Marcelo Itagiba entende tudo de picadeiro. Faz acrobacias, até mágicas. Conseguiu ficar ileso depois de ser secretário de segurança no Rio, tendo como subordinado imediato Álvaro Lins, preso por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e contrabando. Não deveria estar solto, é o que diz o sindicato dos delegados de polícia do Rio, Itagiba sabia de tudo. O próprio Lins já tinha dado a pista. Em 2006, na campanha eleitoral do PMDB no Rio, assim foi saudado pelo futuro deputado: “Bom dia meu amigo Marcelo Itagiba, nosso chefe”.
Hoje é dia de espetáculo na CPI do Dantas, o chefe do chefe. Itagiba já ameaçou o delegado Protógenes com indiciamento, caso não fale a verdade. Já ameaçou o ex-diretor da Abin, Paulo Lacerda, caso não compareça na quinta-feira para um terceiro depoimento e após ter enviado um documento de 90 páginas com tudo o que sabe sobre a Operação Satiagraha. Um homem disciplinador, e obediente a quem de direito. José Serra talvez possa dar seu testemunho, deve muito ao ex-delegado, especialista em grampos e espionagem no geral.
O homem certo no lugar exato. Itagiba já despachou antes um delegado que teimava em fazer seu trabalho. Aconteceu quando era superintendente da PF no Rio de Janeiro. Deuler da Rocha, o Protógenes da época, teimava em pegar Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de Serra e FHC, o homem que enchia a mala depois de cada privatização fechada. Há muitos agradecidos que até hoje beijam os pés do ex-delegado por tal feito.
Comprem a pipoca. Hoje é dia de luzes, piruetas, ilusionismo. Itagiba é um show.