Patrus reforça candidatura ao governo de Minas

Hélio Costa analisa apoio à candidatura de Patrus Ananias ao governo; diretório do PCdoB confirma adesão ao petista
Do Sítio do Novo Jornal   
O diretório estadual do PCdoB anunciou apoio ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias (PT), nas eleições de 2010 para o governo de Minas.     
Segundo a presidente da legenda, deputada federal Jô Moraes, o apoio a Patrus já estava sendo planejado porque o partido não terá candidatura própria e irá trabalhar no sentido de apoiar as siglas que estarão a favor da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).    
"Nós não vamos entrar na disputa pelo governo de Minas, portanto, já estamos iniciando as conversas com lideranças que apoiam projetos populares", afirmou.    
Patrus agradeceu. "Todo apoio é bem vindo neste momento. Nós sempre caminhamos juntos, temos um diálogo histórico, com compromissos comuns com os pobres, com os trabalhadores e com a justiça social", destacou.    
O PT de Minas está dividido desde a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. Uma ala do partido, comandada pelo ex-prefeito Fernando Pimentel, fechou aliança com o PSDB para eleger o prefeito Marcio Lacerda (PSB) no ano passado. Na outra ponta, ficou o grupo de Patrus, contrário à dobradinha.     
O clima de animosidade interna continua. Tanto Patrus quanto Pimentel intensificaram os encontros com lideranças no interior do Estado.     
Com o apoio do PCdoB, o ministro larga em vantagem nas negociações eleitorais. Mesmo restando mais de um ano para as eleições, Patrus acredita que o apoio do PCdoB fortalece sua pré-candidatura, não só dentro do PT, mas também no Estado.    
O ministro espera ter também o apoio de outras legendas que formam a base do governo Lula. “Sem dúvida. Estou conversando dentro do PT. A minha candidatura está colocada. E estamos conversando com nossos interlocutores históricos como o PCdoB, o PDT e o PMDB. Vou procurar também o PSB na perspectiva de fazermos uma grande aliança, que nos possibilite que ganhemos o governo de Minas e façamos no Estado o que o presidente Lula fez no Brasil”, afirmou.
Hélio Costa
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), voltou a admitir que poderá abrir mão de sua pré-candidatura ao governo do Estado para intensificar as negociações com o ministro Patrus Ananias.    
Informações extra-oficiais dão conta de que Costa aceitaria compor apenas com o ministro petista - e não com o adversário de Patrus dentro do PT, o ex-prefeito Fernando Pimentel.    O próprio peemedebista disse que tem mantido conversas constantes com Patrus e com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci (PT), na construção de um projeto para 2010. 
"Tenho pensado seriamente no meu futuro. O compromisso que assumi com o povo mineiro eu já cumpri. Gostaria muito de continuar trabalhando de alguma forma em benefício do meu Estado. Mas não tenho essa ansiedade que outras pessoas têm", disse.    
Costa negou que estivesse desmotivado na disputa e afirmou que "lá na frente", se o PMD conseguir construir uma candidatura, seria, sim, o candidato.     
"Eu e meu partido não somos empecilho, não somos obstáculo a qualquer composição ou negociação. Estamos muito confiantes de que já cumprimos a missão que temos. O PMDB nunca esteve tão bem em Minas Gerais, tão pacificado. Mas isso não quer dizer que temos que ter, obrigatoriamente, candidato", argumentou.    
Questionado sobre seu afastamento do ex-prefeito Fernando Pimentel, Costa reconheceu que o relacionamento entre os dois ficou estremecido depois que o PMDB foi excluído das negociações para a disputa pela prefeitura da capital, em 2008.    
Ao mesmo tempo, o ministro contou que foi procurado pelo petista e que o episódio foi superado e "está no passado". 
Retrospecto
Contrário à aliança com o PMDB, Pimentel lembrou os problemas enfrentados pelo PT nas últimas eleições para o governo de Minas, quando fechou uma ampla aliança partidária com a participação de adversários históricos, como a ala do PMDB comandada pelo ex-governador Newton Cardoso. 
"O retrospecto das nossas alianças com o principal partido da base aliada do presidente Lula em Minas é muito ruim. Nós disputamos duas eleições estaduais aliados ao PMDB e o resultado foi ruim", declarou o ex-prefeito de BH, praticamente descartando a aproximação com os peemedebistas. 
Pimentel lembrou que, seja qual for o candidato petista escolhido, o grande desafio será enfrentar um governo com altos índices de popularidade.    
Comentário do blogueiro: 
Fica cada vez mais claro que o único candidato com condições de unir a base do governo Lula em Minas Gerais é Patrus Ananias. A união é importante para conquistar o governo de Minas como também para o projeto político de eleger Dilma presidenta. É até engraçado o Pimentel queixar-se de aliança com o PMDB.     
É fato que em 2006 foi um equívoco aliar-se ao PMDB do Newtão. O PT tinha todas as condições de eleger um senador pelo partido, e preferiu uma aliança eleitoral que sacrificou sua bancada de deputados federais (o PMDB foi claramente beneficiado na coligação), abriu mão do candidato ao senado, e como contrapartida o partido carregou toda a rejeição do ex-governador Newton Cardoso. O PT naquele momento fez uma escolha errada ou equivocada. Pimentel, Nilmário Miranda e diversos outros petistas apoiaram a aliança.  Aliás, é a turma do Pimentel.
Só que as circunstâncias políticas de 2010 são bem diferentes de 2006. Um equívoco não justifica o outro. Caso o PT alie-se com o PMDB no Estado, o fiador da aliança será Hélio Costa, ministro do governo Lula, e não Newton Cardoso, como ocorreu em 2006. Isso por si só faz toda diferença. Além disso, o PMDB nacional deve indicar o vice de Dilma. O próprio Hélio Costa é um dos cotados para o cargo.     
O que o Pimentel deseja é isolar o PT no Estado. Como não terá apoio do grupo de Aécio, que já tem seu candidato, o vice Anastásia, Pimentel busca distanciar o PT dos partidos que não apóiam sua candidatura, mas têm simpatia pela candidatura de Patrus. A estratégia divisionista de Pimentel tem tudo para causar mais estragos no PT mineiro. O PT nacional deve ficar de olho nas articulações de Pimentel. O menino travesso pode naufragar de vez o PT no Estado. 

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Receita de uma literal reporcagem*

A manchete do Globo de hoje é alarmante:
Gripe se alastra no mundo e Brasil mostra despreparo.

Corram, escondam-se. Nas páginas internas, um esforço de reporcagem para demonstrar o “despreparo” de nossas autoridades. O jornal destacou quatro de seus repórteres para o aeroporto Tom Jobim, lá poderiam comprovar a manchete já pronta. Diz o título na página 25:
No Brasil, falta de informação nos aeroportos.

Um tanto diferente da primeira página. Entrevistaram passageiros que chegavam, como o cantor Robson Coccaro, sim, ele, que aflito voltava do México:
— Pensei que fosse chegar aqui e passar por um interrogatório de agentes sanitários.

E segue a reporcagem.
Somente à tarde, por volta das 13h, os passageiros que desembarcavam no Rio ouviam pelo sistema de som as recomendações da Anvisa.

Quer dizer, a falta de informação durou apenas a manhã, mas o jornal não ficou satisfeito:
O locutor repetiu o alerta durante toda a tarde, mas somente em português.

Claro, faltou versão em inglês, espanhol, mandarim e francês, a língua oficial de FH. Segue a pocilga:
Em São Paulo, somente ontem a Anvisa começou uma operação nos aeroportos para orientar passageiros.

Como então existe falta de informação nos aeroportos? Poderiam dizer que no Rio não havia. Como sustentar o despreparo do Brasil dito na manchete? Justifica o texto:
Mesmo assim, um folheto distribuído pela manhã com explicações sobre a doença estava escrito apenas em português.

Pronto, o Globo acaba de descobrir o maior problema do governo: a falta de tradutores. Ô Lula, empresta o ótimo Sérgio Xavier Ferreira, o cara que coloca você em papo com o Obama!

E segue a preocupação do jornal. Segundo ele, alguns passageiros tomaram iniciativa própria e chegaram ao país com máscaras, como a brasileira Fernanda Meneses, que fugiu com sua família da Cidade do México com medo da gripe. Nossa, logo para o Brasil, que o Globo diz estar tão despreparado!

Segue o longo texto reporcalhado:
O governo brasileiro anunciou ontem uma série de medidas preventivas contra a gripe suína, que ainda não teve nenhum caso confirmado no país.

Como assim? E o despreparo que está na manchete? Será que apenas os tradutores do governo serão os culpados de tudo? E seguem explicando as medidas adotadas, com a inspeção de aviões a procura de suspeitos da doença, o monitoramento de 11 pessoas que chegaram recentemente das áreas afetadas com sintomas de gripe. Mas isso tudo está no pé da reporcagem, parece que cortaram e colaram errado, uma coisa não combina com a outra. Onde está o despreparo do governo?

Para não decepcionar seus leitores, o Globo fez questão de ao final do texto registrar que o presidente Lula acalmou a população ao mesmo tempo que fazia o sinal da cruz.

Por que será que os jornais estão acabando?

* Reporcagem é o ótimo termo criado pelo Blog do Mello para explicar o atual jornalismo do PIG (Partido da Imprensa Golpista). Perfeito para o que estão fazendo com a gripe suína.
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Saúde!

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Mais sobre os Cravos de Abril...

A Revolução dos Cravos teve uma ampla e relativamente livre cobertura da imprensa brasileira, apesar do país ainda estar sob a égide do regime ditatorial inaugurado em 1964. Uma das explicações possíveis para isto é o fato de que a censura sobre o noticiário internacional era muito mais branda – na verdade, quase inexistente – do que aquela exercida sobre o noticiário interno. Tal fato levou, inclusive, os grandes grupos de comunicação do Brasil a investirem maciçamente em suas editorias internacionais, começando assim a manterem um corpo de correspondentes permanentes nas principais capitais do mundo, deixando de serem meros repetidores das agências de notícias internacionais. No entanto, se os acontecimentos em Portugal eram noticiados com bastante liberdade, tal lógica não se aplicava à produção artística e cultural do período: em 1974, Chico Buarque de Hollanda, um dos recordistas em composições censuradas durante a ditadura, teve a sua canção “Tanto Mar” - composta em homenagem ao processo revolucionário em curso do outro lado do atlântico - proibida pelo Departamento de Censura. Nesta canção é feita uma comparação (um tanto melancólica) entre a situação de Portugal, onde as Forças Armadas tinham aberto os caminhos da liberdade, e a do Brasil, em que os militares eram os principais responsáveis pela opressão. Naquele momento, “Tanto Mar”, com sua letra original, foi lançada somente em Portugal, já que no Brasil só pôde ser registrada uma versão instrumental, presente em um álbum ao vivo do Chico e da Maria Bethânia, com a gravação de um show no Canecão. Em 1978, com a abertura política iniciada por Geisel e Golbery já em processo bem adiantado, “Tanto Mar” é finalmente liberada pela censura, só que, naquela altura do campeonato, sua letra original estava completamente datada e defasada. Assim, no seu disco gravado nesse ano, Chico registra a canção com uma nova letra, num tom de retrospectiva dos acontecimentos daqueles últimos quatro anos em Portugal(e no Brasil). Compare abaixo as duas versões:

Letra de 1974

Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Letra de 1978

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
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A mídia e seu “apesar da crise”

No Estadão de hoje, sinais de que o cartel da mídia vai jogando a toalha em sua torcida pelo tsunami econômico. "Consumo deve crescer no Brasil, apesar da crise", diz o título. Fiquei com a sensação de já ter lido em algum lugar, talvez dito de outra forma, e me preocupei em pesquisar quantas vezes a expressão “apesar da crise” foi usada recentemente. O resultado é impressionante. Vamos a alguns exemplos:


No G1, 2350 resultados no Google. Exemplos:

Apesar da crise, setor de imóveis populares se mantém aquecido

Grifes estrangeiras desembarcam no Brasil, apesar da crise

Apesar da crise econômica, indústria carnavalesca comemora vendas

Apesar da crise, Petrobras investirá mais em biocombustíveis

Nestlé mantém boa saúde apesar da crise


No Globo, 1.140 resultados no Google. Exemplos:

Apesar da crise, avanço do PIB brasileiro só perdeu para a China em 2008

CNT/Sensus: População espera aumento de renda e emprego, apesar da crise

Relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos devem avançar, apesar da crise

Aumenta a popularidade de Lula apesar da crise

Apesar da crise, Saara mantém esperanças de boas vendas no Natal


No Estadão, 997 resultados no Google. Exemplos:

EPE: apesar da crise, consumo de energia não vai cair

Apesar da crise, empresas de tecnologia crescem no exterior

Apesar da crise, indústria quer investir e foca mercado interno

LG aposta em Natal forte no Brasil, apesar da crise

Apesar da crise, Federer mantém liderança do ranking da ATP

Este último título acredito ser obra de um redator da economia emprestado à editoria de esportes. A crise do tenista Roger Federer é apenas pessoal, motivada por uma mononuscleose, de lenta recuperação física.

Quanto a Folha, apenas 6 resultados. Aposto que é coisa de seu rígido manual interno, apesar da crise dos jornais.

Atualizando:

Nosso leitor Rafael observou que pesquisando pelo próprio site da Folha há centenas de resultados com "apesar da crise". Pesquisando na Folha de S.Paulo, 830 resultados. Na Folha Online, 703.
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