José Nêumanne e a verdade histórica

Charge de Frank
O jornalista José Nêumanne publicou hoje no Estadão um artigo repercutindo os fatos do Pinheirinho. (Veja aqui.)É uma análise do que ele considera ter sido o essencial do evento e daquilo que mais se destacou em tudo o que se disse a respeito: “a obediência à palavra de ordem emanada do Comitê Central”, que ainda permanece viva, “uma chama acesa a incendiar não mais os corações e mentes dos seres humanos, mas a velha e boa ordem da democracia burguesa”. Hoje, na avaliação dele, a palavra de ordem é "pau neles!".

O problema é que o Nêumanne me põe nesse barco, pois seu artigo é uma réplica ao meu, publicado sábado passado no mesmo espaço. Ele começa elegante, afirmando que meu artigo “está carregado de correção política e legitimidade acadêmica”. Faltar-lhe-ia, contudo, “verdade histórica”. 

Segundo ele, eu me condoo da situação dos desabrigados, o que todos fizeram. Também critico a falta de política habitacional e a omissão dos governos, o que ele apoia e aplaude. 

Onde estaria então o meu erro? É que eu não teria dado o devido valor ao Estado Democrático de Direito, no qual vigora o império da lei e a Justiça é soberana: “cabia ao governador mandar cumprir a ordem judicial. Só isso”.  Reclamei dos excessos da PM e isso também desgostou o Nêumanne: “Ninguém percebeu a fotografia publicada nos jornais de uma tropa armada de paus e pedras para defender direitos inexistentes sobre solo alheio? Ninguém, de sã consciência, esperava que tropas policiais enfrentassem esses resistentes levando flores no cano de fuzis, em vez de baionetas”. O importante era desarmar os invasores, impedindo um banho de sangue, e expulsar de lá os invasores, que estavam flagrantemente contra a lei.

Por não ter visto nada disso, eu teria praticado o mesmo tipo de denúncia feita pela presidente Dilma e por outros dirigentes do PT: “O saber do mestre e a imensa popularidade da presidente não conseguirão atenuar a barbárie de quem, não tendo votos, recorre a paus, pedras e ovos para tentar impor seus argumentos”.

Não pretendo ficar discutindo com o Nêumanne, um jornalista experiente, a quem aprecio e que é meu colega ali na pág. 2 do Estadão. Li seu artigo como uma peça ideológica em defesa do liberalismo. Também acho que a ele falta verdade histórica e sobretudo sensibilidade social. Não é porque se defende o Estado Democrático de Direito (coisa que faço com a maior veemência) que se precisa defender dogmaticamente uma ação policial explosiva. Uma decisão judicial pode ser aplicada de diferentes maneiras, sugeri em meu texto. O modo como foi aplicada no caso do Pinheirinho foi péssima, independentemente do que digam os políticos e os analistas. Os efeitos nefastos da operação estão expostos à luz do dia.

Houve excesso policial e certamente estão havendo excessos entre aqueles que criticaram e que apoiaram a desocupação do terreno. Nada a escandalizar ou a surpreender. Vivemos uma época de excesso, já não houve quem disse isso?

Tudo hoje no Brasil vira bate-boca partidário. Verdades e mentiras converteram-se em frases ocas, que não conseguem ser comprovadas nem discutidas adequadamente. Tudo é ideologia. Até o Senador Aloysio Nunes Ferreira, meu senador e meu amigo, a quem respeito como poucos na política, acabou por se deixar levar pela necessidade de marcar posição na guerra partidária em que se converteu o Pinheirinho. Escreveu na Folha de S. Paulo de hoje (veja aqui) um artigo para denunciar o que considera “uma fábrica de mentiras montada pelo PT para divulgar nas próximas campanhas eleitorais”. Ele pode ter razão em alguns dos fatos, mas só fez o que fez para defender o governo estadual, não para esclarecer o que de fato aconteceu.  Enquanto o PSDB “constrói casas”, escreveu, o PT “flerta com grupelhos que apostam em invasões e que torcem para que a violência leve os miseráveis da terra ao paraíso”.

É um discurso afiado eleitoralmente, mas que ajuda muito pouco seja ao estabelecimento da verdade, seja ao entendimento entre as forças políticas, que é, de resto, aquilo de que o Brasil mais precisa.

Igualzinho ao do Nêumanne, aliás.

A gente, na verdade, devia é estar trabalhando para despartidarizar o Pinheirinho e encontrar um rumo democrático para as reformas sociais de que tanto precisamos.
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Pinheirinho: relações perigosas do PSDB


Que o terreno desocupado a força pela polícia do PSDB de Alckmin em São José dos Campos pertence ao megaespeculador Naji Nahas já não é novidade para ninguém. Nahas é aquele mesmo que foi preso por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Mas não é só isso que motivou o massacre de Pinheirinho, onde homens, mulheres e crianças foram agredidos sem nenhum pudor. Reportagem assinada pelo jornalista Felipe Prestes publicada pelo portal Sul 21 revela o compromisso do PSDB com a especulação imobiliária naquela cidade.


Segundo a reportagem, o Comitê Financeiro Único do PSDB de São José dos Campos recebeu a doação de 22 empresas do ramo imobiliário na eleição de 2008, num total de R$ 427 mil, com o objetivo de ajudar na vitória do atual prefeito Eduardo Cury (PSDB). Já o irmão de Rodrigo Capez, desembargador do Tribunal de Justiça paulista que ordenou e coordenou a desocupação, Fernando Capez (PSDB) recebeu uma baita ajuda das mesmas empresas para tentar se eleger deputado estadual em 2010. R$ 424 mil foram destinados ao candidato que acabou se reelegendo para mais um mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo. Dos projetos de sua autoria que se transformaram em Lei, treze instituem datas comemorativas, seis declaram entidades de utilidade pública, quatro são emendas à Constituição Estadual, dois denominam espaços públicos e apenas três tem alguma relevância para a sociedade. Uma produção bastante acanhada para os dois mandatos que está no legislativo daquele estado. Mesmo acanhamento o parlamentar não teve para conquistar a contribuição das quinze empreiteiras.

A propósito, o prefeito Cury rejeitou propostas para que a área de 1,3 milhão de metros quadrados fosse inscrita em projetos habitacionais federais e estaduais sem que houvesse pagamento “justo” ao especulador Nahas. Já o desembargador Capez, irmão do deputado peessedebista, ignorou liminares federais que suspendia a reintegração de posse.

Abaixo, a lista de doações que consta no site do TSE e estão na reportagem do Sul21.

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NOVO MODELITO DE ALCKMIN ARRASA NA PSDB FASHION WEEK

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O übermodel tucano exibe o novo look com a grife que lhe cai bem.
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Presidente da OAB acusado de uso indevido de cartão corporativo


O presidente do Conselho Federal da OAB, Ophir Cavalcante, um dos protagonistas do movimento "Cansei" e aliado de primeira hora de oposicionistas do governo Dilma foi acusado de gastar indevidamente R$ 230 mil do cartão corporativo sem comprovar necessidade através de notas fiscais. A suposta irregularidade foi apontada pelo juiz Bruno César Bandeira Apolínário, da 3ª Vara da Justiça Federal, que deu cinco dias úteis para a entidade se manifestar sobre a acusação. Cavalcante também foi acusado ano passado pela Folha de São Paulo de receber cerca de R$ 20 mil sem trabalhar. É procurador licenciado do estado do Pará. Os integrantes do movimento "Cansei" que sempre se manifestam diante de qualquer acusação, em sua maioria sem comprovação, contra o governo Dilma não irão se manifestar sobre os atos de um de seus líderes?
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Prefeito do PSDB é preso por lavagem de dinheiro


O prefeito de Jundiaí do Sul, no Paraná, foi preso no último domingo acusado de lavagem de dinheiro. Valter Abras (PSDB), que foi encontrado na casa de sua família em Ribeirão do Pinhal, é acusado pelo Ministério Público daquele estado por chefiar um esquema de corrupção que usaria notas falsas para fazer pagamentos da prefeitura entre 1997 e 2000. Abras, que havia vencido a última eleição na cidade e só consegiu assumir a prefeitura em 2011 após reverter a cassação de sua candidatura pelo TRE, dessa vez foi condenado em última instância a oito anos de prisão em regime semiaberto por crime contra a administração pública.
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