PSDB e o Fim das Oficinas Culturais

UFA! Chega de Copa do Mundo! 

Os redatores incansáveis d'A CORTIÇA não mais aguentavam uma alimentação desregrada pautada em amendoizinhos, sorvetinhos, salgadinhos, refrigerantezinhos, salaminhos, pinguinhas, azeitoninhas, cervejinhas, salsichinhas na conservinha do vinagretinho e infartinho no coraçãozinho, sendo tudo isso acompanhado de um futebolzinho bem ruizinho! 

E o Brasil já era! Já que o manual de momentos trágicos diz que "depois de cada tragédia deve-se achar um culpado e crucificá-lo", A CORTIÇA elege o Kaká como culpado, pois adorou mais a deus que a jabulani, um pecado mortal para todo futeboleiro. Mas, para ele, crucificação não seria exatamente um castigo

Gana também já foi! O sonho acabou? Não, ainda resta o Paraguai! Vamos todos torcer para o Paraguai, pois se o coração é brasileiro, o marcapasso, o relógio, a roupa, o eletrodoméstico e todo o resto é paraguaio! Então, vamos Paraguai! Arriba carajo!

Bispa Hernandes, Kaká (I Belong To Jesus) e Larissa Riquelme: e a Copa virou Cópula mesmo!

Mas voltemos à realidade! Falta muito para as festas de réveillon. Até lá teremos ainda de encarar uma indigesta disputa eleitoral. Então já é hora de nos deleitarmos no pleito eleitoral novamente e falar mal de tudo e de todos esses aí. Funcionará assim: nas próximas duas semanas de julho ainda teremos de engolir a Copa do Mundo imperando nos noticiários. Poderão até  limpar a bunda com a Ficha Limpa que ninguém nem vai perceber! E é exatamente essa falta de percepção coletiva que os políticos danadinhos precisam para deitar, rolar e enrolar a todos! Alguns, como bons tucanos, preferem bicar mesmo! Enquanto todos estão de olho na tal da jabulani, esses tucanos de mierda aproveitam para chutar nossas bolas!

NOVAMENTE, OS TUCANOS CONTRA O POVO

Por diversas vezes a sua fonte de informação de maior credibilidade da intenet, A CORTIÇA, apresentou como os políticos ligados ao PSDB e a Serra, o Terrível, (des) tratam do bem-público como se gerissem um banco. Entre tantos outros posts desse blog (procure mais nos marcadores), para refrescar sua memória relembramos esses abaixo:

- Ressaca Cultural

- Como Tucanar a Eleição

- Cultura Mercado e Lucro em São Paulo

Conforme já notíciamos, João Sayad (economista ligado ao grupo serrista no PSDB) foi o responsável para Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo de 2007 até abril de 2010. Decidiu sair desse cargo para assumir presidência da Fundação Padre Anchieta, que controla (entre outros veículos de comunicação) a TV Cultura. 

No lugar de Sayad, a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo foi assumida por Andrea Matarazzo. Enquanto ainda era Secretário de Coordenação das Subprefeituras de São Paulo, suas ações promoveram distúrbios na região central contra a população de baixa renda, contra os trabalhadores informais (ambulantes, catadores, etc.), praças sendo cercadas por grades e obras como "rampas anti-mendigos". Ainda jogou asfalto sobre passarelas de pedestres priorizando uma cidade para carros. Destruiu ocupações urbanas, fortalecendo a especulação imobiliária e, defensor de políticas higienistas, ao se referir à "revitalização" do bairro da Luz, disse "Adoro problema! Vamos limpar a cracolândia!". Quer saber mais sobre a relação de Matarazzo com a população do centro, veja o documentário "Santa Efigênia e seus pecados" (2009) de Thiago Mendonça.

Serra, o Terrível, e Andrea Matarazzo decorando a fala e afinando o coro. 
Essas gralhas tucanas realmente falam a mesma língua (é até o mesmo discurso para os dois).
 
Mas e o João Sayad? Sendo nomeado por Serra, o Terrível, Sayad (di)geriu a Secretaria da Cultura como se fosse um banco: uns poucos são clientes "prime", "personalité" e os demais pagam a elevada conta de uma cultura sendo tratada como mercadoria. Uma de suas decisões mais apocalípticas, ainda em 2009, foi aprovar a construção do "Teatro de Dança", o mais caro projeto da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.

Trata-se de R$ 311,8 milhões a um único centro cultural  no Bairro da Luz, uma região que já possui diversas instituições culturais: Escola Livre de Música do Estado de São Paulo-Tom Jobim, a Sala São Paulo, a Pinacoteca, a Estação Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa.

Será que com R$ 311,8 milhões não é possível fomentar uma estrutura melhor (em todos os sentidos) a companhias e grupos que promovem a cultura em SP e constantemente sofrem com as limitações impostas pela ausência de uma política pública decente voltada para a área cultural? Sayad não está minimamente preocupado em promover maiores e melhores atividades culturais entre os cidadãos paulistas, mas quer meramente privilegiar a São Paulo Cia. de Dança (SPCD), afinal esta é a primeira companhia subsidiada pelo Estado, recebendo com exclusividade a inacreditável quantia de R$ 13 milhões anuais (!), ao mesmo tempo em que R$ 1,4 milhões é a verba pública a ser dividida por todos os grupos privados do Estado de São Paulo!... Notável!

Os monstros se divertem: Sayad e Serra, o Terrível, passeando pelo Teatro Alfa, 
na estréia de uma das temporadas da  São Paulo Companhia de Dança.

É esse o resultado de deixar Serra, o Terrível, e seus amiguinhos do peito controlarem o bem-público: tudo vira uma espécie de boutique onde os melhores perfumes vão para os seus comparsas e as migalhas (se sobrar!) fica para o restante da choldra!


 E os problemas não acabam por aqui não. Antes de sair do cargo, Sayad fez um último e feroz ataque contra a cultura de São Paulo: ordenou o fim das Oficinas Culturais!

FIM DAS OFICINAS CULTURAIS: PSDB PRIVATIZANDO A CULTURA

Em junho foi anunciado que a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo não renovará o contrato com a Associação Amigos das Oficinas Culturais do Estado (ASSAOC). No fim de julho, as oficinas fecham para o público. Já nesse mesmo mês os funcionários estão trabalhando sob aviso prévio. Em agosto, o contrato se encerra. 

Criadas em 1986, as Oficinas Culturais são espaços destinados a promover atividades culturais dos mais variados tipos (artes plásticas, dança, teatro, música e tudo mais). São atividades gratuitas que proporcionam oportunidades de aquisição de novos conhecimentos e novas vivências de experimentação e de contato com as mais diversas formas de expressão em cultura, possibilitando não apenas a formação do público e como de profissionais para a área da cultural.

 Fachada do prédio da Oficina Cultural Oswald de Andrade. Muitos funcionários estão 
com medo de perderem seus empregos por conta das ações do PSDB contra a cultura.

O fim das Oficinas Culturais foi determinado por João Sayad, quando ainda coordenava a pasta de Cultura de São Paulo. De acordo com ele, não há visibilidade para os projeto das Oficinas Culturais. Em todo caso a execução dessa pútrida tarefa coube ao recém-empossado secretário de cultura Adrea Matarazzo. Em matéria publicada na Folha, no caderno Ilustrada, de 27 de junho de 2010, Matarazzo afirmou que "Elas [Oficinas Culturais] consomem R$ 20 milhões por ano. Mais de 60% da verba é utilizada na atividade-meio. O modelo ficou absoleto. Temos de investir em coisas que fiquem, como capacitação de profissionais".

Quer dizer então que não há visibilidade? Estão obsoletas? É incrível a capacidade desses urubus tucanos transformarem em carniça tudo o que tocam! Vamos ver, então, qual a situação real das Oficinas Culturais.

De acordo com a ASSAOC, há 22 Oficinas Culturais, sendo que 06 estão na capital (04 na Zona Leste, 01 no extremo da Zona Oeste e 02 no centro expandido), 15 no interior do Estado de São Paulo, com 645 municípios e, além disso, há ainda os Projetos Especiais e da Terceira Idade.

Se as Oficinas Culturais forem realmente fechadas, o impacto será estrondoso. Em números, o custo desse prejuízo será o seguinte:
- Empregos diretos: 280;
- Empregos terceirizados: 126;
- Empregos indiretos (arte-educadores): 2.100 anualmente;
- Público frequentador de atividades de formação: 66.000 inscritos anualmente;
- Atendimento à comunidade (eventos diversos, como festivais, mostras, encontros de entidades, espetáculos, exposições, festas comemorativas dos bairros e cidades, campanhas solidárias etc.): 88.000 anualmente.

Dessa forma, para Serra (o Terrível), João Sayad, Andrea Matarazzo e Alberto Goldman,  cerca de 157 mil cidadãos produzindo cultura anulamente são algo obsoleto sem visibilidade! Para eles, é mais importante dar R$13 milhões anuais à São Paulo Cia. de Dança! Isso sim possui ampla visibilidade!
Obviamente, frente a manifestação de insatisfação da classe artística ganhando espaço da Folha, no Estadão, na CBN (ouça a entrevista de Marcelo M. Fonseca,orientador na O.C. Oswald de Andrade, neste link) e até mesmo no Diário Popular, Matarazzo "ramelou", fingiu que não era com ele e, obviamente, mentiu dizendo que esse papo de fechar as Oficinas Culturais "É boataria. Não temos intenção de demitir. Só estamos analisando a gestão da organização social checando cumprimento de metas... Jamais pensamos suspender o programa ou demitir os funcionários".


Até semana passada as Oficinas Culturais eram "obsoletas" e sem visibilidade. Mas como o assunto brotou na grande mídia corporativa (e pega mal cortar empregos em ano de eleição), Matarazzo retirou na sexta-feira (02 de julho) ou que havia dito no domingo (27 de junho). Mentiras e mais mentiras. Tucanos e mais tucanos! Só comendo muita carniça mesmo para conseguir entender esses urubus. O conceito que o PSDB tem de cultura assemelha-se muito a Göring, sucessor presuntivo de Hitler, que já dizia: “quando eu ouço a palavra cultura, logo saco meu revólver”!

O que será que essa turminha do Serra, o Terrível, vai fazer com o 
país se o vampirão ganhar a presidência?!.... Valei-me!

E fique atento! Por meio da internet, inúmeros artistas estão se manifestando contra mais essa agressão do PSDB sobre a população de São Paulo. A CORTIÇA recomenda vivamente que você deixe o Galvão Bueno um pouco de escanteio e fique de marcação cerrada nesse time PSDBozo, que compra o juiz e, mesmo assim, só dá bola-fora!
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Gorduchinha

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Fim da Era Dunga

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Já Era Dunga

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Sobre jovens e violência


Frente ao triste acontecimento ocorrido em Florianópolis, SC, envolvendo adolescentes de famílias abastadas, nada melhor do que reler o texto de La Vieja Bruja, Ao vencedor, as batatas.

Será que, neste caso, o Grupo RBS e sua claque de palpiteiros ainda apoiaria as teses defendidas por certos especialistas sobre delinquência juvenil?

Eis o artigo*:

Ao vencedor, as batatas

Alguns dos maiores méritos literários de nosso romancista maior foram seu universalismo e sua capacidade de dialogar com seu próprio tempo.

Em “Quincas Borba“, por exemplo, Machado de Assis, fiel a algumas características do realismo seu contemporâneo, denuncia como a luta pela sobrevivência na sociedade pode ser tão voraz quanto na natureza através da transposição do evolucionismo darwinista às relações sociais humanas. Não há neutralidade nas relações humanas, parece ecoar o humanitismo. Fracos e ingênuos como Rubião são manipulados e despojados de sua dignidade pelos mais fortes, pelos Cristianos Palha e Sofias de ontem e de hoje.

Machado de Assis, no entanto, jamais seria compreendido se se tomasse sua obra como mero mecânico produto de seu tempo. Seu universalismo e sua transcendência residem no fato de que é para denunciar o processo de selvagem luta pela sobrevivência na sociedade que se serve o romance machadiano de uma espécie de evolucionismo social. O humanitismo do filósofo Quincas Borba, professado pela boca de Rubião, herdeiro universal de seu pensamento, então, se transforma em crítica ácida à panacéia científica e se trata de uma das mais pertinentes metáforas da triste figura de toda cientificidade transposta às relações humanas que se pretenda moralmente neutra. Desse modo, o evolucionismo aplicado às relações humanas do bruxo do Cosme Velho não afirma que as relações sociais humanas são o que são em virtude de como a ciência descreve o mundo e é em si mesma, mas si em virtude de como o homem que faz ciência o descreve e é em si mesmo, a saber, parte de algum modo interessada.

Fazer ciência, portanto, parece ensinar o humanitismo, envolve escolhas.

De amostras e de conceitos, em certos casos.

A hipótese de que o cérebro de um psicopata ou sociopata seja estruturalmente diferente daquele das pessoas ‘normais’ é perfeitamente lógica. Não só porque desde o acidente com Phineas Gage, em 1848 (!), sabe-se que danos ao córtex pré-frontal estão associados a comportamentos anti-sociais, como também porque muitas pesquisas utilizando técnicas de neuroimagem semelhantes ao estudo gaúcho vêm sugerindo fortes indícios de estrutura cerebral anormal em psicopatas“.

Afirmar a priori que internos na Fase são psicopatas só pode ser feito por alguém que está distante do problema (…) Caracterizar a todos como psicopatas e medicá-los em massa aparece muitas vezes como forma fácil de contenção numa postura que abre mão do desenvolvimento de trabalho educativo e da recuperação possível para parte significativa desses adolescentes (…) inúmeros estudos demonstram que a participação na vida do crime é na maioria das vezes motivada pela busca de afirmação pessoal e de reconhecimento social e que poderá, portanto, ser agravada com procedimentos que baixem a auto-estima e a confiança em si. Se é certo que as pesquisas neurológicas têm uma contribuição a dar na compreensão do comportamento violento, é certo também que não se deve absolutizá-las ignorando estudos já desenvolvidos por especialistas de outras áreas, como sociólogos, psicólogos, antropólogos, educadores etc. Não há maior obscurantismo do que aquele que considera a pesquisa inquestionável“.

Os trechos acima correspondem, respectivamente, aos artigos “Contra o obscurantismo“, de Gustavo Ioschpe, publicado no jornaleco da Azenha de domingo último, 10, e “Ciência, obscurantismo e ética“, de Carmen Maria Craidy, publicado ontem nesse mesmo pasquim.

Gustavo Ioschpe, para quem ainda não sabe, é o mais recente almofadinha com MBA a cair nas graças do intelectual fracassado Marcelo Rech. Vejam os senhores com os seus próprios olhos, até porque não há outro modo de ver, os boatos que espalha o diretor de redação de Zero Hora a respeito do referido rapaz, tudo a fim de antecipar a história sobre o mito ao próprio mito, ou, como diz o vulgo, antecipar a imagem do homem ao próprio homem. Gustavo Ioschpe, para Marcelo Rech, trata-se de um dos principais polemistas do país, que chegou às páginas de ZH a fim de “trazer luz ao manto de escuridão que encobre a discussão sobre os rumos do ensino no Brasil“.

Bem, mas não era sobre isso que La Vieja queria falar, até porque tem ela coisas bem mais interessantes para pensar do que quem cai ou não nas graças do intelectual fracassado da Azenha.

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Como La Vieja dizia, ambos os artigos referem-se à discussão pública, cujo pontapé inicial, pelo menos aqui entre o povo cujas façanhas servem de modelo a toda a terra, até onde La Vieja saiba, foi dado por Marden Müller, por ocasião da publicação de “Eugenia reemergente“, instituída por conta do polêmico projeto de pesquisa sob a responsabilidade do neurocientista Jaderson da Costa (PUC-RS) e do geneticista Renato Zamora Flores (UFRGS), que tem como um de seus mentores o secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, aluno de mestrado de Costa, e que pretende descobrir, a partir da análise comparativa entre dois grupos, um formado por adolescentes internos da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), os quais terão seus cérebros mapeados por ressonância magnética, e outro por adolescentes que não cometeram crimes, “se o que determina o comportamento de um menor infrator é sua história de vida e se há algo físico no cérebro levando-o à agressividade“.

Embora o referido estudo também pretenda levar em consideração aspectos genéticos, neurológicos, psicológicos e sociais de cada uma das cobaias, seu foco parece ser o fundo biológico da questão, uma vez que, segundo Osmar Terra, “Estamos nos baseando em trabalhos que já existem mostrando que há um período crítico no início da vida e que se uma criança é maltratada entre o 8º e o 18º mês ela adquire comportamento alterado na idade adulta“. Um dos trabalhos ao qual se refere Terra, ainda segundo a Folha de São Paulo via O Ôlho-Dínamo, seria um “artigo do grupo do neurocientista português António Damasio publicado em 1999“, que supostamente teria mostrado “que meninos que sofreram lesões no córtex pré-frontal -região do cérebro próxima à testa- tinham sérios problemas de sociabilidade após crescer“. Segundo Jaderson da Costa, como “A aquisição de convenções sociais complexas e de regras morais se estabelece precocemente“, lesões cerebrais em determinada fase da infância “podem resultar mais tarde numa síndrome parecida com a psicopatia“.

No entanto, ainda segundo a Folha, os cientistas fortes, aguerridos e bravos parecem querer saber se, independentemente das referidas lesões, meninos cronicamente violentos têm “atividade reduzida em alguma região do córtex pré-frontal, área cerebral ligada a tarefas mentais que envolvem juízo moral“. Se tal atividade reduzida for localizada nos pueris córtices pré-frontais a serem mapeados, então é possível que seus comportamentos cronicamente violentos sejam uma sua conseqüência, já que os portadores de tal reduzida atividade em tese não executariam bem tarefas mentais que envolvessem juízos morais.

Portanto, na medida em que o estudo de Damasio supostamente mostrou que problemas de sociabilidade podem ser uma conseqüência de pueris lesões cerebrais, é na procura por atividades reduzidas em alguma região do córtex pré-frontal independentemente das referidas lesões que parece residir a originalidade do projeto dos cientistas gaúchos. Encontrada tal atividade reduzida, a violência crônica poderia ser tomada como uma sua conseqüência. Tentaria-se provar que tal atividade reduzida, então, seria a causa de tal estado mental.

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Entretanto, se o estudo não se importa com as referidas lesões, mas sim com a hipótese de atividades cerebrais reduzidas delas independentes gerarem determinado estado mental, há um problema com sua amostra.

Muito embora amostras precisem guardar pertinência absoluta com hipóteses de estudo em alguns casos – tal como na hipótese de que batatas-inglesas brancas de 12 a 18 centímetros de perímetro sejam violentas com outras batatas-inglesas, inclusive as rosas, muito apropriadamente devam ser estudadas somente batatas-inglesas brancas de 12 a 18 centímetros de perímetro e não qualquer de suas rosáceas vítimas ou mesmo qualquer branca maior ou menor do que aquelas suas companheiras de lavoura -, dependendo do universo que se pesquise tais amostras podem ser escolhidas, e La Vieja não disse necessariamente impostas pela hipótese de estudo, mas sim escolhidas, de modo absolutamente aleatório, sem nenhum prejuízo à pesquisa, o que implica que, ainda de acordo com a hipótese anterior, no universo das batatas-inglesas brancas de 12 a 18 centímetros de perímetro cronicamente violentas considerado possa ser estudada qualquer batata-inglesa branca de 12 a 18 centímetros de perímetro que tenha manifestado o referido comportamento, e isso a fim de se descobrir se ele pode decorrer ou não de atividades tuberculares reduzidas. Brancas, evidentemente.

Esse parece ser o caso do estudo dos cientistas farrapos. E se é assim, nada, absolutamente nada justifica que a amostra livre e deliberadamente escolhida pelos cientistas, no universo dos adolescentes cronicamente violentos considerado, não pudesse ser formada por adolescentes cronicamente violentos que não cumprem medidas sócio-educativas. Qualquer adolescente com comportamento cronicamente violento, portanto, poderia fazer parte da referida amostra, tais como, por exemplo, como bem lembrou a Palestina em sua brilhante série de comentários à referida pesquisa, adolescentes reiteradamente envolvidos em infrações de trânsito de algum modo danosas à vida e mesmo reiteradamente envolvidos em pelejas urbanas, como soem digladiar-se os vulgo pit boys, ou algo que o valha, em geral covardemente. Desse modo, pelo menos um dos critérios utilizados pelos cientistas a fim de, reitero, livre e deliberadamente escolherem sua amostra, portanto, deve ter sido o de não se possuir, ou não se dirigir, automóveis, ou não se freqüentar academias, o que, se não diz muita coisa acerca do que tais adolescentes são em si mesmos, pelo menos nos diz muito sobre suas origens sociais.

Portanto, se a hipótese é a de que pode ser o comportamento cronicamente violento de alguns adolescentes uma conseqüência de atividades reduzidas no córtex pré-frontal, setor do cérebro ligado a tarefas mentais que envolvem juízos morais, prová-la implica que qualquer cérebro farrapo adolescente supostamente portador de tais atividades reduzidas é passível de democráticas ressonâncias magnéticas em busca desse elo perdido, com o qual sonham alguns deterministas, e não somente aqueles cérebros que cumprem medidas sócio-educativas na Fase. Como os possíveis portadores dessa boa-nova aos homens de boa vontade supostamente são todos aqueles adolescentes cujo comportamento pode ser dito como cronicamente violento, já que esse parece ser uma conseqüência daquele, qualquer adolescente que assim se comporte pode fazer parte da amostra. Do contrário, ou seja, selecionando-se arbitrária e preconceituosamente a amostra, que é o que está acontecendo, parece que se toma de antemão como verdadeira a tese que precisa ser provada, a saber, que o comportamento cronicamente violento de determinados adolescentes é uma conseqüência de atividades reduzidas em certos setores de seus cérebros, uma vez que cronicamente violentos parecem ser somente os comportamentos de adolescentes que cumprem medidas sócio-educativas, coincidentemente unicamente aqueles que terão seus cérebros mapeados, o que, em boa lógica, equivale à velha e boa petição de princípio.

Algumas das teses acima esboçadas parecem encontrar algum eco nos comentários de Marden Müller e da Palestina, com os quais La Vieja concorda plenamente.

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E em bom caminho está Marcelo Rech se se entende por polemista aquele sujeito que faz profissão de saber mais do que sabe e que não tem responsabilidade alguma para com as implicações daquilo que escreve. Como se vê, a escola mainardi-carvalheana está dando belos frutos

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Leituras relacionadas do La Vieja Bruja:

Coragem para fazer o que mesmo, cara-pálida?

"Castigos Domésticos"
Sobre vencedores, ainda



*Os grifos, em azul, são nossos.
Arte: Eugênio Neves
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