O peso da aliança com o PMDB II
Moreira Franco pediu a cabeça de Márcio Pochman
Os erros grosseiros da "teoria" de Mangabeira Unger
1) Para se criar uma classificação social é preciso ter em mente que estamos lidando com uma lógica relacional. Caso contrário, não há como criar a estrutura ou hierarquia de classes ou classificação social;
2) A proposta de Mangabeira, de incluir uma inusitada classe social denominada de "batalhadores" é um juízo de valor que insere um erro grosseiro. Seguindo esta sugestão de Mangabeira permaneceria a dúvida: qual seria o critério analítico ou substrato pelo qual constrói a estrutura de classes?
3) Ao responder esta questão fica nítido que o critério é mero juízo de valor: ter ou não a intenção de sucesso (batalhador, para ele, é empreendedor, mesmo sem sucesso real). Entramos, por aí, numa psicologização da análise social. Mais: para um sociólogo não interessa saber a opinião ou subjetividade do pesquisado, mas os fatores e interelações que contribuem para esta opinião, esta representação ou imaginário. Mangabeira sugeriu que a intenção pessoal de momento define uma classe social;
4) Para piorar, adota o conceito de ralé como base para construção da estrutura de classes. A palavra tem origem no substantivo “Halle”, ou seja, “grande área coberta” (de “halla”). Se relaciona à situação, no século XVIII, do mercado de peixes que era desprezado pela corte francesa que, por sua vez, citava Madame du Bary, amante do rei e de origem pobre como “vinda de la Halle”. Um conceito moralista, portanto;
5) Ralé estaria vinculada ao conceito de estamento e não classe social. Estamento é que se vincula à status. Marx foi obrigado, inclusive, a corrigir o texto do Manifesto porque inicia com este erro conceitual: afirma que a história mundial é marcada por divisão de classes. Em textos posteriores, corrigiu a confusão entre classe e estamento;
6) Mesmo que adotemos um caminho incomum, e afirmemos que os batalhadores compõem a pequena burguesia (um desses "sincretismos" analíticos de gosto duvidoso), chegaríamos à conclusão que toda pequena burguesia é empreendedora. Ao menos no sentido de esforço para o sucesso. Caso contrário, seria lumpensinato. Mas nem o lumpesinato é preguiçoso (o inverso de batalhador). Enfim, não é um conceito universal, mas um adjetivo pejorativo.
O liberalismo faz ginástica em nosso país, principalmente neste momento em que suas teses não têm a adoração pública que tinham nas décadas finais do século XX. De qualquer maneira, confundir teoria com opinião (ou desejo) nunca foi um bom atalho.
Organizações LGBT repudiam violência homofóbica e realizam ato na avenida Paulista no dia 21 de novembro
Fonte: Ciranda Net
OS “MISERÁVEIS” E O AUTOMÓVEL
QUEM SÃO OS ELEITORES DE MARINA?
Na verdade, os candidatos trazem consigo a respectiva "fortuna eleitoral", traduzida não apenas pelos votos obtidos no primeiro turno, como também pelo conjunto de percepções passadas à sociedade pelo candidato na campanha da primeira fase do pleito. Nesta eleição, embora exista, em tese, a possibilidade de alterações no quadro eleitoral, as chances de que isso ocorra de forma substancial são remotas, especialmente se considerarmos a razoável distância que separa Dilma de Serra: 46,91% x 32,61%, o que corresponde a 14 milhões e meio de votos, ou o eleitorado inteiro de Minas Gerais.
É certo, por outro lado, que não podem ser desprezados os quase vinte milhões de votos de Marina. Esse eleitorado também tem que ser conquistado. Mas afinal, quem são esses eleitores?
Análises apressadas atribuem, ora com ênfase numa ou noutra causa, a frustração da vitória de Dilma no primeiro turno às questões religiosas suscitadas a partir da campanha difamatória derramada pela internet. Também a questão ambiental teria influenciado o resultado. Os descontentes com a "realpolitik" (incluído aí as denúncias contra o governo federal) teriam igualmente influenciado o resultado.
Mas, na verdade, nem todas as causas apontadas têm o peso que lhes é atribuído. Embora se afirme que a campanha difamatória espalhada pela direita contra Dilma na internet tenha trazido prejuízos eleitorais em determinados segmentos mais conservadores, a análise feita por Antonio Luiz M. C. da Costa, na Carta Capital, sob o título "O voto em Marina não é ecológico, mas também não evangélico" traz elementos importantes ao debate.
Segundo Costa, o voto em Marina pode advir da nova classe média. "É uma camada principalmente urbana, que progrediu em relação aos pais pobres e mal educados, tem certa educação, até superior, está decentemente empregada e precisa cada vez menos de programas sociais como o Bolsa-Família, do SUS ou de novos projetos de saúde e saneamento. Ao mesmo tempo, é mestiça, não está à vontade com a 'alta cultura', tem gostos populares e se sabe desprezada pela elite tradicional. Não se identifica totalmente com as prioridades da esquerda – redução da desigualdade e crescimento econômico – mas também não com as da direita – conservação de privilégios disfarçados em competência e meritocracia. Busca um meio-termo que, assim como Marina, não sabe definir com precisão e chama de 'mudança'."
A análise feita por Costa é importante para a compreensão do momento porque, como sabemos, a classe média é uma "classe de acesso", e quem chega a ela percebe que pode ir além, aspecto que explica um certo descompromisso dos integrantes deste estamento social com outros pressupostos que não sejam os seus interesses mais ou menos imediatos e pode ser influenciada por vagas promessas de "mudança" e de ela "pode mais", embora isto não seja explicitado por quem promete.
Para nós, militantes de esquerda comprometidos com a defesa das conquistas do governo Lula, esta constatação traz, num primeiro momento, uma certa frustração, pois gostaríamos que todos os beneficiados pelas políticas públicas que possibilitaram a melhoria das condições de vida de milhões de pessoas reconhecessem claramente isto e, por conseqüência, se alinhassem de pronto ao projeto da continuidade da era de avanços inaugurada por Lula. Isto é verdade em relação a um grande contingente do eleitorado, tal é que resta induvidosa a vitória de Dilma neste segundo turno, pois não há fato com potência suficiente para catalisar 14 milhões de novos votos em torno de Serra. Mas no que respeita a uma parcela considerável desta "nova classe média", não é assim. Atrair a classe média na hora do voto é algo sempre complicado.
Nesta perspectiva, é errado pensar que a votação de Marina é "verde" ou "religiosa". Segundo o autor, "Esta interpretação se reforça quando se desce ao detalhe dos votos por município. Recife, capital do estado natal de Lula, não tem uma proporção excepcional de evangélicos pelos padrões brasileiros: apenas 17,6%. Mas 37% dos recifenses votaram em Marina (42% em Dilma, 19% em Serra). Já o município pernambucano de Abreu e Lima, o mais evangélico do estado (31,2%) teve 27% de votos em Marina, 52% em Dilma e 15% em Serra. No Rio de Janeiro, Marina teve 29% em um município de alta concentração de evangélicos (30%) como Belford Roxo, 32% na capital (17,7% evangélica) e 37% em Niterói (15,3% evangélica), enquanto Dilma teve 57%, 43% e 35%, respectivamente, nesses municípios (e Serra 12%, 22% e 25%)."
No que respeita ao argumento verde, basta verificar a pífia votação dos demais candidatos do PV a cargos majoritários ou proporcionais para constatar que, enquanto opção política, o ambientalismo está longe de mobilizar prioritariamente a população brasileira. Nesta perspectiva, voto em Marina sob este fundamento é secundário.
Assim, a busca pelos votos de Marina, além do enfrentamento da campanha de mentiras disseminadas contra Dilma pela direita brucutu (o que finalmente está sendo feito), deve dialogar fortemente com as aspirações da nova classe média, que se situa politicamente ao centro (ainda que não tenha consciência disto) e oscila a cada pleito.
Dilma deve reforçar que o projeto da continuidade ampliada do governo Lula é a garantia da possibilidade do progresso das pessoas nas suas legítimas aspirações.
Leia a íntegra do artigo de Costa aqui.
Fossa olímpica
Postagem requentada para assunto requentado
Como o evento acontece todos os anos e todos os anos a televisão faz a mesma cobertura ridícula, segue abaixo uma postagem de 2006, com uma charge de 2004. Na época, Daniel Andrade era o presidente da Aclame. Depois, virou secretário da Yeda e apoiou o tarifaço e a prorrogação dos pedágios.
Coisas da vida, como diria o blogueiro...
14 Outubro 2006
Chega de Tanto Imposto!
Avanço na distribuição de renda: Classe C continua em expansão
A notícia que não ganhará as primeiras páginas dos jornais. Uma pesquisa inédita do Centro de Políticas Sociais da FGV/RJ que será lançado na quarta-feira próxima mostra que a Classe C – a classe média emergente – continua em expansão. Em dezembro, a Classe C atingiu 53,8% do total de brasileiros das seis maiores regiões metropolitanas do país, contra 51,8% no final do ano passado.
Além disso, para continuar avançando, é urgente a redução dos spreads cobrados pelos bancos nos empréstimos. O Banco Central passou a divulgar em seu site os juros cobrados pelos bancos, o que estimula a concorrência. O governo Lula tem forçado o Banco do Brasil e a Caixa a baixar as taxas de juros, ou seja, os spreads. É uma ação que pretende forçar os bancos privados a reduzir também seus spreads. Mas são medidas ainda tímidas. Os bancos brasileiros precisam aprender a ganhar dinheiro elevando o volume de empréstimos, o que requer redução dos spreads, e não ficar especulando ou cobrando juros exorbitantes de parcela da população que acabam precisando recorrer aos bancos. A redução dos spreads eleva o volume de empréstimos, reduz a inadimplência e mantém a roda da economia girando. Todos no final saem ganhando. É uma mudança comportamental necessária para o nosso sistema bancário.
Sobre as pesquisas do IPEA e da FGV: E pur si muove!
Antes, porém, quero chamar a atenção para uma interpretação de tendência política muito clara do trabalho da FGV. Ao analisar as capitais que mais reduziram a pobreza, o pesquisador da FGV atribui a um suposto efeito Aécio e Pimentel como responsável pela liderança de Belo Horizonte na melhora dos indicadores sociais. Segundo a pesquisa, Belo Horizonte (-40,8%), Rio de Janeiro (-30,7%) e Salvador (-29,8%) foram as capitais que mais reduziram a pobreza no perído analisado (2002 a 2008). A interpretação sugere que a parceria Aécio-Pimentel seria a chave para os resultados da capital mineira. Seguindo esse raciocínio, como explicar os resultados do Rio de Janeiro com um governo municipal desastroso e em confronto direto com o governo federal e estadual. De fato, não dá para entender a citação do pesquisador da FGV. Da mesma que algumas explicações de seu trabalho, é impossível disfarçar a conotação política de um relatório supostamente científico. Ademais, seria necessário dimensionar os contratos do governo Aécio com a FGV, para estabelecer um elo entre as explicações dessa natureza e a propaganda pura de seu governo. A seguir, o post do José Paulo.
E PUR SI MUOVE!
Para o bem ou para o mal, a diferença não muda nada. Por isso, precisa ficar claro o seguinte: é do período Lula que os dois estão falando.
Uma outra diferença, a do tipo de renda escolhido em cada levantamento para delimitar as faixas da população – renda domiciliar, no caso da FGV; renda familiar per capita, no caso do Ipea –, também não muda muita coisa. Ambos são retratos estáticos de momentos e, por isso, não afetam tanto os resultados gerais. Por isso, também precisa ficar claro o seguinte: eles estão apontando bons resultados sociais alcançados no período Lula.
Aumentos reais expressivos do salário mínimo são novidades do período lulista, assim como a disseminação do Bolsa Família e o incremento nos recursos destinados à agricultura familiar. Idem para os cerca de quase 10 milhões de novos postos de trabalho formais, conseqüência do crescimento econômico, impulsionado por uma série de fatores, inclusive os programas sociais. Como a estabilidade, os programas sociais podem não explicar todos os movimentos ocorridos, no período Lula, na estrutura social. Mas sem incluí-los qualquer explicação ficará capenga.
Governo Lula: O país avança e melhora a vida de milhões de brasileiros
Os economistas adoram discutir os grandes números da economia, o PIB, o nível de emprego e de investimento, juros, dívida, o sobe e desce das bolsas. Mas a melhor tradução para o especial momento da economia brasileira pode muito bem vir de uma pesquisa divulgada ontem pela Cetelem, financeira do banco francês BNP Paribas. Ela sugere que, em dois anos, 20 milhões de pessoas deixaram os estratos mais pobres e passaram para a classe média. Classe média brasileira, com renda familiar ao redor dos R$ 1,1 mil mensal, mas ainda assim um impulso que praticamente dobrou o rendimento disponível.
“O outro lado da moeda é o decréscimo de também 12 pontos percentuais da proporção de pessoas que formam as classes D/E: era de 51%, em 2005, e atingiu 39%, em 2007. É importante ressaltar que o número de pessoas que passou de D/E para C teve um aumento de renda média mensal de R$ 580 para R$ 1,1 mil”, diz a pesquisa Observador 2008, que traça o perfil do consumidor e dos lares do país.“A migração entre as classes significa um aumento na qualidade de vida e a análise dos últimos anos mostra a consolidação de uma tendência. Em 2006, tínhamos medo de que o crescimento fosse apenas pontual, por conta das eleições, mas agora vimos que é contínuo”, avalia o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez.
Consumidores mais exigentes
Renda e crédito em alta aguçam o desejo de consumo. A pesquisa Observador 2008, encomendada pela financeira Cetelem ao instituto Ipsos, sugere que a classe média quer adquirir produtos semelhantes àqueles listados pelos mais ricos.Para o diretor-executivo de Marketing, Parcerias e Novos Negócios da Cetelem Brasil, Franck Vignard-Rosez, ao entrar na classe C o consumidor passa a ser mais exigente na hora de comprar produtos e serviços. “Vemos um aumento da exigência do consumidor em termos de produtos e serviços. Antes, a pessoa queria apenas uma TV. Hoje, ela quer uma TV de tela plana”, explica.