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Por que aconteceu o caso Amarildo e por que outros Amarildos vão ser torturados e assassinados




Pela rotina cruel da execução do pedreiro Amarildo (publicada aqui em Confirmado: PMs de UPP da Rocinha sequestraram, torturaram e mataram Amarildo), ficou claro que o procedimento adotado pelos policiais da UPP não foi fruto do acaso, mas de uma prática talvez corriqueira. Não é de uma hora para a outra que se decide pegar um cidadão, torturá-lo e causar sua morte - intencionalmente ou não.

Quando o caveira, formado no Bope da Tropa de Elite que manda pro saco, comandante da UPP da Rocinha mandou trazerem o homem para os procedimentos de praxe, isso ficou claro para todos os PMs da UPP.

Dessa vez, deu errado para eles. Mas parece que o problema vai ficar restrito ao caso Amarildo e aos PMs envolvidos, que já são mais de 20. Para frente, fica tudo como dantes no quartel de Abrantes, é o que nos sugere a leitura de duas notícias que se completam:

1. Terça passada, a soldado Vanessa Coimbra, da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, deu uma palestra em evento internacional em Nova Iorque (EUA) sobre novas tecnologias de investigação. Ela representava a PM e, por conseguinte, o estado do Rio. Detalhe: ela é um dos 25 PMs denunciados no caso Amarildo [Fonte];

2. O novo professor da disciplina Legislação Especial no curso de formação de oficiais da Polícia Militar é o delegado Ruchester Marreiros. Detalhe: Marreiros é acusado pela Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) de cometer três infrações: "deu informações inexatas ou alteradas; agiu com displicência ou negligência e não exerceu a função policial com probidade, discrição e moderação, deixando de observar as leis com lisura". Tudo no caso Amarildo. Ele foi o autor do relatório que apontou envolvimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza com o tráfico na Rocinha. Agora, vai dar aula de Legislação especial para PMs. [Fonte]

Se a segurança pública fosse um medicamento, a morte de Amarildos (no plural) não seria efeito colateral indesejável, mas o efeito esperado do medicamento. Tarja preta, de luto. Se é que me entendem.


Madame Flaubert, de Antonio Mello

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Confirmado: PMs de UPP da Rocinha sequestraram, torturaram e mataram Amarildo




Agora não restam mais dúvidas: aquilo que se suspeitava e por aplicação do domínio de fato estava no inquérito ganha confirmação com depoimentos de PMs que teriam participado, por omissão, da agonia do pedreiro Amarildo.

O jornal O Globo teve acesso ao depoimento de PMs e mostra num infográfico (reproduzido acima. Clique para ampliar) a agonia de Amarildo e a desfaçatez combinada com certeza de impunidade de seus algozes.

Quantos Amarildos já não morreram ou estão sendo mortos assim, acobertados por uma política de segurança cínica e midiática, e por uma corporação que já deveria ter deixado de ser militar, junto com o fim da ditadura?

Se não fossem as redes sociais, Amarildo seria mais um e, ao mesmo tempo, menos um. Mais um cidadão desaparecido, menos um na estatística dos assassinatos do Instituto de Segurança Pública.

Que todos os que participaram sejam punidos, inclusive os de paletó e gravata que comandam o estado. Porque esta PM que mata Amarildos é a mesma que achaca cidadãos nas ruas, agride manifestantes, e os responsáveis por estes comportamentos são seus comandantes primeiros, governador e secretário de Segurança.

A detalhada descrição do infográfico de O Globo (original aqui) é de embrulhar o estômago. Mas, o pior é saber que com ou sem UPP a PM continua à margem da lei e à espera de ser desmilitarizada, porque a época da ditadura já passou.

A cada dia, novos detalhes do crime vêm à tona. Mas a pergunta que a sociedade não cala ainda não tem resposta: - Cadê o Amarildo?

Leia também:

Impunidade dos torturadores da ditadura está na raiz dos crimes das PMs brasileiras


Madame Flaubert, de Antonio Mello

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Sérgio Cabral: Caso Amarildo só está sendo investigado 'porque nós temos uma UPP na Rocinha'. Pirou




Do governador Sérgio Cabral sobre o caso Amarildo, em O Globo:

Foi um caso triste, mas que a investigação, a punição e a ação só podem acontecer, da forma como está ocorrendo, porque nós temos uma UPP na Rocinha. [Fonte]

Governador Cabral, acorde, é o oposto: a UPP da Rocinha NÃO está solucionando o caso Amarildo. A UPP da Rocinha É A CAUSA do caso Amarildo, responsável pela tortura, morte e sumiço do corpo do pedreiro, segundo investigação da sua própria polícia.

E, por falar nisso, Cadê o Amarildo?


Madame Flaubert, de Antonio Mello

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Caso Amarildo: Relatório da Polícia mostra por que 96% das investigações são encerradas sem descoberta do criminoso


Pedreiro Amarildo de Souza - morto ou desaparecido


O Estado do Rio é o estado campeão em inquéritos arquivados no Brasil [Fonte]. A divulgação do relatório final da Delegacia de Homicídios sobre o caso do pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido (até hoje) desde o dia14 de julho passado, mostra o porquê.

Segundo o relatório, Amarildo teria sido levado por policiais da UPP da Rocinha (há imagens e depoimentos sobre isso) até a sede da unidade. A partir daí, sumiu. Ninguém o viu entrar ou sair de lá, e a informação de que lá esteve foi fornecida pelos policiais, em especial o comandante à época, major da Polícia Militar Edson Santos, homem do famigerado Bope.

Mesmo assim, sem que qualquer dos PMs da UPP tenha confessado o crime, sem que qualquer pessoa tenha presenciado ou ouvido falar do que lá dentro teria acontecido, mesmo assim o relatório diz que Amarildo foi torturado, sofreu choques elétricos e morreu ao ser mandado para o saco (a cabeça do torturado é enfiada em um saco plástico provocando sufocamento), por sofrer de epilepsia. Depois, os PMs sumiram com seu corpo.

Mas, se Amarildo (ou seu corpo) até o momento não foi encontrado, como é possível garantir todas essas informações?

Estou vendo muita gente boa repetir o relatório como uma expressão da verdade. No entanto, é achismo puro. E, se é assim, eu também acho: Para mim (e quem lê meu blog sabe que eu defendo não é de hoje o fim da PM, porque não há crime em que não haja um envolvido, na operação, no planejamento ou no ocultamento - e que Impunidade dos torturadores da ditadura está na raiz dos crimes das PMs brasileiras), para mim, dizia, é quase certo que Amarildo tenha sido morto pelos PMs, mas não vou aplicar o "domínio do fato" tão usado no julgamento da AP 470, porque rabo, orelha, lombo, costela, pé de porco podem indicar que é porco, mas pode ser apenas uma feijoada.

Como o governo Cabral é cheio de piroctenia, de anunciar medidas em casos onde haja clamor da opinião pública, que depois não dão em nada (casas que seriam construídas nas enchentes da Região Serrana, código de ética para alto escalão do governo etc), não estranharia nada que o anúncio da relatório seja apenas isso, nuvem de poeira para que paremos de perguntar "onde está o Amarildo".

Por falar nisso: - Cadê o Amarildo?


Madame Flaubert, de Antonio Mello

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