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Como ser responsável?

Alguém chegou neste blog a partir da busca como ser responsável?

Resposta: faça algo com intenção. Se você faz x com a intenção de fazer x, então você é responsável por x. Se você é responsável, ou não, por todas ou ao menos algumas das consequências de x, depende do x.

PS - É ululantemente óbvio que o buscador em questão veio pro lugar errado, pois tudo o que posso fazer é apresentar o esqueminha acima. Sou o último dos últimos das pessoas capazes de ensinar alguém, no duro, a ser responsável.
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A autônoma subjetividade moderna

De certo modo, falar de um direito universal à vida não parece muita inovação. A mudança parece ser uma questão de forma. A maneira anterior de expressar o tema era que existe uma lei natural contra tirar vidas inocentes. Ambas as formulações parecem proibir as mesmas coisas. A diferença, porém, não está no que é proibido, mas no lugar do sujeito. A lei é aquilo a que devo obedecer. Ela pode me assegurar alguns benefícios, no caso a imunidade de que também minha vida deve ser respeitada; mas, fundamentalmente, estou sob a lei. Em contraste, um direito subjetivo é alguma coisa em relação à qual o possuidor pode e deve agir para colocá-la em vigor. Atribuir a alguém uma imunidade, antes dada pela lei natural, na forma de um direito natural é dar-lhe um papel no estabelecimento e aplicação dessa imunidade. Agora, sua participação é necessária e seus graus de liberdade são correspondentemente maiores. No limite extremo destes, pode-se até renunciar a um direito, derrotando assim a imunidade. Eis porque Locke, a fim de excluir essa possibilidade no caso de seus três direitos básicos, teve de introduzir a noção de “inalienabilidade”. Nada semelhante a isso era necessário na formulação da lei natural anterior, porque essa linguagem, por sua própria natureza, exclui o poder de renúncia.
– Charles Taylor, As fontes do self: a construção da identidade moderna, 2. ed., trad. A. U. Sobral e D. De A. Azevedo, São Paulo: Loyola, 2005 [1989], p. 25.
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Moralidade canina

Morality, as we define it in our book Wild Justice, is a suite of interrelated other-regarding behaviors that cultivate and regulate social interactions. These behaviors, including altruism, tolerance, forgiveness, reciprocity and fairness, are readily evident in the egalitarian way wolves and coyotes play with one another. Canids (animals in the dog family) follow a strict code of conduct when they play, which teaches pups the rules of social engagement that allow their societies to succeed. Play also builds trusting relationships among pack members, which enables divisions of labor, dominance hierarchies and cooperation in hunting, raising young, and defending food and territory. Because this social organization closely resembles that of early humans (as anthropologists and other experts believe it existed), studying canid play may offer a glimpse of the moral code that allowed our ancestral societies to grow and flourish.
Marc Bekoff e Jessica Pierce, autores do livro Wild Justice: The Moral Lives of Animals, na Scientific American
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A moralidade é algo separado da religiosidade

[...] a new paper by psychologists Ilkka Pyysiäinen of the University of Helsinki and Marc Hauser of Harvard University in Cambridge, Massachusetts [...] point out that individuals presented with unfamiliar moral dilemmas show no difference in their responses if they have a religious background or not. [...]

Thousands of people — varying widely in social background, age, education, religious affiliation and ethnicity — have taken the tests. Pyysiäinen and Hauser say the results (mainly still in the publication pipeline) indicate that "moral intuitions operate independently of religious background", although religion may influence responses in a few highly specific cases. [...]

The authors' paper may annoy both religious and atheistic zealots. By taking it as a given that religion is an evolved social behaviour rather than a matter of divine revelation, it tacitly adopts an atheistic framework. Yet at the same time it assumes that religiosity is a fundamental aspect of human psychology, thereby undermining those who see it as culturally imposed folly that can be erased with a cold shower of rationality. [...]

All the same, the tests show that neither culture nor religion matter very much: other factors — presumed to be inherited — dictate our judgements.
Philip Ball, na Nature News
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EUA e França precisam reembolsar o Haiti

A opinião é de Gary Younge, no jornal inglês The Guardian. Ele diz que França e EUA estão na base histórica da atual situação de vida deplorável dos haitianos:
O Haiti conquistou sua independência da França em 1804, através de uma rebelião de escravos - a primeira nação independente liderada por negros do mundo pós-colonial. Por essa ousadia eles pagariam por gerações. Napoleão disse a um de seus ministros na época: "A liberdade dos negros, se reconhecido em São Domingo [como o Haiti era então conhecido] e legalizada pela França iria ser sempre um ponto de encontro para os que buscam a liberdade no Novo Mundo". O presidente dos EUA Thomas Jefferson também se achou que o Haiti seria um mau exemplo.

Os EUA se recusaram a reconhecer o novo país por mais de meio século, e então passaram a ocupá-lo por 20 anos entre as guerras. Os franceses o sobrecarregaram com uma dívida punitiva do país empurrada por mais de um século.
Além disso, Younge compara a ajuda que se discute de maneira titubeante, de 1 bilhão de dólares, com o pronto auxílio de 85 bilhões de dólares a um único banco privado, o AIG. O secretário do tesouro dos EUA, Timothy Geithner, disse que esse auxílio do governo dos EUA a uma única empresa privada era "a escolha moral e justa para proteger o inocente".

Em suma, Younge está dizendo que EUA e França devem ajudar o Haiti porque são os responsáveis pelo estado deplorável do país. Essa é uma maneira leve de encontrar responsáveis. Uma maneira mais forte diria que esses países, e outros países desenvolvidos devem ajudar o Haiti e outras nações pobres simplesmente porque podem fazê-lo. Quem pode salvar uma vida com algum dinheiro, mas não o faz por preferir gastar em supérfluos ou conforto a mais, é responsável pela morte do pobre, tal como se desse um tiro na sua cabeça. Esse é o argumento do filósofo Peter Unger em um livro que precisa ser traduzido para o português, Living High and Letting Die: Our Illusion of Innocence [Vivendo Bem e Deixando Morrer: Nossa Ilusão de Inocência].
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