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Troca de emails compromete Yeda Crusius [PSDB]

Por Marco Aurélio Weissheimer no seu blog .

Um conjunto de email’s trocados nos dias 11 e 12 de setembro de 2008 mostra que os pedidos de levantamento de informações sigilosas de adversários políticos do atual governo estadual eram de conhecimento da gabinete da governadora Yeda Crusius (PSDB). Os endereços eletrônicos envolvidos nestas correspondências – entre eles o de Ricardo Lied, então chefe de gabinete de Yeda, hoje na coordenação da campanha – e o teor das mesmas mostram integrantes da Casa Militar do governo e do gabinete da governadora solicitando e enviando informações a respeito do ex-deputado estadual Luis Fernando Schmidt (PT), então candidato à prefeitura de Lajeado. A troca de emails, por ordem cronológica, é a seguinte:

Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 14:02
De: Frederico Bretschneider Filho (frederico@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: pesquisa
ex-deputado…completa
“uuu” – luis fernando schimitt (ou semelhante..schimdt..)

(*) “uuu” significa “ultra-urgente” (nota do blog)

Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 20:27
De: div-inteligencia div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Para: Ricardo Lied
Estado do Rio Grande do Sul
Gabinete da Governadora

Data: Quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 22:53
De: Frederico Brteschneider Filho (frederico@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Resposta pesquisa
Olá…
Temos resultado?

Para: quinta-feira, 11 de Setembro de 2008, 23:18
De: div-inteligencia div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Para: Bretschneider Serviços Ltda bretschneider@ibest.com.br, Frederico Bretschneider Filho Frederico@brigadmilitar.rs.gov.br, Frederico Bretschneider Filho
Assunto: Em: Luis Fernando Schmidt – dados
Dados enviados em anexo

Data: Quinta-feira, 12 de Setembro de 2008, 10:49
De: Frederico Bretschneider Filho (frederico@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Re: Em: LUIS FERNANDO SCHMIDT – dados
Veja se consegue a questão civel e econômica.

Data: Quinta-feira, 12 de Setembro de 2008, 14:42
De: Frederico Bretschneider Filho (frederico@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Re:Em:Luis Fernando Schmidt – dados
A mensagem : “Re:En:LUIS FERNANDO SCHMIDT – dados” foi lida.

Data: Quinta-feira, 12 de Setembro de 2008, 14:42
De: Frederico Bretschneider Filho (frederico@brigadamilitar.rs.gov.br)
Para: div-inteligencia@casamilitar.rs.gov.br
Assunto: Re:Em:Luis Fernando Schmidt – dados
A mensagem : “Re:En:LUIS FERNANDO SCHMIDT – dados” foi lida.

O pedido de levantamento de informações sobre “a questão civel e econômica” do ex-deputado Luis Fernando Schmidt configura violação de sigilo de informações relativas à vida pessoal e profissional do mesmo. Esse fato foi objeto de denúncia contra o então chefe de gabinete da governadora, Ricardo Lied, por parte do ex-ouvidor da Secretaria de Segurança, Adão Paiani.

Os personagens

César Rodrigues de Carvalho – sargento da Brigada Militar, segurança da governadora Yeda Crusius, lotado na Casa Militar, preso sob a acusação de cobrar propina de proprietários de máquinas caça-níqueis, usando carros do Palácio Piratini. O sargento também é acusado de usar o Sistema de Consultas Integradas do governo estadual para espionar adversários políticos do governo, jornalistas, policiais e obter informações sobre investigações em curso contra integrantes do governo Yeda.

Frederico Bretschneider Filho – Tenente-coronel da Brigada Militar lotado na Casa Militar do Governo Yeda Crusius. O advogado do sargento César Rodrigues de Carvalho, suspeito de acessar dados sigilosos de políticos, jornalistas e policiais, disse que buscava as informações a mando de Bretschneider.

Ricardo Lied: ex-chefe de gabinete da governadora, atualmente trabalhando na coordenação da campanha da mesma, acusado pelo ex-ouvidor de Segurança Pública do Estado, Adão Paiani, de comandar um esquema de espionagem contra a oposição desde o interior do Palácio Piratini. A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Porto Alegre ajuizou ação civil pública de responsabilidade por atos de improbidade administrativa contra Ricardo Lied, e dois delegados de Polícia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico, por violação do sigilo profissional no episódio envolvendo o ex diretor-presidente do Detran, Sérgio Luiz Buchmann.

Carta Capital: “a lama se aproxima da governadora”

A edição desta semana da revista Carta Capital traz entrevista que o jornalista Lucas Azevedo fez com Adão Paiani, ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública do governo do Rio Grande do Sul. Na entrevista, Paiani reafirma que existe uma estrutura criminosa instalada no aparelho de Estado, encoberta por uma “falsa repressão à contravenção, principalmente no que diz respeito a jogos e caça-níqueis”. Além disso, sustenta que a governadora Yeda Crusius “sempre teve total conhecimento” destas práticas e que a ação do sargento César Rodrigues de Carvalho era do conhecimento da governadora. O ex-ouvidor conta ainda como funcionava o esquema ilegal de coleta de informações e como ele foi instalado no governo de Yeda. A nova Carta Capital já está nas bancas.
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O DEVER DE DIZER NÃO E A CORAGEM DE DIZER BASTA.

Por Adão Paiani*

Un uomo fa quello che è suo dovere fare, quali che siano le conseguenze personali, quali che siano gli ostacoli, i pericoli o le pressioni. Questa è la base di tutta la moralità umana. (Frase atribuída a John Fitzgerald Kennedy, muito utilizada pelo Juiz italiano Giovanni Falcone. Ambos foram assassinados. Falcone, comprovadamente, pela Máfia).



A omissão do Secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, General Edson Goularte frente às denúncias contra a atual direção da Superintendência dos Serviços Penitenciários (SUSEPE), teve o seu capítulo mais vergonhoso na decisão de manter no cargo o superintendente, Mário Santa Maria Júnior.



Para Goularte, a revelação que Santa Maria e assessores; ocupantes dos principais cargos de confiança da Superintendência, e agentes a eles ligados; são réus em crimes como tortura e corrupção, são insuficientes para justificar sua saída. O atual superintendente continua no cargo, e prestigiado.

A decisão do General Secretário não significa, necessariamente, não ser ele um homem de bem. Mas certamente indica que coragem não é característica a qual seja afeiçoado; ou teria pedido demissão do cargo que ocupa com notória inapetência e visível incompetência.

Essas características de Goularte já haviam feito a rotina administrativa do órgão ser absorvida por seu Chefe de Gabinete, Coronel Paulo Renato Biacchi Rodrigues; figura que realmente manda no prédio da Voluntários da Pátria. Como capitulação final, agora o Secretário decide transferir de fato suas funções e permitir que sejam exercidas a partir da ante-sala da Governadora do Estado, pelo Chefe de Gabinete desta, o notório Ricardo Lied.

Ricardo Lied, violador do Sistema de Consultas Integradas, dentre outros crimes – impune graças ao colega de Governo e Partido, Francisco Luçardo -, garantiu no cargo Santa Maria; seu afilhado político, com quem mantém relação umbilical; comprovada no episódio envolvendo a “visita” de ambos ao ex-presidente do Detran, Sérgio Bucchmann, quando, ilegalmente, intrometeram-se numa operação policial, pondo em risco a vida dos agentes envolvidos.

A covardia e falta do senso de dever de homens como Goularte, deixa a segurança de toda uma população à mercê de gente como Lied. Tolerando o intolerável, o General Secretário envergonha a trajetória que o conduziu ao generalato-que deveria ser um indicativo de postura mais digna à frente do cargo que hoje ocupa-, e acaba se misturando aos frutos de uma árvore envenenada.

O poder de Ricardo Lied e sua afrontosa impunidade mostram quem realmente manda na segurança e no Estado; e dá a perigosa impressão que a única diferença entre os recolhidos ao sistema prisional e aqueles que deveriam guardá-los é o lado das grades em que se encontram.

A utilização política dos órgãos policiais ocorre em todo o Estado, numa subversão total da lei, da ordem e dos valores mais elementares da moralidade pública; causados pela desídia de quem não cumpre seu dever e covardia que impede dizer basta.

A frase do início, numa tradução livre, “um homem deve cumprir o seu dever, não importando os obstáculos, não importando as conseqüências pessoais, o perigo ou a pressão. Essa é a base de toda a moralidade humana.”, poderia inspirar a reação, ao lembrar os valores perdidos de uma sociedade que permite ser comandada por delinqüentes.

*Advogado


Imagem: via Google
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