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O mito do homem-de-bem (Textos clássicos do aNImOt)

Há um novo mito na praça. Lenda urbana e rural(ista) das boas. Segundo a nova lenda, há no Brasil uma espécie de gente perseguida e acossada, o autoproclamado "homem-de-bem". Autoproclamada "vítima".

O tal homem-de-bem acha errado pagar impostos. Ele deixa isso bem claro no adesivo que cola na sua enorme picape Cherokee.

Ele acha errado, também, ser multado por embriaguês no trânsito, ou por excesso de velocidade. Para ele isso é sanha arrecadatória do maldoso Estado.

Ele se sente ameaçado quando está sem arma, pois se vê como uma ilha do bem no meio de um oceano de mal. Conta apenas consigo mesmo, pois todos os outros são inimigos. Espera que as leis promulguem como estado de direito essa visão estarrecedora de um estado de natureza.

Trata-se de um mito. O tal "homem-de-bem" não é vítima. O tal "homem-de-bem" é apenas um sujeito que acha bom que haja limites para os outros, mas não para si mesmo. Trata-se de alguém que se considera diferente, superior. O "homem-de-bem" deseja a prerrogativa de transgredir legalmente, para poder continuar se autoproclamando "homem-de-bem".
* * *

Este texto foi publicado originalmente em 2005. Na mesma época, Marco Weissheimer resenhou Paulo Santana, esse "homem de bem" por excelência.
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