Vou sugerir ao Mino Carta um voto no neocon Demétrio Magnoli em seu concorrido prêmio de Tartufo Nativo. É neocon novato, mas trabalha duro para merecer a glória de ser agraciado por sua hipocrisia intelectual. Autor de livros didáticos do ensino médio, é nova aposta da mídia carente de um Gustavo Corção. No recente caderno sobre Fidel, no Globo, publicou artigo onde defende que Cuba era uma nação em franco progresso quando um grupo de barbudinhos a assaltou, impedindo que chegasse a ser país com desenvolvimento de primeiro mundo. Para tal, apresenta números para sustentar que o índice de mortalidade infantil de Cuba em 1957 era o mais baixo de América Latina, e o 13º menor no mundo, posição perdida hoje. Apenas falta algo importante para um doutor em geografia: apresentar fonte, nada por ele foi citado. Basta uma consulta nos abundantes dados do relatório 2008 da Unicef para um outro olhar sobre a tese do “professor”. Charlatanice não muito diferente de seu mentor, Ali Kamel, que publicou artigo para dizer que a TV Globo sempre esteve favorável às diretas.
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Luis Nassif, Veja e a blogosfera
O blog do Pedro Doria postou um texto interessante sobre o caso Nassif / Veja. É uma batalha que está longe de um fim. Na verdade, devemos estar apenas no começo. Há uma insatisfação muito grande do público que consome informação com relação ao conteúdo das revistas e jornais. Ao desvendar os meandros que cercam matérias jornalísticas da revista Veja, Nassif acaba dando razão àqueles que entendem ser direito dos leitores que os veículos de comunicação forneçam informação de qualidade e neutra. O público que consome informação sai ganhando.
A revista Veja tem todo o direito de ter uma orientação editorial à direita. Da mesma forma que a Carta Capital deve ser respeitada por ser identificada de esquerda. Evidentemente, não dá para pedir que aqueles com posições mais à esquerda gostem da revista Veja. E nem que aqueles que têm posições à direita moram de amor pela Carta Capital. A democracia sabe conviver com a divergência. Não é o fim do mundo.
A discussão em torno da disputa Nassif / Veja tem um enfoque diferente. As razões do Nassif para se meter numa briga com a Veja não é importante. A questão é o tipo de jornalismo produzido. A divergência é saudável. Porém, em nome dela não devemos tolerar abusos ou desvios dos meios de comunicação. Não estão à margem da lei. Devem respeitá-las como os demais cidadãos e instituições.
Já falei bastante, segue o post publicado pelo Pedro Doria.
Algo de muito importante está acontecendo na blogosfera brasileira desde que Luis Nassif começou a publicar suas reportagens a respeito da revista Veja: a conversa mudou de patamar. Das picuinhas habituais entre blogs de esquerda e de direita, entrou no bate-boca algo novo.
Informação.
A picuinha política habitual do ‘meu roubo é menor que o seu’ é capaz, no máximo, de dizer que o outro é burro por ser de esquerda. Ou por ser de direita, tanto faz. Mau caráter por apoiar o governo passado. Ou o atual. O debate entre esquerda e direita não tem discutido qual o melhor projeto de educação para o Brasil. Ignora como deve ser feita uma redistribuição tributária. Ele é capaz de dar apelidos criativos para programas de uma administração ou de outra mas após a graça do apelido, de crítica criteriosa e bem argumentada não sobra muito. Uma pena.
A esquerda não gosta da Veja porque a revista é de direita. Ou porque se opõe ao governo corrente. São, ambos, argumentos de péssima qualidade. Primeiro porque num ambiente de plena liberdade de imprensa, um órgão de comunicação pode defender o tom ideológico que bem entender. Segundo porque imprensa tem mesmo que ser de oposição a qualquer governo. Terceiro porque o governo não precisa de defensores. Tem poder. Muito poder. Poder suficiente para voltar-se com raiva contra qualquer órgão de imprensa e tentar sufocá-lo, recusando-se a publicar anúncios. É o tipo de poder que governo nenhum deveria usar. (No Brasil, a federação é a maior anunciante). O critério único para a publicação da publicidade estatal deveria ser circulação. Quem atinge mais leitores deveria ser privilegiado. É o tipo de poder que, por hábito, os governos sempre usam.
A obrigação que um órgão de imprensa tem para com seus leitores é o bem informar. Ela pode ter um ponto de vista, mas deve apresentar toda informação necessária para que o leitor possa fazer uma avaliação ele próprio dos fatos. Isto Veja não tem feito. Seleciona a informação que lhe convém. Não é a tradição da revista. É uma inovação. As reportagens de Nassif contam o como, o quando, o quem e o por quê.
Fatos não existem no vácuo. Têm contexto, interpretação e ponto de vista. Algumas informações que Nassif apresenta talvez venham a ser contestadas. É uma briga dura a que virá. Mas quem sai ganhando é o leitor pelo serviço prestado. Porque agora ele tem informação para sustentar o que pensa. O leitor do outro lado por certo está circulando os blogs oficiais ou oficialescos da direita procurando contra-argumentos. E alguém deveria ser capaz de oferecê-los. Quando o debate sobe um degrau, o da informação e não apenas da picuinha, o país ganha.
Nassif recorreu a um instrumento tradicional, o da reportagem, para levar a seus leitores a informação que coletou, certamente, após muitas entrevistas. (Dá trabalho informar). Mas como foi via blog que divulgou, a blogosfera melhora. Temos uma blogosfera que não costuma informar muito, quanto mais produzir informação do zero. A esperança, agora, é que seguindo ele, sem histeria, alguém pegue as atividades da Secretaria de Comunicação do atual governo – ou mesmo do governo passado – e mostre seus hábitos. Quem é favorecido, quais seus critérios de distribuição de propaganda, qual a linha editorial habitual dos agraciados, quanto circulam.
Costumamos, jornalistas, cobrar das estruturas do governo e das grandes empresas que sejam transparentes. A imprensa – e, sim, isto inclui blogs – tem uma das tarefas mais delicadas da democracia. É a ela que cabe informar. É através dela que o público toma conhecimento do que acontece. Sem uma imprensa livre não é possível formar opinião. A mesma transparência que a imprensa cobra de governo e empresas deve ser cobrada de volta.
Provavelmente vai ter briga e vai ter polêmica. É do tipo saudável.
A polêmica entre a Universal e os jornais: A liberdade de imprensa e o direito de demandar o Judiciário
A polêmica entre a Igreja Universal do Reino de Deus e os jornais Folha de S. Paulo, A Tarde, O Globo e Extra é assunto espinhoso. Os fiéis da igreja entraram com ações na justiça em todo o país questionando reportagens dos veículos que supostamente empregaram tons ofensivos e preconceituosos, além de fazerem acusações sem provas. Desconheço o teor das reportagens, mas trata-se de um direito legítimo, garantido pela Constituição.
A liberdade de imprensa é um daqueles pilares que sustentam a democracia. Em notas, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenaram as ações judiciais de fiéis da Universal. O argumento é que as ações buscam intimidar jornalistas e jornais, usando o Poder Judiciário contra a liberdade de imprensa, o livre exercício do jornalismo e o direito do cidadão à informação. É, nesse caso, o argumento não é bom.
Não é a primeira vez que associações e grandes jornais advogam a tese de atentado à liberdade de imprensa e do exercício do jornalismo em razão de ações no Judiciário. Dessa vez, o problema é que segundo os jornais, há uma avalanche de ações na Justiça. De certo, isso pode ensejar questionamento no Judiciário. Tal tese, porém, é inconsistente com o direito daqueles que se sentem prejudicados de buscarem o Judiciário.
Se há abusos no chamado direito de petição, caberia ao Judiciário coibir punindo os proponentes das ações. Do contrário, se o Judiciário entender pertinentes as ações, que obrigue os responsáveis a reparem o dano. Não se pode é simplesmente advogar o direito dos meios de comunicação não serem processados. Isso seria absurdo.
O histórico dos meios de comunicação no Brasil não é bom. A lista de reportagens e matérias jornalísticas contendo inverdades ou insuficiência (ou ausência mesmo) de provas é elevada. O prejudicado nem sempre tem seu dano reparado na mesma proporção. Em geral, a vítima não é a imprensa, mas os cidadãos ou os adversários dos barões da imprensa.
Numa outra linha de análise, o presidente Lula discordou de que a série de ações judiciais movidas pela igreja contra os veículos de comunicação possa representar uma ameaça à liberdade de expressão. Questionado sobre o assunto, Lula disse entender que a igreja apenas busca no Judiciário, um dos “pilares da democracia”, uma forma de se defender ao se sentir atingida.
“E acho que a liberdade de imprensa pressupõe isso. Pressupõe a imprensa escrever o que quiser, mas pressupõe também que a pessoa que se sinta atingida vá à Justiça para provar sua inocência. Não pode ter liberdade de imprensa se apenas um lado achar que está certo”, afirmou o presidente.
“Liberdade de imprensa pressupõe uma mistura de liberdade e responsabilidade. As pessoas escrevem o que querem depois ouvem o que não querem. Esta é a liberdade de imprensa que nós queremos”, continuou.
Ao comentar especificamente o caso da Folha de São Paulo, Lula disse que, se um dia o jornal se sentir atingido pela Igreja Universal, também poderá optar por processar judicialmente a igreja. “E assim a democracia vai se consolidando no Brasil”.
Alguns jornais e editoriais afirmam que Lula equivoca-se sobre a liberdade de imprensa. Confunde direito de ir ao Judiciário com abuso de ações para a intimidação da liberdade de imprensa. Mais uma vez, o argumento é pouco válido. É a velha fórmula de tentar desqualificar o presidente quando este faz alguma declaração que não agrada. A tática é covarde e foge das explicações. Como disse, se há realmente abuso, porque não deixem por conta do Judiciário. Se não há nada de errado nas reportagens, nenhuma inverdade ou acusação sem provas, certamente esses jornais terão êxito no Judiciário.
Alguns jornais e editoriais afirmam que Lula equivoca-se sobre a liberdade de imprensa. Confunde direito de ir ao Judiciário com abuso de ações para a intimidação da liberdade de imprensa. Mais uma vez, o argumento é pouco válido. É a velha fórmula de tentar desqualificar o presidente quando este faz alguma declaração que não agrada. A tática é covarde e foge das explicações. Como disse, se há realmente abuso, porque não deixem por conta do Judiciário. Se não há nada de errado nas reportagens, nenhuma inverdade ou acusação sem provas, certamente esses jornais terão êxito no Judiciário.
Lula acertou na mosca. Se a Folha se sentir atingida pela Universal, que busque também o Judiciário. É assim mesmo. Não podemos esquecer que tanto a ABI quanto a ANJ são associações representativas de classes (uma dos jornais e a outra dos jornalistas). É comum que defendam o direito de não serem processados. Podem dizer que não é isso que estão defendendo, apenas questionam o abuso de ações. O argumento é fraquinho, afinal o Judiciário também existe para apreciar tal abuso, se existente.
Nesse caso específico da briga entre a Universal e outros importantes veículos de comunicação, não podemos deixar de assinalar que possivelmente interesses comerciais estejam em jogo. É uma evidência. Como bem assinalou Nassif na sua série de reportagens com denúncias contra a Veja, é muito tênue a linha que separa jornalismo dos negócios.
As reportagens podem ser simples matérias, produto do chamado “jornalismo investigativo”, mas a suspeita paira no ar. É uma questão de contexto. O império de comunicação erguido pela Universal desafia os tradicionais impérios familiares que dominam a imprensa no Brasil. Se o império da igreja foi construído com recursos supostamente de origem dos dízimos, o que há de ilegal nisso. Os interesses nem sempre estão claros.
O respeito à liberdade de imprensa deve ser assegurado, assim como o direito de demandar o Judiciário contra seus abusos. E não são poucos. Mas também se deve assegurar a liberdade religiosa, inclusive o direito dos fiéis de pagarem o dízimo. Uma equação às vezes complicada. É o jogo. Adeus à simplicidade.
Em tempo: São recorrentes na imprensa denúncias de lavagem de dinheiro da Universal. Difícil de entender, pois a igreja tem imunidade tributária. Então, a igreja não precisa lavar o dinheiro. Existem contradições em ambos os lados.
Obama obtém a décima vitória consecutiva sobre Hillary e John McCain amplia vantagem
Barack Obama superou a adversária Hillary Clinton pela décima vez consecutiva, impulsionando sua pré-candidatura à indicação democrata। As primárias da última terça-feira aumentaram o estoque de notícias ruins para a democrata Hillary Clinton. Hillary, que há alguns meses era a favorita entre os democratas, perde espaço a cada prévia, mas mantém expectativa de vitória nas primárias de 4 de março, nos Estados de Ohio e Texas, bem como na Pensilvânia em 22 de abril.
Em Wisconsin, Obama venceu Hillary com uma diferença de 58% a 41%, em um estado em que a população negra é próxima de 4%। A vitória de Obama surpreende pelo tamanho da virada. Pesquisas de duas semanas atrás indicavam que Hillary liderava a corrida com 13 pontos de vantagem. Como Obama teve 17 pontos de vantagem na votação, a virada em duas semanas foi de 30 pontos percentuais. É realmente uma virada espetacular. Aquela tese de que Obama ganhava em estados com população negra, de maioria republicana e de jovens perdeu o sentido. Não parece ser esse o perfil do estado de Winsconsin. A estratégia da desqualificação das vitórias de Obama pela campanha Hillary não funcionou. Reconhecer as derrotas seria um bom recomeço para a senadora democrata.
Nas primárias de Havaí, estado natural de Obama, ele teve 75% dos votos contra 24% de Hillary Clinton. Embora nascido em Havaí, o casal Clinton sempre foi forte nesse estado, e não se esperava antes uma vitória dessa magnitude. Com isso, Obama completou o décimo triunfo consecutivo sobre Hillary após a superterça.
As dificuldades da campanha Hillary não param por aí. Para se manter viva na disputa, Hillary precisa obter cerca de 65% dos votos nos três grandes estados – Texas, Ohio e Pensilvânia. Uma tarefa que não parece factível no momento, principalmente porque a campanha de Obama está em situação financeira bem mais favorável que a de Hillary Clinton.
Além disso, pesquisas indicam que Obama já está tecnicamente empatado com Hillary nos estados do Texas e Ohio। Algumas semanas atrás, Clinton tinha uma vantagem de dois dígitos sobre Obama nos dois estados. Mas uma pesquisa divulgada pela CNN indica que Obama estaria a apenas 2 pontos de sua rival democrata. É uma diferença que está dentro da margem de erro. É mais um estado em que pode haver uma virada, o que selaria o destino da campanha de Hillary Clinton pela indicação democrata.
Para complicar a situação de Hillary, pesquisa divulgada pela Reuters/Zogby aponta que Obama superou Hillary na liderança nacional de intenções de voto। Obama teria 14 pontos de vantagem sobre Hillary (52% a 38%). Em uma simulação contra John McCain, Obama aparece com 47% contra 40%. No entanto, McCain supera Hillary na mesma pesquisa. Ele teria 50% contra 38% da senadora democrata, uma vantagem de 12 pontos.
A conclusão é que a situação de Hillary está tornando-se insustentável। Está cada dia mais difícil para ela conter a obamania. Após sucessivas derrotas, a campanha de Hillary perdeu o rumo. A dinâmica do voto tende a favorecer os candidatos que mostram mais chances de vitória. Nesse sentido, Barack Obama está cada vez mais próximo da indicação democrata.
Do lado republicano, não há surpresas. McCain continua ampliando sua vantagem sobre os demais postulantes de seu partido. Em Wisconsin, McCain teve 55% contra 37% de Huckabee e 5% de Ron Paul. Em Washington, McCain obteve 68% dos votos, contra 17% de Huckabee e 8% de Paul. As vitórias nessa terça-feira consolidam sua liderança para a indicação republicana.
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