Vice-presidente da CPI: “QUESTÃO DE POLICARPO NÃO ESTÁ RESOLVIDA”

Policarpo (editor da "Veja" e "seu chefe" (segundo a esposa de Cachoeira)
Por Eduardo Guimarães


“O vice-presidente da CPI do Cachoeira, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), concedeu quinta-feira (29.11) entrevista ao Blog [Cidadania] sobre o relatório final da investigação. Segundo Teixeira, ao menos a questão do jornalista Policarpo Jr., da revista “Veja”, “não está resolvida”. Ele fala, ainda, sobre a posição do partido em relação ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e explica as razões para o recuo do relator. Leia, abaixo, a entrevista.

Blog da Cidadania – Deputado Paulo Teixeira, sobre a posição do relator da CPI, deputado Odair Cunha, de retroceder no indiciamento do procurador-geral da República e do jornalista da “Veja” Policarpo Jr., o que o senhor diz sobre isso? É uma posição do PT? Dizem que o PT ficou com medo da mídia, outros dizem que foi o Palácio do Planalto que pediu… Qual é a posição que levou a esse acontecimento?

Paulo Teixeira – Do relatório do deputado Odair Cunha constavam pedido de investigação do procurador-geral, tendo em vista que não há explicação sobre os procedimentos que ele adotou – ou a falta de procedimentos adotados –, e pedido de indiciamento do jornalista Policarpo Jr. Mas poucos partidos homologavam o relatório nesses termos. Havia ampla maioria contrária ao relatório.

Nessa ampla maioria, há vários interesses. Tem o interesse que não quer o indiciamento do Marconi Perillo, tem o interesse daqueles que defendem o dono da Delta, o Fernando Cavendish, e tem o interesse dos que não querem que esteja no relatório qualquer menção ao procurador e qualquer menção ao Policarpo. Com isso, o relator entendeu que, para pelo menos ele ler o relatório a fim de construir maioria, devesse retirar o jornalista Policarpo.

Havia, entre nós, um consenso de que devesse retirar ao menos o procurador-geral, pois o objetivo principal da CPI, o foco da investigação, era o governador de Goiás e o seu aparente envolvimento com o esquema de Cachoeira.

Blog da Cidadania – Entre nós, quem, deputado?

Paulo Teixeira – No PT, o nosso consenso era de que ele devesse retirar o procurador-geral. Mas a bancada do PT quis dar ao relator Odair Cunha condições de ele tocar o relatório de tal sorte que ele pudesse, ao menos, lê-lo para votação. Então ele achou por bem retirar o jornalista Policarpo Jr.

Blog da Cidadania – Mas deputado, o PT entende que não há certa gravidade no fato de o procurador-geral da República ter engavetado a “Operação Vegas”? Ele sabia do Demóstenes Torres, sabia de tudo aquilo… O PT não entende que a conduta dele foi estranha?

Paulo Teixeira – Nós consideramos que a postura do procurador-geral foi uma postura estranha, tanto que a proposição inicial do relatório foi de um pedido de investigação. O problema, como eu te disse, ali, foi que se criou uma frente de diversos interesses que impedia sequer a leitura do relatório. Aí, o PT decidiu que, mesmo pedindo a investigação no relatório inicial, nós tiraríamos esse pedido de investigação com o objetivo de facilitar sua aprovação.

Blog da Cidadania – O PT, por si, pediria os indiciamentos do Policarpo e do Roberto Gurgel?

Paulo Teixeira – O PT proporia o indiciamento do jornalista Policarpo Jr. e isso fez parte do relatório de Odair Cunha. Mas havia debates internos, no PT, sobre o procurador-geral, sobre essa questão do indiciamento ou não, se deveria ser tocada adiante. Mas, em relação ao jornalista Policarpo, o PT é unânime. Em relação à retirada de seu nome, isso foi uma circunstância que se criou para o relator e ele percebeu que, sem isso, o relatório não seria sequer lido.

Blog da Cidadania – Agora, deputado, não seria o caso, ao menos, de a Polícia Federal abrir uma investigação sobre o Policarpo?

Paulo Teixeira – Olha, na verdade, essa questão não termina com o relatório. Qualquer deputado pode pedir, ao final, que questões que não entraram no relatório possam ser investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público…

Blog da Cidadania – Qualquer deputado da CPI?

Paulo Teixeira – Da CPI… Essa questão do Policarpo, na minha opinião, não está resolvida.

Blog da Cidadania – Não está resolvida… O senhor acha que pode ter algum desdobramento. E quanto ao procurador, alguma possibilidade de investigação?

Paulo Teixeira – Então… Todas as questões postas vão ficar ou dentro do relatório ou para posteriores procedimentos e providências. Isso eu não vou te adiantar. Em relação ao procurador, não saberia dizer.

Blog da Cidadania – Deputado, uma última pergunta: cogita-se que tenha havido uma interferência do Palácio do Planalto nessa decisão. O senhor confirma ou nega esse fato?

Paulo Teixeira – Não, não creio que tenha havido interferência do Planalto.”

FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania”  (http://www.blogdacidadania.com.br/2012/11/vice-presidente-da-cpi-questao-de-policarpo-nao-esta-resolvida/). [Imagem do google adicionada por este blog 'democracia&política'].
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Subjetividade precarizada do professor

Por Augusto Petta, no sítio da CTB:

Ao receber da própria autora a tese de doutorado “Os impactos das condições de trabalho sobre a subjetividade do professor do ensino superior privado de Campinas”, escrita por Liliana Aparecida de Lima, tomei conhecimento, com surpresa e alegria, de que esse importante trabalho intelectual foi a mim dedicado. Liliana é psicóloga, professora da PUCC, diretora do Sinpro Campinas e região e da Apropuc. É assídua participante dos cursos nacionais do CES e coordena os seminários de Planejamentos Estratégicos Situacionais em entidades sindicais.

A defesa da tese ocorreu no dia 28 de novembro de 2012, na Faculdade de Educação da Unicamp e teve como membros da Comissão Julgadora os Professores Doutores Elisabete M.A.Pereira (orientadora), Reginaldo A.Meloni, Luis H.Aguilar, Márcia H. Bernardo e J. Roberto M. Heloani.

Diferentemente de outras, que se referem a temas desvinculados da realidade social, esta tese ultrapassa os muros da Universidade. Contextualiza a expansão do ensino superior privado no Brasil influenciada fortemente pela desregulamentação, financeirização e desnacionalização. Nesse contexto – em que o neoliberalismo deixou marcas profundas, com o ensino transformando-se em mercadoria – que a autora pesquisa as condições de trabalho dos professores do ensino superior privado e como estas condições impactam as subjetividades dos mesmos, tornando-as precarizadas. 

Os dados revelam números alarmantes: 88% dos professores estão estressados; 76% revelam que o trabalho os retira do lazer, do convívio com a família e com os amigos; 52% estão adoecidos; 52% têm medo de perder o emprego. Mesmo assim, 68% dos professores dizem que não mudariam de profissão.

A autora ressalta o ciclo virtuoso do crescimento da economia brasileira, a partir de 2004, porém ressalta a necessidade de haver reformas estruturais, inclusive da educação, envolvendo a regulamentação da educação privada.

Evidentemente, as condições precárias de trabalho não atingem só os professores, mas sim o conjunto dos trabalhadores. Nesse sentido, o estudo contribui para a compreensão do novo perfil da classe trabalhadora, compreensão esta que é fundamental para o desenvolvimento das lutas desenvolvidas pelas entidades sindicais. A autora não se restringe a verificar como a mente e os corações dos professores são profundamente afetados, mas também sugere saídas. Afirma que “... para o sofrimento individual, as saídas devem ser coletivas”. E que a mobilização dos professores passa pela luta em defesa da livre organização em seus locais de trabalho.

A tese ressalta que os dramas vivenciados pelos professores são construídos historicamente e vão além da relação com os alunos e, que poderão ser superados na medida em que a educação seja efetivamente transformada, no contexto da efetivação de um projeto nacional de desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.

Nas atividades de formação que coordeno, quase sempre surge a pergunta: o que fazer para que os trabalhadores e as trabalhadoras se mobilizem em torno dos objetivos das entidades sindicais? Evidentemente, a resposta não é nada fácil, sobretudo numa conjuntura complexa como vivemos hoje. A autora, além de enfatizar a importância da luta por um projeto nacional de desenvolvimento com distribuição de renda e valorização do trabalho, e a necessidade das organizações por locais de trabalho, refere-se também à criação de espaços para que as manifestações subjetivas se manifestem, que as identidades sejam reafirmadas, e que as saídas coletivas sejam efetivadas. Em outras palavras, espaços para que os trabalhadores possam compartilhar o que vivenciam no trabalho, com alegrias, tristezas, doenças, medos, assédios, conquistas, enfim que possam trocar idéias sobre suas vidas.

Agradeço a Liliana pela dedicatória a mim dirigida, desejo que ela continue sua vitoriosa trajetória intelectual e política e que siga a sugestão da banca examinadora de publicar um livro referente ao tema da tese.
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EM UMA DÉCADA, ÍNDICE DE PESSOAS COM CARTEIRA ASSINADA AUMENTA DE 45,3% PARA 56%

Por Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil

“Os sucessivos períodos de crescimento econômico na década de 2000 levaram à expansão da formalidade no mercado de trabalho. A proporção de pessoas de 16 anos ou mais no trabalho formal aumentou “significativamente” passando de 45,3% para 56%, entre 2001 e 2011 –aumento de 10,7 pontos percentuais. Entre as mulheres, esse aumento foi ainda maior: 11,6 pontos percentuais, passando de 43,3% em 2001 para 54,8%, em 2011.

Os dados fazem parte da pesquisa “Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2012”, que o “Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística” (IBGE) divulgou quarta-feira (28).

O estudo indica que, em 2011, foram gerados 1,94 milhão de empregos com Carteira de Trabalho assinada. Segundo o levantamento, o aumento de 10,7 pontos percentuais no número de pessoas com emprego formal concentrou-se, principalmente, na segunda metade do período (2006 a 2011), com 8,6 pontos percentuais. Ainda levando em consideração o período 2006 a 2011, o aumento da formalidade do emprego entre as mulheres também foi maior: 9,9 pontos percentuais.

O presidente do “Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada” (IPEA), Marcelo Neri, disse que os dados ratificam o que ele considera as duas principais características da década: a redução da desigualdade e o aumento da formalidade, do emprego com carteira assinada.

Os dados do CAGED [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e do Emprego] já indicavam crescimento contínuo do emprego formal, que vem acumulando saldo positivo desde 2003, variando de 700 mil a 1,5 milhão de novos empregos formais por ano.”

Para Neri, o crescimento do emprego formal e a segurança de ter a Carteira de Trabalho assinada é, sem dúvida, o principal símbolo da nova classe média. “E ela [a Carteira de Trabalho] é, também, o símbolo do produtor, do trabalho, do consumo. É o que está transformando essa classe média em bom consumidor: o fato de que não só está crescendo a geração de renda, mas a geração de renda advinda do emprego formal – que garante estabilidade, seguro-desemprego, FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço].

Do ponto de vista regional, o maior percentual de empregados com Carteira de Trabalho assinada encontra-se na Região Sudeste (52,1% no caso da população ocupada masculina e 42,9% para a feminina), sendo o valor mais elevado observado na região metropolitana de São Paulo (57,8% e 51,7%, para homens e mulheres, respectivamente).

Apesar dos avanços, o país ainda continua registrando, segundo o IBGE, “um contingente expressivo de sua mão de obra (masculina e feminina) na informalidade: 44,2 milhões de pessoas.”

A expansão da formalidade indica que, no caso da população masculina, o percentual de empregados com Carteira de Trabalho assinada chegava a 33,7% em 2001, avançou 2,3 pontos percentuais em 2006 e, em 2011, já correspondia a 42,5%.

Para a população ocupada feminina, o percentual de trabalhadoras nessa categoria é um pouco menor, 35,1%, contudo, houve aumento de 1,8 ponto percentual na primeira metade do período considerado (2001 a 2006) e de 7,5 pontos percentuais na segunda, 2006 a 2011.”

FONTE: reportagem de Nielmar de Oliveira, repórter da Agência Brasil (Edição: Lílian Beraldo)  (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-28/em-uma-decada-indice-de-pessoas-com-carteira-assinada-aumenta-de-453-para-56 ). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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O pibinho e a caverna de Platão

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Sou o primeiro a denunciar a leviandade daqueles que lançam suspeitas sobre as estatísticas. Estas são o melhor instrumento que nós temos para julgar o presente com objetividade. Nada mais tolo do que, após uma pesquisa eleitoral, por exemplo, o sujeito tentar negá-la dizendo que “não conhece ninguém que vota em fulano”. Ou então rechaçar números que mostrem uma franca recuperação das indústrias porque a fábrica de bonecas da cidade fechou as portas e vários parentes perderem seus empregos. Deve-se evitar ao máximo, numa análise econômica, tanto a contaminação das paixões políticas e partidárias quanto envolver emoções ou experiências pessoais.

O PIB brasileiro no terceiro trimestre do ano, crescendo 0,6% sobre o trimestre anterior, foi decepcionante. A economia brasileira, no entanto, e em seguida explicarei o que parece uma contradição, vai muito bem, obrigado.

Desta vez, os fatores que retiveram o crescimento do PIB não foram vendas no varejo, nem a indústria, nem a agropecuária, e sim a performance do sistema financeiro. Isso explica, por exemplo, porque o desemprego continuou caindo mesmo num cenário de aparente estagnação.

Em primeiro lugar, não poderemos jamais conhecer a realidade de um país apenas examinando as sombras projetadas na parede. Temos que fazer o esforço de sair da caverna midiática onde o conforto e a preguiça nos aprisionam, e olhar o mundo concreto, vivo, à luz direta do sol. Dá muito mais trabalho, mas é recompensador.

A divulgação do PIB no terceiro trimestre fez a mídia abrir as portas do inferno. Se ela é pessimista quando sopram ventos favoráveis, torna-se apocalíptica quando há um fato negativo.

É injusto com o Brasil, todavia, ser pessimista. Iremos terminar 2012 talvez com um crescimento baixo do PIB, em torno de 2%. Mas temos os seguintes fatores positivos:

- Menor desemprego em décadas.
- Continuidade do processo de distribuição de renda.
- Recuperação da indústria, ou pelo menos, de muitos setores industriais importantes.
- Agropecuária pujante e sem crise.
- Reservas internacionais superando 500 bilhões de dólares.
- Juros atingindo as taxas mais baixas da nossa história.
- Inflação controlada.
- Spread bancário em declínio.
- Crédito ainda em ascensão.
- Comércio exterior em alta (corrente comercial – exportações e importações – recorde).

Desse itens, apenas um poderia ser questionado: a recuperação da indústria, então vamos nos concentrar nele. A cada semana, vemos uma notícia diferente. Numa semana, lemos que está se recuperando. Noutra, que caiu. Numa coluna sabemos que uma grande indústria está se instalando em algum estado brasileiro; noutra ouvimos que o Brasil passa por um processo irreversível desindustrialização. Há pouco, a CNI informava que a indústria de bens de capital experimentava uma forte recuperação. E hoje, me deparo com a seguinte manchete na primeira página do Estadão (no site e na edição impressa).



Sintomaticamente, o Estadão exemplifica a análise com uma matéria sobre uma determinada fábrica de “tornos”, cujas vendas devem cair 25% este ano.

Só que aí temos uma contradição. Segundo o IBGE, se dependesse da indústria, o PIB teria sido o triplo. A indústria de transformação, o file-mignon do setor industrial, cresceu 1,5% no terceiro trimestre. Os jornais, ao invés de procurarem que setores da indústria estão registrando crescimento e recuperação, para nos fornecerem um quadro mais detalhado do que está indo bem, vão atrás de uma fábrica que, desde o anos 70, produz o mesmo tipo de ”tornos”…

Entretanto, vamos focar na indústria de máquinas, e no mês de outubro, que são os objetos da matéria do Estadão. Os números, de fato, são negativos. Olhemos, contudo, essa outra matéria, publicada ontem no Monitor Mercantil (e reproduzida no site da Abimaq), que trata do mesmo assunto:

*****

Faturamento de máquinas e equipamentos e consumo de energia elétrica apresentaram resultados moderados em outubro, porém a expectativa é de melhora até o final do ano

O faturamento da indústria de máquinas e equipamentos atingiu R$ 6,511 bilhões em outubro, segundo dados divulgados ontem pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o que representa um recuo real de 2,7% em comparação com outubro do ano passado. Nos acumulado do ano, o faturamento real bruto apresenta queda de 2,3%, frente ao mesmo período de 2011. A balança comercial do setor segue com déficit de US$ 13,364 bilhões até o décimo mês do ano, recuo de 2,1% em relação ao mesmo período de 2011. Isto é resultado de exportações de US$ 10,775 bilhões e de importações de US$ 25,139 bilhões no período, aumento de 11,2% e 3,2%, na mesma ordem. Já o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) se manteve praticamente estável, atingindo 71,7% em outubro, ante a 71,9% em setembro. As perspectivas, por sua vez, são de melhora nos resultados do setor até o final do ano, em resposta as medidas de incentivo ao investimento, adotadas pelo governo. Enquanto isso, o consumo total de energia totalizou 37 mil GWh em outubro de acordo com os dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O resultado representa um avanço de 0,5% na série dessazonalizada pelo Depec-Bradesco, sendo que o consumo industrial caiu 0,3% nessa base de comparação; na média dos últimos três meses a demanda da indústria se manteve praticamente constante. Por outro lado, os consumos residencial e comercial apresentaram expansões frente a setembro, 0,6% e 0,5% nessa ordem. No acumulado em 12 meses, o consumo total de energia apresentou avanço de 3,3%, resultado impulsionado pelo consumo residencial e do setor de comércio e serviços, sustentado pela renda das famílias e expansão da massa salarial. Dessa maneira, combinado aos demais indicadores coincidentes, projeta-se alta de 1,2% da produção industrial em outubro.


*****

Relembremos também esta nota publicada no último informativo mensal (set/12) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), precisamente sobre o setor de máquinas e equipamentos:

Ou seja, quais são os sete erros da matéria do Estadão?

1- O setor experimentou uma forte alta em setembro, de maneira que o declínio em outubro resultou de uma oscilação sazonal esperada, sobre uma base forte. Se foram vendidas muitas máquinas em setembro, é normal que haja queda em outubro.
2- Para chegar ao valor de R$ 36,7 bilhões, o Estadão contabilizou somente as vendas da indústria para o mercado interno; se contabilizasse as vendas para o mercado externo, que cresceram substancialmente nos últimos meses, teria chegado a número bem maior, e melhor.
3- O que a Abimaq está registrando, na realidade, é a maior globalização do setor de máquinas e equipamentos. As fábricas estão se abastecendo com máquinas importadas, e o Brasil aumentou a exportação desses itens. Não é correto falar que “a indústria de máquinas recuou ao nível de 2007″.
4- O jornal reproduz as justas reclamações da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas), mas não cita que a mesma instituição avaliza e apoia enfaticamente as medidas tomadas pelo governo federal e que se mantém otimista quanto ao impacto destas no futuro próximo. Leia abaixo, um editorial recente do próprio presidente da Abimaq, reproduzida no site da instituição:

(…) Mas o que fazer no curto prazo? É preciso continuar desvalorizando o REAL frente ao DÓLAR, pois o câmbio representa boa parte dos nossos problemas. É preciso continuar adotando medidas de defesa comercial, como as licenças não automáticas e a elevação de alíquotas do Imposto de Importação. É necessário continuar o enfrentamento ao sistema financeiro, para que haja redução dos juros na economia real.

Em nossa opinião, o governo tem caminhado nesta direção, talvez, não com o senso de urgência que tanto a indústria de transformação necessita, mas o caminho está correto e merece todo o nosso apoio e reconhecimento.

As recentes medidas anunciadas, como o inédito enfrentamento ao sistema financeiro, a redução das taxas do PSI-FINAME, a elevação da alíquota do Imposto de Importação para algumas NCMs, a desoneração do INSS patronal na folha de pagamento, a prorrogação da desoneração do IPI e a contínua redução da taxa SELIC é uma constatação de que todo o trabalho que vem sendo realizado pela ABIMAQ está obtendo eco e, também, uma clara demonstração, por parte do governo, de que está sensível aos problemas de competitividade enfrentados pela indústria.

Estamos longe de resolver os problemas de competitividade da indústria nacional de transformação, mas o momento é de apoiar e reconhecer as medidas implementadas pelo governo, sem perder o foco de que o Brasil necessita, urgentemente, de reformas estruturantes.


Artigo completo.

5. Observem esse trecho no artigo do Estadão:

A torcida para que os investimentos decolem é grande, mas os números da indústria de máquinas não são animadores. Até mesmo as importações, que já respondem por 60% de todas as máquinas vendidas no mercado brasileiro, também recuaram no terceiro trimestre, de acordo com o IBGE.

Ora, mas a queda nas importações, segundo especialistas, não ocorreu porque caiu o consumo de bens de capital, os quais, ao contrário, cresceram, conforme a própria matéria informa mais adiante. A queda nas importações foi suprida por fabricantes nacionais.

6. Leiam esse outro trecho, da mesma matéria:

Nos últimos dez meses, o consumo aparente de bens de capital no Brasil cresceu 1,9% sobre o mesmo período de 2011, para R$ 94,3 bilhões. A diferença entre esse valor e o faturado pelas empresas brasileiras corresponde às importações, que responderam por 60% do consumo. Em 2011, essa participação era de 53,57% do mercado.

Viram? O consumo aparente de bens de capital cresceu 1,9% nos últimos dez meses. Isso é positivo, ponto. Demonstra que as indústrias estão sim investindo em maquinário novo. E se as importações caíram é porque estão optando por produtos nacionais. Até o final do ano, talvez esses 60% caiam um pouquinho.

7. O último erro do Estadão, que de resto é um equívoco generalizado inclusive em fontes mais progressistas, é não tomar o devido cuidado para separar opinião de lobby. Ao presidente da Abimaq cabe, por tradição, reclamar da vida e das condições de negócio, com vistas a pressionar o governo a continuar reduzindo tributos, ampliando crédito, etc. Como toda associação de classe, o seu objetivo é cobrar medidas que ajudem seus membros. A imprensa, contudo, deve analisar a situação com um equilíbrio que considere a justiça nas demandas dos industriais, as medidas do governo, e a produtividade e competência dos empresários. Não é entrevistando apenas um fabricante de “tornos” que teremos idéia sobre o estado da nossa indústria. Temos que saber, sobretudo, que setores estão em declínio e quais estão em ascensão, para podermos comparar e entender as tendências da economia brasileira e mundial.

Por fim, precisamos entender uma coisa. O PIB brasileiro pode até ser baixo este ano. Isso não significa que nossa economia está em declínio. Temos que analisar a economia brasileira com base num conjunto de dados, e não apenas no PIB. Há números que apontam para o passado, como o PIB, mas há outros que sinalizam o futuro, como a melhora do poder aquisitivo da população. Índices como mortalidade infantil, mortalidade materna, analfabetismo, devem registrar queda muito acentuada em 2012. Os salários estão em alta. A nossa democracia tem funcionado de maneira esplêndida, tecnicamente falando. Temos gigantescos recursos naturais ainda inexplorados ou em plena exploração. O percentual de brasileiros com acesso à casa própria cresceu exponencialmente. Aliás, as notícias sobre o “endividamento” do cidadão omitem que este, além de estar em nível muito abaixo das médias históricas de países ricos, embute fatos positivos, como maior acesso dos consumidores a bens duráveis e semi-duráveis, como automóveis, carros, computadores e eletrodomésticos, além da casa própria.
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TAXA DE JUROS PARA EMPRESAS E FAMÍLIAS CHEGA AO MENOR PATAMAR REGISTRADO PELO BC

Por Kelly Oliveira, repórter da Agência Brasil


“A taxa de juros continuou em trajetória de redução, de acordo com dados divulgados quinta-feira (29) pelo Banco Central (BC).

A taxa de juros cobrada das famílias caiu 0,4 ponto percentual para 35,4% ao ano, de setembro para outubro. Essa é a menor taxa registrada pelo BC na série histórica, iniciada em 1994.

A taxa cobrada das empresas também atingiu o menor nível desde 2000, ao cair 0,5 ponto percentual e ficar em 22,1% ao ano. A partir desses dados, a taxa média de juros de empresas e pessoas físicas recuou 0,6 ponto percentual e ficou em 29,3% ao ano.

O “spread” (diferença entre a taxa de captação de dinheiro pelo banco e a cobrada dos clientes) teve queda de 0,1 ponto percentual para pessoas físicas e ficou em 27,8 pontos percentuais. No caso das empresas, a redução foi 0,3 ponto percentual para 15 pontos percentuais.

A inadimplência, considerados os atrasos acima de 90 dias, ficou estável para as famílias em 7,9%. Em outubro, as empresas tiveram inadimplência 0,1 ponto percentual maior que em setembro, ao ficar em 4,1%.”

FONTE: reportagem de Kelly Oliveira, repórter da Agência Brasil (Edição: Denise Griesinger)  (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-11-29/taxa-de-juros-para-mpresas-e-familias-chega-ao-menor-patamar-registrado-pelo-bc) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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