A maneira mais segura de medir o caráter de um homem é nas adversidades


Há dois séculos, quase, Victor Hugo escreveu, em seu “Os trabalhadores do Mar”:
“A pressão da sombra atua em sentido inverso nas diferentes espécies de almas. O homem, diante da noite, reconhece-se incompleto. Vê a obscuridade e sente a enfermidade. O céu negro é o homem cego. Entretanto, com a noite, o homem abate-se, ajoelha-se, prosterna-se, roja-se, arrasta-se para um buraco, ou procura asas”.
Dois josés, Dirceu e Genoíno, são destes que arrostam as dores da batalha que escolheram.
Estão sendo presos como símbolos, não como criminosos.
Este país sempre foi e é generoso com os corruptos de verdade.
Busque em sua memória e veja se os malufes, os ademares, os tantos que se tornaram crônicos reincidentes por desvio de dinheiro público tiveram este tratamento. Aos que engordaram nas tetas da ditadura, como muitos dos “capitães da mídia” jamais sequer acusaram.
E aos dois josés, jamais acharam ou sequer alegaram cofres ou contas suspeitas.
Condenaram-os dispensando prova objetiva, com base no “domínio do fato”, de forma inédita no Judiciário brasileiro.
O STF, tão cioso da interpretação rigorista das leis – ao ponto de absolver, em nome de uma lei da anistia editada na ditadura, o assassinato, a tortura, a mutilação de seres humanos – entrou para o perigoso terreno do “clamor público”, na verdade o clamor que se publica, expresso numa campanha de mídia de proporções gigantescas.
Despejou-se sobre os josés a treva e não se admitiu nada que não fosse a confirmação do julgamento antecipado pela culpa.
Mais, exacerbaram-se ao máximo as punições, porque era preciso expor como criminosas não suas figuras pessoais , mas a causa e o projeto a que serviram em toda a sua vida adulta.
Prisão não é novidade para eles, mas as da ditadura – exatamente por isso – foram mais fáceis de entender e, apesar da tortura, de suportar.
Ambos deram sua juventude pela restauração da democracia e descobrem, na hora em que seu outono chega, que a democracia serviu-se, contra eles, de um ódio sofisticado, mais cruel que o dos ditadores.
Não se os absolve, aqui, porque não é possível sem um julgamento justo, dizer se há ou não culpas a expiar.
E não houve julgamento justo.
Mesmo quando se tratou de um recurso de límpido e claro direito, como o dos embargos infringentes, tentou-se manipular para que fosse negado, o que por muitíssimo pouco não ocorreu.
Os ministros cuja convicção pessoal apontava pela absolvição foram expostos como se fossem cúmplices do alegado crime e pressionados até a execração pública.
Já os que se dispunham ao papel de algozes,estes foram tratados como heróis pela mídia.
Este processo, que teve o evidente propósito de atingir Lula, pessoalmente,não alcançou este objetivo.
Mas teve um efeito terrível, do ponto de vista político e humano.
No político, privou seu partido – e, em parte, o seu projeto – de dois de seus melhores quadros, tanto da negociação política quanto da visão estratégica. O PT, sem seus josés, perdeu consistência e protagonismo.
No humano, faz cada homem de bem deste país sentir – enquanto as bestas-fera comemoram – a dor de ver pessoas serem submetidas a uma pena que – se no máximo é dado pelo que é universal na política brasileira, sem o financiamento públicos que jamais aceitam adotar – é certamente desproporcional e revestida do que mais ofende o sentimento de Justiça: a vingança, o interesse político e a crueldade.
Os dois josés foram lançados sob a noite do banimento, mais que da prisão.
Porque nada é capaz de prender o pensamento, a vontade, a dignidade humana.
Que cria, como disse Hugo, asas e voa por sobre qualquer muro com que se a queira encarcerar.
Estamos diante de um momento raro: aquele em que as vítimas se agigantam e os algozes murcham sob o peso da vergonha.

Fernando Brito
No Conversa Afiada
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MERVAL PEREIRA DEFENDE GOLPE DA REELEIÇÃO E MINIMIZA COMPRA DE VOTOS PARA REELEGER FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

O jornalista / colunista Merval Pereira, braço e coração do PSDB na MÍDIA partidarizada, mostrou hoje mais uma vez, como é SELETIVO, em condenar atos de corrupção e/ou manobras eleitoreiras, e o quanto é elástico o seu conceito de "regras democráticas", nas questões em que o PSDB / FHC estão ou estiveram envolvidos, ESTICANDO essa corda..


FERNANDO HENRIQUE agiu como um CAUDILHO, rasgou a CONSTITUIÇÃO quando aplicou o GOLPE DA REELEIÇÃO para si mesmo. Gravações e depoimentos de deputados ( ONDE ESTÁ ESSE FARTO MATERIAL, ONDE FORAM PARAR ESSA PROVAS CONTUNDENTES ?) mostraram que rolou muita grana para que a emenda da reeleição fosse aprovada. Ainda que FHC não tenha sido o único beneficiado com o golpe, foi ele e seu partido, o PSDB, que patrocinaram a FRAUDE, que ali, ESCANCAROU O BALCÃO DE NEGÓCIOS com que maus Deputados e Senadores passaram a 'cobrar' e receber de várias formas, para VOTAR de acordo com os interesses do poder executivo.

Merval Pereira tergiversa, minimiza um fato gravíssimo como foi esse da reeleição de FHC. Para Merval, sempre, independente dos fatos, das provas, das evidências, o que o PT fizer de errado ou ruim, será pior, será sempre mais grave, terá mais destaque, e ele pedira e fará pressão por punição e castigo. Quanto aos atos de improbidade e canalhice dos TUCANOS, ele prefere acobertar, fingir que não vê, ou "passar a mão na cabeça".


Trecho do artigo - 17/11/2013

As prioridades

"...O projeto de permanecer no poder por 20 anos ou mais não é exclusivo do PT e em si mesmo não representa nenhum problema. Collor tinha o mesmo projeto, e também o PSDB. O problema passa a existir quando a maneira de se atingir o objetivo foge das regras democráticas.


O PSDB beirou esse limite quando fez aprovar a reeleição para Fernando Henrique, pois embora a tenha aprovado no Congresso, o mais correto seria que a regra passasse a valer para o próximo presidente da República.
As acusações de corrupção para a aprovação são frágeis, pois a reeleição interessava naquele momento a todos os governadores e prefeitos em exercício, não havendo necessidade de uma ação corruptora em espécie. Casos isolados refletem mais questões políticas locais..."
Merval Pereira, O Globo

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Alimentando a desumanidade

Condenados a prisão em regime semiaberto, José Genoíno e José Dirceu enfrentam tratamento inadequado
A prisão de 11 condenados do mensalão foi acompanhada de momentos preocupantes. Procurando as raízes do que está acontecendo, é possível chegar a articulações conservadoras que se mobilizavam contra os direitos humanos e garantias individuais – quando a democratização do país sequer completara seu curso. Vamos contar a história pelo começo, porém.
Ao serem conduzidos para o presídio da Papuda, José Dirceu e José Genoíno estão sendo submetidos ao regime fechado, quando deveriam cumprir pena por regime semiaberto.
A medida já provocou protestos formais dos advogados, para quem os condenados não poderiam permanecer mais do que 12 horas seguidas na prisão.
É realmente inaceitável levar os presos para um estabelecimento que não possui instalações onde possam cumprir a pena nas condições definidas na própria pena atribuída pelo STF. O que se quer: um passeio de avião, novas fotos e imagens?
Em condições normais, me diz um dos advogados dos réus, uma atitude desse tipo se resolveria com um habeas-corpus, capaz de levar a libertação imediata dos prisioneiros.
Mas é difícil pensar que vivemos tempos normais quando o presidente do Supremo afirma que “quando as instituições se degradam, o País se degrada”, não é mesmo?
Outro drama envolve a saúde de Genoíno. Ele sofre de cardiopatia grave. Recentemente ficou no limite entre a vida e a morte, da qual escapou, segundo médicos, por uma questão de minutos, a bordo de uma ambulância que o conduziu a um hospital. Com base na avaliação médica, Genoíno já entrou com pedido de aposentadoria na Câmara de Deputados.
Transportado de São Paulo para Brasília, o deputado enfrentou situações complicadas, descreve uma reportagem do UOL:
“Ainda no aeroporto de Congonhas (SP), minutos antes de entrar na aeronave, o ex-presidente do PT foi examinado por um médico da PF que emitiu um laudo informando que ele tinha plenas condições de fazer a viagem.
No entanto, antes de chegar a Belo Horizonte, onde embarcaram mais sete presos, entre eles o empresário Marcos Valério, Genoíno se sentiu mal devido à pressão alta. Quando a aeronave pousou em BH, às 15h17, uma ambulância ficou estacionada na pista e Genoíno foi medicado. Por essa razão, o voo decolou para Brasília com um pequeno atraso.
Procurado para comentar o ocorrido, Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do setorial jurídico do PT e um dos advogados que acompanhou Genoíno desde ontem, afirmou que o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, "assumiu o risco de conduzir José Genoíno a Brasília, mesmo em virtude do estado clínico que o acomete, o que comprova os excessos na condução do mandado de prisão".
Temos então, dois absurdos acumulados. Para levar Genoíno para um presídio onde não é possível cumprir a pena que recebeu, ele foi conduzido a uma viagem em situação de risco e teve de ser medicado.
Qual a necessidade? 
Do ponto de vista do cumprimento correto das penas, nenhuma. A razão é política.
O grave é que o tratamento inadequado, estimula cenas agressivas de  cidadãos contra condenados, como aconteceu no momento em que eram conduzidos em São Paulo ou Belo Horizonte, repetindo situações que já haviam ocorrido nas eleições  de 2010 e 2012, atingindo até mesmo o ministro Ricardo Lewandovski.   
Não vamos entrar no mérito das conclusões do julgamento. Nem no conteúdo das denuncias que levaram a produção de penas altíssimas. Já discuti isso várias vezes.
Mas eu acho óbvio que este comportamento agressivo recebe estímulos de cima.
Num recurso de marketing primário, as prisões foram realizadas no dia da proclamação da República.
Mesmo que os condenados fossem culpados de todos os crimes que lhes são atribuídos – hipótese com a qual estou em desacordo absoluto – eles têm direito a um tratamento respeitoso.  
Não é difícil associar essa situação com o ambiente criado no STF pelo presidente/relator Joaquim Barbosa. Seu comportamento agressivo e truculento em relação a colegas é um fato amplamente conhecido.
O problema é que essas reações agressivas não envolvem, apenas, uma questão de comportamento e boas maneiras. Implicam, também, num gestual pouco civilizado, de alto grau de violência – ainda que simbólica – que intimida e até silencia seus interlocutores.  
Na última sessão do STF, o ministro Teori Zavaski só precisou questionar uma proposição de Joaquim Barbosa para ser acusado de cometer uma “chicana”, expressão que, conforme  Houaiss, pode ser equivalente a “tramoia”, enquanto “chicaneiro” é definido como “trapaceiro.”
No mesmo dia, numa reação típica de quem sentia-se intimidada depois de expressar uma diferença em relação às opiniões de Barbosa, uma das ministras chegou a exibir gestos infantilizados para esclarecer que eram divergências ínfimas.  
Sendo quem é – representante de um dos poderes da República – esse comportamento se transmite, naturalmente, a várias camadas da sociedade.
Outros fatores contribuem na mesma direção. Envolvidos diretamente na produção das denuncias que alimentaram o escândalo, a maioria dos meios de comunicação tornou-se parte interessada no caso.
A dificuldade é que oito anos depois das primeiras notícias, continua apresentando os fatos da ação penal 470 como se toda a verdade se encontrasse nas manchetes de 2005. A realidade é que de lá para cá surgiram fatos novos e descobertas consistentes, que podem colocar em dúvida a versão inicial.
Para um esquema que teria desviado R$ 73,8 milhões do Banco do Brasil, uma auditoria da própria instituição assegura que não houve desvio de dinheiro público.
Contra a visão de que o esquema se baseava em empréstimos fraudados, a Polícia Federal apurou que os empréstimos do Banco Rural para o PT envolviam recursos verdadeiros, que foram usados para pagar despesas do partido e, mais tarde, quitados.
Um levantamento simples nos gastos de publicidade mostra que os próprios meios de comunicação receberam grande parte das verbas que teriam sido desviadas. Grupos como Globo, Folha, Estado, Abril e quem mais você lembrar das empresas de comunicação do país  estão entre os principais destinatários. O departamento comercial dessas empresas jamais negou o recebimento destes recursos, especialmente volumosos.
Nesta situação, para tentar entender e avaliar o que se passou no tribunal, a maioria dos brasileiros só pode interpretar a coreografia dos ministros.
Não faz ideia de que juristas de valor reconhecido têm críticas a seus resultados e questionam boa parte das condenações. Não compreende que existem argumentos sólidos, que permitem acreditar na inocência absoluta dos condenados em relação aos crimes pelos quais foram condenados.
A truculência ajuda a criar uma novilíngua, onde o direito é visto como privilégio e toda tentativa de resistir a decisões que podem ser classificadas como  abusivas e arbitrárias não passa de um esforço para garantir uma posição superior na vida social.
Argumentos sensatos, bem fundamentados, são desqualificados e descartados como se não envolvessem um direito fundamental da existência humana, a liberdade.
Essa visão ajuda a formar a convicção popular, assinalada por Hanna Arendt ao estudar a emergência de processos totalitários na Europa dos anos 20 e 30, de que “os atos de violência podiam ser perversos, mas eram sinal de esperteza.”  
Falando sobre o universo mental daquele tempo, ela assinala que “o mal, em nosso tempo, tem uma atração mórbida.”
Não é um problema novo para os brasileiros, na verdade.
Em 1987  professor Antônio Flávio Pierucci (1945-2012) fez uma pesquisa antropológica nos bairros de classe média de São Paulo, que deixou ensinamentos úteis para o Brasil de 2013.  
Num texto chamado As Bases da Nova Direita, o professor assinalava que esta parcela influente de cidadãos já olhava com desconfiança para os primeiros avanços da democratização.
O país sequer havia votado em eleições diretas para presidente, a violência da tortura e das execuções de presos políticos fazia parte da memória muito recente, mas era possível registrar sinais de inconformismo com a nova situação. O motivo era uma política de direitos humanos lançada em São Paulo pelo governador Franco Montoro, um dos patronos do PSDB, num esforço para enfrentar e controlar atos da violência policial contra a população pobre e contra presos comuns.
Pierucci apontava para desvios de comportamento típicos:  um gosto especial por autoridades capazes de tomar medidas violentas e abusivas; a dificuldade de compreender que os direitos à dignidade e o respeito a lei precisam valer para todos – inclusive para pessoas condenadas pela Justiça – sob o risco de, aí sim, ser razoável falar em “degradação das instituições.”
Pesquisando a visão de mundo dessas pessoas, Pierucci anota: “Querer vê-los tendo arrepios, é pronunciar as palavras direitos humanos. Diante de uma pergunta dessas, eles e elas se inflamam, se enfurecem,” escreve.
“É interessante e decepcionante que a associação primeira do sintagma direitos humanos seja com a ideia de ‘mordomia’ para os presos. ‘’
Sempre citando palavras recolhidas junto a homens e mulheres daquela época, o professor relata que, na visão dessas pessoas, o país assistia a uma “inversão de valores.”
Elas dizem que, enquanto o bandido é “endeusado, embora seja assassino, seja estuprador, seja o diabo”, e precisa de um “banhozinho de sol, precisa de champanhe francês, precisa de mulher”, o “policial é massacrado. Se ele dá um tiro por acaso, ele é massacrado e o bandido não, é exaltado.”
Já em 1987, o professor antecipava: “a nova direita prima por diagnosticar a crise do presente como uma crise primeiramente cultural, uma crise de valores e de maneiras. Crise moral.”
Afirma Pierucci, ainda: “No Brasil metropolitano, há um acúmulo de tensões de toda ordem extremamente propício à arregimentação de cruzadas moralistas.”
É curioso observar porém que, um quarto de século depois, assistimos a um lamentável nivelamento por baixo.
O país e todos os seus governos não apenas fracassaram no esforço necessário para enfrentar  abusos inaceitáveis contra a população pobre, resistindo a toda proposição capaz de democratizar o aparato policial em atividade.
Através da criminalização da atividade política a partir de uma visão moralista da atividade política,  um dos traços fundamentais da ação penal 470, convive-se agora com abusos contra homens públicos, com biografia respeitável e um histórico de valor.
Mesmo que Dirceu e Genoíno fossem culpados de todos crimes que lhe são atribuídos – o que está longe de demonstrado para além de toda dúvida razoável, como define a tradição do Direito – não há motivo para justificar qualquer  falta de respeito.
Mas é isso o que acontece. Temos comentaristas pródigos na produção de frases marotas de lamento diante das oportunidades perdidas para humilhar, envergonhar e machucar – até fisicamente – os condenados. Mesmo regras, criadas pelo próprio STF, que limitam bastante o uso de algemas no momento da prisão, são criticadas, nem sempre com a sutileza que se poderia imaginar.
Os condenados não se “apresentaram” a polícia, dizem. Se “entregaram,” expressão que procura esconder toda tentativa de preservar a própria dignidade numa hora tão difícil para toda pessoa que tem a força do Estado contra si.
Como bons “chicaneiros,” apenas “querem ganhar” tempo e “protelar”.
Sempre lembrando que se vive num país onde os direitos humanos são uma meta que nunca esteve ao alcance maioria da população, o que se assiste é uma regressão histórica. Num país que não avançou o suficiente, anda-se para trás.
O abuso e a falta de respeito não apontam para o progresso. Ajudam  estimular e saciar o ressentimento.
Explicando o sentido das execuções públicas nas sociedades europeias do século XVII e XVIII, quando pessoas eram torturadas em praça pública antes de perder a vida, a historiadora Lynn Hunt explica na obra A Invenção dos Direitos Humanos que aquele  espetáculo mórbido tinha objetivos políticos claros: “as dores do corpo não pertenciam inteiramente à pessoa condenada individual. Essas dores tinham propósitos mais elevados de redenção e reparação da comunidade.”
Falando do comportamento da população, observadores  mencionados por Hunt observam que havia no rosto da plateia uma “espécie de Alegria como se o espetáculo que tinham presenciado lhes proporcionasse Prazer em vez de Dor.”
Ela também cita o jornal Morning Post que critica a “indecência extremamente desumana” de uma “multidão impiedosa”, que gritava, ria e agredia aqueles  “poucos que manifestavam uma compaixão apropriada pelas desgraças de seus semelhantes.”
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A pergunta que não quer calar


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Por que o mensalão não destruiu o PT nem ajudou a oposição


Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania
“De quinta-feira (14) para cá, após a decretação da prisão dos réus do julgamento mensalão pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, a dinâmica dos fatos surpreendeu tanto os que temiam quanto os que ansiavam pelas cenas de aprisionamento daqueles condenados, que, supostamente, constituiriam um duro golpe para o PT.
Porém, não é a primeira vez que isso acontece em relação a um processo judicial que pretendeu ser, na visão dos que o engendraram, o grande golpe que destruiria eleitoralmente o PT, recolocaria o PSDB no poder e devolveria aos conglomerados de mídia o poder de indicar ao povo em quem votar, como conseguiam fazer até 1998.
O ano de 2005 marcou o início de inegável campanha de grandes conglomerados de mídia contra o PT. Atiraram-se contra o partido e contra o seu símbolo maior, Lula, com muito mais avidez do que os adversários declarados deles, PSDB e DEM à frente.
Com a mídia fazendo o trabalho, os partidos de oposição ao governo federal petista e ao próprio partido desse governo puderam se dar ao luxo de criticar comedidamente o escândalo do mensalão, deixando a “indignação”, o “rasgar de camisa” a colunistas amestrados, coincidentemente todos afinados com a opinião dos patrões.”
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