O que a "imprensa livre" brasileira não mostra: o caso Jorge Troccoli.

Nas últimas semanas, o caso Cesare Battisti vem ocupando um grande espaço nos principais "veículos de comunicação" do país e a cobertura dada ao mesmo - para variar - tem sido extremamente tendenciosa. De modo geral, a grande imprensa brasileira tem feito coro às alegações do governo italiano de que o Brasil está concedendo o status de refugiado político a um "terrorista", condenado por quatro homicídios, em seu país natal. No entanto, esta mesma imprensa - que se diz neutra, livre e isenta - esquece deliberadamente um episódio ocorrido no ano passado na "democrática" Itália e que merece ser lembrado, no momento em que acontece este contencioso entre o Brasil e o governo do Sr. Berlusconi: o caso do militar uruguaio Jorge Troccolli. Capitão da marinha uruguaia, Troccoli teve uma atuação bastante ativa na tristemente famosa “Operação Condor” (que contou com a participação das ditaduras militares do Uruguai e de outros países sul-americanos), tendo sido responsável pela tortura e morte de mais de uma centena de opositores desses regimes, entre 1975 e 1983. Em 2002, o governo do Sr. Silvio Berlusconi – em sua segunda passagem pela chefia do gabinete de ministros da Itália - concedeu cidadania italiana ao Capitão Troccoli, mesmo sabendo das acusações de crime contra a humanidade que pesavam contra ele. Em setembro do ano passado, o ministro da justiça da Itália, Angelino Alfano, negou-se à extraditar Troccoli para o Uruguai, alegando que ele é cidadão italiano, tomando como base jurídica um tratado assinado entre os dois países em 1879. Portanto, o mesmo governo que nega-se a extraditar um notório torturador, utilizando dessas filigranas jurídicas, é o mesmo que se considera ofendido pela não-extradição de Battisti, que seguiu todas as normas da legislação brasileira, que por sua vez se baseia em uma série de convenções internacionais. A mídia golpista brasileira, interessada em atacar o governo Lula, opta por dar razão a um governo com notórias ligações com grupos neo-fascistas e com o crime organizado na Itália, como é o governo Berlusconi, ao invés de cobrir o caso Battisti com a isenção que seria necessária. E se é para dar opiniões pessoais e subjetivas - que é o que tem feito a maior parte dos principais articulistas da grande imprensa - eu prefiro concordar com a bela Carla Bruni, que apóia Battisti, do que com a deputada neo-fascista Alessandra Mussolini (neta do próprio), que faz parte da base de apoio de Berlusconi!!

Maiores informações sobre o caso Troccoli podem ser encontradas em um artigo publicado recentemente no jornal italiano "l'Unità". O link é:
http://www.unita.it/news/80861/troccoli_il_battisti_uruguayano
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A questão palestina

O verdadeiro alvo, de Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP, é um artigo esclarecedor a respeito do conflito envolvendo israelenses e palestinos. Entre outras coisas, o artigo trata de questões relacionadas à ocupação ilegal do território palestino pelo Exército Israelense, do fortalecimento do Hamas em resposta aos duros ataques de Israel contra o povo palestino, do direito de auto-defesa de Israel, da direita israelense, etc. O artigo também foi reproduzido no blog O Biscoito Fino e a Massa.

Afinal de contas, quem exatamente o governo de Israel quer atacar, quando avança sobre a Faixa de Gaza?

Não há hoje assunto ao mesmo tempo mais urgente e mais bloqueado do que o conflito palestino. Mais urgente, porque ele há muito deixou de ser um problema regional. Seus desdobramentos influenciam de maneira decisiva a relação entre os árabes e o que convencionamos chamar de Ocidente. Esta é uma peça maior, e não apenas da pauta da política externa mundial. Levando em conta que os árabes e os turcos compõem atualmente o conjunto mais expressivo de trabalhadores pobres em países europeus, além de parcela significativa da classe média de países sul-americanos, não é difícil compreender como a "questão árabe" tornou-se ou pode se tornar, em muitos países, um assunto de política interna.

No entanto, a urgência do assunto só não é maior que o seu bloqueio. De fato, encontramos todos os dias artigos e mais artigos sobre o problema. Mas a grande maioria está bloqueada pela profusão infindável de preconceitos toscos, assim como amálgamas intelectualmente desonestos e apressados, produzidos por ambos os lados. Isto, quando não se entra no mais raso psicologismo.
Assim, os palestinos são muitas vezes apresentados como crianças que não sabem escolher (já que votaram no Hamas nas eleições legislativas de 2006 "contra seus próprios interesses"). Os israelenses, por sua vez, seriam arrogantes e egoístas. Não se vai muito longe com análises deste calibre. Muito menos com as que não cansam de repetir o mantra do "terrorismo islâmico" ou do "Estado assassino".

Na verdade, não precisamos de julgamentos sumários nem pregações morais, mas de análises que demonstrem onde falham certos discursos oficiais hegemônicos, que tentam definir a interpretação do conflito onde a argumentação precisa parar, a fim de que procedimentos de estigmatização possam começar. Talvez isto nos ajude a compreender como, em pouco mais de dez anos, conseguimos passar de uma situação de paz à vista a uma sucessão de ações militares cada vez mais chocantes.

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Longe do paraíso


Ontem, acompanhei tenso as imagens do conflito entre moradores da favela Paraisópolis com a polícia, mostradas pela Globonews. Não havia até então muitas informações, o cinegrafista do helicóptero filmava e o repórter narrador repetia inúmeras vezes as mesmas frases, sempre com a palavra “baderneiros”. Eram muitos os que jogavam pedras contra a polícia e recuavam, deixando no caminho carros e caçambas de lixo incendiados, impedindo o avanço da PM. Hoje, os jornais relatam que o motivo foi o assassinato de um morador, e a reação foi planejada, provavelmente por ordem dos traficantes da favela. Deram ouvidos ao secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, que no local disse que em horas iria prender os bandidos. As imagens me lembraram conflitos em Gaza e na Cisjordânia, com jovens atirando pedras contra soldados israelenses e seus tanques.

A foto acima me veio à cabeça, de Tuca Vieira, fotógrafo premiado da Folha de S.Paulo, publicada em livro e que já correu o mundo. Nela, a prova de que há imagens que efetivamente valem mais que mil palavras. Um muro separa duas cidades, bem distintas e opostas. De um lado, o bairro do Morumbi, com um dos mais altos IDHs do país e do mundo. No outro, uma comunidade que teve origem na migração nordestina, com sua falta de saneamento, educação pública e apenas um campo de futebol para seus jovens.

No ano passado, uma simples obra municipal demonstrou o que separa estes dois mundos. A reurbanização de uma escada que liga a favela a um trecho do Morumbi foi motivo de protestos da classe média, mesmo que por lá pudessem melhor trafegar suas domésticas na volta para casa. Quase foi pedido um posto de fronteira. Os moradores de belos imóveis fecharam a pendenga aceitando um reforço policial e inúmeras câmeras de segurança para vigiarem a descida dos palestinos, quer dizer, dos moradores da favela.

Impossível não lembrar do racismo de parte da nossa classe média, recentemente exposto publicamente por Cora Rónai, que em texto sionista comparou o pesado fardo que é conviver cercada de favelas com o que vive Israel, cercado pela falta de civilização de seus vizinhos.

E de imaginação em imaginação, vejo uma senhora ali, naquela varanda à direita, com bela vista para Paraisópolis, entre a leitura da revista Caras e o catálogo da Daslu, tecendo considerações políticas. Reclamando seus direitos, desejando mandar para longe os filhos dos nordestinos, afirmando que afinal é ela que paga impostos...

Paga??? A Daslu não paga os seus. E seu marido, provavelmente sócio do Jockey Clube, deve estar ciente que o clube nunca pagou IPTU, e deve hoje ao erário público quase R$ 200 milhões, depois de já ter dívidas antigas esquecidas por governos simpáticos às elites que lá freqüentam.

É, senhor secretário Ronaldo Marzagão, infelizmente tamanho problema não pode ser resolvido apenas por caricata empáfia. Sua fábrica de enxugar gelo terá que trabalhar em dupla jornada.
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Xenofobia, mas sem atrapalhar os negócios

Comentei sobre a declaração insultuosa do deputado italiano Ettore Pirovano, de que o Brasil não é conhecido por seus juristas, e sim pelas suas dançarinas, e até agora não li na mídia nenhuma notícia de manifestação de incômodo por parte de nossos representantes demo-tucanos e assemelhados. Demonstram no silêncio a concordância com o xenófobo deputado, que defende na Itália leis severas contra imigrantes, inclusive a proibição de casamentos. Pensamento bem conhecido por aquelas terras, de gente que gostava de camisas pretas.

Mas há o alento de palavras como a do atento Laerte Braga, que lembra que imigrantes, embora não desejados, são mercadoria valorizada nos negócios escusos da máfia italiana, muito próxima do deputado fascista. Vale a leitura:

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COM QUEM gilmar mendes ANDA – O CASO CESARE BATTISTI


Laerte Braga


Mulheres brasileiras são compradas por quadrilhas italianas por cinco mil euros (cerca de quinze mil reais) e o “ato sexual comercial” é vendido a quarenta euros (algo em torno de cento e vinte reais). O esquema é sofisticado, envolve o crime organizado e o crime legalizado na itália. Por crime legalizado entenda-se empresas, políticos, bancos, etc.

A informação está no livro “SEX TRAFFICKING – INSIDE THE BUSINESS OF MODERN SLAVERY” – TRÁFICO SEXUAL – POR DENTRO DO NEGÓCIO DA ESCRAVIDÃO MODERNA - editado pelo serviço de informação da Universidade de Colúmbia. O autor é Siddharth Kara e referências podem ser encontradas no site http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19737.

A folha de são paulo, porta oficial do tucanato brasileiro e do grupo FIESP/DASLU, publicou matéria sobre o assunto na edição de hoje, primeiro de fevereiro de 2009. A “escrava brasileira” é a mais “valorizada no mercado, à frente das “escravas” dos países do leste europeu, mercado que abastece a Europa, principalmente a itália, desde o fim da União Soviética.

A “escrava” russa custa três mil e quinhentos euros e o preço da “relação sexual” é de trinta euros. As romenas valem menos. Dois mil euros para compra e vinte euros por programa.

O esquema é sofisticado, tem pontas nesses países (itália, Brasil, Rússia e Romênia), envolve agências de turismo, quadrilhas especializadas e um dos suspeitos de ligação com o crime organizado é o deputado ettore pirovano, do partido de extrema-direita liga norte. pirovano é o autor da frase “o Brasil não é propriamente conhecido por seus juristas, mas por suas dançarinas”.

O deputado pirovano sabe do que está falando. É um político corrupto, ligado ao crime organizado e envolvido em atividades capazes de corar algo como um frade de pedra. Quando citou os juristas brasileiros deveria estar pensando em gilmar mendes, ministro presidente do stf dantas incorporation ltd. E quando citou as dançarinas, pensava nas “escravas” exportadas para o seu país por quadrilhas que, entre outras coisas, financiam suas campanhas eleitorais.

E nessa história toda, nessa farsa sem tamanho, se tenta imputar a Cesare Battisti crimes e condenação à revelia de qualquer princípio legal.

Transformam o Brasil num abrigo de “criminosos” e “terroristas”, no jargão típico de bandidos transferindo culpas e responsabilidades para o nosso País.

As “escravas” são iludidas com promessas de emprego, casamento, recebem um adiantamento que mais à frente é cobrado em “serviços” e no caso das brasileiras são treinadas no mercado interno para tornar mais fácil e mais dócil o comportamento na itália e diminuir o risco de fuga.

Na escravidão geral, segundo o livro, o Brasil é um dos países mais lucrativos para o crime tanto o organizado como o legalizado (ao qual pertence o deputado pirovano). Os escravos que trabalham em carvoarias são a “terceira categoria mais lucrativa do mundo, só atrás dos que são explorados sexualmente e dos que são usados para o tráfico de órgãos”. Uma ministra de qualquer coisa na itália, para hostilizar o Brasil, recebeu Paulo Pavesi, cujo filho Paulinho morreu e foi vítima de quadrilhas de tráfico de órgãos e que agora pleiteia abrigo político na itália, vítima de ameaças dessas quadrilhas no Brasil. O lucro da escravidão nas carvoarias chega a sete mil e quinhentos dólares por ano e por escravo.

O governo Lula tem combatido esse tipo de crime e os exploradores, os “donos de escravos” são figuras “respeitáveis”, como o prefeito de Unaí, MG, envolvido no assassinato de fiscais do Ministério do Trabalho. Está em liberdade por decisão judicial. Por “coincidência” é tucano.

Não foi possível para o autor calcular o lucro das quadrilhas de tráfico de órgãos diante das “oscilações brutais do mercado”. Um rim pode valer um milhão de dólares pela manhã e dependendo do “comprador” e do grau de urgência da necessidade, dois milhões à tarde. As vítimas/doadores são assassinadas. Não recebem nada.

O governo fascista e corrupto de sílvio berlusconi está interferindo nos negócios internos do Brasil, agredindo a soberania nacional e conta com o presidente do stf dantas incorporation ltd, gilmar mendes. Especialista em porta dos fundos, fundos e que tais desde o momento que foi indicado para o stf, causando repúdio e reação no meio jurídico, no próprio judiciário e indignando pessoas de bem

Foi um dos principais agentes do governo corrupto de fhc, o presidente que o indicou como recompensa e ao mesmo tempo, com a tarefa de garantir a impunidade da quadrilha tucana. O próprio fhc, serra, aécio, etc.

O ato do ministro da Justiça Tarso Genro foi legal, calcado na melhor tradição diplomática do Brasil (que já abrigou refugiados de extrema-direita, casos de George Bidault e Marcelo Caetano – francês e português respetivamente –. Tarso fundou-se no direito, nos fatos reais e não na farsa montada por um governo fascista e liderado por um bufão corrupto que, entre outras coisas, fez votar uma lei que impede que seus crimes sejam investigados.

O stf tem a oportunidade tornar-se STF à revelia de um ministro desprovido de respeito pelo Judiciário, no caso gilmar mendes. E mais que isso, é preciso apurar cada denúncia de corrupção contra gilmar mendes para evitar os constantes constrangimentos que a suposta suprema corte sofre com o destrambelhamento deliberado do ministro presidente do stf dantas incorporation ltd.

Ah! Se levantada a folha corrida do embaixador da itália no Brasil vão encontrar pegadas no crime legalizado, parceiro do crime organizado.

O ato do ministro Tarso Genro diz respeito à dignidade do povo brasileiro, do Brasil, especificamente da mulher brasileira ofendida por um mafioso de quinta categoria o tal deputado pirovano. Nem todas as mulheres vão para o bbb. A imensa e esmagadora maioria trabalha e luta com bravura e caráter. Nem todas querem ser heroínas de pedro bial e da rede globo, emissora estrangeira que opera no País. E vende o País na esteira de um processo de alienação e colonização, destruindo os valores reais dos brasileiros.


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Entre Davos e Belém



O sociólogo francês Alain Touraine, 83 anos, diretor de pesquisas da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (Paris), é um dos grandes nomes das ciências sociais contemporâneas. Bastante conhecido no Brasil, tem vários de seus livros aqui publicados, como Crítica da modernidade, Poderemos Viver Juntos? e O novo paradigma. A América Latina e a história brasileira sempre estiveram no centro de suas preocupações, assim como os movimentos sociais. Touraine defende a prevalência da liberdade sobre os determinismos e postula a “ação social” como fulcro da sociologia, com o que tem se mantido atento a tudo que diga respeito aos distintos sujeitos sociais da modernidade atual.

No último dia 1 de fevereiro, Touraine concedeu extensa entrevista a Laura Greenhalgh e Ivan Marsiglia, do jornal O Estado de S. Paulo (Caderno Aliás), na qual foi convidado a falar sobre a crise mundial e os recentíssimos fóruns de Davos e Belém. Seu diagnóstico insiste na gravidade da crise, cujo eixo repousaria numa crescente separação entre economia e política: “após um período inicial de desenvolvimento, o sistema financeiro se descolou completamente do corpo da economia, para atuar num campo fora das possibilidades de ação social e coletiva, campo este onde ele poderia ser reequilibrado e corrigido”. Em decorrência, a desigualdade social aumentou generalizadamente e a regulação se tornou quase que impossível.

Em que pese sua convicção de que a “ação da sociedade” é a chave para a modelagem de qualquer sistema social, Touraine não acredita que ela tenha se estruturado de modo suficiente, a ponto, por exemplo, de moderar e disciplinar o mercado. Na sua opinião, é preciso investir em política: “não adianta apenas reforçar partidos e Parlamentos. Claro, eles são importantes e têm sua função no mundo da economia moderna, mas é vital reinventar instâncias de contestação e criar um movimento de opinião pública forte. Aí está a força da política”.

No segundo semestre de 2008, Touraine publicou um livro reunindo diversos “encontros por escrito” que manteve com Ségolène Royal, ex-candidata do Partido Socialista francês à Presidência. O título escolhido – Si la gauche veut des idées [Se a esquerda quer idéias] – é bem indicativo de suas preocupações atuais.

A íntegra da entrevista, bastante interessante, pode ser lida aqui.

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