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A redistribuição de renda promove o bem-estar

«.... lei da diminuição da utilidade marginal. Segundo essa "lei", a utilidade marginal (a utilidade da última quantidade consumida) diminui com o consumo adicional. (Alfred Marshall ilustrava isso com o charmoso exemplo de uma criança comendo frutas.)
O enormemente influente livro Economia do bem-estar, de Arthur Cecil Pigou, publicado em 1920, derivou um argumento muito simples para, pelo menos, alguma distribuição de riqueza a partir dessas premissas "neoclássicas". Se a lei da diminuição da utilidade marginal fosse correta, então a utilidade marginal do dinheiro também deveria diminuir. E, mesmo se essas utilidades marginais variam consideravelmente de pessoa para pessoa, é ainda plausível que a utilidade marginal de, digamos, mil dólares para alguém que está a ponto de passar fome ou de tornar-se um mendigo morador de rua seja maior do que a utilidade marginal de mil dólares para, digamos, Bill Gates. Conclusão: a utilidade total (frequentemente identificada com "a felicidade total", pelos escritores utilitaristas) da população como um todo seria aumentada tomando mil dólares de Bill Gates em taxas e dando mil dólares para os destituídos; mais geralmente, tudo o mais permanecendo igual, a redistribuição de renda promove o bem-estar
O que segue acima é um trecho (pp. 77-78) de um livro do filósofo Hilary Putnam que deveria ser chamado - se fosse o caso de se inventar um título novo, como acreditou o editor da tradução - de Filosofia e economia

Trata-se de um livro sobre valores. Um dos assuntos principais é a teoria econômica de Amartya Sen.

Amartya Sen foi agraciado com o Prêmio Nobel em 1998. Trata-se de uma premiação merecida. Tal como a de Putnam agora mesmo, em 2011. Ele foi agraciado com o Prêmio Schock, o qual é o equivalente do Prêmio Nobel para a filosofia.

O que o trecho acima mostra é simples. Para quem tem 100 reais, 1 real é um mero aumento de 1% no seu patrimônio. Mas para quem tem 10 reais, trata-se de um aumento de 10%. Isso mostra claramente que um mesmo valor monetário tem valores diferentes em diferentes bolsos, sendo mais valioso no bolso que tem menos dinheiro. Sendo assim, a melhor coisa a se fazer para aumentar o bem-estar social é transferir, via impostos, o dinheiro que está nos bolsos de quem tem mais dinheiro para os bolsos de quem tem menos dinheiro.

É o que o Brasil vem fazendo. É o que explica nosso enorme sucesso no presente.
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Eleitores têm mais renda e escolaridade

A escolaridade avançou mais que a renda, as desigualdades diminuíram, a fatia de eleitores mais maduros, evangélicos e urbanos cresceu e a participação das mulheres aumentou. Estas são as principais mudanças registradas em dez anos no perfil do eleitorado brasileiro, que chegou a 133 milhões, o equivalente a 69% da população. Entre 2000 e 2010, os eleitores dos dois extremos da renda nacional tiveram uma evolução inversa. A faixa que ganha até um salário mínimo passou de 10% a 18% do eleitorado e a que tem renda acima de dez mínimos caiu de 19% para 9%. Hoje a maior fatia dos aptos a votar é formada por eleitores com pelo menos o ensino médio completo.

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Renda para os haitianos (Justiça às terças)

Muito se fala em ajuda internacional ao Haiti, apesar dos haitianos sofrerem durante dias sem poder vê-la, bebê-la ou comê-la. A pouco mais de um quilômetro do aeroporto de Porto Príncipe, velhos passaram fome, e sofreram com a falta de antibióticos. A ajuda internacional demorou a chegar às pessoas, e o que chega é pouco, apesar do aeroporto de Porto Príncipe não dar conta dos voos com material e pessoal de auxílio humanitário.

Também se fala em reconstruir o Haiti, e aqui é preciso um toque brasileiro, pois é preciso que a reconstrução do Haiti traga renda e prosperidade para a população.

É importante que a ajuda internacional ao Haiti não se limite ao curtíssimo prazo, e aproveite a mórbida oportunidade para dar aos haitianos o que eles precisam: renda.

Um terremoto deixa tudo destruído, o que quer dizer que tudo precisa ser reconstruído. Essa é uma oportunidade para remunerar os haitianos pelo trabalho de reconstrução, sem transformar a coisa toda em uma caminho para o lucro fácil dos especuladores do desastre.

Seria ótimo se houvesse dinheiro para remunerar as pessoas pelo trabalho na reconstrução, e que o FMI transformasse a dívida externa em bolsas para haitianos. Isso elevaria o moral, e ajudaria a resolver o grande problema dos haitianos, a miséria. Essa é a visão de Rubem César, presidente da Viva Rio que está no Haiti.

Rubem César também informa que por lá há um clima de organização, não de violência. Não que a violência não esteja presente no Haiti. É fácil matar por lá, como já diziam os veteranos brasileiros em 2006. Mas há motivos para intranquilidade entre a população haitiana, pois falta água e comida. A ONU demorou quatro dias para começar a distribuir alimentos por helicóptero, apesar do Haiti estar a duas horas de voo dos EUA. Eis uma boa explicação para a afobação do povo. Se duvida, fique quatro dias sem comer nem beber, e daí tentamos conversar, se você estiver calmo.

Por ora, o auxílio internacional prometido, ao menos, chega a R$ 202 per capita. Na verdade, o verdadeiro auxílio por lá é dos haitianos ajudando haitianos. O que se vê no Haiti é ajuda nacional, ao invés de ajuda internacional. Dizem Omar Ribeiro Thomaz e Otávio Calegari Jorge, direto de Porto Príncipe:
Entre quarta-feira [13 de janeiro] e sábado [16 de janeiro], caminhar pelas ruas do centro de Porto Príncipe e de Pétionville era observar o civismo dos haitianos que, muitas vezes, e como nós, sem entender claramente o que havia acontecido, procuravam cuidar dos feridos, resgatar aqueles que ainda estavam vivos sob os escombros, e dispor de seus mortos. O que vimos foi, de um lado, solidariedade, de outro a ausência quase que total e absoluta das forças da ONU e da ajuda internacional.
Para Thomaz e Jorge, os estrangeiros que estão atulhando o aeroporto local com itens de primeira necessidade que não chegam às pessoas simplesmente não entendem a população local, e por isso não usam os meios locais, os únicos em funcionamento até o momento.

Os EUA usaram a pouca capacidade do aeroporto de Porto Princípe para encher o Haiti de soldados, apesar de não haver guerra alguma. Esse mau uso do aeroporto atrasou a ajuda a vários haitianos.

Thomaz e Jorge também nos explicam porque falta alimentos no Haiti: sob pressão do FMI, o Haiti desregulamentou a produção de arroz nos anos 1980s, o que acabou com a produção local de alimentos, e fez o Haiti passar a comprar alimentos estadunidenses, os quais são produzidos com subsídios que não incomodaram o FMI.

A importação de alimentos fez com que os camponeses se aglomerassem em favelas na capital, e morressem nas suas casas precárias no terremoto do dia 12 de janeiro. De modo que os engravatados de Washington e seus capatazes locais têm sua parcela de responsabilidade pelo impacto humano do terremoto.

É preciso ajudar o Haiti. Sejamos marxistas, ora bolas: a cada um de acordo com as necessidades, de cada um de acordo com as capacidades. O resto do mundo pode financiar o Bolsa Família haitiano, e deveria pensar seriamente nisso.

Nada disso está na agenda de discussões, ao menos pelo que eu sei.

Com a capital do país em ruínas, novos tremores de terra (os quais se estenderão por meses), problemas de higiene e aumento dos preços, além da falta de perspectiva pura e simples, os EUA temem um êxodo em massa para outros países do Caribe, e organizaram prontamente um bloqueio naval, além de acomodações na prisão de Guantánamo para os haitianos que fogem do horror pelo mar. Os EUA planejam interceptar navios com emigrantes em alto mar, e repatriá-los para os escombros do Haiti. Isso talvez seja uma maneira de resolver o problema estadunidense com imigrantes, mas certamente não tem nada a ver com o auxílio devido aos haitianos.

Levando em conta o papel dos EUA (com Inglaterra e França) na desconstrução do Haiti, isso se torna duplamente reprovável. Em 1803, os escravos haitianos deram um pau nas tropas de Napoleão, em uma guerra sangrenta que matou 1/3 da população haitiana.

A vitória sobre a potência colonial não tornou os haitianos populares entre os brancos do mundo afora, que praticaram bloqueio econômico para punir a jovem e livre nação. Em 1915 os EUA invadiram o Haiti, e o governaram até 1934, após cobrar o que o país devia ao City Bank. A miséria atual do país é, em larga medida, consequência da ação estadunidense de usar marines pagos pelo contribuinte dos EUA como capangas de banqueiro, assim como a situação atual do Paraguai tem tudo a ver com o vergonhoso papel do Brasil e seus aliados no passado. Seria de se esperar que os EUA reparassem o Haiti pelo que fizeram no passado, valendo o mesmo para Brasil-Paraguai.

Vejam que o Haiti se libertou da Europa em 1803, bem antes do Brasil, em 1822. Na verdade, o Haiti inspirou o Brasil e a América Latina seja na luta pela independência, seja na luta contra a escravidão. Temos essa dívida com os haitianos. O Brasil e o mundo tem um crédito histórico com o Haiti, e seria desejável que os haitianos pudessem sacar esse crédito nesse momento.

Os haitianos entenderam a Revolução Francesa melhor do que os franceses. Em 1789, a França revolucionária verbaliza a Declaração dos Direitos Humanos: todos os homens são iguais. Que momento maravilhoso, não houve ser humano que não se alegrasse. Os haitianos também se alegraram. Mas, haitianos são seres humanos? Para os franceses não. Quando os habitantes da então colônia francesa de Saint-Domingue, hoje Haiti, pediram à metrópole para desfrutar dos seus direitos, receberam repressão.

Bill Clinton fala em reconstrução do Haiti, e se pensa em recuperar o setor industrial-exportador. No entanto, é claro que o Haiti não precisa ser um maquilador de produtos produzidos em outros países que não serão consumidos pelos haitianos. Isso é exploração, não ajuda, e dá no horror que se vê no México. Os haitianos precisam de bolsas (não empréstimos) que lhes deem poder de compra, fazendo a economia local se desenvolver, como estamos vendo no Brasil.
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Governo Lula: O país avança e melhora a vida de milhões de brasileiros

Vinte milhões de pessoas alcançaram renda familiar de R$ 1,1 mil, nos últimos dois anos, elevando a população nessa faixa de rendimento. Número de pobres caiu de 93 milhões para 73 milhões.

Os economistas adoram discutir os grandes números da economia, o PIB, o nível de emprego e de investimento, juros, dívida, o sobe e desce das bolsas. Mas a melhor tradução para o especial momento da economia brasileira pode muito bem vir de uma pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do banco francês BNP Paribas. Ela sugere que, em dois anos, 20 milhões de pessoas deixaram os estratos mais pobres e passaram para a classe média. Classe média brasileira, com renda familiar ao redor dos R$ 1,1 mil mensal, mas ainda assim um impulso que praticamente dobrou o rendimento disponível.

“Pode-se afirmar que o bem-estar da sociedade brasileira passa por uma pequena revolução”, diz o estudo encomendado pela Cetelem. Entre 2005 e 2007, a população aumentou de 184 milhões para 187,2 milhões. Mas o ritmo de crescimento da classe C foi bem maior, de 62,7 milhões para 86,2 milhões no mesmo período — passou de 34% para 46% dos brasileiros. Enquanto isso, a classe D/E encolheu de quase 93 milhões de pessoas para 73 milhões.

Mobilidade

“O outro lado da moeda é o decréscimo de também 12 pontos percentuais da proporção de pessoas que formam as classes D/E: era de 51%, em 2005, e atingiu 39%, em 2007. É importante ressaltar que o número de pessoas que passou de D/E para C teve um aumento de renda média mensal de R$ 580 para R$ 1,1 mil”, diz a pesquisa Observador 2008, que traça o perfil do consumidor e dos lares do país.“A migração entre as classes significa um aumento na qualidade de vida e a análise dos últimos anos mostra a consolidação de uma tendência. Em 2006, tínhamos medo de que o crescimento fosse apenas pontual, por conta das eleições, mas agora vimos que é contínuo”, avalia o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez.

Na prática, vários sinais indicam a emergência da classe média no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep), a classe C é o segmento que mais cresce e já representa 43% da renda disponível para consumo no país. “As pessoas estão migrando da classe D para a C e aí há uma demanda crescente”, disse, no final de fevereiro, o diretor-presidente da Natura, Alessandro Carlucci, ao justificar as mudanças na empresa para focar os segmentos de menor renda.A Positivo, líder do comércio de computadores no país, comemorou 1,38 milhão de máquinas vendidas no ano passado apontando para a classe C como responsável pelo boom no consumo. Ainda em 2007, 37% dos internautas brasileiros estavam nessa faixa de renda, mas devem chegar a 40% este ano e são os principais responsáveis pelo aumento de vendas na rede — relatório recente da consultoria E-bit mostrou que a maior parte dos 2,5 milhões de novos compradores pela internet são da classe C. E 70% dessa faixa de rendimentos já possui pelo menos um celular (eram 59% em 2006).

Consumidores mais exigentes

Renda e crédito em alta aguçam o desejo de consumo. A pesquisa Observador 2008, encomendada pela financeira Cetelem ao instituto Ipsos, sugere que a classe média quer adquirir produtos semelhantes àqueles listados pelos mais ricos.Para o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez, ao entrar na classe C o consumidor passa a ser mais exigente na hora de comprar produtos e serviços. “Vemos um aumento da exigência do consumidor em termos de produtos e serviços. Antes, a pessoa queria apenas uma TV. Hoje, ela quer uma TV de tela plana”, explica.

Segundo a pesquisa do ano passado, os maiores crescimentos na intenção de compra de bens foram para móveis, eletrodomésticos, lazer/viagem, TV, Hi-fi e vídeo, telefone celular e computador para casa। Foram sete de 12 itens analisados. Em 2007, desses seis itens, três mantiveram-se em trajetória de crescimento: passou de 19% para 24% a intenção de compra de telefone celular; computador para casa subiu de 17% para 20% no último ano; e decoração foi de 16% para 18%. A intenção de adquirir uma propriedade também continua em uma trajetória de alta, saindo de 10% para 11% e agora em 2007, 13%.

Mas se esse é o cenário geral, a pesquisa mostra que a intenção de compra da classe C cresceu por dois anos consecutivos de forma semelhante às classes A/B, com o desejo concentrado em eletrodomésticos, telefone celular, computador para casa, decoração e propriedades. “Destaca-se a intenção de consumo de propriedades, que saiu de 10% em 2005, pulou para 14% em 2006 e agora atinge o recorde de 16% com acesso ao crédito facilitado. Nunca a classe C quis adquirir tanto um imóvel como hoje”, diz o estudo.
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