Meu amigo José Antônio Pinho – professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e editor da excelente revista Organizações & Sociedade (http://www.revistaoes.ufba.br/) – é, como eu e milhões de outras pessoas, um amante do futebol. Sua revista publicará nas próximas semanas um número especial dedicado precisamente a esse esporte, visto como prática, negócio e desafio gerencial.
Acabei de receber um e-mail do Pinho com uma excelente coletânea de frases célebres do mundo do futebol. Agreguei algumas outras à sua lista e reproduzo tudo abaixo.
Como se sabe, muitas das frases consideradas “pérolas do futebol” são inventadas. Alguns dos personagens do universo futebolístico tornaram-se tão famosos e foram tão centralizadores das atenções que impulsionaram a construção de todo um imaginário a partir deles. Foi o caso, por exemplo, de Vicente Matheus (1908-1997), o “eterno” presidente do Corinthians, que mesmo depois de morto continuou a ser referência na área. Suas frases sem pé nem cabeça fizeram-no famoso, completando todo o folclore que se criou a partir de sua conduta irreverente, alegre, fora dos padrões do que se considerava “mundo educado”. Matheus morreu de câncer em 1997. Dez anos depois, quando o Corinthians caiu para a série B, sua viúva Marlene o homenageou: “Ainda bem que o Vicente não viu. Seria mais uma morte para ele”.
São atribuídas a ele algumas pérolas que jamais puderam ser comprovadas: “O Sócrates é invendável e imprestável”, “Depois da tempestade vem a ambulância”, “Agradeço à Antárctica pelas brahmas que nos mandou”, “Vou dar uma anestesia geral para os que estão com a mensalidade atrasada”, "Minha gestação foi a melhor que o Corinthians já teve."
Outro grande personagem foi Dario, o Dadá Maravilha, cuja irreverência concorria com a ingenuidade e a genialidade dentro e fora do campo. Consta que ele mesmo fixou seu slogan: “Com Dadá em campo, não tem placar em branco”. E que costumava se definir sem falsa modéstia: “Artilheiro são outros, eu não sou artilheiro, sou uma máquina de fazer gols”. Para ele, o gol seria “o orgasmo do futebol”. Também é atribuída a ele a conhecida “Tragam-me a problemática, que eu chego com a solucionática”.
Garrincha teria de ser igualmente lembrado, e com ele se iniciaria a composição de um verdadeiro elenco de ouro.
Independente de serem falsas ou verdadeiras, as frases são fantásticas. E revelam toda a dimensão cultural (portanto, política e social) do “esporte das multidões”, que tem mesmo, ao menos no Brasil, a cara do povo.
Ao reproduzir algumas delas abaixo, faço o convite para que outros amigos do futebol continuem a completar a lista.
De Vicente Matheus
"Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático".
"O difícil, como vocês sabem, não é fácil".
"Se entra na chuva é pra se queimar”.
"Tive uma infantilidade muito difícil."
"Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão”.
"Peço aos corinthianos que compareçam às urnas para naufragar nossa chapa".
De Dario, o Dadá Maravilha
“Só existem três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá”.
"Eu me preocupo tanto em fazer gols, que não tive tempo de aprender a jogar futebol".
“Não existe gol feio, feio é não marcar gols”.
“A área é o habitat natural do goleador, nela ele está protegido pela constituição, se for derrubado é pênalti”.
“Num time de futebol existem nove posições e duas profissões: o goleiro e o centroavante”.
“Bola, flor e mulher, só com carinho”.
De outros
"Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe". (Jardel, ex-atacante de Vasco e Grêmio).
"Clássico é clássico e vice-versa". (Jardel).
"Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola". (Bradock, amigo de Romário).
"No México que é bom. Lá, a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias". (Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos).
"O clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correta: deu um passo à frente". (João Pinto, jogador do Benfica de Portugal).
"Eu disconcordo do que você disse". (Vladimir, ex-lateral do Corinthians, numa entrevista à Rádio Record).
"Na Bahia é todo mundo simpático. É um povo muito hospitalar". (Zanata, ex-lateral do Fluminense).
“Estou de regime, e o doutor me proibiu de comer bicarbonato”. (Fabio Baiano, ex-zagueiro de Flamengo, Palmeiras e São Paulo).
“Para fugir do becão, fiz que fui, não fui, e acabei fondo..”. (Nunes, antigo centro-avante do Flamengo).
”A partir de agora, meu coração só tem uma cor: rubro-negra”. (Do zagueiro central Fabão, ao ser contratado pelo Flamengo).
"Não tem outra, temos que jogar com essa mesma". (Reinaldo, centro-avante do Atlético-MG, ao responder ao repórter que queria saber se ele ia jogar com aquela chuva).