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O que vi no Roda Viva

Não foi muito diferente do que imaginava. Os entrevistadores do Roda Viva levantaram a bola para Gilmar Mendes fazer seu joguinho, repleto de dissimulações, diversionismos e empáfia. Não me impressionei com Eliane Catanhêde, como hoje leio em alguns comentários em blogs. A jornalista da febre amarela fez pose para a foto. A previsibilidade foi antecipada ontem em post do Rodrigo Vianna. Bem sacado, lembrou de quando Brizola esteve no programa, os entrevistadores eram claramente seus inimigos. Um deles, jornalista do Estadão, de notória vocação reacionária, provocou Brizola com uma antiga lenda sobre dinheiro de Cuba para a guerrilha, supostamente embolsada por ele, o que motivou seu apelido de “El Raton” dado por Fidel. O resultado foi antológico. Brizola virou o jogo e chamou o entrevistador diversas vezes de Raton, que a cada momento mais ficava parecido com um rato, acuado na sua maldade.

Gilmar teve vida fácil. E saiu pela tangente nos pouquíssimos momentos de perguntas mais constrangedoras. Indagado sobre os vários processos a seu irmão, em Diamantino (MT), respondeu que eles não existem por não terem chegado à primeira instância, tal questionamento só havia por parte de uma “revista desqualificada”. Não levou em conta que em sua terra não existe estado de direito. A justiça é feita à bala, tal como a que matou a jovem Andréa Paula Pedroso Wonsoski, que fazia oposição a seu irmão. Ninguém ousou questionar, defender o sério jornalismo da Carta Capital, nada a acrescentar. E foi possível ouvir risinhos dos entrevistadores ao fundo.

É a cara de nossa elite, ainda com os dois pés na casa grande. Escárnio com o andar de baixo em caricatos momentos orwellianos, quando falam de “jornalistas de aluguel”. Não, não são os que recebem gratificações de Dantas, que estão com seus nomes arrolados nas investigações da Satiagraha. Não. Segundo Mendes são os blogueiros, que existem por patrocínios obscuros.

É muita canalhice para um dia só.
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Carta aberta aos pichadores do Brasil



Meus jovens, não façam isso. Vejam o exemplo de Caroline Pivetta da Mota. Ela, junto com outros pichadores, fez uma intervenção em sala vazia da caduca Bienal de São Paulo. Imaginava ali, em ato de rebeldia, poder expressar seus sentimentos artísticos, inclusive com um enorme “Fora Serra”. Tal obra não foi bem recebida pelo curador da Bienal, que acha que rebeldia não mais combina com arte. Para ele, esse desvio terminou com Marcel Duchamp, quando em 1917 expôs um urinol em salão, denunciando o fetiche da mercadoria na arte. O fetiche ganhou, hoje o urinol vale 3 milhões de euros.

Caroline sofre agora nas mãos da severa justiça brasileira. Está presa há mais de 50 dias e o pedido de hábeas corpus, entrado no último dia 5, até agora não foi julgado. Vejam só a lição. Se a arte de vocês fosse voltada ao uso de informações privilegiadas para obter vantagens econômicas, como Daniel Dantas praticou no plano Collor, ou ao se locupletar no processo de privatização das telefônicas, tentado subornar um delegado da polícia federal, teriam conseguido um hábeas corpus em 24 horas diretamente do presidente do Supremo Tribunal Federal.

Entendam as diferenças (e minha ironia). Pensem nisso e façam melhores escolhas artísticas.
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Daniel, Daniels

Assistindo Sangue Negro, vi na ganância, na falta de medidas, no testempero, no egoísmo, na falta de ética, na crueldade, na sede de jogar do personagem Daniel Plainview, semelhanças inquestionáveis com o nosso homem de negócios Daniel Dantas.

But. Não acredito em idiossincrasias.
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Michael Moore e a militância

Fui ver Sicko, do Michael Moore. Há pouco revi Roger and Me, e Fahrenheit, para digamos, fechar um ciclo de pensamento. Vejo, entre os filmes, melhoras técnicas, de roteiro e edição sensíveis. Os filmes são cada vez melhores.
Mas uma coisa não muda entre eles. A tomada de posição. Michael Moore toma uma posição, é militante e mostra este olhar, fatos, dados inquestionáveis e verdades muito mais inconvenientes que muitos documentaristas por aí tentam mostrar.
A visão da cidade de Flint pós fechamento da GM na década de 80 é um choque. As caras dos Bush são patéticas. As famílias destroçadas pela guerra, pelo desemprego e pelo sistema de saúde americano que ele imprime na tela são sim, chocantes, e mais chocantes por serem reais.

Mas... aí vem o ponto, já que não sou e nem pretendo ser crítica de cinema.

O que os detratores de Michael Moore usam contra ele? Nada contra os dados. Nada falam sobre os fatos. Falam de manipulação.
E apontam a postura militante do diretor como indício inquestionável para desmerecer suas obras.
Ora, ora, ora. Primeiro: existe neutralidade, ó ceus? Os filmões de Hollywood não trazem nenhuma visão de mundo? Hein?

Tá, não sou ingênua, então entendo o porquê dessa "naturalização" da posição de direita. Esta seria a posição a ser tomada, sempre, mesmo que com o discurso da neutralidade... ora, ser neutro é ser a favor. Não tentem me convencer do contrário.

E agora mais esta. Ser militante, por si só, é considerado um defeito. E pior, olhem ao seu redor. Percebam o desprezo mal disfarçado destinado aos que fazem discursos, ou ficam indignados (ai, que brega, que coisa mais antiga isso). São considerados desagradáveis. Não é de bom tom ou boa educação questionar.

Passou a ser o discurso (até de jovens, aqueles que outrora eram a maioria dos militantes) acusar de velhice os que militam.

E nada, mas nada é considerado mais pejorativo do que ser velho na nossa saudável, justa e belíssima sociedade (ironia incluída aqui, por favor).
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Don´t bother me!

Estava passando batido pela comemoração da vitória em Berlim do “Tropa de elite” e a retomada da polêmica em torno do filme. Mas, hoje, quando li a crítica do The Guardian desancando o prêmio, dizendo que o filme é fascista, o argumento é infeliz, os diálogos são fracos, repletos de clichês, fiquei incomodado. Como assim? Fui relar o que aqui escrevi antes da mídia publicar uma única linha de análise, até então apenas visto em cópias piratas, e continuo com a mesma visão. O filme é parcial como análise daquela realidade, restrito a uma visão policial, hipócrita, que mente sobre a existência de um Bope incorruptível. Mas, onde a coisa hoje me incomodou, ele é melhor que muita baboseira da produção internacional. Como que vem um inglesinho mauricinho falar de que a nossa classe média não conhece a favela, nunca lá pôs os pés, não tem como falar sobre o assunto. Que papo é esse? Deseja que temos que acompanhá-los em suas visitas guiadas e protegidas, todos de mãozinhas dadas pelas vielas para poderem registrar o nosso exotismo?

Estava com essa sensação quando leio o Alon Feuerwerker que coloca um ponto interessante:

No Brasil, infelizmente, muita energia foi desperdiçada na polêmica inútil sobre o suposto viés ideológico da obra. Até hoje os atores e o diretor sentem-se na obrigação de "explicar" o que o filme "quis dizer". Que importância tem isso? Nenhuma. Se se fizer um balanço de todas as críticas dirigidas ao filme, ele não foi acusado em nenhum momento de deficiência estética ou técnica. Nem foi dito que retrata uma realidade inexistente. Tropa de Elite é mais uma prova da superioridade do realismo sobre escolas artísticas de inspiração subjetivista e abstrata. Tropa de Elite é o nosso Resgate do Soldado Ryan.

Interessante. Nem compactuo com o restante do texto e o entusiasmo do jornalista, que vai mais longe, exagerando em que o filme é um “ Vidas secas” do Brasil urbano e coisas do tipo. Gostei da comparação com Spielberg. De fato, o que faz um soldado americano ser mais factível que o Capitão Nascimento? Mais humano? Quer maior hipocrisia ou clichê imaginar a situação do enredo em que um soldado alemão é poupado? Vocês acreditam nisso? O exército americano não começou agora no Iraque seu barbarismo, seu aprendizado de tortura. Foram séculos de experiência. Trucidaram populações indefesas nas Filipinas, verdadeiro holocausto patrocinado pelos seus primeiros interesses geopolíticos no Oriente. Mark Twain que o diga. E não pararam aí. A lista é grande, e chega aos nossos dias, quase sem interrupção. Quando filmam, o fazem como sofridos homens vítimas da história, que deram o sangue pela “liberdade” do ocidente. Baboseira. Quando filmarão a verdade histórica de que pouco os americanos fizeram na Europa, comparados ao que a União Soviética sofreu com seus exércitos, seu povo? Seu interesse era o Japão e cercanias, para onde seu capitalismo desejava ampliar-se. Liberdade? Conta outra.
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