Folha de S.Paulo - Ilustrada - Turquia multa canal por exibir episódio de 'Os Simpsons' que debocha de Deus - 03/12/2012

Clique para ver...

Papo entre amigos


Conversando com FHC 
Marcos Coimbra 
Correio Braziliense

É enternecedor o carinho de nossa grande imprensa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sempre que o entrevistam, é uma conversa amena. Percebe-se a alegria dos jornalistas em estar na sua presença.

O tom é cordial, as perguntas são tranquilas. Tudo flui na camaradaria.

O que não chega a ser surpreendente. FHC é um boa prosa, que sabe agradar os interlocutores. Além de ser uma pessoa respeitável, seja pela trajetória de vida, seja por sua maturidade.

Natural que o tratem com consideração.

Estranho é constatar que a amabilidade com que é recebido não se estende a seu sucessor. A mesma imprensa que o compreende tão bem costuma ser intransigente com Lula. Para não dizer francamente hostil e deselegante.

Quem lê o que ela tem falado a respeito do petista nos últimos dias e o compara ao tratamento que recebe Fernando Henrique deve achar que um deixou a Presidência escorraçado e o outro sob aplauso. Que a população odeia Lula e adora o tucano.

Esta semana, tivemos mais um desses bate-papos. Saiu na Folha de S.Paulo.

FHC discorreu sobre o Brasil e o mundo. Falou do PSDB, de Aécio e Serra. Meditou sobre o julgamento do mensalão com a sabedoria de quem o vê a prudente distância. Opinou sobre Dilma e Lula. Contou de sua vida particular, a família e os amores.

Foi uma longa conversa, sóbria e comedida — embora com toques de emoção.

Mas foi frustrante. Acabou sendo mais uma oportunidade perdida para ouvir FHC sobre algumas questões que permanecem sem resposta a respeito de seu governo.

É pena. Não está na moda "passar o Brasil a limpo"? "Mudar o Brasil?" "Sermos firmes e intransigentes com a verdade?"

Ninguém deseja que Fernando Henrique seja destratado, hostilizado com perguntas aborrecidas e impertinentes ou que o agridam.

Um dia, no entanto, bem que alguém poderia pedir, com toda educação, que falasse.

Que descrevesse o projeto do PSDB permanecer no poder por 20 anos e como seria posto em prática, quais as alianças e como seria azeitado (sem esquecer a distribuição, sem licitação, de quase 400 concessões de TVs educativas a políticos da base).

Que relembrasse os entendimentos de seu operador com o baixo clero da Câmara para aprovar a emenda da reeleição. Quanto usou de argumentos. E o que teve que fazer para que nenhuma CPI sobre o assunto fosse instalada.

Que apontasse os critérios que adotou para indicar integrantes dos tribunais superiores e nomear o procurador-geral da República. Que explicasse como atravessou oito anos de relações com o Judiciário em céu de brigadeiro.

Que refletisse sobre o significado de seus principais assessores econômicos tornarem-se milionários imediatamente após sairem do governo — coisa que, se acontecesse com um petista, seria razão para um terremoto.

Enfim, FHC poderia em muito ajudar os amigos. Esses que fingem ter nascido ontem e se dizem empenhados em "limpar" a política.
Bastaria que resolvesse falar com clareza.

No mínimo, diminuiria a taxa de hipocrisia no debate atual e reduziria o papo furado. O que é sempre bom.
Clique para ver...

Janio de Freitas: “BARBOSA, FUX E DIRCEU”

Do portal “Conversa Afiada”:

Saiu na “Folha” artigo de Janio de Freitas:

A PEDIDOS

“Além do guitarrista, cantor, praticante de jiu-jitsu e ministro Luiz Fux, outro dos integrantes do Supremo Tribunal Federal recorreu em pessoa a José Dirceu para favorecê-lo na indicação ao tribunal. Restaram duas diferenças entre as nomeações alcançadas. Mas logo extintas na prática dos votos trazidos pelos nomeados.

O ministro Luiz Fux diz-se convicto, como se viu na esplêndida entrevista/reportagem feita por Mônica Bergamo, de que José Dirceu o ouviu, mas não o apoiou. Vale a convicção declarada, embora incerta. À época em que foi procurado, José Dirceu já era réu no processo do mensalão. E vicejava, por aquela altura, uma outra convicção: a de que Luiz Fux emitira sinais contrários à condenação de Dirceu.

No outro caso, o apoio de José Dirceu não foi posto sob ressalvas. A rigor, nem foi reconhecido ou negado por quem o buscou. Assim como disse para uma de suas condenações a Dirceu, o ministro Joaquim Barbosa “não pode ter deixado de saber” que "sua procura pelo apoio já deixou de ser segredo".

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, chamado de “Kakay”, confirma e conta com os devidos pormenores que o então procurador Joaquim Barbosa lhe pediu para levá-lo a José Dirceu. E Dirceu, por sua vez, tanto confirma haver recebido Joaquim Barbosa como o motivo da conversa. E nem sequer insinua que lhe tenha negado apoio quando da escolha final por Lula.

Se houve, a diferença de trampolins anulou-se no pouso. Nas votações, o cantor-ministro faz uma espécie de “back voice” dos votos entoados pelo ministro Joaquim Barbosa, cantores da mesma música. Ainda bem que desacompanhada dos acordes para lá de primários, na luta de Luiz Fux com a guitarra.

A partir do relato de Almeida Castro, chega-se a uma consonância mais fértil. Aquele Joaquim Barbosa do recurso a José Dirceu é o que defendeu, há pouco, no seu discurso de posse como presidente do Supremo, que as carreiras de magistrado se desliguem da relação com políticos. Pelo sistema em vigor, são os políticos quem os eleva no decorrer da magistratura.

Pelo relato do advogado, a resposta de Dirceu à sua intermediação foi que receberia Joaquim Barbosa, mas um dos seus objetivos no governo era a mudança no modo de se escolherem os ministros do Supremo. Para acabar com as nomeações por meio de pedidos a políticos e pressões sobre presidentes.

Não parecem afirmações do que acusa e do que é acusado de querer destruir a independência dos Poderes. Nem parece possível que o ministro Luiz Fux seja seguidor milimétrico do acusador, apesar da caça à nomeação como a descreveu à “Folha”. Da qual é impossível não reproduzir, ao menos, esta admissão inigualável:…”alguém me disse: ‘Olha, o Delfim é uma pessoa ouvida pelo governo’. Aí eu colei no pé dele [risos]“.

É isso mesmo. Nada de perder a tranquilidade. “Seria um absurdo condenar alguém sem provas. Eu não teria condições de dormir se fizesse isso”... Como, nos julgamentos, tantos "possíveis indícios" são elevados pela vontade a "provas irrefutáveis", estão disponíveis modernos indutores de sono.”

FONTE: portal “Conversa Afiada”  (http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2012/12/04/janio-de-freitas-barbosa-fux-e-dirceu/).
Clique para ver...

O QUE HÁ EM COMUM NAS NOTÍCIAS SOBRE ROSE E FUX (por Bob Fernandes)

Fux foi “acima dos limites” no “vale tudo” de seus pedidos para ser ministro do STF



Por Bob Fernandes, no “Terra Magazine”

“Nestes últimos dias, manchetes de impacto com dois assuntos: um, as explosivas armações de Rosemary Noronha, os irmãos Paulo e Rubens Vieira e os seus. Outro assunto, alguns dos "caminhos" percorridos por Luiz Fux para tornar-se ministro do Supremo Tribunal Federal.

Rosemary Noronha, a Rose, era chefe de gabinete na Representação da Presidência da República em São Paulo. Rose valeu-se da sua proximidade com o ex-presidente Lula. Segundo a Polícia Federal, ela integrava uma extensa rede em que se combinam tráfico de influência e corrupção.

O ministro Luiz Fux, que fique claro, nada tem a ver com isso, com esses fatos. Fux foi um dos responsáveis pelas mais duras penas no julgamento do chamado "mensalão do PT". Durante o julgamento, Fux foi autor de alguns dos mais contundentes discursos em defesa da moralidade.

Na “Folha de S. Paulo”, a repórter Mônica Bergamo descreve a caminhada de Fux em direção ao STF. Autor de 17 livros, ex-ministro do STJ, o próprio Fux relata em entrevista à Mônica "sua batalha" rumo ao Supremo.

Ele diz que "bateu na trave três vezes". Na quarta tentativa, buscou apoios. Fux pediu o apoio de José Dirceu. Diz que, para tanto, teve um encontro. Assessores de Dirceu informam que foram "encontros", e "sempre a pedido de Fux".

Sobre conversar com réu de um processo que iria julgar se indicado, e a ele pedir apoio, Fux diz:

- “Confesso que nem me lembrei”.[sic !?!]

Fux, portanto, "não se lembrou" que Dirceu, a quem foi pedir apoio, era réu no processo do chamado "mensalão do PT". Fux disse ainda:

- “Eu tinha a sensação 'bom, não tem provas' (no processo do mensalão). Eu pensei que, realmente, não tivesse provas. Quando li o processo, fiquei estarrecido".

Em busca de apoios, Fux encontrou-se com outro réu, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara dos Deputados. O hoje ministro também procurou Delfim Neto. Palavras de Fux:

- “Alguém me disse que o Delfim era pessoa ouvida pelo governo. Eu colei no pé dele.”

Para pedir o apoio do deputado Paulo Maluf (PP-SP), o ministro Luiz Fux foi até o gabinete de Maluf; Maluf é réu em pelo menos três processos nesse mesmo Supremo.

(À “Terra Magazine”, o deputado Cândido Vaccarezza confirmou dois encontros nos quais esteve presente. Um, no gabinete de Maluf, o outro, com o deputado João Paulo Cunha, na casa de Luiz Fux em Brasília. Também presentes três empresários).

Nesse amplo e heterodoxo périplo, Fux pediu, e obteve, apoio do líder do MST, João Pedro Stédile.

Essa é uma história em que ninguém se sai bem. Os réus porque, obviamente, contavam com o voto de Fux. A presidente Dilma -e os "filtros'' da Presdência- por tê-lo indicado depois de tal costura. E o ministro Fux, pelo "caminho escolhido" e pelo conjunto de passos nessa caminhada rumo ao STF.

Há quem não se mova para ser indicado para o Supremo Tribunal, mas esse, o de buscar todo e qualquer apoio, é um dos caminhos até o STF. Há quem não veja nada demais nisso; argumentam que réus do PT foram condenados com votos de Fux. E foram mesmo.

Vale, nesse caso, uma pergunta: e se o mesmo Fux tivesse absolvido José Dirceu e réus do PT? O que diriam agora, hoje, as manchetes sobre essa heterodoxa caminhada depois de conhecidos tais fatos? E o que diria quem não vê problema algum nessas "andanças"?

As manchetes, as notícias sobre Rose e Fux não têm, repita-se, nenhum fato em comum. Mas têm, na essência, traços em comum: a escassa transparência no Estado brasileiro, e a falha, ou inexistência, de efetivos mecanismos de controle democrático. Isso no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. E por todo o país.”

FONTE: vídeo e texto de Bob Fernandes no portal “Terra Magazine”  (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/12/04/o-que-ha-em-comum-nas-noticias-sobre-rose-e-fux). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Clique para ver...

O CHEIRO DA NAFTALINA E O SOPRO PROGRESSISTA

Por Saul Leblon

“O lançamento burocrático do nome de Aécio à sucessão de Dilma Roussef, feito por apressados tucanos na 2ª feira, exala o odor da naftalina entranhada nas peças do vestuário preteridas no guarda-roupa. Quando, finalmente, ascendem à luz, já perderam a sintonia com o manequim e a estação.

Ungido no vácuo, Aécio ainda gaguejou assombrado: 'antes de candidatura, a legenda precisa de agenda'

Não sem razão. O credo do PSDB transformou-se num pé de chumbo histórico. Hoje, ele pisoteia o que restou do “Estado do Bem Estar Social” europeu superpondo o “arrocho ortodoxo” ao “colapso neoliberal”. Apaga incêndio com gasolina.

As labaredas atingiram a classe média europeia da qual o tucanato um dia considerou-se uma espécie de prefiguração tropical culta, rica, bela e cheirosa.

19 milhões de desempregados, quase 120 milhões na antessala da pobreza, revestem a zona do euro das cores de uma tragédia histórica feita de despejos, suicídios, fome e pobreza, em escala e virulência desconhecidas desde a Segunda Guerra.

A candidatura Aécio é isso: o “choque de gestão” de Alckmin algemado ao descrédito planetário da bandeira dos mercados autorreguláveis. Queira ou não, sua candidatura vestirá o que lhe resta --a camisa "conservadora" [neoliberal, antinacional] impregnada da naftalina udenista.

O único plano de voo tucano é a aposta no acuamento político do PT e do governo Dilma.

Depende muito de como o outro lado reagir.

A inexistência de um contraponto estruturado de mídia progressista, por exemplo --ontem e ainda hoje menosprezado pelo governo Dilma-- amplifica o alcance dessa ressurgência udenista, cuja chance de volta ao poder pressupõe nada menos que a destruição de Lula e o engessamento de sua sucessora.

Não é único flanco de um viés de complacência cada vez mais temerário.

O PT, de certa forma, foi uma costela emancipada da efervescência cristã-progressista semeada pela Teologia da Libertação nas periferias metropolitanas. A ela associou-se a energia sindical amadurecida nos levantes metalúrgicos do ABC paulista nos anos 70 e 80.

Dessa simbiose de forte capilaridade, emergiram lideranças e quadros que iriam catalisar segmentos egressos da luta armada, intelectuais de esquerda, cristãos progressistas e democratas em geral, na construção de um novo partido socialista, libertário e ecumênico.

O êxito eleitoral fulminante associado ao revés simultâneo da ala progressista da igreja católica contribuiria para o duplo desmonte do enraizamento original pela base.

O jogo eleitoral absorvente impôs a sua lógica absolutista na vida interna do partido; o golpe "conservador" dentro da Igreja Católica reproduziria o mesmo vácuo nas periferias crescentemente colonizadas pela individualização evangélica.

A vitória de Fernando Haddad em São Paulo reabre essa página da história.

A partir de São Paulo, o PT pode - se quiser - renovar o arsenal de políticas públicas, ao mesmo tempo em que regenera a capacidade de organização pela base.

Seria uma demonstração de discernimento histórico da nova gestão petista, por exemplo, criar uma “Secretaria de Participação Cidadã”.

Sua missão democrática seria reativar a nucleação suprapartidária da cidadania em torno de questões cruciais que atormentam o cotidiano dos bairros de classe média, dos conjuntos populares e das periferias distantes.

O renascimento da participação comunitária impulsionada pelo recorte ecumênico, pavimentaria a realização de grandes conferências municipais temáticas. Nelas, delegados de classe média e de cinturões populares pactuariam suas prioridades para São Paulo.

O processo ganharia difusão através de uma rede de mídia alternativa capaz de amplificar a mais significativa virada cultural na gestão de uma metrópole no século XXI: o protagonismo democrático de seus habitantes.

A vitalidade participativa em uma das cinco maiores manchas urbanas do planeta sacudiria a vida política do país e a letargia interna do PT.

Faria mais que isso: fomentaria um anteparo de discernimento popular com densidade capaz de resistir ao golpismo “conservador” [eufemismo para “neoliberal antinacional”] que, queira ou não Aécio, deve cavalgar a sua candidatura a 2014 - se e até quando ela sobreviver à liquefação neoliberal

FONTE: escrito por Saul Leblon no “Blog das Frases”, no site “Carta Maior”  (http://cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=6&post_id=1150). [Imagem do Google e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...