imprensa local. Isso confere ao governo mineiro poder e controle sobre a mídia, por ter peso decisivo como anunciante preferencial.

Tudo dominado
É por isso que escândalos como o do mensalão tucano quase não reverberam nas páginas dos noticiários locais. Ao ser anunciante de destaque, o governo cuida de abafar o que o desfavorece. O controle exercido por Andréa evita que em Minas os tucanos apareçam de forma negativa na mídia.

Sávio tem esperança de que a situação se inverta, mas ressalta que a pressão exercida sobre os vários setores do Estado e da sociedade é praticamente total.

“Aqui tá tudo dominado… Produzimos um Aécinho Malvadeza. A Assembleia [Legislativa] está de joelhos. Se o governador mandar pra cá um projeto revogando a Lei da Gravidade, a Assembleia aprova. A imprensa, comprada, sempre disposta a publicar os releases da Andréa Neves. O nosso Ministério Público não denuncia os mal-feitos do governo. E o Tribunal de Contas se converteu em um tribunal do faz de contas”, denuncia.

Rompendo o esquema
Quando foi secretário de Administração do governo Itamar Franco, Sávio orientou o governador a romper todos os contratos com as empresas do publicitário Marcos Valério.

Itamar sucedeu Eduardo Azeredo, hoje réu no processo do mensalão tucano, que aguarda julgamento. O esquema teria sido montado para garantir a reeleição de Azeredo, em 1998, com o desvio de dinheiro de estatais minerais para as empresas de Marcos Valério.

O publicitário foi recentemente condenado no STF por envolvimento com o mensalão do Partido dos Trabalhadores, o esquema de caixa dois que o Supremo entendeu ser voltado para comprar votos no Congresso.

Quando assumiu o cargo no governo Itamar, Sávio diz ter percebido que as agências de publicidade de Valério serviam de fachada para o desvio do dinheiro público que abasteceu o mensalão tucano.

Sávio Souza Cruz ressalta que não foi difícil chegar à conclusão.

É que agências de publicidade recém formadas, às quais ele se refere como “portinholas”, tiveram crescimento extraordinário em pouco tempo.

Cita outros indícios, como declarações do então presidente da Copasa, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, de que teria sido orientado a abastecer as empresas.

O deputado do bloco Minas Sem Censura destaca que quando Aécio Neves assumiu o governo do Estado, sucedendo Itamar Franco, deu um giro de 360 graus.

Os contratos com agências de publicidade, que haviam sido cancelados pelo antecessor, foram retomados.

Hoje o líder do bloco Minas Sem Censura critica a manobra que excluiu vários beneficiários do mensalão tucano dos processos que correm no STF e na Justiça estadual de Minas.

O senador do PSDB Aécio Neves foi um dos que se beneficiaram da decisão do Supremo Tribunal Federal.

Segundo o relatório da Polícia Federal, ele teria recebido R$ 110 mil no esquema de corrupção montado pelo partido.

Para o parlamentar, a pressão da sociedade é fundamental para que justiça seja feita no caso do mensalão tucano.

“Não tem nada mais injusto do que justiçar um lado”, afirma ao se referir à condenação dos réus no processo do mensalão petista.

Enquanto isso, o esquema original só deverá ser julgado no final de 2014 ou em 2015.

Ele espera que as redes sociais ajudem na cobrança por isonomia do STF.

Sávio exemplifica com o caso de Marcos Valério, operador dos dois esquemas de corrupção.

Por enquanto, foi condenado apenas na ação penal que envolveu representantes do Partido dos Trabalhadores.

“Fica essa situação para o Judiciário explicar”, frisa.

Segundo o deputado, o tratamento diferenciado do Supremo Tribunal Federal em relação aos dois mensalões se deve à influência exercida pelo PSDB sobre a mídia.

Casos parecidos são tratados com dois pesos, duas medidas, diz o peemedebista.

Sávio lamenta que outro esquema de corrupção promovido por tucanos de Minas Gerais não tenha resultado em punição, pelo menos até agora: o da Lista de Furnas.

O esquema, voltado para abastecer as campanhas do PSDB e do extinto PFL em 2002, teria tido início em 2000.

Dirigentes da estatal de energia elétrica Furnas são acusados de fazer pressão sobre fornecedores da empresa para arrancar doações que abasteceram o caixa de campanha.

A autenticidade da lista com a relação de doadores foi reconhecida em perícia da Polícia Federal.

Sávio não descarta a hipótese de que outro esquema de corrupção esteja em marcha em Minas Gerais.

Como não existe espaço para o contraditório na mídia do Estado fica muito difícil exercer a vigilância sobre quem governa, diz o líder do bloco Minas Sem Censura.
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Anderson Silva, lutas e berinjelas

Por Fabio Chiorino, na revista CartaCapital:

Nunca fui fã de MMA. Não consigo captar a essência da modalidade. Simplesmente olho para uma luta e penso que estão lá basicamente para machucar um ao outro. Mas até aí, um assíduo em UFC poderá replicar que enxerga a mesma coisa ao observar as arquibancadas do futebol brasileiro. E teremos então duas visões distorcidas basicamente pelos motivos que levam alguém a eleger um esporte como preferido.

Essa concepção bastante simplória da minha parte não provoca qualquer miopia em relação a Anderson Silva. Sim, trata-se de um dos maiores ídolos esportivos da história do Brasil. As provas são inequívocas: conquistas, patrocinadores, audiência, torcedores que o acompanham pelo mundo. Torcedores brasileiros que foram até Las Vegas para ver o duelo contra o americano Chris Weidman, que talvez tenha representado a aposentadoria de Spider.

É triste demais ver um esportista sofrendo uma grave lesão, mesmo que se coloque em uma posição de risco muito maior, como é o caso do lutador brasileiro. Impossível não fazer as associações com outros ídolos. Gustavo Kuerten e Ronaldo, por exemplo, que sofreram muito com questões físicas em suas carreiras. A diferença brutal é a repulsa que a imagem da canela de Anderson quebrada provoca.

Há muitos torcedores que passaram a acompanhar o UFC por causa de Anderson Silva. Mas também há tantos outros que, por essa mesma razão, descobriram e acompanharam diversos lutadores, até mesmo de outras nacionalidades. Spider hoje não é o único brasileiro de destaque nos octógonos, mas é o maior nome, a referência máxima para o torcedor do seu país.

Desqualificar o UFC por conta desse episódio é desonesto. A canela triturada de Anderson Silva é uma entre tantas graves lesões já presenciadas no UFC. A proporção é maior justamente pelo que o lutador representa. A modalidade segue após o choque e continuará existindo como uma das indústrias esportivas mais rentáveis e de maior alcance no mundo.

Aos 38 anos, Anderson Silva possivelmente se despede da luta de forma melancólica. Mesmo que consiga retornar, dificilmente terá a mesma confiança que demonstrou durante toda a carreira. Mas também fazem parte dos roteiros dos grandes ídolos os retornos impossíveis, as redenções fabulosas. Impossível cravar o desfecho desse acidente.

Nunca fui fã de MMA, mas isso equivale a dizer que nunca fui fã de berinjela. Quem se importa? Nenhuma percepção contrária diminui a importância de Anderson Silva. Deixo de lado a pressa em apontar a luta como selvageria e apenas mantenho o foco em outros esportes. A queda de Spider, a sexta em toda a sua carreira, comove, pois impossibilita o homem – e não só o atleta – de fazer aquilo que mais gosta na vida. E isso vai muito além de qualquer preferência particular.
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