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"Está se construindo um tipo de comunicação alternativa, mais aguerrida, combativa e estimulante"

Entrevista de Denis de Moraes, estudioso das transformações comunicacionais e culturais da era digital, ao Página12, reproduzida pelo Instituto Humanitas Unisinos.

Destacamos alguns trechos:

Neste cenário mercantil que você descreve, que capacidade de aproveitamento desta ferramenta tem os meios alternativos?
Está se construindo progressivamente um tipo de comunicação alternativa, mais aguerrida, combativa e estimulante do que a de décadas passadas.* Os periódicos alternativos enfrentaram sempre uma dificuldade com os custos do papel, de impressão, de distribuição. Em troca, com as novas formas de comunicação eletrônica, sobretudo o ecossistema da Internet, não se depende mais disso. Com as novas formas de expressão, de comunicação, de interação e participação coletiva, se produziu uma espécie de quebra na relação com os usuários, com os consumidores, com os cidadãos. Essas novas formas estão em processo de formação, discussão e experimentação. É um processo que está ocorrendo fora do campo de visão de cada um de nós. 

Em seu livro Mutações do visível você mencionava que é preciso “ganhar a batalha dos fluxos informativos”. Crê que essas possibilidades para a produção e circulação de conteúdos alternativos se vêem, a partir do discurso hegemônico, em termos de ameaça?
Não creio que a palavra correta seja ameaça, porém há uma preocupação crescente nos grandes meios comunicacionais. Não me parece que seja uma ameaça perigosa, no sentido de que possa acontecer algo que mude tudo, porque a lógica mercantil das indústrias culturais e comunicacionais por parte das grandes empresas não me parece que vá ser avassalada pela comunicação digital contra-hegemônica, alternativa, comunitária. No entanto, me parece que existe a possibilidade de um crescimento dessas novas formas de expressão, interação e intercâmbios que vão conviver com a hegemonia da mídia. Isso me parece uma grande novidade. Em décadas passadas, a comunicação alternativa – não digital senão impressa – era um tio de comunicação sedimentada, dirigida a militantes, a pessoas com maior consciência, a grupos organizados. Abrem-se hoje possibilidades para praticamente todos os setores da vida social, incluindo outras formas de organização, participação e construção. 

Participa de algum projeto comunicacional, além de seu trabalho acadêmico na matéria?
Depois de viajar pela América Latina, estou hoje coordenando outro projeto latino-americano de comunicação contra-hegemônico e alternativo. Creio que a palavra esperança não é coisa inútil, é uma palavra de mobilização, de chamado, porque há coisas concretas que se estão construindo em distintos países da América Latina, em direções totalmente diferentes do cenário midiático e cultural que predomina. Em vários lugares da América Latina outra comunicação é possível*. Esta é uma palavra de construção que não somente figure num papel, nas bandeiras políticas e retóricas, Vive TV ou Encuentro têm as tecnologias digitais como seus insumos, como recursos indispensáveis. É necessário um pensamento dialético entre os problemas, os bloqueios, as desigualdades e as injustiças de usos e acessos ao tecnológico. Ao mesmo tempo, há necessidade de uma avaliação muito sensível das possibilidades e apropriações, dos usos cidadãos e culturais, sem uma finalidade mercantil, como sucede hoje em nosso continente. Creio que a síntese dessa dialética é a palavra esperança.

A íntegra pode ser lida AQUI em português ou AQUI em espanhol. Leia também La esperanza que moviliza [espanhol].

*Grifos nosso.
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O encontro de São Paulo


Nos dias 20, 21 e 22 de agosto de 2010, será realizado o I Encontro de Blogueiros Progressistas, em São Paulo, capital. Será um final de semana de debates e aprendizagens, cujo tema central será a importância da informação de qualidade na blogosfera progressista. Estabelecer um padrão de qualidade na informação é o embate travado, diariamente, por blogueiras e blogueiros que também assistem TV, ouvem rádio, lêem jornais e revistas e se escandalizam com o que estas mídias tradicionais produzem de conteúdo desqualificado, mistificador, até mentiroso para informar o público.

E qual o caminho percorrido até aqui? Ainda que possa cometer algum esquecimento, inicio a lista com o movimento pela democratização da comunicação que atuou, fortemente, durante a Assembleia Constituinte. Promulgada a Constituição Federal de 1988 - CF88 - e o Capítulo V da Comunicação Social redigido da forma que as empresas de comunicação desejaram, surge o FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação - em 1991 como movimento social e, em 1995, transforma-se em entidade. Em seguida, é criada a ABRAÇO – Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – em 1996. E, em 1998, a ONG Tver.

Em 2002, o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social - inicia suas atividades, mesmo ano em que é lançada a Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania, ligada, até hoje, à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Em 2007, a ONG Movimento dos Sem Mídia começa a atuar. Em 2008, é lançado o Fórum de Mídia Livre.

Em dezembro de 2009, é realizada a I Conferência Nacional de Comunicação, onde antigos e novos lutadores por uma comunicação democrática no Brasil reúnem-se para discutir a comunicação que temos e a que queremos. E fruto da experiência da participação no processo da I CONFECOM, é criada a ALTERCOM - Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação - em março de 2010.

O I Encontro de Blogueiros Progressistas traz um diferencial. Ele ocorre em meio há uma disputa eleitoral, na qual o papel dos blogues ganhou um novo status – o de ser imprescindível. A mídia corporativa, mais conhecida como PiG – Partido da Imprensa Golpista – não tem mais vergonha de assumir a posição oposicionista [sic] ao Governo Lula, esquecendo-se do seu papel de bem informar a população, a despeito do governante da vez.

No momento em que a blogosfera começa a utilizar a expressão PiG, nada mais é do que a denúncia da formação de oligopólio nas comunicações, o que é proibida pela CF88 [Art. 220 - § 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio], solenemente ignorada pelas empresas de comunicação e pela “bancada” das comunicações no Congresso Nacional, uma vez que este parágrafo carece de regulamentação até hoje.

Por isso a blogosfera é imprescindível! Por exemplo, não se podem mais divulgar pesquisas eleitorais manipuladas nos mais diversos veículos de comunicação. Hoje, o Movimento dos Sem Mídia interpela os institutos de pesquisa de opinião judicialmente. Outro exemplo: uma mentira midiática não se sustenta por muitos segundos, pois sempre haverá alguém conectado, pronto a restabelecer o fato como ele é. Ainda por cima, apropriamo-nos de uma ferramenta cara ao capital, que é a Internet, e atuamos na contradição produzida pelo sistema.

Os conteúdos produzidos pelos blogues progressistas servem de subsídio para as necessárias conversas do nosso dia a dia em casa, na família, no trabalho, nos mais diversos locais que circulamos diariamente.

E esse trabalho blogueiro tem uma coisa, que redação alguma do PiG possui, ou conseguirá tirar de quem escreve em blog: a militância. Mais do que um trabalho nas horas vagas, típico do voluntariado, somamos, a ele, o desejo de transformar a realidade para melhor, atuando em grupo, porque sozinhas/sozinhos pouco conseguiríamos. E a credibilidade do nosso trabalho está diretamente ligada ao que não abrimos mão: a fidelidade canina aos fatos, como brilhantemente definiu Mino Carta sobre o que é jornalismo.

Por isso as expectativas são muito boas para o encontro que será realizado em São Paulo. Se cada blogueira/blogueiro, na sua cidade, já faz alguma coisa, há muito mais chances de fazermos mais e melhor, depois do I Encontro de Blogueiros Progressistas.

Claudia Cardoso

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