Gabeira contra os trabalhadores
Em 13 de fevereiro de 2007, votou a favor da emenda 3 ao Projeto de Lei que criou a Super-Receita. Essa emenda obriga o trabalhador a constituir empresa e se transformar em prestador de serviço para manter o recebimento do salário. Estabelece a necessidade de decisão judicial para a autoridade fiscal considerar existente a relação de trabalho entre empresas contratantes e empresas de uma pessoa só. Segundo o Diap, essa emenda traria “graves conseqüências sobre as relações de trabalho e os cofres públicos, porque impede o fiscal do Trabalho de fiscalizar mesmo as situações fraudulentas, na medida em que essa atribuição deixaria de ser de sua competência e passaria a ser de responsabilidade exclusiva da Justiça do Trabalho”. Traria, mas não trouxe: o presidente Lula vetou essa emenda absurda, contrária aos trabalhadores, quando sancionou a lei.
No dia 9 de outubro de 2007, Gabeira deu seu voto contra a prorrogação do CPMF, cuja verba seria destinada para a Saúde pública. Perderam os trabalhadores, perdeu a população carente, que precisa da rede pública de saúde.
Pouco depois, no dia 17, Gabeira voltou a dar seu voto contra os trabalhadores, desta vez contra as entidades sindicais. Ele votou pela exigência de autorização do trabalhador para o desconto do imposto sindical na folha de pagamento. “A emenda cria dificuldades para o trabalhador porque, se não autorizar o desconto em folha, terá que se deslocar até o sindicato para pegar o boleto e recolher a contribuição na rede bancária, já que a contribuição não foi extinta nem foi tornada facultativa ou voluntária, continuando em vigor e compulsória”, explica o Diap.
No dia 31 de outubro, novamente estava Gabeira a postos para impedir recursos para a saúde. Desta vez votou contra o projeto de lei que estabelecia que a União aplicasse, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde o montante correspondente ao empenhado no exercício anterior acrescido, no mínimo, do percentual correspondente à variação do Produto Interno Bruto.
No dia 29 de abril último, Gabeira foi à Câmara Federal para votar, desta vez, a favor dos banqueiros (não é à toa que apóiam sua candidatura...). Ele votou contra o aumento da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos de 9% para 15%. “A medida foi adotada para repor, ainda que parcialmente, os recursos perdidos com o fim da CPMF”, informa o Diap.
E no dia 11 de junho Gabeira votou contra a criação da Contribuição Social para a Saúde, que dispunha valores mínimos a serem aplicados anualmente por estados, Distrito Federal, municípios e União em ações e serviços de saúde.
Gabeira ameaça governar o Rio de Janeiro como se fosse uma empresa. Ai de nós, trabalhadores!
Fonte: Lutario
Marx, Hobsbawm e o capitalismo

Poucos meses antes que o capitalismo mergulhasse de vez numa crise de vastas proporções e arrastasse consigo o fundamentalismo de mercado que imperou nos últimos tempos, o historiador Eric Hobsbawm – numa entrevista a Marcello Musto, da revista eletrônica sin permiso de maio de 2008 – elaborou interessante e sugestiva análise da atualidade de Marx e do renovado interesse que vem despertando, até mesmo em círculos antes blindados contra o marxismo.
Ao reiterar a necessidade de se continuar ou de se voltar a ler Marx, o historiador inglês de 91 anos deixa claro que isso somente poderá produzir bons resultados se Marx for tratado de modo "laico", dessacralizado: "Marx não regressará como inspiração política para a esquerda até que se compreenda que seus escritos não devem ser tratados como programas políticos, mas sim como um caminho para entender a natureza do desenvolvimento capitalista".
A entrevista foi traduzida para o português e reproduzida pela Agência Carta Maior. Merece ser lida e refletida. (Clique aqui.) No mínimo por parágrafos como os seguintes:
“A maioria da esquerda intelectual já não sabe o que fazer com Marx. Ela foi desmoralizada pelo colapso do projeto social-democrata na maioria dos estados do Atlântico Norte, nos anos 1980, e pela conversão massiva dos governos nacionais à ideologia do livre mercado, assim como pelo colapso dos sistemas políticos e econômicos que afirmavam ser inspirados por Marx e Lênin. Os assim chamados "novos movimentos sociais", como o feminismo, tampouco tiveram uma conexão lógica com o anticapitalismo (ainda que, individualmente, muitos de seus membros possam estar alinhados com ele) ou questionaram a crença no progresso sem fim do controle humano sobre a natureza que tanto o capitalismo quanto o socialismo tradicional compartilharam. Ao mesmo tempo, o "proletariado", dividido e diminuído, deixou de ser crível como agente histórico da transformação social preconizada por Marx”.
“Marx não regressará à esquerda até que a tendência atual entre os ativistas radicais de converter o anticapitalismo em antiglobalização seja abandonada. A globalização existe e, salvo um colapso da sociedade humana, é irreversível. Marx reconheceu isso como um fato e, como um internacionalista, deu as boas vindas, teoricamente. O que ele criticou e o que nós devemos criticar é o tipo de globalização produzida pelo capitalismo”.