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Demita seus assessores, governador

Desde que Tião Viana chegou ao Palácio Rio Branco em 2011 sua relação com a imprensa tem sido conturbada. O governador passou a marcar pessoalmente jornalistas tidos como adversários e desafetos, e a intitulá-los como oposicionistas ou simpáticos ao PSDB. O petista não disfarçava seu descontentamento e o expunha para quem quisesse ver.

Vários foram os casos de jornalistas que levaram um puxão de orelhas dele em público. Fanático pelo Twitter, o governador usava o microblog para disparar contra os profissionais da comunicação, colocando em suas costas artigos do Código Penal. Para piorar a situação, o petista se acercou de assessores que só o distanciaram da imprensa.

A impressão que temos nas redações é que somos tidos como inimigos do governo, personas non gratas. Nunca antes tivemos nosso trabalho tão dificultado pelos assessores. Eu mesmo passei isso. Tentei ter um bom trânsito com o governo ao buscar informações. Mas do outro lado da linha sempre percebia a máxima indisposição em conversar comigo e passar informações em off que pedia.

Quando lia as colunas dos concorrentes, estava tudo lá. Já fiz dois pedidos de entrevista com o governador para o Agazeta.net, a primeira para um veículo online. Até hoje estou esperando a resposta. Ora, me restou passar um pouco de óleo de peroba na cara e ficar no meu canto.

Depois a petezada vem chorar e me intitular de jornalista da oposição. Ora, se encontro todas as portas aberta dentro da oposição, com fontes não me negando os dados pedidos, é lógico que sempre terei mais notícias relacionadas ao PSDB, PMDB, PP, PDT e outros.

Para complicar sua situação, Tião Viana tem dado tiros nos dois pés consecutivos e seus assessores são incapazes de prevenir tais atos, ou ao menos mitigar as conseqüências, expondo o chefe ao ridículo. A mais recente é esta Nota de Esclarecimento falando em espionagem por membros do PSDB. Santo Deus! Quantas bravatas!

De pessoas próximas do governador ouço se tratar de uma pessoa de bom coração e humana. Mas a imagem que seus assessores deixam passar é outra bem diferente. Tião Viana tem lutado para transformar seu governo no governo social, mas todas as suas ações não são absorvidas pela sociedade. O sentimento de rejeição ao PT ainda é alto.

Culpa de uma assessoria e marqueteiros ineficientes. O governador precisa urgentemente pensar como sua imagem está chegando ao cidadão e aos formadores de opinião. Demitir sua equipe de assessoria seria a primeira solução. Se aproximar dos jornalistas, quebrar barreiras e assegurar o diálogo é outro passo importante.

O petista precisa ter a concepção de que ao fazer uma crítica o profissional não é seu inimigo. É melhor o senhor ouvir os críticos do que os bajuladores que o cercam.

Ou Tião Viana faz isso urgentemente ou seu governo estará fadado ao fracasso.
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Os jornalistas tucanos

Marcos Coimbra, da Carta Capital

Quando, no futuro, for escrita a crônica das eleições de 2010, procurando entender o desfecho que hoje parece mais provável, um capítulo terá de ser dedicado ao papel que nelas tiveram os jornalistas tucanos.

Foram muitas as causas que concorreram para provocar o resultado destas eleições. Algumas são internas aos partidos oposicionistas, suas lideranças, seu estilo de fazer política. É bem possível que se saíssem melhor se tivessem se renovado, mudado de comportamento. Se tivessem permitido que novos quadros assumissem o lugar dos antigos.

Por motivos difíceis de entender, as oposições aceitaram que sua velha elite determinasse o caminho que seguiriam na sucessão de Lula. Ao fazê-lo, concordaram em continuar com a cara que tinham em 2002, mostrando-se ao País como algo que permanecera no mesmo lugar, enquanto tudo mudara. A sociedade era outra, a economia tinha ficado diferente, o mundo estava modificado. Lula e o PT haviam se transformado. Só o que se mantinha intocada era a oposição brasileira: as mesmas pessoas, o mesmo discurso, o mesmo ar perplexo de quem não entende por que não está no poder.

Em nenhum momento isso ficou tão claro quanto na opção de conceder a José Serra uma espécie de direito natural à candidatura presidencial (e todo o tempo do mundo para que confirmasse se a desejava). Depois, para que resolvesse quando começaria a fazer campanha. Não se discutiu o que era melhor para os partidos, seus militantes, as pessoas que concordam com eles na sociedade. Deram-lhe um cheque em branco e deixaram a decisão em suas mãos, tornando-a uma questão de foro íntimo: ser ou não ser (candidato)?

Mas, por mais que as oposições tivessem sido capazes de se renovar, por mais que houvessem conseguido se libertar de lideranças ultrapassadas, a principal causa do resultado que devemos ter é externa. Seu adversário se mostrou tão superior que lhes deu um passeio.

Olhando-a da perspectiva de hoje, a habilidade de Lula na montagem do quadro eleitoral de 2010 só pode ser admirada. Fez tudo certo de seu lado e conseguiu antecipar com competência o que seus oponentes fariam. Ele se parece com um personagem de histórias infantis: construiu uma armadilha e conduziu os ingênuos carneirinhos (que continuavam a se achar muito espertos) a cair nela.

Se tivesse feito, nos últimos anos, um governo apenas sofrível, sua destreza já seria suficiente para colocá-lo em vantagem. Com o respaldo de um governo quase unanimemente aprovado, com indicadores de performance muito superiores aos de seus antecessores, a chance de que fizesse sua sucessora sempre foi altíssima, ainda que as oposições viessem com o que tinham de melhor.

Entre os erros que elas cometeram e os acertos de Lula, muito se explica do que vamos ter em 3 de outubro. Mas há uma parte da explicação que merece destaque: o quanto os jornalistas tucanos contribuíram para que isso ocorresse.

Foram eles que mais estimularam a noção de que Serra era o verdadeiro nome das oposições para disputar com Dilma Rousseff. Não apenas os jornalistas profissionais, mas também os intelectuais que os jornais recrutam para dar mais “amplitude” às suas análises e cobertura.

Não há ninguém tão dependente da opinião do jornalista tucano quanto o político tucano. Parece que acorda de manhã ansioso para saber o que colunistas e comentaristas tucanos (ou que, simplesmente, não gostam de Lula e do governo) escreveram. Sabe-se lá o motivo, os tucanos da política acham que os tucanos da imprensa são ótimos analistas. São, provavelmente, os únicos que acham isso.

Enquanto os bons políticos tucanos (especialmente os mais jovens) viam com clareza o abismo se abrir à sua frente, essa turma empurrava as oposições ladeira abaixo. Do alto de sua incapacidade de entender o eleitor, ela supunha que Serra estava fadado à vitória.

Quem acompanhou a cobertura que a “grande imprensa” fez destas eleições viu, do fim de 2009 até agora, uma sucessão de análises erradas, hipóteses furadas, teses sem pé nem cabeça. Todas inventadas para justificar o “favoritismo” de Serra, que só existia no desejo de quem as elaborava.

Se não fossem tão ineptas, essas pessoas poderiam, talvez, ter impulsionado as oposições na direção de projetos menos equivocados. Se não fossem tão arrogantes, teriam, quem sabe, poupado seus amigos políticos do fracasso quase inevitável que os espera.

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi. Também é colunista do Correio Braziliense
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