Solenidade com secretários vira ato pela candidatura de Pezão.

Paes diz que governa até o fim de 2016; Cabral afirma que fica até 2014

Fábio Vasconcelos

A cerimônia de posse dos novos secretários no Palácio da Cidade se transformou ontem num ato público a favor da candidatura do vice-governador, Luiz Fernando Pezão à sucessão de Sergio Cabral, em 2014. O governador e o prefeito Eduardo Paes deram o tom nos seus discursos.

Primeiro, Cabral afirmou que permanecerá no cargo até 2014, afastando especulações de que poderia deixar o governo para Pezão ficar à frente do Executivo durante as eleições. Logo em seguida, Paes pediu uma salva de palmas para o vice-governador e disse que ele será o próximo governador.

- Queria pedir uma salva de palmas para o Cabral e para o Pezão, que vai substituí-lo daqui a dois anos. Posse é um ato político, e em ato político eu jogo pezado com o Pezão.

Paes também garantiu que permanecerá no cargo até 2016. Com isso, procurou acabar com as conversas de que poderia se candidatar ao governo em 2014.

- Eu repito para que não restem dúvidas. Não deixo essa missão de ser prefeito de jeito nenhum. Não abro mão do meu mandato um minuto sequer. O meu candidato a governador chama-se Luiz Fernando Pezão.

Paes disse que fala diariamente com Cabral so telefone, e que, se as conversas forem reveladas, “não resistirá absolutamente nada” nas suas vidas:

- Foi um prazer governar ao seu lado (Cabral), eu tenho certeza de que será muito mais prazeroso a partir de 2015 com Pezão. Pezão, eu já falei a quarta vez, se não virar notícia, só se eu aparecesse com a faixa. Já jurei de pés juntos que não sou candidato a nada.

Fonte: O Globo

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A lição de Antonio Ribeiro Netto – Elio Gaspari

O neurocirurgião que matou o plantão e deixou a menina com a bala na cabeça pode aprender o que é ser médico

O neurocirurgião Adão Crespo, do Hospital Salgado Filho, do Rio, faltou ao serviço no dia de Natal. Por isso, a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, ficou oito horas esperando por atendimento adequado. 

Tinha uma bala na cabeça.

Chamado à polícia, informou que faltava aos plantões há um mês, porque discordava da escala de serviço. Segundo o doutor, uma determinação do Conselho Regional de Medicina manda que haja nos hospitais públicos dois neurocirurgiões por plantão. Como escalavam-no sozinho, não ia. Lindo. O Cremerj determina que os plantonistas sejam dois, e o neurocirurgião decide que é dois ou nada, passa o dia de Natal em casa e Adrielly fica com a bala na cabeça. Vale registrar que é uma temeridade botar um caso como o da menina nas mãos de um só neurocirurgião. Seria necessário que no plantão houvesse pelo menos um residente para assisti-lo. Bingo: o sistema público do Rio não tem mão de obra para respeitar essa necessidade.

Se o doutor Crespo, ou qualquer outro, quer se rebelar contra a má qualidade dos serviços públicos de saúde, tem dois caminhos: pede as contas ou usa o seu tempo disponível para infernizar a vida do prefeito Eduardo Paes, do governador Sérgio Cabral, do ministro Alexandre Padilha e da doutora Dilma. Pode até protestar contra o papa, mas não pode faltar ao serviço, nem se defender na polícia com o manto branco do corporativismo médico.

Crespo e todos os seus similares deveriam ser convidados a preparar uma biografia de um colega: Antonio Ribeiro Netto. Durante mais de 40 anos, até sua morte, nos anos 90, foi cirurgião de tórax do Hospital Souza Aguiar. Lá, o CTI da neurocirurgia chamava-se "Coreia". Não sabia quanto ganhava. Quando se aborrecia com as questões do cotidiano, ia para o hospital adiantar procedimentos cirúrgicos. Em 1993, vendo a medicina pública do Rio assolada por "escolhas de Sofia", nas quais os médicos eram obrigados a decidir quem morreria por falta de atendimento, ele olhava para o descalabro e dizia: "A culpa é minha. Fui míope. Talvez se eu tivesse ido para os jornais atacar o governador, talvez se eu tivesse entrado aos gritos no gabinete do secretário, não sei. A verdade é que deixei a peteca cair". Dizia isso sabendo que nunca faltara a plantão. Hoje Ribeiro Netto é nome de policlínica, mas seu exemplo perdeu-se na poeira do descaso.

As guildas médicas são incapazes de diagnosticar as patologias individuais de seus profissionais. Algo como se um doutor, diante de um caso de pneumonia (o neurocirurgião que falta ao serviço), quisesse discutir o aspecto epidemiológico do problema (a falta de dois profissionais no plantão). Nisso, Adrielly ficou com a bala na cabeça. O Conselho Regional de Medicina faz bonito quando pede dois neurocirurgiões, mas fica numa posição troncha quando um deles se justifica usando sua recomendação para deixar o plantão sem neurocirurgião algum.

Já os presidentes, ministros, governadores e prefeitos dedicam-se a uma espetacularização da ruína. Sérgio Cabral chegou ao governo dizendo que a medicina pública do Rio praticava um "genocídio", e o prefeito Eduardo Paes disse que Adão Crespo é "um delinquente". E o chefe do doutor, a quem ele diz ter comunicado que não iria aos plantões?

Fonte: O Globo
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Lacerda crê em oposição 'responsável e consciente' em BH

Durante a solenidade de posse do prefeito reeleito em Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), na Câmara Municipal, o governante da capital mineira afirmou nesta terça-feira que a oposição é "bem-vinda" em sua gestão, desde que cumpra seu papel "para o bem da cidade", e não para "prejudicar" o governo. O prefeito reeleito, entretanto, ressalvou que os vereadores oposicionistas são conscientes da importância de que não interrompam projetos essenciais da cidade.

"Nós contamos com o apoio da Câmara. Na primeira gestão não tínhamos uma base clara, muitos projetos foram aprovados com maioria simples, e, naturalmente, sempre contamos com a oposição. Nesta nova formação, também teremos, mas vejo vereadores empenhados para trabalhar pela cidade, cada um com seu papel, cada um com o interesse de melhorar a vida de todos. A oposição é sempre bem-vinda, faz parte da democracia, desde que seja para o bem da cidade, que não venha para paralisar tudo. Para não prejudicar. Acredito que isso não vai acontecer, temos uma oposição responsável e consciente", argumentou.

Lacerda elogiou bastante seu vice-prefeito, Délio Malheiros (PV). Apesar dos problemas antes das eleições municipais, quando um vídeo divulgado na internet mostrava Malheiros deixando claro que faria tudo contra o atual prefeito, Lacerda garantiu que seu companheiro será importante em vários pontos.

"Délio é uma pessoa preparada, um militante dos direitos dos consumidores, um deputado atuante, um advogado preparado, ele vai nos ajudar cumprindo tarefas caso a caso. Já temos tarefas para ele, coisas pontuais, dependem de negociações, que envolvem questões jurídicas e ele, com a experiência, vai ajudar bastante", justificou.

A solenidade de posse dos 41 vereadores, do prefeito Marcio Lacerda e do vice Délio Malheiros começou com aproximadamente uma hora e meia de atraso. No ato formal, o candidato eleito confirma sua condição, assume os direitos e obrigações do mandato. Todos foram até o microfone, firmaram o compromisso e assinaram um documento.

Logo em seguida, o prefeito reeleito Marcio Lacerda fez seu discurso de posse. Ele falou muito sobre as novas metas de Belo Horizonte. Também voltou a dizer que existe uma preocupação com saúde e transporte público e garantiu vontade para trabalhar por Belo Horizonte. O prefeito também elogiou bastante o atual senador da república e antigo governador de Minas, Aécio Neves.

"Temos vários projetos. A expectativa principal é em relação à melhoria da mobilidade urbana, do transporte de massa, entendemos que o BRT (Bus Rapid Transit, sistema de ônibus expressos) vai apresentar uma melhoria significativa para a cidade. Estamos preocupados com um transporte de qualidade, do metrô de Belo Horizonte. Outra preocupação está também na saúde e ainda na habitação, lançando novas unidades de moradias. Vamos seguir o modelo de gestão", disse.

Porém, apesar de ser especulado que o prefeito poderia ser um nome forte para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2014, Lacerda garantiu que não deixará a prefeitura de Belo Horizonte para assumir outro cargo. "Ainda tenho muita coisa para fazer e não tenho o interesse de candidatar a nenhum outro cargo", finalizou.

Fonte: O Tempo (MG)
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Beth Carvalho - samba da minha terra

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Por causa de Jandira - Murilo Mendes

O mundo começava nos seios de Jandira.

Depois surgiram outras peças da criação:
Surgiram os cabelos para cobrir o corpo,
(Às vezes o braço esquerdo desaparecia no caos.)
E surgiram os olhos para vigiar o resto do corpo.
E surgiram sereias da garganta de Jandira:
O ar inteirinho ficou rodeado de sons
Mais palpáveis do que pássaros.
E as antenas das mãos de Jandira
Captavam objetos animados, inanimados.
Dominavam a rosa, o peixe, a máquina.
E os mortos acordavam nos caminhos visíveis
[ do ar
Quando Jandira penteava a cabeleira...

Depois o mundo desvendou-se completamente,
Foi-se levantando, armado de anúncios luminosos.
E Jandira apareceu inteiriça,
Da cabeça aos pés,
Todas as partes do mecanismo tinham
[ importância.
E a moça apareceu com o cortejo do seu pai,
De sua mãe, de seus irmãos.
Eles é que obedeciam aos sinais de Jandira
Crescendo na vida em graça, beleza, violência.
Os namorados passavam, cheiravam os seios de
[ Jandira
E eram precipitados nas delícias do inferno.
Eles jogavam por causa de Jandira,
Deixavam noivas, esposas, mães, irmãs
Por causa de Jandira.
E Jandira não tinha pedido coisa alguma.
E vieram retratos no jornal
E apareceram cadáveres boiando por causa de
[ Jandira.
Certos namorados viviam e morriam
Por causa de um detalhe de Jandira.
Um deles suicidou-se por causa da boca de Jandira
Outro, por causa de uma pinta na face esquerda
[ de Jandira.

E seus cabelos cresciam furiosamente com a força
[ das máquinas;
Não caía nem um fio,
Nem ela os aparava.
E sua boca era um disco vermelho
Tal qual um sol mirim.
Em roda do cheiro de Jandira
A família andava tonta.
As visitas tropeçavam nas conversações
Por causa de Jandira.
E um padre na missa
Esqueceu de fazer o sinal-da-cruz por causa de
[ Jandira.

E Jandira se casou
E seu corpo inaugurou uma vida nova.
Apareceram ritmos que estavam de reserva.
Combinações de movimento entre as ancas e os
[ seios.
À sombra do seu corpo nasceram quatro meninas
[ que repetem
As formas e os sestros de Jandira desde o
[ princípio do tempo.

E o marido de Jandira
Morreu na epidemia de gripe espanhola.
E Jandira cobriu a sepultura com os cabelos dela.
Desde o terceiro dia o marido
Fez um grande esforço para ressuscitar:
Não se conforma, no quarto escuro onde está,
Que Jandira viva sozinha,
Que os seios, a cabeleira dela transtornem a
[ cidade
E que ele fique ali à toa.

E as filhas de Jandira
Inda parecem mais velhas do que ela.
E Jandira não morre,
Espera que os clarins do juízo final
Venham chamar seu corpo,
Mas eles não vêm.
E mesmo que venham, o corpo de Jandira
Ressuscitará inda mais belo, mais ágil e
[ transparente.
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