O carro da emissora me apanha em casa pela manhã. Tenho direito a carro pois sou "idoso". Idoso quer dizer: ido nos anos. Por favor: sem trocadilhos rsrsrsrs
Na pouco mais de uma hora que levo para chegar na TV vou pelo caminho repassando o texto, abrindo o netbook, telefonando, pondo coisas em dia e conversando alegremente com o motorista que me conduz.
Afinal: Vargem Grande. Recnov!
Vou ao camarim, onde já encontro meu grande amigo Giuseppe Oristânio. Ele é sempre o primeiro a chegar. Mais que pontual.Bem humorado, solidário e talentoso, faz gosto trabalhar com ele. E ele está um primor como Pulga ,seu personagem na novela.
O camareiro do dia ajuda-me com o figurino e saio para a maquiagem.
Raspar a cabeça, reforçar bigode e sobrancelhas e buscar aquele ar de "assassino cruel" rsrsrs.
Mas nisto já encontrei Raul Gazolla, Petrônio Gontijo, Marcelo Escorel, Heitor Martinez... seguindo para outro estúdio. Outras feras da arte de representar. Exuberantes, generosos, bem humorados, amigos também.
Aliás, graças a Deus só encontro gente legal pela frente. E por trás também (rsrsrs) é o caso do "monumental" Carlos Bonow, que eu sacaneio muito. Ele e Fernando Pavão formam a dupla de "bonitinhos" do nosso grupo. O que me mata de inveja porque são "bonitinhos" enquanto eu...porém se não sou bonitinho , sou mais novo que Jonas Bloch, este sim, idoso. rsrsrsrs Esta é uma das brincadeiras que fazemos um com o outro, Jonas e eu: um sempre defende o outro alegando que o outro é idoso. rsrsrsrs
E afinal chega a Rainha Eliza. Paloma Duarte, sempre solidária, sempre bem humorada, um brilho só.
Esta "quadrilha" entra no estúdio para gravar.
Lá dentro já está toda a equipe técnica. Dezenas de companheiros que trabalham para que vocês nos vejam cada vez melhor.
É grande a integração dos atores com os técnicos. Não pode ser de outra maneira: o trabalho é coletivo. A produção em larga escala nos torna a todos: trabalhadores da produção de conteúdo.
O clima é de confraternização, solidariedade, carinho e profissionalismo.
Muito bom humor, porque nenhum, de nós deixa a peteca cair e nenhum está a fim de permitir-se o mais leve amargor ou ranço de baixo astral.
E aí, trabalhamos muito, e brincamos muito enquanto trabalhamos, porque afinal para representar é preciso tornar-se criança , descartar o ego e o super ego e deixar o inconsciente, que é só prazer, atuar por nós.
Almoço já foi , e depois, mais tarde , por volta das 17h, numa folga de gravação: o lanche. Hora das paçoquinhas e quejandos. Hora em que este diabético é tentado ao extremo com os quitutes que Dona Rita nos serve. Almoço e lanche são as horas em que confraternizamos com os colegas e amigos das outras produções da Record.
A noite cai, e já trocamos de roupa diversas vezes, já nos maquiamos diversas vezes, já "matamos" mais de uma dezena de cenas,e o espírito coletivo e bem humorado fala mais alto. A todo momento um desperta no outro o orgulho da profissão, o prazer da atuação, a chama da criação.
Às 21h acabamos a jornada (quando se trata de uma jornada normal, sem externas, etc. tem seu término às 21h).
A sensação do dever cumprido, a despedida diária entre os colegas todos, do rapaz do cafezinho ao camera, da maquiadora ao vigilante.
E o carro da emissora me traz de volta ao lar. Volto cochilando embalado pela atenciosidade do motorista que também está terminando sua jornada.
Que Deus nos abençoe e sempre nos dê forças para cumprirmos a nossa missão.
Assim o trabalho nos trabalha, tornando-nos seres humanos sempre melhores a cada dia, ganhando o pão nosso com alegria e altivez.