Yeda e as pesquisas...


Blog do Kayser
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A universidade, entre promessa e realidade





Fausto Castilho, Rui Mesquita, Julio de Mesquita Filho e Jean-Paul Sartre

O que esperar da universidade no século XXI? Que contribuição poderá dar a este século que se anuncia sob a égide da ciência, da racionalidade técnica e de categóricas exigências educacionais?

Nascida como idéia nos primórdios da era moderna, vinda das entranhas da Idade Média, a universidade só ganhou corpo e conceito claro – como instituição de pesquisa e estudo, não só de ensino – no decorrer do século XIX, fase demarcada pelo celebérrimo Memorando de Guilherme de Humbold, que é de 1808-1809. Desde então, esteve sempre no centro das atenções e das controvérsias.

Disseminou-se pelo mundo, mas não de modo imediato e nem segundo um único modelo. No Brasil, por exemplo, chegou com atraso, como reflexo da condição colonial e dos vínculos culturais fortíssimos que o país mantinha com a Península Ibérica, região onde a prevalência da Igreja e da escolástica dificultou a recepção da cultura científica. A universidade moderna encontraria, por aqui, um “complexo de determinações de longo prazo” que decretariam sua “multissecular inexistência” – processo que só conheceria reversão nos anos 30 do século passado, com a criação da Universidade de São Paulo.

Este o principal eixo argumentativo de O Conceito de Universidade no Projeto da Unicamp (Unicamp, 2008, 207 págs.), belo livro de Fausto Castilho, emérito da Unicamp, ex-professor de filosofia na USP e na Unesp, ativo participante da formulação do plano geral da Unicamp e da organização de sua área de humanidades, entre 1967 e 1972. Estruturado como um diálogo conduzido pelo também filósofo Alexandre Guimarães de Soares, o livro é mais que uma análise das origens desta que forma, com a USP e a Unesp, o miolo do sistema universitário brasileiro. Trata-se sobretudo de uma erudita e instigante reflexão sobre os dilemas da universidade no Brasil, os obstáculos que se antepuseram à sua evolução, os líderes que lutaram por sua criação, entre os quais Fernando de Azevedo, Arthur Neiva, Júlio de Mesquita Filho e Darcy Ribeiro. Precisamente por isso, ajuda-nos a descortinar o estado atual e as possibilidades futuras da instituição.

Há nele um segundo eixo argumentativo: os projetos com que a idéia ganhou materialidade entre nós – a começar do da USP, mas também o da UnB e o da Unicamp – sempre contiveram rigor, desprendimento cívico e compromissos consistentes, mas acabaram por ser travados quando levados à prática. A dura realidade dos fatos conspiraria contra a idéia, e um permanente descompasso apareceria entre “o momento da concepção e o momento da implementação”. O argumento encontra apoio no famoso discurso que Júlio de Mesquita Filho proferiu na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em março de 1958, quando constatou a existência de “desvios metodológicos que alteraram fundamentalmente os objetivos que os fundadores tinham em vista”.

Põe-se assim um problema: teriam sido os projetos “excessivos” para as condições nacionais? Ou teria havido falta de clareza e de vontade política?

Para os pais fundadores e para Fausto Castilho, algumas cláusulas pétreas compõem o conceito de universidade moderna. Primeiro, ela deve ser “integral, isto é, situar-se no topo do sistema educacional, tendo como base todo o conjunto das escolas de nível inferior”. Também precisa ser uma “instituição de estudo que, antes do mais, faça pesquisa sobre a totalidade dos conhecimentos humanos e não se limite à qualificação profissional”. Além disso, deve constituir “um organismo centrado”, cujas partes componentes precisam estar dispostas “em torno da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, lugar de cultivo de todas as disciplinas básicas”. Seus docentes, por isso, devem ser também pesquisadores, cientistas, criadores de conhecimento, mais que professores ou difusores de saber.

Tal concepção foi recebida, ao longo do tempo, com entusiasmo mas também com ceticismo, como se faltasse confiança no país ou houvesse adesão a um enfoque imediatista, técnico e profissionalizante, que muitos achavam mais condizente com as necessidades do desenvolvimento. Ênfase em demasia será dada aos arremedos de universidade construídos durante o século XIX: as escolas superiores isoladas, profissionais, concentradas no ensino, que cobrarão um preço para ingressar na nova estrutura acadêmica. Antes de tudo, estas escolas não aceitarão nem a precedência, nem a função científica integradora da Faculdade de Filosofia. Serão assim mesmo incorporadas, numa espécie de concessão que terminaria por modelar a “concepção brasileira de ensino superior”, que permaneceria atrelada a uma visão não-universitária, ao menos em um primeiro momento.

Com o passar do tempo, as coisas se complicaram. E em vez de corrigidas, as falhas e concessões se aprofundaram, vis-à-vis as novas circunstâncias sociais do país. O ensinismo, o profissionismo e o isolacionismo – marcas de uma concepção de educação superior que prescinde da universidade – seriam turbinados pela “avassaladora privatização das escolas” e pela pressão social por ensino superior. O próprio aparelho educacional terminaria por ser “politicamente depredado”. É onde nos encontramos hoje.

Fausto Castilho sabe que muito se construiu ao longo do tempo. Sua postura recusa o ceticismo. Ele observa a história, esmiúça conceitos e busca deixar um registro pessoal de sua experiência na fundação da Unicamp. Oferece-nos um parâmetro para que se aborde a questão com os olhos para frente.

A idéia de “universidade ampla”, apoiada na reorganização dos três graus educacionais como um processo único, foi a maior promessa dos projetos de construção universitária no Brasil. Não é por acaso que o livro termina com sua celebração. Em que pesem os obstáculos, ela continua a ter “uma atualidade gritante”.

Mas idéias não se convertem em fatos materiais sem dor e sofrimento, assim como sem sujeitos que briguem por elas. Valem também pelo que prometem. Não seria acaso oportuno, pergunta-nos Fausto Castilho, retomar o exame do modelo educacional na perspectiva da “universidade ampla”? É uma pergunta contundente, e ao propô-la seu livro ganha uma luminosidade adicional. (Publicado em O Estado de S. Paulo/Cultura em 08/03/2009).

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PSDB, DEM na lama e o Globo mira... no Chávez

A chamada da primeira página do Globo de hoje, noticiando a ação da PF contra a construtora Camargo Corrêa, é um primor de desfaçatez. A operação que levou dez pessoas à prisão, envolvidas em lavagem de dinheiro e suspeita de desvio de recursos públicos para financiamento de campanhas políticas, com a citação no inquérito de várias legendas de partidos de oposição, é noticiada sem citar nenhum. Ao final, sobre a refinaria Abreu de Lima, que teria em sua obra movimentado verbas superfaturadas, aparece Hugo Cháves. Como? Por ter financiado parte da obra. Não há nada no inquérito sobre ele. Nem na reportagem dentro do jornal.

Como o jornalismo fica a cada dia mais técnico. E como esses blogs são maldosos, mal feitos, toscos, querendo competir com o exemplar jornalismo corporativo.
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Quem disse que a esquerda só se une na cadeia?

Não pode passar despercebida a decisão de vários partidos de esquerda, centrais sindicais e entidades populares na organização de atos de protesto no próximo dia 30, segunda, contra o pagamento da crise pelos trabalhadores. O movimento uniu partidos aliados ao governo, como PT e PCdoB, ao PSOL e PSTU, que fazem oposição. É momento histórico, raro, e deve ser comemorado, já que pode significar um ponto de virada nas lutas sindicais e populares futuras. Abaixo, o manifesto da convocação:

Trabalhadores e trabalhadoras não pagarão pela crise

O Brasil vai às ruas na próxima segunda-feira, 30 de março. Os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade estarão unidos contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.

A crise da especulação e dos monopólios estourou no centro do sistema capitalista, os Estados Unidos, e atinge as economias menos desenvolvidas. Lá fora - e também no Brasil -, estão sendo torrados trilhões de dólares para cobrir o rombo das multinacionais, em um poço sem fim, mas o desemprego continua se alastrando, podendo atingir mais 50 milhões de pessoas.

No Brasil, a ação nefasta e oportunista das multinacionais do setor automotivo e de empresas como a Vale do Rio Doce, CSN e Embraer, levaram à demissão de mais de 800 mil trabalhadores nos últimos cinco meses.

O povo não é o culpado pela crise. Ela é resultante de um sistema que entra em crise periodicamente e transformou o planeta em um imenso cassino financeiro, com regras ditadas pelo "deus mercado". Diante do fracasso desta lógica excludente, querem que a classe trabalhadora pague a fatura em forma de demissões, redução de salários e de direitos, injeção de recursos do BNDES nas empresas que estão demitindo e criminalização dos movimentos sociais. Basta!

A precarização, o arrocho salarial e o desemprego enfraquecem o mercado interno, deixando o país vulnerável e à mercê da crise, prejudicando fundamentalmente os mais pobres, nas favelas e periferias. É preciso cortar drasticamente os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários, acelerar a reforma agrária, ampliar as políticas públicas em habitação, saneamento, educação e saúde, e medidas concretas dos governos para impedir as demissões, garantir o emprego e a renda dos trabalhadores.

Manifestamos nosso apoio a todos os que sofreram demissões, em particular aos 4.270 funcionários da Embraer, ressaltando que estamos na luta pela readmissão.

O dia 30 também é simbólico, pois nesta data se lembra a defesa da terra Palestina, a solidariedade contra a política imperialista do Estado de Israel, pela soberania e auto-determinação dos povos.

Com este espírito de unidade e luta, vamos construir em todo o país grandes mobilizações. O dia 30 de março será o primeiro passo da jornada. Some-se conosco, participe!


NÃO ÀS DEMISSÕES!

REDUÇÃO DOS JUROS!

REDUÇÃO DA JORNADA SEM REDUÇÃO DE SALÁRIOS E DIREITOS!

REFORMA AGRÁRIA, JÁ!

POR SAÚDE, EDUCAÇÃO E MORADIA!

EM DEFESA DOS SERVIÇOS E SERVIDORES PÚBLICOS!

SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!

Organizadores:

ASSEMBLÉIA POPULAR, CEBRAPAZ, CGTB, CMB-FDIM, CMS, CONAM, CONLUTAS, CONLUTE, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, MARCHA MUNDIAL DE MULHERES, MST, MTL, MTST, NCST, OCLAE, UBES, UBM, UGT, UNE, UNEGRO/COMEN, VIA CAMPESINA


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Living La Vida Loca - 04

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