Perspectivas de emprego para 2013 - José Pastore

Em relação a muitos países, o Brasil tem sido um verdadeiro oásis em matéria de emprego. Enquanto os espanhóis amargam um desemprego de 25%, entre nós, a taxa é menor do que 5%. No Brasil, o quadro dos últimos anos tem sido o de falta de mão de obra.

Mas o que dizer de 2013? Confesso estar preocupado, especialmente, com o comportamento do emprego industrial. A geração de novos postos de trabalho nesse setor está em ritmo muito lento. Em alguns segmentos, já começa a haver perda de empregos, como é o caso da construção civil.

As indústrias brasileiras vêm perdendo competitividade a passos largos. No que tange ao fator trabalho, o Brasil apresenta um dos mais altos custos unitários do mundo em decorrência de aumentos explosivos da remuneração, da baixa produtividade e do avassalador intervencionismo das leis e da Justiça do Trabalho no campo trabalhista. Resumo: a disparada do custo do trabalho brasileiro já assusta os investidores. A tais problemas se somam os entraves sistêmicos já conhecidos - ineficiência da logística, tributos e burocracia sufocantes, regulação imprevisível, educação de baixa qualidade e minguados investimentos em inovação. A lista é enorme e, no conjunto, pesa muito mais do que a crise externa na determinação da baixa competitividade das nossas indústrias. Tanto que vários dos nossos concorrentes estão se saindo melhor do que o Brasil, a despeito da crise externa.

Nos últimos meses alastrou-se a percepção de que o Brasil deixou de ser a bola da vez por ser pouco competitivo, em especial, na indústria. Com o descasamento acelerado entre o custo do trabalho - que explode - e a produtividade - que permanece estagnada -, é difícil visualizar um cenário de crescimento sustentável no campo do emprego industrial em 2013. Ao contrário, podemos ter perdas. Há notícias indicando que algumas empresas já vêm promovendo demissões em massa. Há também as que transferiram suas operações para o exterior.

O comércio e os serviços ainda respondem por um bom volume de empregos graças ao crescimento da massa salarial que leva muitas pessoas a consumir. Mas mesmo nesses setores há segmentos preocupantes. Os bancos iniciaram um período de dispensa de funcionários que tende a se acentuar em 2013. A elevação da inflação e o endividamento crescente fazem os recém-chegados à classe média reverem seus planos de consumo, o que deve afetar o comércio e os serviços neste próximo ano.

Não quero exagerar. Mas, em algum ponto, o fraco desempenho da indústria e do setor financeiro afetará o agregado, trazendo a geração de postos de trabalho para cerca de 1,2 milhão em 2013 - bem inferior aos anos em que o Brasil era realmente uma usina de empregos, como em 2010, quando o País abriu quase 3 milhões de novas oportunidades.

O quadro só não é de alarme porque a proporção de pessoas dispostas a trabalhar vem diminuindo por força da queda da taxa de natalidade ocorrida há décadas. Ademais, os jovens estão retardando a entrada no mercado de trabalho e os idosos estão antecipando a saída. Os três fenômenos concorrem para uma redução dos que se oferecem para trabalhar, contribuindo, assim, para baixar a taxa de desemprego.

As medidas de estímulo, apesar de estarem na direção certa, ainda não produziram os efeitos esperados para elevar a competitividade do setor industrial. Aumentar os investimentos e melhorar a sua qualidade são cruciais. Bem o contrário do que ocorreu em 2012, quando os investimentos industriais reduziram 28% em relação a 2011, que por sua vez já haviam encolhido, quando comparados com 2010.

Em suma, penso que 2013 será marcado por um baixo crescimento do emprego em decorrência da deterioração do mercado de trabalho do setor industrial e dos seus reflexos. Não será um ano catastrófico, mas estará longe do céu de brigadeiro usufruído nos últimos tempos.

José Pastore, professor de Relações do Trabalho da FEA-USP. É membro da Academia Paulista de Letras,

Fonte: O Estado de S. Paulo
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Em busca do tempo perdido – Miriam Leitão

Em 2013 a presidente Dilma Rousseff terá seu ano decisivo. No terceiro ano de governo ela tentará deslanchar o crescimento para ter mais um mandato no Planalto. O crescimento medíocre do primeiro biênio e a inflação em patamar alto só não corroeram sua popularidade porque o consumo tem sido turbinado pelo crédito. Mas sua imagem de gerente perdeu consistência.

Na área internacional a incerteza terá como foco os Estados Unidos. A Europa tentará a difícil tarefa da construção das bases da união bancária, mas o continente passará o ano em recessão. A China pode crescer um pouco mais, mas não volta ao patamar de dois dígitos de alguns anos atrás. A crise política americana produzirá novos eventos de ameaça à recuperação.

O mundo pode não prejudicar muito o Brasil, mas não ajudará, como fez de 2003 a 2007 no governo Lula. Não se espera um novo boom de commodities, no máximo que o minério de ferro não caia abaixo do nível de 2012.

Aqui dentro há chances razoáveis de um ano com um PIB mais forte. Ontem, a média das projeções do mercado confirmaram os 3,3%, o que não quer dizer nada porque eles erraram muito em 2012, mas depois de dois anos de baixo crescimento, há o efeito até estatístico de recuperação. O crescimento não poderá contar apenas com o aumento do endividamento das famílias, porque esse processo está se esgotando. Houve no ano passado preocupação com o excesso de comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas. Muito devedor ainda está encalacrado. A relação crédito-PIB saiu de 25% para 52% em dez anos. Como os juros do crédito ao consumo continuam altos, os níveis de crédito-PIB de outros países não são parâmetro para nós.

O investimento público tem que ser maior e mais eficiente. Como recentemente disse o ex-presidente do BC Armínio Fraga, adianta pouco usar o investimento público na construção de pirâmides. O governo tem que ser capaz de fazer as apostas certas e mais racionais em projetos que realmente aumentem a competitividade do Brasil e eliminem gargalos.

A inflação deve permanecer alta, mas haverá alguns pontos de redução. Os alimentos não devem subir tanto, porque no ano passado o aumento foi em parte pela seca nos Estados Unidos. Eventos extremos de clima têm se repetido ano a ano, mas não se espera algo como a perda de grande parte das lavouras de soja, milho e trigo nos Estados Unidos. Mesmo assim, a inflação de alimentos, que ficou em 10% em 2012, permanecerá forte. A de serviços pode cair, porque o reajuste do salário mínimo será em percentual menor. E há ainda a queda dos preços de energia. Esse efeito será em parte neutralizado pelo reajuste da gasolina.

O governo tentará fazer algo mais forte para impulsionar a retomada do crescimento porque sabe que este ano é fundamental para os projetos do PT de permanecer no governo, seja com Dilma ou Lula.

O ano mais fácil de qualquer governo é sempre o primeiro e Dilma o perdeu. O governo parou nas sucessivas denúncias de corrupção que derrubaram sete dos seus ministros. Na economia foi preciso conter a inflação que refletiu os excessos de gastos eleitoreiros de 2010 e que bateram em 2011. Todas as previsões eram de recuperação do crescimento no ano passado, mas o país ficou estagnado.

A presidente Dilma tem cada vez menos entusiastas dos seus métodos de gestão. Tem muita decisão que depende apenas da sua atuação e fica estacionada em sua mesa. Bom gerente decide com agilidade. A política econômica é dominada pelo pacotismo que gera mais incerteza do que estímulo. É adepta dos projetos de impacto, como os do governo militar, mas sem ligação com as urgências do país, como o trem-bala. É lenta em decisões como a da privatização do Galeão que consumiu dois anos de hesitação.

Nesses dois anos que faltam para o fim do mandato, Dilma terá que superar seus erros gerenciais e focar no investimento público, se quiser melhorar seu desempenho na área econômica. Ao mesmo tempo terá que ter mais cuidado com a área fiscal. As contas finais não chegaram, mas até agora há risco de não cumprimento das metas de 2012 e o governo tem comprometido demais os bancos públicos em financiamento que não terá retorno garantido, principalmente Caixa e Banco do Brasil. Fazer bolha é fácil. O ano precisará ser de crescimento com boa gerência.

Fonte: O Globo
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Criador do PSD concentra foco

Artur Rodrigues

Gilberto Kassab trocará o helicóptero que usava diariamente para ir aos eventos da Prefeitura pelo avião. Na ponte aérea entre São Paulo e Brasília, deve preparar o caminho para a disputa das eleições dos governos dos Estados por candidatos do Partido Social Democrático. Entre os pleiteantes da sigla, deve estar o próprio Kassab, no páreo para o Palácio dos Bandeirante.

Até 2014, Kassab passará quase 100% do tempo fazendo o que fez com mais eficiência nos últimos anos: política. Após sete anos de mandato, ele saiu da Prefeitura com a pior avaliação desde Celso Pitta - 42% dos paulistanos classificaram a gestão como ruim ou péssima, enquanto 27% disseram que foi boa ou ótima, segundo o Ibope. No entanto, o recém-criado Partido Social Democrático (PSD) firmou-se como a quarta força política do País, com 494 prefeitos eleitos, atrás só dos poderosos PMDB, PSDB e PT.

Nos primeiros dias de janeiro, ele volta para a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se formou em Engenharia, para dar início à criação de um núcleo de estudos voltado à gestão de cidades. "Depois, na segunda quinzena de janeiro faço palestra sobre desenvolvimento urbano em Abu Dhabi (nos Emirados Árabes Unidos)", diz.

O descanso de verdade deve vir só em fevereiro. "Viajo para Nova York com uma sobrinha que vai iniciar o MBA. Vou acompanhá-la, aproveito e descanso."

Já visando o governo do Estado, Kassab terá de trabalhar para ganhar votos no interior, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) é bastante popular. "Apesar de eu ter nascido em São Paulo, sempre atuei mais no interior", garante.

Dilma. No plano federal, o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), segundo ele, é o mais provável. Ele deve garantir o primeiro ministério do PSD, o que vai cuidar das pequenas e médias empresas. Pelos planos de Kassab, quem assumirá a carga é o vice-governador, Guilherme Afif Domingos.

Fonte: O Estado de S. Paulo
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Mercado vê PIB abaixo de 1% em 2012 e eleva inflação

Expectativa para 2013, no entanto, foi mantida em 3,3%

SÃO PAULO — O mercado encerrou o ano estimando pela primeira vez que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano ficará abaixo de 1%, ao mesmo tempo em que elevou pela quarta semana seguida sua projeção para a inflação em 2012, mostrou pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira. Os analistas consultados preveem agora que o PIB terá uma expansão de 0,98% neste ano, ante expectativa de 1% na semana anterior. Mas a perspectiva para 2013 foi mantida em 3,3%.

Em relação à inflação, os analistas preveem agora que a taxa medida pelo IPCA terá chegado a 5,71% em 2012, ante 5,69% na semana anterior. Já a expectativa para a inflação em 2013 é de alta de 5,47%, inalterado ante a semana anterior. O Banco Central já reduziu sua previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano a 1 por cento, ante 1,6% estimado anteriormente. Ao mesmo tempo, elevou a perspectiva para a inflação neste ano a 5,7% e reduziu a projeção para 2013 a 4,8%.

A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou ainda que os analistas mantiveram a previsão de que a Selic encerrará 2013 nos atuais 7,25%, mesmo percentual estimado para a taxa básica de juros em janeiro.

Fonte: O Globo

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