Polarizações, interesses e convergências - II



Ilustração de Liberati

Depois do primeiro debate, publicado no post anterior, Gisele Araújo escreveu novamente, uma réplica, em O Pasmado (www.opasmado.blogspot.com). Dei minha resposta. Os dois textos seguem abaixo.
Continua de pé o convite para que eventuais leitores se animem e agreguem suas análises e considerações. O tema é quente!

Gisele Araújo: PT e PSDB: "organismos em desconstrução" ou em construção?
Marco, como te disse, o seu comentário no "post" abaixo me gratifica muito. É generoso, elegante, inteligente. Além de abrir várias frentes de diálogo, vc. o faz de forma altiva, e qualquer resposta necessita de forte elaboração para pretender dialogar no mesmo tom. Eu me detive - veja só - apenas numa frase de seu primeiro parágrafo. E coloco aqui mais hipóteses que afirmações. Publico neste estado rudimentar mesmo, sem peias, porque talvez aí possamos identificar o "meta-problema" teórico sobre o qual dissertamos e poderíamos quem sabe aproveitar o debate conjuntural para pôr em questão a teoria política (sobre outros aspectos, comentarei depois, como, por exemplo, sobre o suposto viés estatista do Serra, que seria uma aproximação possível entre o atual PT e o candidato da oposição. Na minha opinião, este viés inexiste, dado o projeto serrista - programático antes, talvez pragmático agora - de privatizações generalizadas, inclusive da Petrobrás (sobre isso, há vídeos e entrevistas que não me deixam mentir).
Detive-me no seguinte tema: Sobre os dois alinhamentos partidários (PT e PSDB) como "organismos em desconstrução, corroídos pelo pragmatismo e pela disputa de território", como você coloca.
1. Será que todos os partidos políticos que entram nas disputas eleitorais (e com isso seguem as chamadas “regras do jogo” da democracia representativa) não estão sempre fadados ao pragmatismo (a busca por sucesso eleitoral que vincula, em certa medida, o “sucesso” (sic) na atuação governamental, leia-se, aprovação do governo)?
2. Nesse sentido, será que “aceitar” os limites da democracia representativa sempre leva a uma desconstrução?
3. O próprio termo “desconstrução” não subentende de forma um tanto apressada que algo orgânico existia no passado? Será mesmo que existia? O PSDB nasce de uma dissidência – não muito clara do ponto de vista ideológico – do PMDB. E o PT nasce de uma conjunção também pouco orgânica, pode-se dizer, entre perspectivas sindicais (ABC), religiosas (comunidades católicas de base), estatistas (funcionalismo público) e intelectuais (São Paulo!). Terá sido esse início orgânico? E essa questionável organicidade, pode-se dizer que se desconstrói com a entrada firme na disputa pelo(s) governo(s)?
4. Talvez nós tenhamos uma teoria política “ainda” (sic) romântica para tratar das instituições da democracia representativa. Talvez os partidos políticos no final do século XX não tenham nascido de forma orgânica, mas de conjunturas e interesses que os vinculam desde o início à disputa de território. E, em sendo assim (os partidos, desde que ligados à concorrência eleitoral, não estão sempre disputando território, como concordamos?), será que eles não firmam sua identidade ao longo destas mesmas disputas, e sempre em relação uns com os outros?
5. Se isso puder ser sustentado, será que PT e PSDB não se definem exatamente pelos seus governos (decerto distintos regional e temporalmente, e claro, vinculados aos sabores externos) e não pelas suas origens suposta e romanticamente orgânicas?
6. E, seguindo este raciocínio, o mérito do PT no governo federal não foi ter se diferenciado do governo do PSDB (ainda que isso tenha sido feito na esteira do mensalão, da mudança no cenário mundial, e, coerente com o meu argumento, no próprio andamento do exercício de governar, definindo sua identidade, mesmo temporária, pela distinção pragmática com relação ao PSDB)?
7. Enfim... isso não os torna hoje, conjunturalmente que seja (e portanto, sem fixidez), partidos com projetos opostos de país? Um, de viés neoliberal e o outro social-democrata? Essa polarização não expressa internamente um embate vivo no cenário mundial? Por exemplo: a crise da Grécia. O que fazer? Cortar gastos públicos ou ampliar o consumo interno de forma subsidiada para “fazer rodar” a economia? Não são estas fórmulas distintas em disputa lá e também aqui? Quando da crise dos EUA, não se disse que o governo do PT tomou medidas econômicas anticíclicas? Ao invés de ouvir a Miriam Leitão (sic), ou quem sabe o Palocci, e enxugar investimentos, o governo não optou exatamente pela redução dos IPIs em áreas específicas de modo a manter a expansão do consumo e um vigor mínimo na expansão econômica?
8. Será que estes nossos partidos protagonistas da disputa eleitoral não são, ao invés de organismos em desconstrução, estratégias pragmáticas e "territoriais" em construção permanente? Bom, isso pode ser ruim do ponto de vista ideológico, claro. E do ponto de vista de projetos, digamos assim, mais audaciosos, mais questionadores da ordem, mais democráticos. Mas pode ser uma constatação sociológica válida, e esta não é sempre um freio frustrante nos nossos 'wishful thinkings'? Dizendo em outras palavras, podem os partidos que se pautam pelo calendário eleitoral (regras do jogo da democracia representativa) terem projetos arrojadamente questionadores da ordem? Ou então: será que falar de um ativismo da sociedade radicalmente democrática implica necessariamente em compatibilizá-la com partidos voltados para a disputa eleitoral na democracia representativa?
9. Bom, são notas para refletir, como bem se vê. E inspiradas apenas no primeiro parágrafo do seu comentário. Outras indagações sobre as demais proposições ali inseridas virão, com tempo e esforço para alcançá-las! Obrigada de novo pela oportunidade de excelente reflexão e diálogo.

Minha resposta: Partidos em transição
É muito bom poder discutir assim. É bem melhor para que possamos expor as divergências mais substantivas, que não têm a ver com nossas eventuais opções partidárias e sim com questões difíceis, ainda não resolvidas.
Tentarei cercar os pontos que vc levanta.
1. Partidos precisam ser pragmáticos sempre, sob pena de pregarem nas nuvens e não chegarem a lugar nenhum. Especialmente se são partidos “de massa”, interessados não só em marcar posição identitária mas em praticar políticas positivas. Disputar eleições é um exercício de pragmatismo, como vc bem observa, e a democracia representativa exige essa perspectiva.
2. Mas isso não significa que partidos pragmaticamente conduzidos não possam ter ideais, valores e identidades claras. O pragmatismo não exige que os partidos desistam de elaborar uma concepção do mundo e um projeto de sociedade, de futuro. Quando falei que PT e PSDB são organismos “corroídos pelo pragmatismo”, quis dizer que perderam precisamente aquele afã ideológico e aquela pujança que no passado os caracterizaram. Isso me parece particularmente grave no caso do PT, que dos dois foi o que chegou mais longe nesse quesito. Mais que o PSDB, o PT depende da fixação de uma identidade para poder ser de fato uma alternativa de esquerda.
3. Para mim, os partidos não se “desconstroem” somente quando perdem o que existia antes. Essa é a base, com certeza, como vc enfatiza corretamente. Podem também se desconstruir como ideia e, nessa medida, não têm mais como atingir a materialidade futura que havia sido desenhada no início de sua trajetória. Acho que é isso que está ocorrendo com eles. Falhas internas? Em parte sim. Mas também imposições da realidade. Todos os partidos de esquerda no mundo estão sendo desconstruídos e se desconstruindo. É uma espécie de efeito colateral da globalização, mais precisamente da “vida líquida”, da diluição das classes-referência das sociedades contemporâneas, da entrada em cena daquela “multidão” percebida pelo Toni Negri. Não são tempos fáceis para os partidos políticos.
4. Os partidos estão sempre disputando território. Mas, se são efetivamente reformadores, precisam ocupar território tanto com posições materiais quanto com ideias. Caso contrário, tornam-se iguais aos outros. A disputa por território que PT e PSDB travam hoje é vazia de ideias. Não chega a ser fisiológica, mas está perto. Para dizer isso não preciso ter necessariamente uma noção de “questionamento da ordem”: basta-me uma ideia reformadora que conceba a reorganização da ordem, que busque um mundo melhor e não um outro mundo, digamos assim.
5. Não concordo com sua opinião, mas torço para que vc tenha razão quando pergunta se em vez de organismos em desconstrução, não teríamos na verdade organismos em construção permanente. Vc põe uma questão complexa: “será que falar de ativismo da sociedade radicalmente democrática implica necessariamente compatibilizá-la com partidos voltados para a disputa eleitoral na democracia representativa?”. É complexa porque teríamos de definir bem o que seria um “ativismo da sociedade radicalmente democrática”, depois teríamos de ver se esse ativismo tem como mudar a sociedade e se poderá fazer isso sem um Estado e sem partidos, e, por fim, porque não temos como saber, hoje, se os partidos políticos (na forma que for) ainda cabem na política que corresponde à “vida líquida”. Prefiro achar que sim, mas tenho dificuldades para estabelecer isso de modo categórico.
De repente, estamos protagonizando uma época que desconstrói os partidos programáticos para reconstruí-los como organismos focados exclusivamente na arregimentação de eleitores e na conquista dos governos. Se for isso, os partidos que temos darão conta do recado.
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Los 3 Terrores



Por que a mídia insiste no dossiê

Eduardo Guimarães

No vídeo abaixo, o jornalista Fernando Rodrigues faz uma análise aparentemente torta, mas que, tirando a manipulação que ele tenta fazer dos fatos, mostra que essa imensa campanha midiática sobre o tal dossiê não visa desgastar Dilma Rousseff com a acusação de conspiradora e desleal, pois essa estratégia para prejudicá-la já foi usada à exaustão e jamais surtiu efeito – pelo contrário, quanto mais batem nela mais a sua candidatura se fortalece.




Para quem não conseguiu assistir o vídeo, explico que Rodrigues opina que, a julgar pela última pesquisa Ibope, o efeito do tal dossiê teria sido “zero”, pois o tucano e sua principal adversária não teriam perdido pontos, donde o jornalista conclui que “os políticos precisam perder essa mania” de fazer dossiês uns contra os outros porque o eleitorado não dá bola, o que constitui uma acusação velada a Dilma e um endosso igualmente velado à acusação de Serra.



É uma análise torta, como eu disse. Primeiro, porque Serra perdeu pontos no Ibope, sim: na pesquisa anterior desse instituto, oito pontos o separavam de Dilma; agora, estão empatados. Em segundo, porque, se alguém teria que perder pontos por conta do noticiário, teria que ser Dilma, pois a mídia inteira a acusou de ter feito mesmo o tal dossiê e pintou o tucano como vítima. E se o conteúdo do dossiê não foi divulgado, como poderia prejudicar o tucano?



O mais incrível é que Rodrigues compara a pesquisa Ibope com a pesquisa Datafolha para embasar sua tese de que Serra não perdeu pontos como se fosse possível comparar numericamente os números de pesquisas de diferentes institutos. Vale explicar que, quando se compara a pesquisa de um instituto com a de outro, há que comparar as tendências de subida ou de queda dos candidatos, e não os números.



A grande pergunta, portanto, é a seguinte: como essa acusação à candidata de Lula não poderia surtir efeito negativo para ela porque todas as outras do mesmo tipo não surtiram, por que a mídia e os tucanos insistem tanto no dossiê?



O objetivo do vasto noticiário sobre o suposto dossiê não é o de desgastar Dilma junto ao eleitorado, mas o de desacreditar as denúncias sobre os negócios de Serra com Daniel Dantas. O público alvo dessa campanha, portanto, não é o eleitorado, mas o livro de Amaury Ribeiro Júnior. A mídia e o PSDB acham que o PT ainda irá usar o que o livro mostra e, assim, tentam desacreditá-lo.



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A mídia sabia do dossiê desde 1998

Chega a ser ingênua a chamada na primeira página do Globo de hoje:



Que dossiê? Não há mais como brigar com os fatos, o "suposto dossiê" é a apuração do repórter Amaury Ribeiro Jr, que inclusive trabalhou no Globo. O jornal não sabia que Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de Serra e FHC, recebia e distribuía propinas dos contratos de privatização?

Impossível. Tomando apenas a revista Veja como exemplo, basta uma pesquisa simples no Google para constatarmos que de 1998 a 2002 imensas irregularidades e crimes do tucanato foram noticiadas. Por que o dinheiro nunca foi seguido? Por que pararam as reportagens? O que faltou? Repórteres? Como explicar se o próprio Amaury trabalhou para essa mídia?

Estas são as perguntas inevitáveis para o momento. Na hora que tentam confundir um fato com uma cortina de fumaça, fica clara a atitude de um criminoso que deseja alterar a cena do crime.

A mídia e o tucanato devem ao país e à Justiça uma explicação.
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Sapporo Beer

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RINHA DE TUCANOS

Parem as máquinas!

A poucos dias antes de Dilma e Serra, o Terrível, saírem do ar para dar espaço  a Kaká, Ronaldinho, Robinho e outros, A CORTIÇA revela dois vídeos bombásticos sobre as disputas eleitorais no Brasil.
SERRA vs XUXA: RINHA DE TUCANOS

Há muitos e muitos anos, ainda no século passado, a Globo ousava questionar Serra, o Terrível. Em setembro de 1999 (longe de eleições presidenciais), o bat-tucano (à época, Ministro da Saúde) falou mal da rainha dos baixinhos por ser mãe solteira. Esta respondeu às críticas no Jornal Nacional (edição de 10 de agosto de 1999).

De loira pra loira, o que será que a Ana Maria Braga e o Tucano-José falariam sobre isso hoje em dia em seu programa matinal débil mental? Veja o vídeo abaixo e rache o bico dos tucanos se engalfinhando.



ENTREATOS COM O VAMPIRO: HOMEM-MORCEGO ENQUADRA OS SUPER-AMIGOS

EX-CLU-SI-VO!  
A CORTIÇA  conseguiu com exclusividade gravações dos bastidores da campanha de Serra, o Terrível, para a presidência da República. No vídeo, o candidato vampiro cobra violentamente seus coleguinhas midiáticos para tentarem reverter seu declínio nas pesquisas de opinião. O João Moreira Salles que nos desculpe, mas entreatos de verdade é isso aqui!

Veja no vídeo abaixo a reunião de bastidores do império do mal e goze de tanto rir!


A CORTIÇA
Obejtividade e Imparcialidade.
Independência e Indecência.
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