A Folha de cabelo na língua

Certamente foi um momento masoquista, li a coluna de Nelson Ascher na Folha da última segunda. Chamou minha atenção o destaque da chamada da capa. A Folha, como outros jornais, investe no pensamento de quem bem esbraveja contra qualquer sintoma de esquerda. É cargo em alta nas empresas de mídia, qualquer currículo está emplacando. O deste cidadão não o credencia como alguém a se levar em conta. Ao dedilhar uma primeira pesquisa, vejo que na Wikipedia ele “cursou um ano de medicina, para enfim seguir o curso de administração da Fundação Getúlio Vargas e posteriormente pós-graduação em semiótica na PUC-SP.”. Tudo bem, talvez ainda procure uma ciência. Mas, nos passos seguintes, e dito pela própria Folha, é hoje poeta. Tamanho arco acadêmico me faz pensar que um dia ainda estará no programa do Faustão, especialista em dança no gelo, mágica de salão ou biógrafo de Ariel Sharon. Sim, isto está claro em seus escritos até aqui registrados: é um notório sionista, de cabelo na língua. Todo seu pensamento é uma confusa mistura de lógica motivada por ódio ao islamismo e profundo anti-comunismo. O que fica claro em sua última coluna.

Para ele, Eric Hobsbawm é um exemplo de contradição da visão comunista, já que o historiador apoiou a invasão da Finlândia pela URSS, como a única possível diante da ameaça nazista. Diz:

“Só que, se era tão antinazista, por que continuou a apoiar os soviéticos entre 39-41, quando estes eram os mais importantes aliados da Alemanha? Por que não abandonou o partido para apoiar o país que estava combatendo o Terceiro Reich, isto é, o seu?

Não é possível haver dúvida histórica no papel da URSS na derrota do nazismo. E, para tal, o pacto germânico-soviético foi fundamental naquele ambiente da traíras. Era exatamente o pais de Chamberlain que tentava um acerto com Hitler para que este se jogasse rumo ao Cáucaso, e adiasse uma treta com o oeste. Basta uma olhada básica no mapa para entender que a fronteira da Finlândia ficava a 36km de Leningrado. Foram 21 meses para preparar o que seria o começo da derrota do nazismo.

Mas o articulista tem um nítido valor entre as partes envolvidas. Diz sobre o comunismo:

“... não houve no mundo sistema mais desprezado e odiado por suas vítimas, as pessoas comuns. Mesmo o nazismo foi mais popular...”

Mais adiante, sobre os discípulos de Eric Hobsbawm:

“... especialmente no Reino Unido, acreditam que em sua aliança com as lideranças e massas islamizadas está a chave para a revolução antiimperialista.”

Cumé? Onde? Há quem acredite em um Osama bin Laden como líder? Não creio. O povo muçulmano está tomando feio, e Israel tem um papel horroroso nesta história, que bem lembra as práticas do nazismo.

Mas a parte mais esclarecedora do “pensamento” do quadro da Folha vem a seguir:

Se o comunismo foi um dia a aspiração prometéica de transformar o mundo sobre os ossos de cadáveres, hoje em dia ele não passa de um reacionarismo desorientado e rancoroso, cioso de cada detrito de sua mitologia kitsch (como Che Guevara) e sempre acreditando que “quanto pior, melhor”.

Como assim? A revolução comunista fabricou cadáveres, as burguesas distribuíram flores?

"Isso é o que transparece em reações a um artigo que, a respeito do assalto que sofrera nos Jardins, o apresentador de TV Luciano Huck publicou, na semana passada, na seção “Tendências/Debates”.

"O tom das respostas negativas era o de que um brasileiro que não seja “excluído” não tem direito nem aos benefícios da cidadania, nem à proteção das leis nem sequer à solidariedade. Está proibido até de reclamar. Segundo aquelas, caso alguém pertença à “elite”, mesmo que pague impostos e não cometa crimes, tem é que morrer, salvo, talvez, se ingressar no PT."

Não, pare o carro que tenho que descer. Entendo que o cartel da mídia tenha necessidade de reproduzir o seu pensamento, mas deveriam melhor escolher seus artistas. Este é capaz de fazer até Gengis Khan ficar corado de vergonha.
Clique para ver...

Sobre os ódios e a ternura

A mídia das elites com seu poder monopolista consegue transformar pensamentos vulgares em audiência. Onde escreveria um Ali Kamel se existisse diversidade de pensamento na mídia? Que importância teria um Diogo Mainardi? Pensei isto agora ao ler mais um texto do Laerte Braga. Ele publica seus textos nas escondidas vielas da mídia alternativa. Ainda bem que com a internet elas sobrevivem. Foi dele o que mais me tocou sobre a lembrança do dia 9 de outubro de 1967, quando Che Guevara foi morto. Gostaria que aqui ficasse registrado:

“Quando publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor “

Laerte Braga

Ernesto Rafael Guevara de La Serna viveu e morreu com a dignidade que nem VEJA e nem o Civita, mafioso que preside o grupo que edita a revista, jamais tevera em qualquer momento. VEJA é venal, mentirosa e representa interesses de uma república dentro do Brasil, a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), uma espécie de país vizinho que fala a mesma língua.

VEJA é a imagem do CANSEI, movimento de escravocratas mineiros e paulistas, dondocas aflitas e desesperadas e da chamada classe “mérdia”. A que não é e nem consegue ser.

É como a GLOBO. A cabeça da GLOBO pode ser sintetizada no episódio envolvendo o diretor do prostíbulo em casa, o Big Brother. O dito cujo ao lado da socialite Narcisa Tamborindeguy, monumento das elites ao vazio, ao não ser nada, injetava éter (como será que conseguia?) em centenas de ovos e escondido da janela do apartamento de um dos boys ou girls da turma se deliciavam atirando-os nas “vagabundas” que passavam pela rua.

Um grupo de rapazes criados com todo o “esmero” global, todos os cuidados informativos de VEJA, a turma dos condomínios fechados, baixou num ponto de ônibus e a pretexto de justiçar uma “vagabunda”, agrediu uma trabalhadora. Roubaram-lhe sessenta reais e um celular para comprar drogas.

O pai de um deles disse que o filho não podia ficar detido junto com presos comuns, pois era estudante de direito. Não disse mais uma palavra depois que ficou provado que a prática era comum. “Vagabundas” eram justiçadas todos os dias pela droga dos filhos dos condomínios fechados.

VEJA é podre. Quando da queda do avião da TAM o robô que apresenta o JORNAL NACIONAL, o tal que disse que “nosso público é como Homer Simpson” (um sujeito simplório que exerce uma função de importância numa agência nuclear e se deixa iludir e enganar com a maior facilidade), sofreu uma crise de chip ao transmitir a notícia, na tentativa de mostrar que a falta de ranhuras em Congonhas tinha provocado o acidente, pois o AIRBUS teria aquaplanado.

Em dois dias a mentira estava desfeita e o moço ganhou férias de uns cinco dias para não desgastar a imagem de mentiroso das oito e pouco da noite de segunda a sábado.

No domingo, a capa de VEJA era a seguinte: “O PILOTO FOI O CULPADO”. Nenhum respeito por coisa alguma, ou quem quer que seja, no afã de servir aos que pagam e compram a revista para publicar o que querem. Imunda.

Duas semanas depois a “caixa preta” mostrou que o acidente foi provocado por falha numa das turbinas, falha no reverso, a manutenção era precária na TAM e o piloto e o co-piloto haviam tomado todas as atitudes necessárias e corretas à situação.

Nem uma palavra de desculpas. A TAM é uma das empresas que compram VEJA. É uma empresa que anuncia em VEJA.

Há centenas de relatos e biografias de Chê em todas as partes do mundo. O rosto de Chê virou lucro para o capitalismo de cada dia. Por que tentar transformá-lo em vilão agora, cinqüenta anos depois de sua morte?

Só o setor do governo do Texas que comprou a revista, a matéria, em VEJA várias publicações sórdidas em todo o mundo pode explicar.

Chê ultrapassa seu tempo. Torna-se exemplo para uma juventude que vê diariamente as mentiras globais e aprende a matar nos jogos de vídeo e computador.

A morte asséptica da tortura nas prisões do Iraque, no campo de concentração de Guantánamo, ou no documento recém divulgado pelos próprios jornais independentes do Texas (ex EUA) em que o líder terrorista da Organização Casa Branca autoriza o uso de “técnicas aprimoradas de interrogatórios”. Tapas no rosto, exposição contínua a baixas temperaturas e afogamentos simulados.

A presença cada vez maior de Guevara incomoda. Claro. Em quem o jovem vai buscar inspirar-se? Em Renan Calheiros? Em Fernando Henrique Cardoso? Em José Serra? Em Aécio Neves? Num presidente que sobrevive engolindo sapos e largando compromissos ao Deus dará como Lula? Em Boninho e seus ovos podres? Em Mônica Veloso que fez tudo para “garantir” o futuro do filho, “preservá-lo” e foi parar nas páginas da PLAYBOY?

Em Antônio Ermírio de Moraes, “paladino” do progresso que vê o Parlamento da Suécia aprovar uma lei determinando que Estado venda as ações da ARACRUZ por práticas criminosas contra pessoas e contra o ambiente?

Nos heróis e vilões da GLOBO?

O modelo está falido. Tentar reduzir Guevara a adjetivos que interessam aos “donos”, aos senhores feudais da Idade Média da Tecnologia é parte de um processo de diluição do ser humano, de seus valores, de transformação desse ser em objeto, em mercadoria.

Roberto Requião, ao término das apurações no Paraná, onde foi reeleito governador com frente mínima, desabafou: “a senhora Miriam Leitão é mentirosa e mentiu com dolo no caso do Porto de Paranaguá. O senhor Pedro Bial é mentiroso e escolheu um terminal privado para tentar mostrar que o governo do estado não cuidava do porto para atender a interesses de privatização e dos plantadores de soja transgênica”.

Ambos engoliram em seco porque são mentirosos. Não importam os fatos, importam as versões que atendam aos interesses dos que pagam (bancos, grandes corporações, governo do Texas, FIESP (uma espécie de delegacia texana por aqui, algo como a agência Pinkerton).

A presença de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa mostrando uma alternativa à verdade absoluta das franquias texanas ao resto do mundo incomoda. Palestinos lutando por liberdade e por sua terra incomodam. Iranianos buscando com um governo eleito pelo voto direto no único país árabe onde as mulheres votam incomodam.

Não é só VEJA que está procurando demolir a imagem de coragem de Guevara. São revistas e jornais da imprensa marrom no mundo inteiro, parte da sociedade de espetáculo, onde o show é formado de vários esquetes e o ser é tratado como um abjeto objeto sem o menor respeito.

O dia que a mídia for livre, isso mesmo, livre, e publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor.

Guevara vive porque foi o oposto dessa podridão que gera Calheiros aqui. Calheiros no Paquistão. Calheiros na Argentina. Esses caras não suportam imaginar que possa existir quem se lhes seja exatamente o contrário.

Quanto o grupo que edita VEJA perdeu ao não conseguir vencer as concorrências para a edição de livros didáticos para as escolas públicas do País inteiro? FHC saiu e as fraudes ficaram mais difíceis. Pelo menos isso.

Como foram as operações do grupo com estrangeiros em violento desrespeito à legislação brasileira e agora tentam a todo custo evitar uma CPI para apurá-las?

A lavagem de dinheiro no “negócio”.

VEJA não fala nada de graça e nem publica. É tudo uma questão de tabela.

E a GLOBO também.

A matéria sobre Guevara é mais que um achincalhe mentiroso. É parte do processo de desrespeito total e absoluto à verdade e ao ser humano, com objetivos claros de manter ativos os “negócios”.

Um detalhe. Se o dono da VEJA pisar em solo italiano vai preso por fraudes financeiras. Mafioso.

A frase do título é de Fernanda Tardin.
Clique para ver...

Esculacho no quintal dos outros é festim


Li na Folha o desabafo de Luciano Hulk após ser assaltado em São Paulo, quando roubaram seu relógio de R$ 48 mil. Disse ele revoltado: “Onde está a polícia? Onde está a elite da tropa? Chamem o capitão Nascimento!”. Pronto. As elites têm um herói. Mais, é um novo modelo. Confesso que nunca entendi o projeto de segurança pública dos representantes dos mais abastados. O Alckmin vivia dizendo que o negócio era simples, bastava fazer mais presídios, contratar mais policiais. Mas agora o discurso deve mudar. No caso do relógio roubado, basta um capitão Nascimento subir a favela, colocar no saco alguns moradores, torturar até conseguir informações, que logo alguém dedura o ladrão. Simples, e o Luciano ficaria contente com seu relógio de volta.

Fiquei matutando esta confessa barbárie. Impossível não associar à última capa da Veja, esta revista que pretende ser porta-voz desta elite, suas preocupações. Para ela, o importante neste momento é desmascarar a farsa da imagem de Che Guevara. Juntou alguns notórios inimigos de Fidel, um agente da CIA para que dissessem que Che foi um bárbaro, um assassino cruel, além de mal cheiroso. Surpresa se tal time comentasse outras coisas, como a atabalhoada invasão da Baía dos Porcos, ou a operação NorthWoods, imaginada pela CIA. Não. Tudo o que dizem é que o revolucionário Che Guevara era violento.

Quer dizer, para fazer uma revolução não podemos dar tiros, temos que tratar bem os inimigos. A violência só é justa quando precisamos ter de volta um relógio roubado.

Outra coisa: um leitor anônimo deste blog deixou registrada uma ótima contribuição para análise. Em 1997 a Veja fazia uma isenta reportagem sobre Che Guevara, de autoria de Dorrit Harazim, esposa de Elio Gaspari. Pergunto: mudou a Veja? Mudou Che? Há uma marcha à direita no pais? Gostaria de opiniões.

E mais outra: Antonio Gabriel Haddad é um especialista em Cuba. Desmonta a "reportagem" da Veja em cada letra. Leia no blog do André Lux, o Tudo em Cima.

Na imagem acima, pintura de John Trumbull, “A morte do general Warren na batalha de Bunker Hill”. Momento não muito glorioso para os revolucionários de George Washington. Mesmo assim, detonaram mil soldadinhos vermelhos (não, não eram comunistas). E que eu saiba, não entraram para a história como bárbaros e violentos.
Clique para ver...

Eu vaio minuto de silêncio

Eu odeio adsense. Odeio links patrocinados. Verdade que rio muito com o humor involuntário do google ads. E só.

Amigos blogueiros, me permitam fazer uma observação quase desagradável num mundo onde parece que todos só querem ganhar dinheiro.

Eu (e ninguém que conheço) nunca clico nos anúncios que poluem os blogs que eventualmente leio. Você quer ganhar dinheiro? Aplique na bolsa, prestenção no que conta nesse mundinho dos que querem ganhar dinheiro. O meu (que é pouco, admito) dinheirinho não cai nessa treta não.

E mais. Cuidado com os anúncios que vocês publicam nos seus sites. Daqui a pouco, caso dê certo, vocês se sentirão obrigados a falar bem deles. Olha, sei do que estou falando.

Vocês já leram jornais falando mal de anunciante?
Clique para ver...

quem ganha?

Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...