Um rabisco das férias

Hoje resolvi dar uma folga para a Yeda (por muito pouco tempo!) e postar um desenho que eu fiz durante minhas férias. Um guaipequinha, filhote de ovelheiro, dormindo atrás de uma árvore. Não costumo fazer muito este tipo de desenho, ao contrário de muitos colegas, até por que os meus raramente dão certo. Este foi um dos raros casos.

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Duas pátrias, dois poemas, as mesmas dores...

Portugal
(Alexandre O'Neill, 1965)

Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...


Hino Nacional
(Carlos Drummond de Andrade, 1934)

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás as florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos,
piscina, salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
no pobre coração já cheio de compromissos...
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?
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A Folha errou. Sugiro a correção

Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S. Paulo, no dia 8 de março último, reiterou o que seu jornal havia dito sobre os professores Comparato e Benevides. Disse ele: “Para se arvorar em tutores do comportamento democrático alheio, falta a esses democratas de fachada mostrar que repudiam, com o mesmo furor inquisitorial, os métodos das ditaduras de esquerda com as quais simpatizam."

Pois não é verdade. Cássio Schubsky, atento leitor do blog de Rodrigo Vianna, achou nos arquivos da Folha uma carta publicada do professor Fábio Comparato com críticas a falta de democracia em Cuba, o que desmente as afirmações. A constatação de que jornalistas e seu próprio diretor de redação não lêem o jornal que fazem é grave. Demonstra claramente que não acreditam em seu produto. É fundamental uma correção, entre tantas que o jornal é obrigado a fazer, motivo de nossa permanente diversão. Sugiro o texto:


Diferente do que foi publicado no dia 8, último, com o título “Folha avalia que errou, mas reitera críticas”, nosso diretor de redação errou ao dizer que o professor Fábio Comparato nunca criticou o regime cubano. Ele o fez, em carta publicada nesta Folha, em 1 de junho de 2004. Mas consultado, nosso diretor reitera o que disse sobre a professora Benevides. Ele acha, desconfia, imagina, que ela nunca tenha criticado uma ditadura de esquerda. Para evitar novo mico, colocamos uma equipe de estagiários para a tarefa de ler os arquivos do jornal e confirmar tal palpite, já que nossa equipe principal está envolvida na labuta em assuntos mais pertinentes ao país, como o de denegrir os movimentos sociais, o atual governo, para elegermos nosso grande patrono, José Serra.

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Giuseppe Vacca em São Paulo



Na próxima semana, o intelectual e pesquisador italiano Giuseppe Vacca estará em São Paulo para lançar seu livro Por um novo reformismo, publicado no Brasil pela Editora Contraponto em parceria com a Fundação Astrojildo Pereira. A tradução é de Luiz Sérgio Henriques, garantia de qualidade.

No dia 19 de março, quinta-feira, Vacca fará uma conferência na Câmara Municipal de São Paulo, às 19h. A Câmara fica no Palácio Anchieta, Viaduto Jacareí, nº 100, Centro.

No dia 20, 19h, Vacca falará sobre os intelectuais e a educação em Gramsci na Faculdade de Educação da Unicamp. Dia 21, na sede do PT em São Paulo (Rua Silveira Martins, 132, próximo ao metrô Sé), às 16h, o debate será sobre a atualidade política de Gramsci, em evento promovido pela Secretaria de Relações Internacionais do PT e pela Fundação Perseu Abramo.

É uma excelente oportunidade para se conhecer o posicionamento de um importante intelectual europeu diante da situação mundial e das perspectivas da esquerda no cenário contemporâneo. Como presidente da Fondazione Istituto Gramsci, ex-deputado pelo PCI e autor de dezenas de livros e artigos dedicados ao marxismo gramsciano e à política, Vacca expressa bem as tradições e o modo de ser da esquerda italiana, uma das mais ativas, sofisticadas e importantes do mundo.

Certamente tem muito o que nos dizer.

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Em boca calada não entra mosca!

Schmid & Watson cano longo cromado...foi duro de fotografar.

O discurso da desgovernadora enaltecendo a sanidade financeira da CORSAN soa como um déjà vu: no governo Brito, no período anterior das privatizações.

O “canto da sereia” desta semana foi o anúncio de que a CORSAN (Companhia Riograndense de Saneamento) está superavitária. Ao final da tarde, Marcelo Vargas (empresário)e Lucimara de Fátima Celes invadiram o gabinete de Mário Freitas, diretor da CORSAN, para cobrar uma dívida. Por mais que a turma do Piratini reme, não consegue sair das páginas policiais.

Em se tratando de técnicas de cobrança Marcelo Vargas inaugurou um interessante método de se cobrar dívidas públicas, a “cobrança armada”.

As faculdades de administração deveriam modernizar seus cursos introduzindo este novo e moderno método de cobrança: Cobrança de dívidas Públicas I – a cobrança armada. Alertamos, entretanto, que os profissionais que irão atuar exclusivamente no RS, deverão cursar uma cadeira adicional em nível de extensão: A Bruxaria como ferramenta adicional! Sabem como é, em se tratando de um governo de bruxos e bruxas, nunca é demais prevenir!

Já pensaram se a moda pega e as “tricoteiras” resolverem cobrar os precatórios do Governo do Estado, com armas em punho?
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