Folha contra-ataca e dá voz a diplomatas dos EUA que veem exagero de Dilma na crítica à espionagem ianque




E a disputa para ver quem mais bajula os EUA continua. Ontem, O Globo fez até charge na capa. Hoje, a Folha vai ainda mais longe: para defender a espionagem escandalosa dos EUA, a espiã que saiu de Frias vai direto à fonte e entrevista diplomatas estadunidenses, que, óbvio, criticam a postura correta de nossa presidenta, elogiada internacionalmente.

O governo americano espera uma mudança de tom em Brasília após a revelação de que a Abin espionou diplomatas americanos.

"Apesar da diferença de escala e cenário, está confirmado que todo mundo se espiona" é a frase repetida por diplomatas do Departamento de Estado e altos funcionários na Casa Branca. "Não há virgens nesse negócio", dizem.

Os americanos repetem que a reação brasileira à espionagem revelada por Edward Snowden não tem sido realista e que esperam sugestões concretas antes da divulgação, até o fim de dezembro, da revisão do sistema de inteligência dos EUA em relação ao Brasil.

Gosto da frase "apesar da diferença de escala". Gostaria de pegar o autor e dar uma boa bolacha na cara dele e, em seguida, que ele levasse uma surra a la Mike Tyson, no auge da carreira. Depois, ele me explicaria sua tese da diferença de escala...

É impressionante a genuflexão de nossa mídia. Não têm a mínima vergonha de defender os EUA em detrimento do país em que vivem e onde não pagam imposto pelo papel onde escrevem suas trairagens. O pior é que a Secom ainda os alimenta com publicidade.

Não é à toa que eles apoiam o candidato que chama nosso país de Estados Unidos do Brazil...





Madame Flaubert, de Antonio Mello

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POLÍTICA - Democracia na América Latina.

Brasil é um dos países com menor apoio à democracia na AL


Brasil é um dos países com menor apoio à democracia na América Latina

http://imgs.opovo.com.br/imgs/autores/LucinthyaGomes.jpgLucinthya Gomes


O Brasil amarga uma das últimas posições num ranking de apoio da população ao regime democrático, na América Latina. Dos 18 países onde a pesquisa foi realizada o país só fica acima de outros três países


A população brasileira parece não estar plenamente satisfeita com o regime democrático. A pesquisa Latinobarómetro, divulgada na última semana e publicada na revista britânica The Economist, apontou que, no Brasil, apenas 49% da população afirma apoiar a democracia em relação a outra forma de governo. A pesquisa envolve 18 países da América Latina e aponta que o Brasil está entre os piores colocados, acima apenas de outros três países.

Somente metade da população da América Latina concorda que o regime democrático é preferível em relação a outras formas de governo. No topo da lista, está a Venezuela, com índice de 87%. O Brasil, com percentual bem mais baixo, amarga uma das últimas posições, empatado com El Salvador e Panamá, que também pontuaram 49%, e acima apenas dos países Honduras (44%), Guatemala (41%) e México (37%).

Ainda assim, o Brasil está entre os países onde aumentou o apoio à democracia. Em 2003, o índice era de 35%, em 2011 passou a 45%, e neste ano cresceu quatro pontos percentuais. A Venezuela destacou-se como o país onde mais cresceu o apoio pela população, nos últimos dois anos. Em 2011, o índice era de 77% e, em 2013, passou a 87%.

No entanto, chama atenção também que 19% da população brasileira respondeu que, em certas circunstâncias, um governo autoritário pode ser melhor que a democracia. O percentual é o mesmo da Guatemala. Acima desse percentual, somente a Nicarágua (20%) e o Paraguai (32%).

A insatisfação da América Latina com a democracia pode estar relacionada em parte com a descrença da população nas instituições, sensação relacionada, segundo a pesquisa, à percepção de que o governo atua mais em benefício de todos, do que em favor do crescimento econômico e da qualidade das instituições. O Brasil marcou 30%, ficando atrás de Nicarágua, Equador e El Salvador. O líder de aprovação das instituições democráticas é Uruguai, com 80%.

Ao serem questionados sobre qual o maior problema do país, os brasileiros responderam em primeiro lugar saúde pública (35%), seguida de delinquência ou segurança pública (10%), educação (10%), corrupção (10%), violência (7%), desemprego (6%), não sabem ou não responderam (4%), consumo de drogas (3%) e problemas da política (3%). Diante dos principais problemas do país, o Brasil se coloca entre os mais céticos da capacidade do Estado resolvê-los nos próximos cinco anos: 33% responderam ser provável, enquanto 63% disseram ser pouco provável.
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POLÍTICA - Estranhas ligações.

O secretário Mauro Ricardo Costa e as ligações entre ACM Neto e os governo paulista

Por Assis Ribeiro

Estranhas ligações.

Nas eleições para a prefeitura de Salvador o candidato ACM Neto rodou o pires para arrecadar o valor R$ 21.948.636,11 milhões gastos na campanha segundo dados do TSE.
Neto foi quem mais investiu financeiramente no pleito e sua comitiva “passou o chapéu” por São Paulo na tentativa de conseguir ajuda, sobretudo do PSDB do postulante local, José Serra, segundo o colunista Lauro Jardim, de Veja:
“Agripino Maia está em São Paulo. Apesar da reunião com Geraldo Alckmin, a disputa entre Fernando Haddad e José Serra está longe de ser a prioridade de Maia. Ele desembarcou em São Paulo para passar o chapéu e voltar com recursos suficientes para garantir a vitória de ACM Neto em Salvador”.
Até a ida de Agripino Maia a São Paulo os parceiros só tinham conseguido arrecadar 4,3 milhões de reais de acordo com o próprio Lauro Jardim informando dados do TSE:
“Até agora, segundo o TSE, a campanha arrecadou 4,3 milhões de reais e já desembolsou a bagatela de 3,7 milhões de reais.”
Como em um jogo de cartas marcadas ACM Neto escolhe Mauro Ricardo Machado Costa que atuou como Secretário da Fazenda de Gilberto Kassab (PSD) em São Paulo e ex-secretário da Fazenda de José Serra tanto na capital paulista quanto no governo do Estado para ocupar a mesma secretaria, agora na administração da cidade de Salvador.
Os escândalos envolvendo o nome de Mauro Ricardo Machado Costa não se restringem a ter mandado arquivar denúncias dos fiscais, seus subordinados, que podem ter causado prejuízo de até R$ 500 milhões à Prefeitura de São Paulo.
As estranhas ligações são antigas.
 Em 1995, a convite do então Ministro José Serra, assumiu a Subsecretaria de Planejamento e Orçamento, no Ministério de Planejamento e Orçamento.
Em 1999, na gestão de José Serra como ministro da saúde é convidado para Presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Por irregularidades apuradas o Ministério Público ofereceu denúncia contra Mauro Ricardo por crime de Improbidade Administrativa em um "esquema" que teria desviado R$ R$ 56.630.323,39 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio da contratação de mão de obra terceirizada, inclusive para atendimento a "finalidades políticas".
Informação do site Bahia notícias:
Apesar de o prefeito ACM Neto (DEM) assegurar que o secretário municipal da Fazenda goza de sua "inteira confiança" e justificar que a ação movida pelo Ministério Público do Distrito Federal não atinge o seu auxiliar, o órgão, contatado pelo Bahia Notícias, garante o contrário. Segundo a assessoria da Procuradoria em Brasília, "não resta dúvida alguma sobre a inclusão de Mauro Ricardo Costa Machado na atuação judicial do MPF-DF" que denunciou, em 2008, um "esquema" que teria desviado R$ R$ 56.630.323,39 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), por meio da contratação de mão de obra terceirizada, inclusive para atendimento a "finalidades políticas". De acordo com o MPF-DF, o processo já está na segunda instância no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. (....)
No que tange especificamente ao auxiliar do prefeito ACM Neto, o MPF-DF afirma categoricamente no processo, ao qual o Bahia Notícias obteve acesso à íntegra, que "o objeto da presente ação de improbidade administrativa, foi firmado no dia 18/12/2002, na gestão do então presidente Mauro, [...] responsável pela contratação original da empresa Brasfort e pela celebração do Contrato 074/2002, eivado de todas as ilegalidades". Descreve ainda que "o ex-presidente da Funasa, Mauro Ricardo, viabilizou uma contratação nula, fundamentada em um plano de cargos e salários 'paralelo'". O convênio foi celebrado no período com a empresa Brasfort, acusada pela procuradora de integrar uma suposta "Máfia das Terceirizadas". "A origem de todas as ilegalidades narradas é a assinatura [por Mauro Ricardo] do próprio Contrato com desvio de finalidade , para execução de atividade-fim do órgão mediante terceirização dos serviços que, posteriormente, permitiu a contratação de parentes e 'apadrinhados', sem que houvesse controle da frequência dos terceirizados", acusa Raquel Branquinho. "Ao permitir a contratação da Brasfort na forma acima narrada, o ex-presidente da Funasa Mauro Ricardo violou princípios basilares da Administração Pública", sustenta o texto.
A procuradora afirma que todos os acusados agiram "de forma deliberada e, com plena consciência dos seus atos, praticaram os atos de improbidade administrativa". Raquel Branquinho lista também a responsabilidade do secretário do Município soteropolitano ao promover na Funasa "a criação de um ilícito sistema de banco de horas semanal" e reitera o que chama de "plano de cargos e salários 'paralelo', com critérios de ascensão funcional e remunerações bem maiores do que o legalmente vigente no órgão".
Conforme o MPF-DF, o período de comando do atual titular da Sefaz de Salvador na Funasa integra o quadro de "administrações totalmente descompromissadas com o interesse público, que utilizam os recursos orçamentários e extraorçamentários para fins políticos eleitoreiros e também para o desvio de dinheiro, o que tem causado um incalculável prejuízo à própria entidade". Mauro Ricardo Machado Costa presidiu a Funasa de 26 de março de 1999 a 14 de janeiro de 2003. Clique aqui e leia a ação na íntegra.
De acordo com o jornalista Leandro Fortes Mauro Ricardo já foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2001, e pela Justiça Federal, em 2005.https://www.facebook.com/leandro.fortes.146/posts/10202391469727530
As estranhas ligações continuam com o convite do então governador de Minas Gerais, Aécio Neves, para que Mauro Ricardo ocupasse a presidência  da Companhia de Saneamento de Minas Gerais(Copasa) de 2003 a 2004.
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POLÍTICA - NSA e o monitoramento dos EUA - Parte 1


Edward SnowdenNos últimos meses, fomos tomados de assalto pelas notícias sobre o monitoramento eletrônico feito pela NSA, de acordo com as denúncias feitas por Edward Snowden. O Brasil foi veemente em seus protestos, e agora outros países, como o México, a Alemanha e a Espanha estão seguindo o mesmo caminho.
Porém, nem todas as notícias divulgadas são verdadeiras ou procedentes, e tenho lido uma profusão de besteiras escritas a respeito do assunto. Por isso, como profissional de TI com experiência em segurança de redes e de aplicações, me senti na obrigação de escrever a respeito, para tentar clarear um pouco as coisas. Como o assunto é um pouco extenso, vou dividir os textos e tentar publicar pelo menos um artigo por semana.
Todo o problema começou, é claro, no 11 de Setembro e na “caçada” ao terrorismo iniciada pelo governo americano. Mas houve ainda um sério agravante, o USA PATRIOT Act (abreviação de "Uniting and Strengthening America by Providing Appropriate Tools Required to Intercept and Obstruct Terrorism Act of 2001"). Essa foi uma lei aprovada pelo congresso americano em 2001, no governo de George W. Bush, na esteira da comoção causada pelo atentado às torres gêmeas.
Entre as ações permitidas pelo Patriot Act estão a invasão de lares, a espionagem de cidadãos, interrogatórios e torturas de possíveis suspeitos de espionagem ou terrorismo, sem direito a defesa ou julgamento. Na prática, o ato suprime as liberdades civis. É o instrumento legal que permite ao governo dos Estados Unidos obter qualquer informação sobre qualquer pessoa, como também adotar medidas de vigilância e espionagem. Tudo o que antes era condenado pelos EUA quando ocorria em outros países, passou a ser permitido, dependendo somente de algum órgão de inteligência suspeitar que a pessoa está envolvida em alguma atividade terrorista. Tecnicamente, eles precisam fazer uma solicitação à “Foreign Intelligence Surveillance Court”, porém, todo o processo de solicitação e aprovação de mandados é interno e secreto, e a corte praticamente não precisa prestar contas a ninguém sobre as suas decisões, e nem poderia, pois tudo gira em torno da tal segurança nacional.
Além de permitir a investigação quase irrestrita dos suspeitos, a nova lei também define a obrigatoriedade de colaboração e o sigilo absoluto. Então, qualquer executivo de uma empresa que receba uma solicitação de informações sobre alguém é obrigado a fornecer essas informações, e proibido de divulgar qualquer coisa sobre o assunto. Caso não obedeça, passa a ser considerado como colaborador de um terrorista, enquadrado na lei de segurança nacional, e está sujeito a condenações como prisão perpétua ou mesmo à pena capital. Como esse “incentivo”, dá para imaginar que o governo tenha tido alguma facilidade em obter as informações que precisa, junto a todas as principais empresas que prestam serviços na Internet.
Porém, com a divulgação da espionagem, essas empresas ficaram em uma tremenda saia justa, pois parece que colaboraram espontaneamente, quando na realidade não tiveram outra opção. Não quero defender as empresas, e não faço ideia se elas concordam com a lei, ou se fariam mesmo que não fossem obrigadas, mas neste caso, não podem ser culpadas por isso, pois a colaboração não era opcional. Se olharmos com cuidado o modelo de negócios das empresas, elas normalmente prestam serviços muito baratos ou gratuitos, e sua remuneração é feita através da propaganda embutida nas páginas, ou usando as suas informações para marketing dirigido. Porém, se você parar de acessar e publicar informações, o modelo de negócio deixa de ser viável. Então você pode ter certeza de que todas estão absolutamente apavoradas com o efeito dessas denúncias, pois se pelo menos uma parte das pessoas se sentir ofendida com a quebra da privacidade e deixar de usar os serviços, as empresas simplesmente deixam de existir.
Apesar de normalmente lembramos somente das mídias sociais, existe uma outra categoria de empresa que está na berlinda: os provedores de serviços corporativos em nuvem. Até aparecerem essas denúncias, eles eram a bola da vez da TI, para reduzir custos em infraestrutura. Neste caso, as implicações da violação de privacidade são ainda mais graves, pois ao armazenar dados na nuvem, dados estratégicos de sua empresa podem estar sendo acessados pelo governo dos EUA, incluindo dados de clientes que foram confiados a você, e o cliente pode acabar sabendo da violação e processar a sua empresa pelo vazamento. Então a empresa pode acabar tendo que indenizar os clientes pela bisbilhotice do governo americano. Esse é um mercado que estava em crescimento vertiginosos, e só vamos saber qual foi o efeito real sobre ele, e se os investimentos feitos terão o retorno esperado ou não, daqui há alguns anos.
Normalmente as pessoas pensam somente nas empresas de Internet, e esquecem que o Patriotic Act abrange todas as empresas, então precisamos lembrar das empresas de cartão de crédito e investimentos, seguradoras, empresas aéreas, fornecedores de comunicação por satélite e cabos submarinos, serviços de GPS, empresas de telefonia, etc. Todas as vezes em que você fornecer alguma informação a uma empresa americana, mesmo que ela não esteja sediada nos EUA, essas informações podem estar sendo fornecidas para a NSA.
Mas quem é monitorado, e que informações são coletadas? A princípio, todos e tudo. Quando um ataque terrorista é cometido, ou mesmo que seja evitado, é importante saber todos os passos dos suspeitos, inclusive no passado, para poder identificar outros participantes, e desmontar toda a organização. Isso significa que monitorar alguém a partir de sua identificação como suspeito não adianta muito. Então do ponto de vista de segurança, faz sentido que todos sejam monitorados o tempo todo, para poder cruzar informações em caso de necessidade. Essa é a principal desculpa do governo americano: eles monitoram a todos, mas somente acessam os dados dos que são suspeitos, ou seja, seus dados estão lá, mas inacessíveis e misturados aos dados de bilhões de outras pessoas, então não causam nenhum mal.
Eu até acredito que o programa tenha começado com essa intenção, mas manter um programa desse porte, mesmo com boas intenções, já é uma ação extremamente perigosa. Imagine a situação: você é um senador americano, e sua campanha foi financiada por uma grande empresa que vai participar de uma licitação internacional, e fica sabendo que o governo possui informações que poderiam dar à empresa uma posição de vantagem. A pressão para dar só uma olhadinha rápida nos dados é difícil de aguentar, e acaba virando moeda de negociação política. Não sei se foi isso o que aconteceu quanto à Petrobras, mas é possível que aconteça a qualquer momento.
Outro problema sério é a segurança: como o próprio Snowden deixou bem claro, ele teve acesso quase irrestrito aos dados, e não era um analista especial. Ao contrário, era um analista comum, terceirizado, como centenas de outros que trabalham lá. Então a segurança é precária, o que significa que o banco de dados pode estar sendo acessado por analistas para vender informações ao mercado, ou mesmo a outros países e organizações terroristas. Então nesse caso o tiro pode sair pela culatra. Acredito que esse seja um problema que já deve estar sendo tratado após o vazamento, mas vai continuar sendo sempre um risco.
Agora você já tem uma noção do que está sendo feito pelo governo americano, e porquê. Então é melhor acostumar-se com isso, pois não acredito que esse programa de monitoramento seja revisto, pelos menos em um futuro próximo. Para um país que acredita que pode enviar um avião robô para qualquer lugar do mundo e explodir quem considere culpado, sem julgamento, violando a soberania dos países e matando familiares e vizinhos sem remorsos, não chega ser um ameaça séria. Afinal, como dizem alguns defensores, se você entregou suas informações a outra pessoa, não pode alegar direito à privacidade.
No próximo artigo, vou falar sobre como funciona a comunicação pela Internet, e outras formas de obter informações que também estão sendo utilizadas pela NSA.
Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/USA_PATRIOT_Act
http://www.justice.gov/archive/ll/highlights.htm
http://www.fastcompany.com/section/the-code-war
Fonte: Luis Nassif online
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HISTÓRIA - Hitler, Stalin, Freud e Trotsky eram vizinhos.

Há cem anos, Viena era a moradia de Hitler, Stalin, Freud e Trotsky

Sugerido por Tamára Baranov

Da BBC 

Andy Walker
 AFP
Há cem anos, Viena seria o ponto de encontro de personalidades-chave do século 20
Cem anos atrás, a região de Viena, então capital do Império Austro-Húngaro, serviu de casa para cinco homens que viriam a ter papéis determinantes no século 20: Adolf Hitler, Leon Trotsky, Joseph Tito, Sigmund Freud e Joseph Stalin.
Em janeiro de 1913, um homem cujo passaporte trazia o nome Stavros Papadopoulos desembarcou de um trem vindo da Cracóvia, na Polônia, com um bigode típico dos camponeses e uma mala de madeira, muito simples.
"Eu estava sentado à mesa quando a porta se abriu com uma batida e um homem desconhecido entrou. Ele era baixo, magro, sua pele, escura, coberta por pequenas marcas e cicatrizes... não vi nada em seus olhos que se assemelhasse a simpatia", relembrou, muitos anos depois, o homem que Papadoulos tinha vindo encontrar na cidade.
Mas a real identidade do forasteiro era outra. Nascido Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, o homem recém-chegado à Viena era, na verdade, Joseph Stalin, também conhecido pelos amigos como Koba.
E seu anfitrião, um intelectual dissidente russo, então editor do jornal radical Pravda (A Verdade), chamava-se Leon Trotsky.
Disparidades
Obviamente, nem todos os "quase vizinhos" que viriam a moldar grande parte do século 20 nos anos que se seguiram dividiam as mesmas visões de mundo, e nem todos estavam no mesmo momento de vida.
Stalin e Trotsky, por exemplo, estavam fugindo da Rússia.
 AFP
Favorito de Sigmund Freud, Café Landtmann ainda está em operação em Viena
Já o psicanalista Sigmund Freud vivia um momento de exaltação por, de acordo com seus seguidores, abrir os segredos da mente, e estava bem estabelecido na rua Berggasse, onde morava e atendia seus pacientes.
O jovem Josip Broz Tito, que mais tarde viria a ser conhecido como o marechal Tito, líder sangrento da Iugoslávia, trabalhava na fábrica de automóveis Daimler, em Wiener Neustadt, um vilarejo ao sul de Viena, e procurava emprego, dinheiro e diversão.
E havia ainda um jovem de 24 anos do noroeste da Áustria cujos sonhos de estudar pintura na Academia de Belas Artes de Viena haviam sido destruídos duas vezes e que agora vivia numa pensão na rua Meldermannstrasse, próximo ao Danúbio.
Frustrado, o austríaco que viria a transformar a história de maneira terrível se chamava Adolf Hitler.
E reinando sobre todos eles, no Palácio Hofburg estava o já envelhecido imperador Franz Joseph, que detinha o trono austro-húngaro desde o ano das grandes revoluções, 1848.
O arquiduque Franz Ferdinand, designado como seu sucessor, morava no Palácio Belvedere, nas proximidades, e aguardava com ansiedade o momento de tomar o poder. Seu assassinato, em 1914, seria o estopim da Primeira Guerra Mundial.
Império e diversidade
A Viena de 1913 era a capital do Império Austro-Húngaro, que consistia em 15 nações e mais de 50 milhões de habitantes.
 BBC
"Embora não fosse exatamente um caldeirão de diversidade, Viena tinha seu próprio tipo de charme cultural, atraindo os mais ambiciosos de todas as partes do império. Menos de metade dos dois milhões de habitantes da cidade eram nativos e cerca de um quarto vinha da Boêmia (região no oeste da República Tcheca) e da Morávia (no leste do mesmo país), então o tcheco era falado ao lado do alemão em muitas ocasiões", explica Dardis McNamee, editora-chefe do "Vienna Review", único periódico mensal em inglês da Áustria, e moradora da cidade há 17 anos.
Ela acrescenta que, na época, os súditos austro-húngaros pertenciam a um império onde 12 línguas diferentes eram faladas.
"Oficiais do Exército Austro-Húngaro tinham que estar aptos a dar ordens em 11 línguas além do alemão, e cada uma tinha sua própria versão do hino nacional", diz.
Cafés e dissidentes
Além disso, outras características tornavam a cidade atraente, entre elas o tipo de governo e os famosos cafés, onde intelectuais de várias origens se encontravam e mantinham calorosos debates.
"A comunidade intelectual vienense era na verdade razoavelmente pequena e todos se conheciam, o que tornava possível um intercâmbio através das fronteiras culturais", explica Charles Emmerson, autor de 1913: Em Busca do Mundo Antes da Grande Guerra, que também atua como pesquisador sênior no instituto de política externa Chatam House, na Grã-Bretanha.
"Não havia um Estado central muito forte. Ele era na verdade um pouco displicente. Se você quisesse encontrar um lugar para se esconder na Europa onde pudesse conhecer muitas outras pessoas interessantes, Viena era o lugar para se estar", diz.
Embora todos frequentassem os cafés da cidade e tivessem seus favoritos, ninguém sabe se Hitler esbarrou em Trotsky ou se Tito conheceu Stalin. Mas obras como "Dr. Freud está pronto para recebê-lo agora, senhor Hitler", uma radionovela de 2007 escrita por Laurence Marks e Maurice Gran, dão uma amostra de como esses encontros poderiam ter se desenrolado.
O que se sabe, de fato, é que a guerra que emergiu no ano seguinte destruiu muito da vida intelectual de Viena, levando à implosão do império anos mais tarde, em 1918, e dando a Hitler, Stalin, Trotsky e Tito papéis cruciais na História.
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