Mostrando postagens com marcador romance. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador romance. Mostrar todas as postagens

Há 162 anos, Flaubert começava a escrever Madame Bovary, o primeiro romance moderno

O próprio Gustave Flaubert anotou na primeira folha em branco que recebeu o texto de Madame Bovary: 19 de setembro de 1851, à noite.

Segundo Mario Vargas Llosa, num livro dedicado a Madame Bovary, Flaubert trabalhou quatro anos, sete meses e onze dias, praticamente sem interrupções, na construção do romance. Todos os dias em que ficou sem trabalhar, se somados, não chegariam a um décimo do tempo total.

Mais informações e a reprodução do original da primeira página manuscrita por Flaubert, você encontra na fan page de meu romance, Madame Flaubert, uma homenagem ao autor e seu romance.

O personagem principal, Antônio C., gostaria de escrever um romance revolucionário e preciso como o de Flaubert. Para isso, trouxe a heroína para os anos Collor.

Só que, enquanto Flaubert praticamente não ficava sem escrever seu romance, exatamente o oposto acontece com Antônio C., que bebe por dez dias e praticamente não escreve em nenhum.

Rotina que ele pretendeu modificar radicalmente. Será que conseguiu?

Clique aqui e vá até a fan page de Madame Flaubert. Aguardamos sua visita e sua curtida.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

Clique para ver...

Trechos do romance Madame Flaubert, de Antonio Mello

Aqui, Ema B. (a Ema Bovary de Antônio C.), num táxi por Botafogo e Copacabana, e com lembranças do primeiro beijo, que recebeu da amiga Marina (e que se tornou sua primeira namorada), à casa de quem se dirige agora, mais de 20 anos depois.


3.
O táxi segue pela noite do Rio. Logo que entrou, Ema disse ao motorista o destino, pediu que desligasse o rádio e fechasse os vidros para não desarrumar seus longos cabelos castanhos.
            O motorista olhou para ela e pensou, aborrecido: nem um “por favor”!... Sim, era o que ele esperava dela, um mínimo de educação: “o senhor pode fechar as janelas, por favor, desligar o rádio, por favor, e ir até a avenida Atlântica, por favor?”...
            Olha-a pelo espelho retrovisor e percebe que está aflita e distante. Repara nela por um tempo, até ter a certeza de que não olha um instante sequer para o taxímetro. Aperta, então, um dispositivo que faz o relógio disparar, aumentando o preço da viagem. Ela nada percebe. Ele sorri. Já não precisa do rádio ligado, nem das janelas abertas, muito menos do "por favor"... Sorri e acelera tranquilamente, vitorioso.
            Ema repara a rua. O motorista seguiu o Humaitá para pegar Copacabana pelo Túnel Velho. Estão na Pinheiro Guimarães, em direção ao Cemitério de São João Batista. Ema pensa que seu pai está enterrado ali. Sua mãe também. E também outros inúmeros parentes e amigos. Pessoas famosas, como Carmem Miranda. Pessoas anônimas.
            Ela pensa que lá nos fundos, em cima do morro, dizem, fica um cemitério de cachorros. Será? Sabe, apenas, que se sente nublada, quase que com um sentimento de luto. Não por ninguém especificamente. Nem pelo pai ou a mãe. Talvez por todos os que já morreram. Ou pelos que ainda morrerão. Muito provavelmente, por ela. E o sentimento de luto faz com que pense na sua morte. E o pensamento da morte, em Deus. Deus leva-a ao sinal da cruz. O sinal da cruz a uma oração. Pai Nosso. Mas mudaram o Pai Nosso. Como é mesmo, em lugar de "perdoai as nossas dívidas"?... Ela se perde na oração, enquanto o carro passa em frente ao cemitério.

4.
As meninas usavam um vestido estilo jardineira azul marinho, quase até os tornozelos. Camisas brancas de mangas compridas, fechadas até em cima, onde um laço de fita também azul marinho lembrava uma gravata borboleta. O colégio das madres era grande, com uma área imensa, no coração da Floresta da Tijuca. Jaqueiras, pés de jambo que enchiam o chão de flores cor-de-rosa.
            O pátio está vazio. É hora de aula, as salas lotadas. Professoras explicam álgebra, geografia, linguagem - como se dizia na época -, com direito a Leitura Silenciosa, e religião.
            Duas meninas, apenas as duas, passeiam pelo pátio apressadamente, como que fugindo de alguém, ou de todos. Uma, morena. A outra, loura. Dez, onze anos. Saem da área cimentada, ao encontro da floresta. Escondem-se atrás de uma árvore, o coração quase na boca, de emoção. Sentam-se. Seguram-se as mãos.
            - Você viu a novela ontem? - a morena.
            - Vi... A briga do Lucas com a Marlene...
            - Eu tô falando de outra coisa...
            A loura tem medo, porque adivinha. Mas um medo que não faz recuar, ao contrário, aumenta o desejo.
            - Do quê? - a loura.
            - Do beijo que ele deu...
            A loura estava certa. Sabia que era sobre o beijo que a morena queria falar.
            - Eu vi... Um beijo na boca - a loura.
            - Você já deu beijo na boca?
            A loura tem a certeza. Mais: medo. E também desejo.
            - Eu não!, diz, com pudor. E você?, pergunta à morena.
            - Eu já dei.
            - Mentira! Mentira sua! Deixa de ser mentirosa!
            - Dei sim!... Foi no Beto, meu primo. A gente brincou de pera, uva ou maçã.
            - Mentira!
            - Eu juro!... Quer ver como é que é?
            A loura sabia que esse momento aconteceria. Desde o instante em que chegou à escola, pela manhã, e a amiga propôs que fugissem na aula da irmã Robleda, velhinha, professora de linguagem. Desde então ela sabia de tudo. E aguardava.
            - Quer ou não quer? - a morena, que parece não ter medo de nada.
            - Quero, diz a loura, num fio de voz.
            Nervosamente, elas se aproximam. Olhos nos olhos, as mãos suadas, o coração mais que disparado. O tempo parece uma eternidade, os gestos lentos e estudados, como os de um ritual. A morena encosta o rosto no da loura, seus lábios nos dela, e coloca a língua lá, para espanto da loura, que arregala os olhos, mas cede, abrindo completamente seus lábios, e deixando o corpo relaxar e deslizar suavemente em direção àquele outro corpo à sua frente.
            - Ema! Marina! - a voz da Madre Silva, responsável pela disciplina, procurando pelas duas.
            O beijo se desfez, restou apenas o medo. E essa não foi a última vez em que as duas tiveram suas cenas roubadas.



5.
E agora é o motorista de táxi quem interrompe Ema.
            - Para que lado da Atlântica nós vamos, madame?
            Ela tem dificuldades em responder. É trabalhoso voltar de há mais de vinte anos. Mas responde.
            Logo, estão em frente ao prédio de Marina. Ema, ao olhar para o taxímetro, percebe que está adulterado. Outra pessoa brigaria. Ela não. Aprendeu de pequena a evitar escândalos, mesmo que para defender seus direitos. Uma mulher de classe não fala alto, não discute, apenas ordena ou se submete, e jamais se rebaixa. Um motorista de táxi, pensa ela, é um pobre diabo, não vai, jamais!, discutir com um. Paga. Deixa o troco, como forma de vingança, como quem diz "tem mais de onde esse veio". O motorista acelera, satisfeito, enquanto ela, a morena, anda em direção ao prédio de Marina, a cabeça altiva, os passos firmes, mas por dentro queimando, insegura, não por causa do motorista, mas por não saber "no que a loura estará pensando"... Há tempos não se vêem. Logo, estarão frente a frente: a menina morena e a menina loura. É com essa emoção que Ema se dirige à portaria do prédio de Marina; uma emoção que talvez seja a única que ainda a toque, mesmo que tão à distância.

Para mais informações sobre o romance, clique no banner abaixo.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

Clique para ver...

'Madame Flaubert é um romance excepcional' - Gustavo Bernardo sobre meu romance Madame Flaubert

Gustavo Bernardo é escritor e professor associado na UERJ, onde leciona Teoria da Literatura. Talvez seja o único escritor no Brasil a ser finalista do Jabuti em três categorias diferentes: literatura infantojuvenil (A Alma do Urso), romance (Lúcia) e Teoria Literária (A Dúvida de Flusser). Sobre meu romance Madame Flaubert, ele escreveu:

Madame Flaubert é um romance excepcional. 

Seu título, brincando com a afirmação de Flaubert, madame Bovary c’ est moi, indicia que ele se arrisca a fazer um romance dentro de um romance dentro de outro romance, como se fosse uma boneca russa que se naturalizasse brasileira.

Sugere, também, uma daquelas gravuras de M. C. Esher, em que as figuras que parecem sair de um quadro ou de uma folha de papel se encontram, por sua vez, em outro quadro ou folha de papel. Da mesma forma, os personagens desse livro escrevem novelas e livros e parecem interagir com os personagens que por sua vez inventam, matando-os e sendo mortos por eles, o que acaba sendo o enredo de um romance chamado... Madame Flaubert.

Tudo acontece no início dos anos 90, quando Collor foi eleito e depois deposto, e quando uma atriz, por acaso filha da autora da novela em que atuava, foi morta por um ator, por acaso seu par romântico na mesma novela. Glória Perez e Fernando Collor têm participações incidentais, mas importantes, no romance de Antônio Carlos de Mello. A história mostra personagens em crise procurando tanto o sucesso quanto o sentido, comumente confundindo um com o outro.

Lê-se como se fosse um romance genial e sofisticado e, ao mesmo tempo, lê-se como se fosse um romance policial e eletrizante. Ou seja: a chamada alta literatura mistura-se desavergonhadamente com a chamada baixa literatura, a literatura popular, de mercado, e o resultado é fascinante.

Antônio Carlos de Mello, que agora assina simplesmente Antonio Mello, publicitário, até hoje publicou pouco: A metáfora de Drácula (Rio de Janeiro: José Olympio, 1982), um fascinante livro de contos, e A fome e o medo (Rio de Janeiro: edição da InternAD, 1998), um panfleto no nível daqueles que Swift fazia. Ou não tem muita consideração pelos leitores, ávidos de literatura de fato instigante, ou estava se guardando para preparar essa obra-prima, chamada Madame Flaubert.

Aguardo leitura e comentários de vocês, e também uma ajuda na divulgação.

O livro já está à venda no site da editora Publisher, por apenas R$ 30 e com frete grátis para todo o Brasil. Clique aqui ou no banner abaixo para conhecer um pouco mais do livro e também efetuar seu pedido.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

Clique para ver...

Madame Flaubert, romance de Antonio Mello (do Blog do Mello), lançado pela PublisherBrasil (do Renato Rovai)

Aqui ao lado, você pode ver a reprodução da capa de meu terceiro livro publicado, o romance Madame Flaubert, editado pela Publisher. A seguir, o texto que fiz para as orelhas do livro:






Bem-vind@ a Madame Flaubert.

Desde criança, minha paixão sempre foi escrever. E não ter medo de chavões, caso eles sejam verdadeiros, como na frase anterior.
Tenho dificuldade de falar em público, de me concentrar (especialmente se houver música) e de me comportar segundo as etiquetas.
No entanto, até esses meus mais de 50 anos de vida, vivi assim, ironicamente (uma de minhas frases prediletas é “Deus é ironia”), de fazer o que mais tenho dificuldade.
Como publicitário e marqueteiro político, na maioria das vezes vendi sonhos que nunca foram meus.
Mas também descobri qualidades minhas que nunca viriam à tona se não fosse pela força da necessidade. Aqui, coloco o jinglista premiado e procurado que sou - embora não toque instrumento algum, assim como não consigo andar de bicicleta ou dirigir automóveis (mas sou excelente co-piloto... rsrs).
MADAME FLAUBERT é, seguindo esse estranhamento, um bildungsroman, um romance de iniciação, embora eu tenha publicado com relativo sucesso o livro de contos “A Metáfora de Drácula”, há mais de 30 anos, em 1982, pela antiga e prestigiada Livraria José Olympio Editora, o que muito me orgulha. E depois um maldito (no bom sentido) “A Fome e o Medo”, em 1999.
Este livro é também o primeiro de uma trilogia, que tem como personagem principal o estranho Antônio C. Nele, trabalho a construção do romance, e é possível, a um observador atento, subir degrau a degrau essa montagem.
O segundo, que devo concluir até o final do ano, vai se chamar “Maravilhoso Mundo das Mulheres”, e, nele, a trama tenta ser protagonista, embora a forma literária imponha seus gloriosos limites.
O terceiro ainda está por se construir, mas tem título e provocação literários: Vai se chamar “Afinal, o que elas querem?”, que chupei de uma famosa frase atribuída a Freud. Uma investigação sobre essas criaturas que tanto nos (ou, pelo menos, me) fascinam: as mulheres.
Tenho um blog que não trata de nada disso, mas de política, o Blog do Mello, que completou agora neste 2013 oito anos. E que também me dá muito prazer e me trouxe novos amigos.
O que espero que este romance também possa produzir, ao menos, como diria Antônio C., “pelo prazer de encaixar as palavras umas nas outras, esse roçar erótico de letras e sentenças”.

Aguardo leitura e comentários de vocês, e também uma ajuda na divulgação, como diz o cabeçalho do blog, remando contra a maré.

O livro já está à venda no site da editora Publisher, por apenas R$ 30 e com frete grátis para todo o Brasil. Clique aqui ou no banner abaixo para conhecer um pouco mais do livro e também efetuar seu pedido.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...