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QUANDO AS "MISSES" SE ENCONTRAM

Ana Amélia, Miss  Lagoa Vermelha 68:  aquecendo as turbinas para levar o latifúndio do RS ao Senado

Manuela, musa do Congresso: a esquerda que a direita adora

 Nada a estranhar, como se verá adiante. O encontro político da senadora Ana Amélia Lemos (PP), ex-miss Lagoa Vermelha, com deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB), ex(?)-musa do Congresso Nacional, visando o apoio da primeira à candidatura à Prefeitura de Porto Alegre da segunda, será mais uma grande efeméride no autoproclamado “Estado mais politizado do Brasil”.
   É o que se depreende da matéria veiculada na Zero Hora (RBS) do dia 16.04.12, na qual é informado que “em três agendas partidárias, ela [Ana Amélia] reforçou os argumentos em defesa da aliança com Manuela D’Ávila”.
   Segundo ainda o mesmo pasquim, que ganhou força no RS apoiando a “ditabranda”, Ana Amélia está tentando “derrubar as resistências do PP que torcem o nariz para a aliança com os comunistas, sobretudo os ruralistas.”
   Diz a senadora: “Eu fiz a lembrança de que coube a um comunista, Aldo Rabelo, a tarefa de articular  o Código Florestal. Se pudessem, agricultores de todo o Rio Grande fariam uma estátua para Aldo. Para isso serviu o PCdoB”, arremata, insuspeitamente, a representante da direita latifundiária gaúcha.
   E, dando uma extraordinária lição sobre a necessidade do fortalecimento dos partidos políticos, tão reclamada em prosa e verso: “ou o partido acompanha a sua preferência ou se prepara para uma situação em que o diretório fechará aliança com Fortunati [atual prefeito, do PDT e candidato à reeleição] e ela, de forma independente, apoiará Manuela. E, completa a senadora: - É claro que isso é possível.É uma democracia partidária muito positiva.” (uau!)
   Para inicio de conversa, Ana Amélia, que foi casada com o falecido senador biônico Octávio Cardoso (Arena), entende de democracia, afinal seu partido acabou com uma, a brasileira, em 1964.
   Mas, na verdade, não há motivos para espanto com esse apoio:  o que Ana Amélia deseja mesmo é amarrar o PCdoB gaúcho à sua candidatura ao governo do Estado em 2014, pois como sabido, Ana Amélia, com o apoio da RBS, empresa para a qual trabalhou por 33 anos, já é candidatíssima.
   Quanto ao PCdoB, que inclusive ofereceu a vaga de vice para o PP, também não causa espécie: trata-se de um partido que, de comunista, só tem o nome. Não nos esqueçamos de que, quando concorreu à prefeitura, em 2008, Manuela teve com vice nada menos do que o ex-deputado Berfran Rosado, do PPS, que foi secretário do governo Britto, o qual vendeu, de forma vergonhosa, o patrimônio do Estado, e que preparava a venda da Companhia Riograndense de Saneamento, então presidida por Berfran, só tendo sido parado pela eleição de Olívio Dutra. Aliás, Berfran também foi secretário do escandaloso governo de Yeda Crusius (PSDB). Precisa dizer mais?
   E, como bem lembrou Ana Amélia, o PP não precisa temer os comunistas de opereta do PCdoB: eles já deram uma mãozinha para o latifúndio no Código Florestal.
   Diante de tão comovente aliança, só nos resta sentar diante da passarela e assistir a esse desfile de horrores que (também) assola a política gaúcha.

Tudo para dar certo: a colegial deslumbrada e a tia do agronegócio.
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2012 APITA NA CURVA, E O PT DE PORTO ALEGRE NÃO PODE PERDER ESTE TREM!

Rumo à Estação Porto Alegre
   As lideranças petistas começam, felizmente, a se dar conta de que – sim, o PT pode e deve! – ter candidatura própria na eleição para a prefeitura de Porto Alegre.
     Após um período pensando que a única saída seria entregar a cabeça de chapa para algum aliado da esfera estadual (PCdoB, PSB e, pasmem, o PDT), os petistas começam a acordar para uma realidade que se impõe: o PT é a maior força política da Capital, já governou Porto Alegre por 16 anos, tem a maior bancada de vereadores, e ainda detém os governos estadual e federal. Além disso, como se abordará adiante, os aliados não estão com esta bola toda para que o PT se rebaixe a uma posição de mero coadjuvante em 2012.
     Na verdade, a tonteira inicial deveu-se ao imenso trabalho realizado para a recomposição da antiga Frente Popular, visando a reagregação – com sucesso – do PCdoB e do PSB ao bloco de esquerda para enfrentar a eleição estadual. Como sabido, estes partidos, queixosos sobre a forma como o PT os teria tratado ao longo do tempo, relegando-os a posições secundárias nas candidaturas majoritárias e nos governos, não vinham acompanhando o PT nas últimas eleições, levando este a um isolamento que gerou resultados eleitorais desfavoráveis nos últimos anos. E, de quebra, o ingresso do PDT no governo estadual, depois de disputar a vaga, através da candidatura Fogaça, com o próprio Tarso. Sinal dos tempos...
     Nesta esteira, desde a eleição de 2010 passou a vigorar um estranho quase-consenso de que o PT deveria abrir mão da cabeça de chapa em favor de algum dos aliados estaduais, havendo quem, inclusive, defendesse o apoio à reeleição de José Fortunati, o ex-petista que herdou a Prefeitura de Porto Alegre após a desastrada renúncia de José Fogaça para tomar uma surra de Tarso Genro ainda no primeiro turno da eleição estadual. A maluquice foi tamanha que já tinha gente (grande) do PT se escalando para cargos no Governo Fo-Fo (Fogaça-Fortunati), pois o apoiando este último, o PT receberia, como hors d’oeuvre, cargos já no atual governo, este coberto de escândalos.
     Mas parece que a razão começa a sua – às vezes lenta e acidentada – jornada rumo ao triunfo.
     Em primeiro lugar, começa a se diluir a convicção (absoluta, logo após a eleição de 2010) de que a deputada federal Manuela D’Ávila, do PCdoB, seria imbatível na eleição de 2012, mercê dos quase 500 mil votos obtidos na eleição do ano passado. Esta votação estupenda disseminou verdadeiro pânico entre os políticos com base em Porto Alegre, chegando-se ao extremo de considerar a eleição como já resolvida!
     Mas Manuela, que tinha feito uma votação espetacular na sua primeira candidatura à Câmara dos Deputados, em 2006 (mais de 270 mil votos), foi candidata à Prefeitura da Capital gaúcha em 2008 e, numa aliança esquisita, na qual teve como vice o ex-deputado Berfran Rosado, membro da tropa de choque das privatizações do execrado governo estadual de Antônio Britto (1995-1998), sequer foi para o segundo turno e ainda por cima não fez nenhuma cadeira na Câmara de Vereadores. Ademais, o PCdoB é praticamente inexistente em Porto Alegre, Manuela não tem atuação pública na Capital, não conhece os problemas da cidade e, quando foi vereadora, por apenas dois anos, entre 2005 e 2006, dava a impressão de que continuava no grêmio estudantil. Também na Câmara Federal não tem atuação de destaque. Assim, já não tão estreante na vida pública, pois detém mandatos desde 2005, Manuela ainda não superou a condição de apenas mais um rostinho lindo a figurar na propaganda eleitoral e na urna eletrônica. E isto dá voto em eleição proporcional, especialmente quando grande parte dos eleitores não se sente atraída pelas candidaturas decorrentes de um sistema partidário fracassado como o atualmente existente no Brasil. Prova disso são alguns colegas da Manuela que fizeram votações igualmente espetaculares...
     Quanto a Fortunati, então, a idéia de um apoio – desculpem – é digna de jerico. Herdeiro de um governo incompetente e carregado de denúncias de irregularidades, este se afunda a cada dia pela degradação dos serviços públicos e pelos escândalos que vicejam em seu entorno. Apenas para dar um exemplo, a CPI instalada na Câmara de Vereadores para investigar denúncias do desvio de milhões de reais do PROJOVEM, programa desenvolvido com recursos do Governo Federal destinado à formação de jovens para o mercado de trabalho, tem origem numa briga de foice no escuro travada entre dois vereadores do PDT que ocuparam sucessivamente a Secretaria da Juventude, criada por Fogaça especialmente para os trabalhistas. Apenas para se ter uma idéia do tamanho da coisa, os adjetivos utilizados pelo vereador Mauro Zacher e pela ex-vereadora e atual deputada estadual Juliana Brizola, neta do próprio, para se acusarem mutuamente, vão de “quadrilheiros” a “assassinos”!
     Fortunati também herdou os escândalos da saúde, objeto também de CPI municipal – esta temporariamente suspensa pela Justiça -; de irregularidades envolvendo obras do Programa Socioambiental  - PISA e, de quebra, viu seu governo se transformar em valhacouto dos derrotados na eleição de 2010 – recentemente teve que trazer para o seu secretariado o ex-deputado Luiz Fernando Zácha, do PMDB, ex-secretário do governo Yeda e antipetista ferrenho; a também ex-secretária do governo tucano, Ana Pellini, e Edmar Tutikian, espécie de tarefeiro dos governos Yeda e Fogaça para a privatização do cais do porto. E dizer que havia petistas defendendo a entrada do PT neste ajuntamento que alguns teimam em chamar de “governo”.
     Felizmente, começa se consolidar, com vigor, a tese de que o PT precisa ter candidatura própria na eleição de 2012 à prefeitura da Capital. E a lição dada pela eleição de Tarso Genro aponta para a necessidade do início do encaminhamento da questão com larga antecedência, de forma a eliminar disputas fratricidas como as já ocorridas anteriormente. Além disso, o PT porto-alegrense precisa urgentemente iniciar um debate sobre a precária situação dos serviços públicos da cidade e apresentar propostas para a sua recuperação. Ônibus lotados e atrasados, lixo pelas ruas, escassez de médicos em postos de saúde, a selvageria que começa a revestir as obras da Copa, com a ameaça de expulsão de populações pobres para as periferias, são alguns dos temas que devem constar de um plano de governo decente para Porto Alegre. E cancha para enfrentar estas questões, o PT tem de sobra.
     Mas o PT da Capital gaúcha precisa começar a se movimentar, pois embora o trem da eleição de 2012 ainda não tenha chegado à estação, seu apito começa a ser ouvido cada vez mais forte. Depois, não adianta correr atrás da máquina...
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Frente Popular retomada

Tarso Genro, Dep. Fed. Beto Albuquerque [PSB] e Dep. Fed. Manuela D'Ávila [PCdoB]

Nesta segunda-feira, dia 24 de maio de 2010, PCdoB e PSB oficializaram seu apoio à candidatura do ex-Ministro da Justiça Tarso Genro ao governo do estado do RS. Ao que parece, as direções nacionais foram decisivas para tal acordo no estado. Não nos esqueçamos que, em janeiro deste ano, a dupla de deputados acima participou de churrasco para lá de suspeito no litoral norte.

De qualquer maneira, prevaleceu o bom senso e a reativação da Frente Popular é uma ótima notícia para os que desejam modificar a política de terra arrasada, instalada no RS pelos Governos Britto [PMDB, hoje PPS], Rigotto [PMDB] e Crusius [PSDB], - todos apoiados pelo PRBS - com um pequeno intervalo de ar puro, durante o Governo Olívio Dutra [PT, 1999-2002].

Que os bons ares retornem ao riogrande em 2010!

Imagem: Caco Argemi para o Sul21
Atualizado às 2h. Nova atualização às 2h06min.
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