De acordo com uma pesquisa da BBC, a popularidade do Brasil é a que mais cresce no mundo.
A notícia é ótima, e deve nos fazer pensar nos desafios futuros para a continuação dessa tendência.
Cito dois desafios: nossa situação carcerária e nosso modo de conviver com estrangeiros.
Sobre a situação carcerária, é fácil ver que as prisões de Abu Ghraib e de Guantánamo são parquinhos de diversão perto dos nossos presídios. Isto é absolutamente inaceitável sob qualquer critério humano, e precisa ser modificado. Mas aí vem algo que, de alguma maneira, é pior: em geral, a população rica e pobre acha que o tratamento dado aos nossos presidiários é ameno. Ou seja, ao falar sobre um problema grave como este, você encontrará ignorância, e no mínimo resistência a mudanças para melhor.
É fácil ver, também, que o tratamento carcerário depende da roupa do freguês, pois quem veste roupa comprada em xópim não é largado junto com os outros nas salas de apodrecimento humano. É o tipo de desigualdade que destroi a propaganda positiva feita pelo programa Bolsa Família.
Isto é um sério desafio à imagem do Brasil no futuro, pois nosso país com mais destaque merecerá maior atenção, o que levará a reportagens e programas de TV sobre nossos presídios, o que destruirá nossa imagem lá fora, ao mesmo tempo em que talvez faça os ignorantes domésticos pedirem mais brutalidade, criando um círculo vicioso que nos mostraria no mundo inteiro como criaturas brutais.
O desafio é desautorizar os ignorantes, o que vai dar bastante trabalho. O problema é que eles têm bastante espaço em rádios AM, onde locutores patrocinados por supermercados e seguradoras alimentam ódios e preconceitos.Há tal espaço por várias causas, uma deles é a já citada ignorância. Essa causa se enfraquece através de um lento mas fundamental trabalho de educação, incluindo mais e melhores aulas do currículo de humanidades.
O outro problema é nossa dificuldade em lidar com qualquer um que tenha um sotaque um pouquinho só diferente do nosso. Os brasileiros costumam expressar abertamente seus preconceitos e suas queixas contra quem fala um pouquinho só diferente, e tratá-los como culpados de uma falta, ao invés de tratá-los como pessoas com passados diversos, os quais as levaram a falar como falam - como acontece com todo o mundo, inclusive com os tolos que discriminam seus outros que falam de maneira diversa.
Atualmente, esse é um problema doméstico, pois a maioria dos que sofrem são brasileiros mesmo, ao viajar pelo Brasil. Já me mandaram falar direito às margens do rio Ibicuizinho, o que não afeta diretamente nossa imagem no exterior. No entanto, o que acontecerá quando famílias e trabalhadores estrangeiros migrarem para o Brasil, em busca do Brazilian dream? Talvez recebam de anônimos o tratamento vergonhoso que alguns jornalistas e artistas de grandes TVs deram aos craques argentinos que vieram jogar no Corinthians. Isto é, talvez sejam motivo de ódio e de piada por serem as pessoas que têm o passado e a formação que tem. Mas isso deveria ser motivo de admiração, ao menos se queremos ser pessoas admiráveis e manter a expansão da nossa imagem positiva.
Via Facebook do Idelber ← Portal Vermelho (este último sem link para o artigo original, lamentavelmente)
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A notícia é ótima, e deve nos fazer pensar nos desafios futuros para a continuação dessa tendência.
Cito dois desafios: nossa situação carcerária e nosso modo de conviver com estrangeiros.
Sobre a situação carcerária, é fácil ver que as prisões de Abu Ghraib e de Guantánamo são parquinhos de diversão perto dos nossos presídios. Isto é absolutamente inaceitável sob qualquer critério humano, e precisa ser modificado. Mas aí vem algo que, de alguma maneira, é pior: em geral, a população rica e pobre acha que o tratamento dado aos nossos presidiários é ameno. Ou seja, ao falar sobre um problema grave como este, você encontrará ignorância, e no mínimo resistência a mudanças para melhor.
É fácil ver, também, que o tratamento carcerário depende da roupa do freguês, pois quem veste roupa comprada em xópim não é largado junto com os outros nas salas de apodrecimento humano. É o tipo de desigualdade que destroi a propaganda positiva feita pelo programa Bolsa Família.
Isto é um sério desafio à imagem do Brasil no futuro, pois nosso país com mais destaque merecerá maior atenção, o que levará a reportagens e programas de TV sobre nossos presídios, o que destruirá nossa imagem lá fora, ao mesmo tempo em que talvez faça os ignorantes domésticos pedirem mais brutalidade, criando um círculo vicioso que nos mostraria no mundo inteiro como criaturas brutais.
O desafio é desautorizar os ignorantes, o que vai dar bastante trabalho. O problema é que eles têm bastante espaço em rádios AM, onde locutores patrocinados por supermercados e seguradoras alimentam ódios e preconceitos.Há tal espaço por várias causas, uma deles é a já citada ignorância. Essa causa se enfraquece através de um lento mas fundamental trabalho de educação, incluindo mais e melhores aulas do currículo de humanidades.
O outro problema é nossa dificuldade em lidar com qualquer um que tenha um sotaque um pouquinho só diferente do nosso. Os brasileiros costumam expressar abertamente seus preconceitos e suas queixas contra quem fala um pouquinho só diferente, e tratá-los como culpados de uma falta, ao invés de tratá-los como pessoas com passados diversos, os quais as levaram a falar como falam - como acontece com todo o mundo, inclusive com os tolos que discriminam seus outros que falam de maneira diversa.
Atualmente, esse é um problema doméstico, pois a maioria dos que sofrem são brasileiros mesmo, ao viajar pelo Brasil. Já me mandaram falar direito às margens do rio Ibicuizinho, o que não afeta diretamente nossa imagem no exterior. No entanto, o que acontecerá quando famílias e trabalhadores estrangeiros migrarem para o Brasil, em busca do Brazilian dream? Talvez recebam de anônimos o tratamento vergonhoso que alguns jornalistas e artistas de grandes TVs deram aos craques argentinos que vieram jogar no Corinthians. Isto é, talvez sejam motivo de ódio e de piada por serem as pessoas que têm o passado e a formação que tem. Mas isso deveria ser motivo de admiração, ao menos se queremos ser pessoas admiráveis e manter a expansão da nossa imagem positiva.
Via Facebook do Idelber ← Portal Vermelho (este último sem link para o artigo original, lamentavelmente)