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Caster Semenya é homem ou mulher? (Domingo cabeça)

@ velocista sul-african@ Mokgadi Caster Semenya é homem ou mulher?

Essa é uma pergunta ruim, pois pressupõe a dicotomia entre tipos sexuais a partir da função reprodutora, e o exemplo de Caster Semenya contesta essa dicotomia.

Em 2009 no Campeonato Mundial de Atletismo realizado em Berlim, Semenya conquistou a medalha de ouro nos 800 metros rasos.

Após a vitória, Caster teve sua feminilidade contestada e teve de se submeter a testes de DNA. Os exames comprovaram que a atleta sul-africana é portadora de uma deficiência cromossomática que lhe confere características masculinas e femininas. Semenya não tem ovários nem útero, mas possui testículos ocultos internamente (que produzem testosterona acima do normal para uma mulher), embora os genitais externos sejam femininos.
Caster Semenya não tem útero, e tem testículos. Essas são características masculinas. Mas ela não é homem, pois teria uma "deficiência". Mas, como pode ser deficiência uma característica que @ faz vencer? Vamos comparar: Michael Phelps tem uma biologia anormal que o auxilia nas piscinas. Isso quer dizer que ele tem uma deficiência?

Nos dois casos não há deficiência alguma. Há eficiência.

Mas, então, o que Caster Semenya é? Homem ou mulher?

De novo, a pergunta está viciada. É preciso classificar de outra maneira. Para classificar melhor, o primeiro passo é não transformar em doença ou deficiência o que é uma característica de uma minoria. Eis porque é problemático dizer que Caster Semenya tem uma "desordem de desenvolvimento sexual", pois não há desordem alguma. El@ é uma pessoa em boa ordem, ainda que fora do normal.

As pessoas em boa ordem que tem uma fisiologia como a de Caster Semenya preferem ser chamadas de intersexuais. Elas estão entre um e outro sexo da classificação padrão.

Voltando ao início, a questão do gênero de Caster Semenya não se resolve apelando às classificações mais usuais. Isso nos dá uma oportunidade de olhá-las mais de perto e revisá-las. Além de uma oportunidade de pensar mais a fundo sobre o papel das classificações tradicionais nos esportes.

Os intersexuais tem uma organização que luta pelos direitos humanos dessas pessoas. A ativista Andrea James sugere o livro Apartheid of Sex, de Martine Rottblath. Sugiro o livro Ontologia Histórica, de Ian Hacking, para os fundamentos da discussão sobre classificações de pessoas.

Imagem via Wikipedia.
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