Dirceu e Maluf: o pensamento das pedras


Vi na última segunda o CQC sobre as eleições. Achei engraçados alguns momentos, mas chamou a minha atenção a participação do José Dirceu. Nem tanto pelo trabalho do repórter, Dirceu estava de bom humor, mas pelas hostilidades contra ele na votação. Foi vaiado e chamado de ladrão. O mais contraditório: Paulo Maluf havia aparecido pouco antes. Com ele, ninguém ousou um xingamento. Ao contrário, foi tudo festa e brincadeira.

Interessante ponto para uma observação de nossa realidade, e das campanhas políticas da mídia. Dirceu foi cassado por quebra de decoro parlamentar. Depois, em março de 2006, indiciado no STF por vários crimes graves, mas até hoje sem julgamento. Já Maluf, coleciona mais de 150 processos, em sua maioria por corrupção. Preso em 2005, permaneceu na prisão por 40 dias. Foi solto pelo mesmo STF que acatou pedido de seus (vários) advogados, que alegavam que sua saúde seria frágil para permanecer preso. No dia seguinte apareceu nos jornais comendo pastéis e tomando chope em Campos do Jordão. Condenado, responde por seus vários crimes em liberdade, podendo se candidatar à prefeitura.
Clique para ver...

Dia 5/10 - em frente ao comite de campanha de Maria do Rosário!

Não está morto quem peleia!
Clique para ver...

Rumo ao segundo turno

Clique para ver...

III - Por que o Rio Grande do Sul é assim



A revolução burguesa no Rio Grande do Sul

Investigar sobre a existência de uma revolução burguesa no limite meridional do Brasil implica em verificar dois fatores preponderantes: 1) a ação de atores das grandes transformações que estejam por trás da desagregação do regime escravocrata-senhorial; 2) a formação de uma sociedade de classes.

Como afirma Florestan Fernandes, no Brasil “a Revolução Burguesa não constitui um episódio histórico”, foi um desdobramento longo de pequenas e continuadas “rupturas com o imobilismo da ordem tradicionalista e a gradual chegada da modernização como processo social”.

Entretanto, como já vimos antes, no Rio Grande do Sul aconteceu o episódio histórico, onde preponderou o “espírito revolucionário” de que falava Joaquim Nabuco. Mas para que fosse possível esse momento histórico, que aqui se desdobrou preferencialmente de 1891 (com a Constituição castilhista) a 1895 (com a paz de Pelotas), houve o processo de uma longa e complexa base psicocultural, política e evidentemente econômica, já que o Estado sulino apresentava singularidades em relação à tradicional produção da monocultura de exportação praticada no resto do País.

[Aqui um breve parêntese elucidativo, para quem não leu os dois post anteriores desta pequena série: estamos investigando os motivos que levam a burguesia guasca a renunciar a sua própria revolução social, onde foi francamente vitoriosa, para apegar-se ao passado farroupilha que, embora heróico, foi uma sucessão de fracassos. Por que as fanfarras do Tradicionalismo organizado – e ideologizado – não cantam a vitória modernizante de 1893, preferindo lembrar as derrotas sucessivas de 1835-1845?]

Aqui não tivemos um sistema abortado ou interrompido de plantation, como sugerem equivocadamente os estudos do sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Tivemos sim uma pluralidade de agentes econômicos (a pecuária exportadora, a charqueada, a pequena agricultura e a artesania das colônias de imigrantes não-ibéricos), ao contrário de São Paulo que foi vítima da monocultura extensiva de exportação, inibidora da divisão social do trabalho e do mercantilismo interno – bases necessárias de uma formação social dinâmica, burguesa, moderna e racional (Weber).

A guerra civil começa em 2 de fevereiro de 1893, quando o uruguaio Gumercindo Saraiva (gizado na foto) invade o Rio Grande com 400 rebeldes armados, em sinal de protesto pela reeleição de Julio de Castilhos à presidência do Estado, tendo sua posse ocorrido uma semana antes, em 25 de janeiro. Saraiva, um blanco uruguaio, representava mais do que os fazendeiros maragatos, representava sociologicamente uma reação armada do macro sistema baseado no latifúndio e na pecuária de exportação. Dava-se início ao embate sangrento entre o Rio Grande atávico e conservador e o Rio Grande modernizante e planificador. A guerra civil, também (mal) denominada de revolução Federalista, foi iniciativa cruenta, então, das forças oligárquicas reacionárias à Constituição estadual castilhista de 14 de julho de 1891. Os chimangos apenas reagiram fortemente à revolta armada maragata, e venceram.

A Constituição castilhista de 1891 foi um marco político da hegemonia republicano-chimanga no Estado. Representa uma ordem legal exemplar, que se poderia classificar com um tipo ideal weberiano – segundo os estudos de Luiz Roberto Targa.

Cristóvão Feil
Clique para ver...

JR, o impertinente, estava no inferno e por lá ficou.




Marquezan e o aperto de mão com o que é pior do que encosto: Yeda Crusius.
Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...