ENTREVERO PALACIANO


EDITORIAL
FOLHA DE S. PAULO
13/1/2010

Omissão de Lula e da Casa Civil criou o vespeiro em que se converteu o Programa Nacional de Direitos Humanos

POUCO IMPORTA , para ser rigoroso, se o presidente Lula leu de fato as 30 mil palavras da terceira e mais polêmica versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). Não há sentido prático em exigir tanta meticulosidade de mandatários.
Chefes de governo contam com ministros para isso: analisar, verificar e submeter ao superior, em formato resumido, normas e documentos que carecem de sua assinatura. Feita a constatação, é preciso ressalvar que ela em nada diminui a responsabilidade do presidente por seus atos.
O decreto que dá por aprovado o PNDH-3 acumula vários defeitos, já assinalados aqui. Contudo, um de seus piores vícios é marca característica do governante brasileiro, que o lulo-petismo cultiva com especial denodo: o mau costume de atravancar a já copiosa legislação nacional com diplomas inócuos, declarações de intenções talhadas para contemplar públicos específicos.
Encarado desse ângulo, o PNDH-3 surge como compêndio das mesuras que o governo Lula se acha obrigado a fazer diante de movimentos sociais, grupos de pressão e organizações não-governamentais abrigados na máquina pública. De militantes de direitos humanos a invasores de terras e de feministas a representantes do movimento negro, todos ficaram suas bandeiras na Esplanada e no decreto.
A controvérsia atual só reencena um conhecido enredo de descoordenação. Entreveros entre ministros não são novidade no governo. Reinhold Stephanes, da Agricultura, volta a vociferar contra colegas de gabinete -como se não tomasse parte nele e seu secretário-executivo, José Gerardo Fontelles, não fosse um dos 28 signatários do decreto.
A ausência da assinatura do ministro da Defesa, num documento que põe na berlinda a Lei de Anistia, leva a supor que a pasta foi alijada do debate de propósito. Algo que só parece concebível para quem não antevê nem vigor nem eficácia para o decreto polêmico. É falta de bom senso cogitar uma Comissão da Verdade para apurar violações de direitos humanos na ditadura sem articulação prévia com a Defesa.
O próprio Nelson Jobim, contudo, já atropelou seus subordinados. Ao optar pela compra dos caças franceses, de modo prematuro e em combinação com o Planalto, semeou outra extemporânea "crise militar". O saldo, como o do PNDH-3, é um emaranhado de farpas que Lula agora tem dificuldade para desenrolar.
Coordenar ministérios e zelar pela qualidade das normas é atribuição da Casa Civil. Lula apontou Dilma Rousseff como pré-candidata do PT e lhe interessa mantê-la longe da controvérsia. Se antes a ministra errou por omitir-se, e assim contribuiu para a confusão, agora é por necessidade que evita o assunto.


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Alguns links

Começo o dia indicando alguns links.

Medo da verdade - No Jornal do Brasil, Hildegard Angel mostra sua repugnância com a distorção dos fatos, pois está se mostrando as vítimas da truculência oficial como algozes, e os algozes estão com medo da verdade.

Não dá para entender porque a direita brasileira é assim tão medrosa. Em outros países que passaram por ditaduras houveram comissões da verdade, incluindo Espanha, Grécia, Portugal, Chile, Uruguai, Argentina e Bolívia. O que há de tão especial no sentimento de medo dos direitistas brasileiros, para que seja assim tão intocável. Por que não criam coragem para encarar os fatos?

Como diz Hildegard, "QUE MEDO é esse de se revelar a Verdade? Medo de não poderem mais olhar para seus próprios filhos? Ou medo de não poderem mais se olhar no espelho?…"

É triste ver a covardia se espichando pelas décadas dessa maneira. Primeiro a covardia da truculência ilegal. Agora a covardia de encarar a verdade.

Terremoto haitiano no Twitter - o Estadão traz matéria sobre o que alguns haitianos tuitaram durante e após o forte tremor. Port-au-Prince está destruída.

A imoralidade dos auxílios a bancos - Uma década depois, o "Primeiro Mundo" vive os males do Proer, e só dá para dizer que é imoral usar o dinheiro do contribuinte para sanar bancos em dificuldades, assim como seria imoral ter usado o dinheiro do contribuinte para sanar a Enron. A imoralidade está em dar o dinheiro do contribuinte a quem menos precisa, o que é a mais básica das injustiças (vale a pela ler Rawls e Arnsperger e van Parijs sobre isso), e também em recompensar quem mais estimulou um sistema baseado na ganância que se autodestruiu.

Google pode sair da China - Por causa de ataques a Gmails de dissidentes. Isso seria admirável, pois iria contra a hipocrisia típica do mundo dos negócios e diplomático dos EUA, o qual ameaça a América Latina por conversar sobre negócios bilionários com o Irã, mas faz negócios trilionários com a China, nação que já é uma potência nuclear e trucida dissidentes tal qual o Irã.

No blog oficial, o Google diz que iniciou o google.cn (Google chinês) em 2006 porque acreditava que isso levaria mais informação a uma população que sofre com uma censura brutal. Esse objetivo levou o Google a concordar por algum tempo em censurar alguns resultados de pesquisa, ainda que a contragosto. Agora, o Google não quer mais censurar resultado de pesquisa algum, e está discutindo o assunto com as autoridades chinesas. O Jornal do Comércio traz uma versão em português.

Novas espécies descobertas - Pesquisa na Mata Atlântica descobre cerca de mil novas espécies de insetos, e apresenta explicações para suas diferenças em relação a outras espécies de áreas vizinhas.
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COMPLETE SEU ÁLBUM - NOVAS FIGURINHAS DO COMANDO DO TERROR







Cassio Scatena, “conhecido por Blanco”. Segundo a reportagem de O Cruzeiro, foi um dos “quatro alunos ou ex -alunos de Direito do Largo São Francisco que tomaram parte no massacre aos artistas de Roda Viva”.
registros de que, no dia 11 de outubro de 1978, um certo “industrial” e advogado Cássio Scatena, ex-CCC , assassinou o operário Nélson Pereira de Jesus, na porta da Metalúrgica Alfa, em São Paulo, por reclamação salarial.
Pode ser encontrado na FIUTCAB - Confederação Nacional de Integração e União das Tradições da Cultura e Culto Afro Brasileiro (sic), entidade da qual é diretor jurídico, e onde é tratado como “Olòóssoiyn Dr Cassio Scatena”.
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Lionel Zaclis reside na rua Zèquinha de Abreu. É violento também, mas seus colegas o têm como covarde, porque atua apenas em grupo e se recusa a qualquer missão para executá-la sòzinho. Estêve no ataque à USP.
Advogado, é também articulista colaborador da Folha de S.Paulo. Recentemente, ganhou generosos espaços na mídia bandida defendendo a tese de que “à luz da Constituição, não houve golpe em Honduras”.
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Sílvio Salvo Venosa mora na Rua Cristiano Viana. Não esquece a arma em casa e gosta de atirar até por motivos gratuitos no meio da rua. Pratica tiro ao alvo em anúncios luminosos. Todos são unânimes numa coisa: Sílvio é muito inteligente. Estêve no ataque ao espetáculo de Chico Buarque de Holanda.

Integrante da Academia Paulista de Magistrados, aposentou-se como membro do Primeiro Tribunal de Alçada Civil, em São Paulo. Autor de vários livros sobre Direito Civil.
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Henri Penchas estuda engenharia e destacou-se por sua agressividade no ataque à Roda Viva. Na operação contra a USP sua atuação não foi das mais apagadas.

Atualmente, é membro do Conselho de Administração do Banco Itaú.
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Paulo Roberto Chaves de Lara reside na Rua Peixoto Gomede, num apartamento. É violento, julga-se também com veia poética e gosta de aparecer como orador. Estêve no ataque à Roda Viva.
Advogado (OAB-SP 52348), recentemente, integrou a Chapa Fala Pinheiros, do Movimento Conselho Independente, no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo.
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Lembra

O quadro acima é da série de pinturas do pintor colombiano Fernando Botero sobre a tortura em Abu Ghraib. Via Kasama. Este trabalho de Botero é encontrável em um livro de David Ebony.

O que aconteceu na prisão de Abu Ghraib precisa ser lembrado. O que aconteceu no Brasil também.

Leia mais sobre este trabalho de Botero: The Nation (artigo de Arthur C. Danto), CommonDreams.org, Slate, Ricochete, SFGate, The Washington Post, Estadão.

Atualizado 17h03

Posted via email from cesarshu's posterous

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Charge

Inédito
Grafite e aquarela
2010
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