Os ticos e os tecos da mídia


A Folha de S.Paulo pode em editorial pedir o fechamento da TV Brasil, o restante da mídia silencia ou aplaude. Os golpistas de Honduras podem fechar a Rádio Globo, uma das poucas vozes resistentes à quartelada, nossa mídia não se manifesta. Mas, bastou Chávez fazer cumprir a lei vigente em seu país para o céu cair sobre sua cabeça. Lembro: em 2004 o Congresso Venezuelano votou e aprovou a Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão. Foi duramente atacado pelas oligarquias e seus negócios comunicativos. É lei. Ela faz valer o interesse social sobre o que pertence ao estado e seu povo. É o fim da liberdade de expressão, como diz a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa)? Perguntem quantas manifestações a SIP fez sobre o amordaçamento da mídia hondurenha? Nenhuma. O que falaram do assassinato de Gabriel Fino Noriega, jornalista da Rádio Estelar? Rigorosamente nada. Mas a entidade é hoje lembrada pelo jornal O Globo, que aproveita para fazer intriga sobre o nosso governo, com a sensacionalista manchete: “Cerco à mídia na Venezuela é condenado, menos no Brasil”. Motivo? A declaração do assessor da presidência, Marco Aurélio Garcia, que esteve nos últimos dias na Venezuela. Diz ele, perguntado se Chávez acabou com a liberdade de expressão: “Se acabou, deve ter sido depois que eu saí.”

Essa é a mídia que cobre a visita do general americano Jim Jones burocraticamente, sem perguntas que juntem o tico com o teco. Diz o Estadão:

Brasília - O marco regulatório para a exploração de petróleo na camada do pré-sal será o principal alvo da atenção do general Jim Jones, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, que inicia hoje visita oficial ao Brasil. Jones se mostra especialmente interessado em dimensionar a possível participação de companhias americanas nesse projeto. Em conversa, hoje, com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, Jones também pretende comparar dados divulgados pela imprensa sobre as reservas de petróleo do pré-sal com as estatísticas oficiais.

Como assim? O que faz um general de país estrangeiro se preocupar com o nosso petróleo? Que acordo é esse que coloca bases da maior nação militar do planeta ao lado da Amazônia, fonte permanente de cobiça mundial? Como assim combater as drogas na Colômbia, se o acordo é feito com um notório narcotraficante?

Nada. Essa é a mídia das nossas elites, baba-ovos de soldadinhos com bandeiras de listras e estrelas, que tenta um golpe por aqui, mas ainda sem sucesso. Agora imagine a do Chávez que já provou o gosto de um, falsificando informação para os golpistas?

Crédito da foto: France Press
Clique para ver...

Coringadas


Não entendeu? Clica aqui.
Clique para ver...

Palácios


Clique para ver...

Qualquer música, uma certa canção...

Qualquer Música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

Qualquer música - guitarra,
Viola, harmônio, realejo...
Um canto que se desgarra...
Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida...
Que eu não sinta o coração!
(Fernando Pessoa)

Posso dizer que cresci jogando bola (mal), devorando livros e ouvindo muita música. Uma das minhas lembranças mais antigas é a da minha mãe cantarolando as velhas canções portuguesas da sua juventude – “Ai, Mouraria/da velha Rua da Palma,/onde eu um dia/deixei presa a minha alma...” -, enquanto fazia os trabalhos domésticos. Na minha infância, lembro da minha irmã - na época já uma adolescente - ouvindo nas Rádios AMs (Rádio FM ainda era novidade!!) os sucessos do pop internacional da década de 1970 – Elton John, Abba, Paul McCartney, Bread, Bee Gees – e daquela música romântica brasileira, com ecos da Jovem Guarda – A benção, São Odair José -, que posteriormente foi chamada pejorativamente de “Brega”. Ao mesmo tempo, através de meu irmão mais velho, entrava em contato com a música negra e com o Rock – o que me marcou definitivamente – e passei a ouvir de Beatles a James Brown, de Rolling Stones a Ottis Redding, de Animals a Led Zeppelin. Até hoje, ainda guardo muitos discos de vinil (LPs e compactos) desta época, apesar de há algum tempo não ter mais toca-discos. Afinal, que CD consegue superar aqueles maravilhosos encartes que acompanhavam os Long Plays das grandes bandas de Rock? No início da adolescência, mais uma vez indo na onda do meu irmão (então um típico universitário politizado do início dos anos 80), comecei a curtir também MPB e “descobri” Chico, os baianos, Ednardo, Belchior, Zé Ramalho, Paulinho da Viola, Tom, Elis, Vinícius e etc..., mas sem deixar de lado a paixão pelo velho Rock and Roll, o que explica, com certeza, a minha admiração adolescente pelo Raulzito, que funcionava como uma ponte entre os dois gêneros. Já mais velho, descobri o Jazz e literalmente pirei com John Coltrane, Duke Ellington e Charlie Parker. Quase que simultaneamente, fiz algumas “redescobertas” como as do samba e do choro e, também, da música portuguesa, que a partir da década de 1970 renovou-se, reinventando a tradição, e produziu nomes extraordinários como Zeca Afonso, José Mário Branco, Trovante e, mais recentemente, Mísia e Mafalda Arnauth. Também expandi meus horizontes geográficos-musicais e descobri a música de lugares tão distintos como Cabo Verde (Salve, Cesária!), Mali, Irlanda (God bless Chieftains), Galícia, Grécia ou Cuba. Assim, com o passar dos anos, fui erguendo inúmeros altares a “divindades” diversas em meu panteão musical particular: Jethro Tull, Joy Division, Cartola, Billie Holiday, Nelson Cavaquinho, Mahler, Pixinguinha, Madeleine Peyroux, Jimi Hendrix, Silvio Rodriguez, Silas de Oliveira, Bessie Smith, Bob Dylan, Paco de Lucia, Janis Joplin, Violeta Parra, Gentle Giant, Echo and the Bunnymen, Kris Kristofferson, Leonard Cohen, Velvet Underground, Noel Rosa, Stravinsky, Violeta de Outono, Paco de Lucia, Eric Clapton, Belle and Sebastian, Neil Young, Chet Baker, The Jam, Ramones, Wagner, Mutantes, Cream, Locanda delle Fate, John McLaughlin, Zeca Baleiro, Elomar, Deep Purple, Quaterna Requiem, Cream e inúmeros outros. Bem, fiz toda esta longa digressão – ou masturbação mnemônica, se preferirem – para dizer que, embora seja absolutamente fissurado por centenas de canções dos mais variados gêneros, existe uma que – sei lá por que cargas d’água – me deixou completamente fascinado desde a primeira vez que a ouvi, ainda na adolescência. É a "minha" música. É a canção que eu quero que meus amigos ouçam, depois do meu velório (que espero que ainda demore algumas décadas para acontecer!), quanto estiverem bebendo à minha memória, em um boteco qualquer da Lapa ou do subúrbio. Chama-se "You Can't Always Get What Your Want" e está em um dos melhores álbuns dos Rolling Stones, "Let it Bleed", lançado no final de 1969.

The Rolling Stones - You Can't Always Get What You Want (Version 2)



Clique para ver...

Tamufu?

Até o Ministério Público Federal está confuso sobre o uso do tal Tamiflu e pede explicações ao Ministério da Saúde. Ao que parece, o uso do tal remédio não é consenso na comunidade médica, o que ajuda a desinformação, algo que a mídia corporativa pouco contribui e faz a festa em seu showrnalismo. Na confusão, um reforço nas dúvidas, talvez um tanto inusitado: a mídia do PSTU entra no coro dos que cobram do governo brasileiro uma melhor solução. São claros: “Governo perde controle sobre a gripe suína”. E entre suas análises, a principal é a falta do medicamento Tamiflu para todos. Talvez precisem de uma análise melhor sobre o tal medicamento. Hoje, no Diário Gauche:


A conexão entre os laboratórios farmacêuticos e a gripe A + Donald Rumsfeld

Sabia que os laboratórios norte americanos foram os que alertaram para a eficácia do Tamiflu (anti-viral para humanos) como remédio preventivo para a gripe A?
Sabia que o Tamiflu apenas alivia alguns sintomas da gripe comum?
Sabia que a sua eficácia perante a gripe comum é questionada por grande parte da comunidade científica?

Sabia que perante um suposto vírus mutante como se pensou ser o H5N1 (gripe aviária) e agora o H1N1 o Tamiflu apenas alivia a enfermidade?
Sabe quem comercializa o Tamiflu? Os laboratórios Roche.
Sabe de quem a Roceh comprou a patente do Tamiflu em 1996? Da Gilead Sciences Inc.
Sabe quem era o presidente da Gilead Sciences Inc. e ainda hoje o seu principal acionista? Donald Rumsfeld, ex-secretário de Estado da Defesa dos EUA.
Sabia que Rumsfeld enquanto fez parte da administração Bush foi quem conduziu (inventou) o processo das armas biológicas e do antrax relacionado com o “11 de setembro” e o pretexto das armas biológicas que “fundamentou” a invasão do Iraque?
Sabia que a base do Tamiflu é uma planta chamada “anis estrelado”?
Sabe quem tratou de adquirir cerca de 90 % da produção mundial desta planta? A farmacêutica Roche.

Sabia qua as vendas de Tamiflu passaram de 254 milhões em 2004, para mais de um bilhão em 2005 quando se declarou a “gripe das aves”?
Calcula quanto milhões mais poderá ganhar a Roche nos próximos meses se este negócio do medo se mantiver?

O resumo do conto do vigário é o seguinte:

Os amigos de Bush decidem que um fármaco como o Tamiflu é a solução para uma pandemia que ainda não se tinha desenvolvido. Ora, este produto não cura nem a gripe comum. Rumsfeld vende a patente do Tamiflu à Roche e esta multinacional paga-lhe uma fortuna quando a enfermidade não era ainda conhecida.

A Roche adquire 90 % da produção mundial de “anis estrelado”, a base do antiviral que recentemente se preparou para ser produzido em massa quando ainda não se falava em “gripe dos porcos” H1N1 (embora houvesse a experiência da gripe das aves H5N1). Os governos de todo o mundo são ameaçados com a pandemia, fazem o jogo das multinacionais e compram quantidades industriais do produto. Os contribuintes acabam pagando o medicamento e Rumsfeld e os seus apaniguados politicos prosperam com o negócio.

Alguém lembra do livro do John Le Carré, O jardineiro fiel, depois transposto para o cinema? Aquela "ficção" (que não era ficção) foi um embrião africano do presente caso mundial da gripe A.

Vídeo-documentário de Julián Alterini.
Clique para ver...
 
Copyright (c) 2013 Blogger templates by Bloggermint
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...