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Objetivo Irã: os riscos de uma Terceira Guerra Mundial


Fonte: Agência Carta Maior

Objetivo Irã: os riscos de uma Terceira Guerra Mundial

As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA. Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. O artigo é de Michel Chossudovsky, diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização.

Data: 11/08/2010

Centro para a Investigação da Globalização (Global Research on Globalization)

A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra para atacar o Irã estão em estágio avançado. Sistemas de alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente desenvolvidos. Esta aventura militar está colocada sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, depois o Irã, segundo documentos desclassificados de 1995, do Comando Central dos EUA.

A escalada é parte da agenda militar. Além do Irã, próximo objetivo junto com a Síria e o Líbano, esse desdobramento estratégico ameaça também a Coréia do Norte, a China e a Rússia. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluídos aqui os Estados Unidos da OTAN e Israel, estão envolvidos numa ampla atividade e no armazenamento de sistemas de armas avançados.

Os sistemas de defesa aéreos dos EUA, os países membros da OTAN e Israel estão totalmente integrados. Trata-se de uma tarefa coordenada pelo Pentágono, pela OTAN e pela Força de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), com a participação ativa de militares de vários países da OTAN e não só, incluindo os estados árabes de primeira linha (os membros da OTAN do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, Singapura, Austrália, entre outros. A OTAN se compõe de 28 estados membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrânico e a Iniciativa de Cooperação de Istambul contam com dez países árabes e Israel.

O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro de uma aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros pelo Canal de Suez. Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã.

Em princípios de junho deste ano o Egito informou que permitiu a onze barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, numa aparente sinalização ao Irã. Em 12 de junho, vozes da imprensa regional informaram que os sauditas haviam dado a Israel autorização para sobrevoar seu espaço aéreo (Mirak Weissbach Muriel, Israel Insane War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010). Na doutrina militar consagrada após o 11 de setembro, o estabelecimento massivo de armamento militar se definiu como parte da chamada Guerra Global contra o terrorismo, dirigido para organizações terroristas não estatais, como a Al Qaeda e os chamados Estados patrocinadores do terrorismo, entre eles o Irã, Síria, Líbano e Sudão.

A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de armas avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc. foram levadas a cabo como parte da preventiva doutrina militar defensiva debaixo do guarda chuva da "Guerra Global contra o Terrorismo".

Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA.

Os produtores de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de dólares do Departamento de Defesa do país, pelos contratos de aquisição de sistemas de armas avançadas.

Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. Por amarga ironia, a British Petroleum, uma das maiores jogadoras do tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente, antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, causou a terrível catástrofe ecológica no Golfo do México.

Meios de desinformação
A opinião pública, influenciada pelo barulho dos meios de comunicação, oferece apoio tático, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos daquilo que se mantém propositalmente como um fator punitivo da operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de uma guerra total.

Os preparativos de guerra incluem o aumento da atividade dos fabricantes de armas nucleares dos EUA e de Israel. Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear são banalizadas ou simplesmente não se mencionam. A crise “real” que ameaça a humanidade é o “aquecimento global” e não a guerra.

A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema banal entre tantos outros. Não é apresentado como uma ameaça à Mãe Terra, como é o caso do aquecimento global. Não se noticia com destaque. O fato de que um ataque contra o Irã poderia levar a uma potencial escalada e o desencadear uma guerra global não é motivo de preocupação.

Culto à morte e a destruição
A máquina global de matar é sustentada pelo culto à morte e pela destruição que impregnam muitos dos filmes de Hollywood, e por não mencionar as guerras no horário nobre. E também pelas séries de televisão sobre delinquência.

Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que apóia, financiando, produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra.

O ex-agente da CIA Bob Baer disse: "Existe uma simbiose entre a CIA e Hollywood e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, se encontra atualmente em Hollywood, conversando com os estúdios. (Matthew Alford and Robie Graham, “Lights, Camera Covert Action: The Deep Politics of Hollywood”, Global Research, 31 de janeiro de 2009).

A máquina de matar se desenvolveu em nível global dentro do marco de estrutura de comando de combate unificado. E é mantida habitualmente por instituições de governo, meios corporativos, altos funcionários e intelectuais que se colocam à disposição de uma Nova Ordem Mundial a partir de um grupo de pensadores de Washington e dos institutos de investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da paz e da prosperidade mundial. É a cultura da morte e da violência gravando-se na consciência humana.

A guerra está amplamente aceita como parte de um projeto social: a Pátria tem que ser defendida e protegida.

A violência legitimada e as execuções extrajudiciais contra os terroristas são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos necessários de segurança nacional.

Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade internacional. Não é condenada como um ato criminoso. Seus principais idealizadores são recompensados por suas contribuições à paz mundial. Em relação ao Irã, o que se está desenvolvendo é a legitimação direta de uma guerra em nome de uma idéia ilusória de segurança mundial.

Um ataque aéreo “preventivo” contra o Irã levaria a uma escalada. Na atualidade existem três teatros de guerra no Oriente Médio e Ásia Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.

Se o Irã se tornar objeto de um ataque “preventivo” por forças aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia arder em chamas, o que nos conduz, potencialmente, a um cenário de Terceira Guerra Mundial.

A guerra se estenderia ao Líbano e a Síria. É muito pouco provável que se os ataques, caso se concretizassem, ficassem circunscritos a instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos EUA e da OTAN. O mais provável será um ataque aéreo tanto a infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e edifícios públicos.

O Irã, com dez por cento estimados do petróleo mundial, ocupa o terceiro lugar em reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e o Iraque (11%), pelo tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA têm menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Cf. Eric Waddell, The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).

É de grande importância o recente descobrimento no Irã, nas regiões de Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que se estimam em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar as armas ao Irã não só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o petróleo e a economia de gás, incluindo-se as rotas de oleodutos, mas também questiona a influência da China e da Rússia na região.

O ataque planificado contra o Irã faz parte de um mapa global coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de dominação mundial, uma sequencia de operações militares.

Os planificadores militares dos EUA e da OTAN têm previsto diversos cenários da escalada militar. E são também muito conscientes das implicações geopolíticas, como por exemplo, saber que a guerra poderá se estender para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc. são também analisados. Enquanto o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, China, Rússia, Coréia do Norte, sem contar Venezuela e Cuba, são também objeto de ameaça dos EUA.

Está em jogo a estrutura das alianças militares. As atividades militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo manobras e exercícios realizados na Rússia e suas fronteiras próximas com a China têm uma relação direta com a guerra proposta contra o Irã. Estas ameaças veladas, incluindo o seu calendário, constituem um claro aviso aos antigos poderes da época da Guerra Fria, para evitar que possam ou venham a interferir em um ataque dos EUA ao Irã.

Guerra Mundial
O objetivo estratégico em médio prazo é chegar ao Irã e neutralizar seus aliados, através da diplomacia dos tiros de canhão. O objetivo militar em longo prazo é dirigir-se diretamente à China e a Rússia.

Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, o desdobramento militar não se limita ao Oriente Médio e a Ásia Central. Uma agenda militar global está estabelecida. O avanço das tropas de coalizão e os sistemas de armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios, está se configurando de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.

As recentes ações dos militares dos EUA em frente as costas da Coréia do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global. Os exercícios militares, simulações de guerra, o deslocamento de armas, etc. dos EUA, da OTAN e seus aliados que se estão realizando simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, visam principalmente a Rússia e a China.

-A península da Coréia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaçam a China.

- O deslocamento de mísseis Patriot para Polônia, o Centro de Alerta próximo à República Checa, ameaça a Rússia.

- Avanços navais na Bulgária, na Romênia e Mar Negro, ameaçam a Rússia.

- Avanços de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia também.

- Um deslocamento naval de grande dimensão no Golfo Pérsico, incluindo-se submarinos israelenses, dirigidos contra o Irã.

Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, América Central e região andina da América do Sul, são as zonas de militarização em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças se dirigem à Venezuela e a Cuba.

“Ajuda militar” dos EUA
Por sua vez, transferências de armas em grande escala foram feitas sob a bandeira norte americana como “ajuda militar” a países selecionados, incluindo-se cinco bilhões de dólares num acordo de armamento com a Índia que se destina a melhorar as capacidades bélicas da Índia contra a China. (Huge U.S – Índia Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de julho de 2010).

“Isto (a venda de armas) significa melhorar as relações entre Washington e Nova Delhi e, de forma deliberada ou não terá o efeito de conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China in Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).

Os EUA conseguiram acordos de cooperação militar com alguns países do sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo sua “ajuda militar”, assim como a participação em manobras militares, sempre dirigidas pelos Estados Unidos, na órbita do Pacífico (julho/agosto de 2010). Esses acordos são de apoio às implementações de armas dirigidas contra a República Popular da China. (Cf. Rick Rozoff, op. Cit.)

Do mesmo modo e mais diretamente relacionado ao ataque planificado contra o Irã, os EUA estão armando os Estados do Golfo (Bahrein, Kuwait, Qatar e os Emirados Árabes Unidos) com o interceptador de mísseis terra-ar Patriot Advanced Capability-3 (THAAD), assim como os baseados nos modelos de mísseis mar-3, interceptadores instalados em barcos de guerra de classe Aegis no Golfo Pérsico. (Cf. Rick Rozoff, NATO’s Role in the Military Encirclement of Iran, 10 de fevereiro de 2010).

Calendário de provisão e armazenamento militar
No que diz respeito à transferência de armas dos EUA para sócios e aliados, o crucial é o momento da entrega e do seu desdobramento. O lançamento de uma operação militar dos EUA ocorrerá, uma vez que esses sistemas de armas estejam em seu lugar mediante o desenvolvimento efetivo da aplicação e da capacitação do pessoal preparado. (Por exemplo, a Índia)

Estamos falando de um desenho militar mundial cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação de forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse desdobramento militar mundial é, com certeza, o maior desdobramento de sistema de armas avançados da história.

Por sua vez, os EUA e seus aliados têm estabelecido novas bases militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da terra está estruturada como se fosse um enorme campo de batalha” (Cf. Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de julho de 2007).

O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de combate tem como base uma estratégia de militarização em nível global. “Os militares norte americanos têm bases em 63 países. E novas bases foram construídas a partir do 11 de setembro de 2001 em sete países. No total, existem 255.065 militares dos EUA distribuídos por todo o mundo”. (Cf. Jules Dufour, op. Cit.)
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O cenário da Terceira Guerra Mundial
Esse desdobramento militar se produz em várias regiões e ao mesmo tempo sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA com a participação de aliados no armazenamento de arsenais norte americanos, inclusive antigos inimigos, como o Vietnã e o Japão.

O contexto atual se caracteriza por uma acumulação militar global controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus aliados para desencadear numerosas guerras regionais.

A diferença que se estabelece com a Segunda Guerra Mundial, que foi também uma conjunção de distintas guerras regionais, é que com a tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 1940, não havia estratégia em “tempo real” para coordenar as ações militares entre grandes regiões geográficas.

A guerra mundial se apóia num desdobramento coordenado de uma só potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados e sócios.

Com exceção de Hiroshima e Nagasak, a Segunda Guerra Mundial se caracterizou pelo uso de armas convencionais. A planificação de uma guerra mundial se baseia na militarização do espaço ultra terrestre.

Se uma guerra contra o Irã se inicia, não somente o uso de armas nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas, incluindo armas eletrônicas e técnicas de modificação ambiental, seria utilizada.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em princípios de junho último uma quarta rodada de sanções de grande alcance contra a República Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e “controles financeiros mais estritos”.

Em amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da negativa pura e simples do mesmo Conselho de Segurança em adotar uma moção de condenação ao Estado de Israel em seu ataque à Frota pela Liberdade em Gaza em águas internacionais.

Tanto a China quanto a Rússia, pressionados pelos EUA, têm apoiado o regime de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em seu próprio prejuízo. Suas decisões no CS contribuem para enfraquecer sua própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), onde o Irã tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem graves repercussões no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia e da experiência russas. A Resolução do Conselho de Segurança outorga, de fato, “luz verde” para liberar uma guerra preventiva contra o Irã.

A inquisição estadunidense: construção de um consenso político para a guerra

Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade de Israel.

Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a República islâmica deve ser “banida”.

O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a guerra é uma tarefa humanitária.

Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra se apresentam como protagonistas do conflito.

Considerando que em 2006 quase dois terços dos norte americanos se opunham a uma ação militar contra o Iraque, uma recente pesquisa feita em 2010 pela Reuter-Zogby, indica que 56% dos estadunidenses são favoráveis a uma ação militar da OTAN contra o Irã. A construção de um consenso político que se nutre de uma mentira não pode, contudo, confiar somente na posição oficial daqueles que são a fonte da própria mentira.

Os movimentos pacifistas nos EUA, que em parte têm sido infiltrados e cooptados, assumiram uma posição fragilizada em relação ao Irã. O movimento contra a guerra está dividido. A ênfase se coloca contra as guerras que estão em andamento (Afeganistão e Iraque) ao invés de se oporem vigorosamente a guerras que estão sendo preparadas e que se encontram sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono.

Desde a posse de Barack Obama, o movimento contra a guerra perdeu muito da sua força. Por outro lado, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e no Iraque, não se opõem necessariamente à realização de “bombardeios punitivos” contra o Irã, nem consideram essas ações como atos de guerra. Guerra esta que poderia ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.

A escalada de protestos contra a guerra em relação ao Irã tem sido mínima em comparação com as enormes manifestações que precederam os bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.

Mas a verdadeira ameaça à segurança do mundo vem da aliança EUA-OTAN-Israel. À operação Irã, não se opuseram, no âmbito diplomático, tanto a China quanto a Rússia, sendo que conta também com o apoio dos governos dos estados árabes de primeira linha que integram o diálogo OTAN - Mediterrâneo. Conta também com o apoio tácito da opinião pública ocidental.

Fazemos aqui um apelo às pessoas de todos os países, nas Américas, Europa Ocidental, Turquia, Israel, em todo o mundo, a levantarem-se contra este projeto militar, contra os seus governos que apóiam a ação militar no Irã, a levantarem-se contra os meios de comunicação que servem para dissimular as devastadoras conseqüências de uma guerra contra o Irã. Esta guerra será uma insanidade.

A Terceira Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein sabia dos perigos da guerra nuclear e da extinção da vida na terra, que já começou com a contaminação radioativa resultante do urânio empobrecido. “Não sei com que armas se fará a luta numa III Guerra Mundial, mas na IV Guerra Mundial se lutará com paus e pedras”. Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, ou seja, que a guerra que utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade e que este complexo processo de destruição gradual já começou.

Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás. Quando a guerra se invoca como uma “tarefa humanitária”, a justiça e todo o sistema jurídico internacional são tomados ao contrário: o pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra se converte num ato criminoso.

A mentira deve ser exposta como aquilo que é e o que faz: sanciona a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Destrói famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus semelhantes. Impede as pessoas de expressarem sua solidariedade pelos que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única saída. Destrói o internacionalismo.

Impedir a mentira significa impedir um projeto criminoso de destruição global. Nela, a busca do benefício é a força primordial. Este benefício, movendo a agenda militar, destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes. Vamos inverter essa maré.

Desafio aos criminosos de guerra em seus altos cargos e em suas poderosas corporações, bem como aos grupos de pressão que os apóiam: fim da inquisição dos Estados Unidos da América. Fim da cruzada militar EUA-OTAN-Israel.Fechem as fábricas de armas e as bases militares. Retirada das tropas dos campos de guerra. Os membros das Forças Armadas devem desobedecer às ordens e negarem-se a participar de uma guerra criminosa.

(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também é colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de vinte idiomas.

Tradução do espanhol de Izaías Almada.

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Espiões americanos alertam Obama para que não permita que Israel ataque o Iran


Fonte: Blog do Bourdokan

Um documento para a História

Espiões americanos alertam Obama para que não permita que Israel ataque o Iran:

“O resultado da guerra estendida que se seguirá levará à destruição do Estado de Israel”.


Presidente Obama,

Escrevemos para alertá-lo da possibilidade de que Israel ataque o Irã talvez ainda em agosto. Esse ataque levará a guerra mais ampla.
Os estrategistas israelenses trabalham com o dado segundo o qual, iniciada a guerra, o presidente dos EUA estará politicamente encurralado e nada mais poderá fazer além de apoiar Israel, não importa como comece a guerra. E que, então, haverá fluxo regular de soldados e armas norte-americanas, e a guerra poderá continuar. Mas o resultado da guerra estendida que se seguirá levará à destruição do Estado de Israel.

Ainda há tempo para deter esse movimento, mas só se o senhor mover-se com rapidez para impedir que Israel ataque o Irã. A única via que resta é o senhor, em declaração pública e bem clara, condenar o movimento antes de Israel atacar o Irã.

É nossa opinião que comentários feitos por altos funcionários dos EUA, o presidente inclusive, refletem confiança não-razoável no primeiro-ministro de Israel [Binyamin] Netanyahu.

De fato, até a construção das frases é reveladora, como quando o diretor Panetta, da CIA, deixa subentendido que o ‘cavalheirismo’ obrigaria Washington a deixar a cargo de Israel decidir se e quando atacar o Irã, e o ‘espaço’ que se deveria limitar para os esforços diplomáticos.

Dia 27/6, Panetta, falando como que casualmente, disse a Jake Tapper, da rede ABC: “Acho que [os israelenses] estão querendo nos dar espaço para tentar modificar o Irã com diplomacia (...) antes de se ter de mudar o Irã militarmente.”

O senhor, presidente Obama, usou o mesmo tom descontraído, ao referir-se a Netanyahu e ao senhor, em entrevista do dia 7/7 à TV israelense, tom evidentemente deslocado, se se consideram décadas de história e contatos com líderes políticos israelenses.

“Entre nós dois, nenhum tenta surpreender o outro” – disse o senhor. E que “o primeiro-ministro Netanyahu está comprometido com essa abordagem”. O presidente talvez deva pedir ao vice-presidente que o relembre sobre o tipo de surpresa que encontrou em Israel.

A dissimulação é, há muito tempo, flecha que Israel sempre tem à mão. No início da crise do Oriente Médio, na primavera de 1967, alguns de nós testemunharam verdadeira avalanche de 'surpresas' e fingimento dos israelenses, por exemplo quando os antecessores de Netanyahu fingiram temer ataque dos árabes, que disseram que estaria próximo, para justificar um ataque, que iniciou uma guerra para ocupar territórios árabes. Todos sabemos, desde aquela época, que Israel sempre exagera a ‘ameaça’ árabe. Por exemplo, em 1982, o ex-primeiro-ministro israelense Menachem Begin confessou, em público:
“Em junho de 1967, tínhamos uma escolha. As concentrações do exército egípcio perto do Sinai não provam que [o presidente egípcio] Nasser estivesse prestes a nos atacar. Temos de ser honestos com nós mesmos. Nós decidimos atacá-los.”

A verdade é que Israel preparou-se militarmente bem e até montou cenário de provocações contra seus vizinhos, para induzi-los a responder, de modo que a resposta pudesse ser usada para justificar a invasão para expansão de fronteiras.

Considerados esses registros, seria aconselhável receber com dose apropriada de ceticismo todas as promessas que Netanyahu tenha feito privadamente ao presidente, de que Israel não o surpreenderá com um ataque ao Irã.

O cálculo de Netanyahu

Netanyahu crê que está jogando com as cartas mais altas, em larga medida por causa do apoio que recebe do Congresso dos EUA e da mídia norte-americana, ambos sempre pró-Israel. E interpreta a relutância do presidente dos EUA – que não mencionou as questões bilaterais controversas durante sua recente visita – como comprovação de que Israel tem os EUA sob controle, nesse relacionamento.

Em anos de eleições nos EUA (também nas eleições de meio de mandato), os líderes israelenses confiam ainda mais firmemente no próprio poder (e no poder do lobby do Partido Likud no Congresso). como força que controla o cenário político nos EUA.

O atual primeiro-ministro de Israel aprendeu bem as lições de Menachem Begin e Ariel Sharon.

A atitude de Netanyahu transparece bem evidente em vídeo gravado há nove anos e exibido pela televisão em Israel, no qual se gaba de o quão facilmente induziu o presidente Clinton a crer que ele, Netanyahu, estaria ajudando a aplicar as decisões do Acordo de Oslo, quando, de fato, as estava destruindo.

Naquele vídeo, vê-se a atitude de desprezo – e de deslumbramento – por os EUA de deixarem influenciar tão facilmente por Israel. Netanyahu diz:
“A America é coisa que se conduz facilmente, na direção certa. Eles não nos atrapalharão. 80% dos norte-americanos nos apóiam. É absurdo.”
Para Gideon Levy, do jornal israelense Ha'aretz, esse vídeo mostra Netanyahu como “rematado farsante (...) que acha que tem Washington no bolso do colete e pode guiá-la como se fosse cega. E esse comportamento não mudou com o passar dos anos.”

Como já se disse acima, Netanyahu teve instrutivos exemplos dos quais aprender.

Ninguém menos que o general Brent Scowcroft disse ao Financial Times que o ex-primeiro-ministro israelense Ariel Sharon “hipnotizou” George W. Bush; que “Sharon fazia dele o que quisesse, como se fosse um chaveiro pendurado no dedinho.”

(Scowcroft foi imediatamente demitido do prestigioso posto de presidente do Conselho de Aconselhamento Presidencial para Assuntos de Inteligência Internacional e proibido de por os pés na Casa Branca.)
Se for preciso mais provas do apoio com que Netanyahu pode contar no governo dos EUA, basta lembrar o que se viu na recente visita dos senadores McCain, Lieberman e Graham a Israel, na segunda semana de julho.

Lieberman disse que Israel conta com amplo apoio no Congresso para usar quaisquer meios, “para adotar medidas militares, se for preciso” para impedir que o Irã converta-se em potência nuclear. O senador Graham foi também explícito: “O Congresso [dos EUA] zela por Israel”.
Mais recentemente, 47 deputados Republicanos assinaram declaração (HR 1.553) na qual declaram “apoio ao direito de Israel de usar todos os meios necessários para enfrentar e eliminar a ameaça nuclear iraniana (...) inclusive com recurso a força militar.”

O poder do lobby do Partido Likud, especialmente em ano eleitoral, facilita a ação de Netanyahu para convencer os seus raros colegas que ainda precisam ser convencidos, de que não haverá momento mais auspicioso para promover “a mudança do regime” em Teerã.

E – como esperamos que os conselheiros presidenciais já tenham informado ao presidente –, a mudança do regime, não as armas nucleares que não existem no Irã, é o principal interesse de Israel.
Se uma ou duas bombas atômicas iranianas pudessem alterar o jogo – não obstante o que diga Israel –, seria de esperar que Israel se agarrasse com unhas e dentes à chance de ver metade do urânio baixo-enriquecido do Irã ser mandado para longe.

Mas não. Em vez disso, Israel declarou que o acordo tripartide, negociado por Turquia e Brasil e pessoalmente encorajado pelo presidente dos EUA, seria “uma manobra”. Estranha “manobra”, se fosse, que põe metade do urânio baixo-enriquecido iraniano completamente fora do controle de Teerã.

O documento “National Intelligence Estimate” (NIE)
Os israelenses não tiraram os olhos, observando atentamente, os esforços da inteligência dos EUA para atualizar, com um novo “Memorandum to Holders”, o antigo NIE de novembro de 2007 sobre o programa nuclear iraniano. Vale a pena lembrar algumas das ideias centrais daquele documento:
“Entendemos, com alta confiabilidade, que no outono de 2003 Teerã suspendeu seu programa de armas nucleares. Entendemos, com média confiabilidade, que Teerã não reiniciou o programa que havia em meados de 2007, mas não se sabe se atualmente tem planos para desenvolver armas atômicas (...)”.

No início de 2010, em depoimentos públicos ao Congresso, o ex-diretor da National Intelligence Dennis Blair (1-2/2) e o diretor da Defense Intelligence Agency general Ronald Burgess, com o vice-presidente do Conselho do Estado-maior general James Cartwright (14/4), não alteraram essas conclusões.

Blair e os demais confirmaram as conclusões da comunidade de inteligência quanto a esse ponto-chave. Como Blair declarou recentemente: “Só não podemos dizer hoje, se o Irã, algum dia, decidirá construir uma bomba nuclear.”

A mídia supernoticiou os comentários de Panetta e do presidente, com conclusões diferentes e mais sombrias. O senhor, presidente Obama, disse à televisão israelense que “todos os indicadores mostram que eles [os iranianos] estão de fato trabalhando para construir uma bomba atômica”. E Panetta disse à rede ABC, “Acho que eles continuam a trabalhar em projetos nessa área [da fabricação de armas atômicas].”
Panetta apressou-se a dizer contudo que, em Teerã, “Há debate continuado, nesse momento, sobre se devem ou não prosseguir com a bomba.”

Israel provavelmente crê que deva dar mais peso ao depoimento oficial de Blair, Burgess e Cartwright, que seguem o NIE anterior. E os israelenses temem que, com a tantas vezes adiada divulgação do Memorando-revisão do NIE de 2007, se confirmarão, na essência, as avaliações de 2007.

Nossas fontes asseguram que uma revisão honesta do NIE 2007 fará precisamente isso, e suspeitam que o adiamento de vários meses para a divulgação da revisão significa que as avaliações da inteligência estão sendo ‘corrigidas’ para ‘combinarem’ com as decisões políticas – exatamente como já foi feito antes de os EUA atacarem o Iraque.

Uma guerra projetada

Em novembro de 2007, as conclusões principais do NIE 2007 meteram uma trava de aço na engrenagem da máquina de guerra de Dick Cheney que, antes delas, já marchava acelerada para a guerra contra o Irã. O NIE enfureceu os líderes israelenses, que planejavam atacar o Irã antes do final do mandato do presidente Bush e de seu vice Cheney. Agora, Netanyahu teme que a divulgação de um Memorando-revisão honesto tenha efeito semelhante.

Conclusão: mais um incentivo para que Israel ataque o Irã, antes tarde do que nunca, porque é possível que a divulgação de um Memorando-revisão honesto impeça o ataque. E o ataque impedirá a divulgação do Memorando.

O anúncio, semana passada, de que funcionários dos EUA reunir-se-ão com funcionários do Irã, para reiniciar as conversações sobre o enriquecimento do urânio iraniano baixo-enriquecido que será usado no reator de pesquisas em Teerã, foi boa notícia para todos, exceto para os líderes israelenses.

Além disso, o Irã já declarou que está preparado para suspender o enriquecimento do urânio a 20% (nível de enriquecimento necessário para o reator de pesquisas médicas), e também já deixou bem claro que considera bem-vindo o reinício das conversações.

Repetindo: um acordo que obrigue o Irã a mandar para outro país praticamente a metade de todo o seu urânio baixo-enriquecido, é garantia de que, no mínimo, retarda-se muito o processo de fabricar bombas atômicas, na hipótese de que, algum dia, o Irã resolva fabricá-las. Mas é arranjo inconveniente do ponto de vista de Israel, porque Israel perde o mais convincente argumento que tem, para justificar a guerra ao Irã.

Resultado: com as conversações que os líderes israelenses já chamaram de “manobra” agendadas para recomeçar em setembro... cresce a pressa, em Telavive, para atacar o Irã antes de que haja qualquer conversação e acordo.

Repetindo: o objetivo de Israel é a mudança de regime no Irã. Inventar o medo de armas nucleares iranianas é, só, um meio eficaz para ‘justificar’ o golpe. Deu certo no Iraque, não deu?

Outra guerra que tem de ser evitada

Presidente Obama,
é absolutamente necessário que o presidente, em declaração pública e bem clara, declare que não é recomendável que Israel ataque o Irã. Imediatamente depois da declaração, é indispensável que o presidente despache o almirante Mullen outra vez para Telavive, com instruções bem explícitas, dos militares para os militares: Nem pensem em atacar o Irã.

Logo depois de divulgado o NIE 2007, o presidente Bush atropelou o vice-presidente Cheney e despachou o almirante Mullen para Israel, com essa mesma, idêntica mensagem. Naquela primavera, o almirante Mullen voltou aliviado para casa, com passos firmes e grato por ter conseguido livrar-se da suspeita de que trabalhava sob ordens de Cheney, que tentava obrigá-lo a mandar o exército dos EUA à guerra contra o Irã.

Mas Mullen voltou nervoso, suando nas mãos, da visita que fez a Israel em fevereiro de 2010. Desde então, já disse várias vezes que Israel pode encurralar os EUA e nos arrastar para uma guerra contra o Irã. Também tem dito que é indispensável que o Pentágono tenha plano pronto para atacar o Irã, se for necessário.

Diferente porém da experiência de 2008, Mullen parecia perturbado, porque os líderes israelenses não deram sinal de levar a sério os seus recados.

Em Israel, Mullen insistiu publicamente que um ataque ao Irã criaria “um grande, grande, grande problema para nós, e preocupam-me muito as conseqüências não desejadas.”

Na volta, em conferência de imprensa no Pentágono, dia 22/2, Mullen repetiu em casa o mesmo ponto. Depois de recitar a morna conversa de sempre sobre o Irã, “que estaria a caminho de alcançar competência bélica nuclear” e “sua ambição de dominar os países vizinhos”, Mullen recitou o seguinte parágrafo de declarações que trouxe escritas:
“Por hora, as alavancas diplomáticas e econômicas do poder internacional são e devem ser as primeiras alavancas a serem acionadas. De fato, espero que sempre sejam acionadas consistentemente. Mas nenhum ataque, por efetivo que seja, será, de si e por si só, decisivo.”

Diferente nisso de generais mais jovens – como David Petraeus, por exemplo –, o almirante Mullen serviu na Guerra do Vietnã. É essa experiência que o faz dizer coisas como “Gostaria de lembrar a todos uma verdade essencial: a guerra é sempre sangrentea e desigual. É confusa, é feia e é um incrível desperdício...”

Embora o contexto imediato desse comentário seja o Afeganistão, Mullen já disse inúmeras vezes que uma guerra contra o Irã seria desastre muitas vezes maior. Quem tenha familiaridade, por mínima que seja, com o que está em jogo em termos militares, estratégicos e econômicos, sabe que ele tem razão.

Outros passos

Em 2008, depois que Mullen leu para os israelenses o decreto que proibia atacar o Irã, os israelenses puseram de lado seus planos preventivos para o Irã. Com essa missão cumprida, Mullen passou a trabalhar concentradamente em meios para evitar que incidentes (no caso, principalmente os que fossem deliberadamente provocados) no super engarrafado Golfo Persa levassem a hostilidades de maior escala.
Em conferência de imprensa dia 2/7/2008, Mullen lançou um interessante balão de ensaio, ao sugerir que um diálogo militares-militares poderia “acrescentar muito ao entendimento recíproco” entre os EUA e o Irã. Mas nada mais se ouviu sobre o tema, provavelmente porque Cheney mandou-o esquecer o assunto.

Era boa ideia – e ainda é. Ainda não se está dando a atenção devida ao risco de confrontação EUA-Irã no super engarrafado Golfo Persa. É questão importante. Estabelecer linhas de comunicação direta entre os altos oficiais militares em Washington e em Teerã reduziria o risco de acidente, erro de cálculo, ou ataque por navios sem bandeira ou com falsa bandeira.

Nossa opinião é que isso tem de ser providenciado imediatamente – sobretudo porque as sanções recentemente introduzidas dão direito de acesso para inspeção a navios iranianos. O comandante da Marinha da Guarda Revolucionária do Irã já ameaçou com “resposta imediata no Golfo Persa e no Estreito de Hormuz”, caso alguém tente inspecionar navios iranianos em águas internacionais.

Outra válvula de segurança pode ser providenciada nos termos das bem-sucedidas negociações por protocolo bilateral para “incidentes no mar” que foi assinado com os russos em 1972, em período de tensões relativamente altas.

Em momento de joões-ninguéns no reino da comunidade de inteligência, é possível considerar também a via de todos nos pormos em campo e insistir, nos ouvidos certos, para que concluam rapidamente um honesto Memorando-revisão do NIE 2007, a ser divulgado em meados de agosto, e que, se necessário, pode registrar opiniões divergentes.

Notícia triste, nossos ex-colegas informam que a politização ‘eleitoral’ da análise de inteligência não foi enterrada com o mandato de Bush e Cheney…e que o problema é grave mesmo no Setor de Inteligência e Pesquisa do Departamento de Estado, de onde, no passado, se produziram as melhores análises, profissionais, objetivas, de analisar o que há, como há.

Imprensa e ‘experts’: não veem o que interessa ver

Como muitos viram, o Washington Post cedeu quase toda a primeira página da seção “Outlook”, domingo, a um artigo intitulado “A Nuclear Iran: Would America Strike to Prevent It? — Imagining Obama’s Response to an Iranian Missile Crisis” [Um Irã nuclear: os EUA devem atacar para impedir? Como Obama responderia a uma crise de mísseis iranianos?”][2]
A página cinco, inteira, traz o resto do artigo, sob o título “Who will blink first when Iran is on the brink?” [Quem pisca primeiro, quando se trata de Irã?]
Foto de meia página de um míssil em desfile para autoridades iranianas (ao estilo das imagens de desfiles na Praça Vermelha), na dobra da seção “Outlook”, como se o míssil estivesse a um segundo da explosão.
Como sempre, os jornalistas falam da “ameaça” iraniana como se houvesse ameaça ameaçando os EUA, mesmo depois de a secretária Clinton já ter dito publicamente que não é nada disso. E lá vem, o recado jornalístico: a única opção para os EUA seria “a solitária, impopular via da ação militar, se os aliados não chegarem a um consenso.” O Tempora, O Mores!

Em menos de uma década, as guerras de agressão tornaram-se nada além de “vias solitárias e impopulares”.
O que mais espanta é que a palavra “Israel” não aparece uma única vez, em todo aquele longo artigo. E peças assemelhadas, assinadas por especialistas, muitas publicadas por think tanks relativamente progressistas, também discutem essas questões como se fossem problemas bilaterais entre EUA e Irã. É como se não vissem ou não dessem importância alguma a Israel.

As armas de agosto?[3]

O jogo é pesado, as apostas são altíssimas. Deixar que escapem os cães da guerra terá repercussões imensas. Outra vez, presidente Obama, esperamos que o almirante Mullen e outros o estejam mantendo a par do que está acontecendo.

Netanyahu joga jogo de vida ou morte se atacar o Irã, com alto risco para todos os envolvidos. No pior dos mundos, pior, mas provável, Netanyahu – não intencionalmente – será o Dr. Kevorkian[4] do Estado de Israel.

Ainda que os EUA venham a ser arrastados para guerra provocada por Israel, nada garante que a guerra leve a qualquer resultado positivo, ou que ‘termine bem’.

No caso de muitas baixas norte-americanas, e se os norte-americanos entenderem que nossos mortos morreram porque Israel exagerou até a loucura a ideia de que o Irã representaria ‘ameaça nuclear’, há risco real de que Israel perca muito do prestígio de que goza nos EUA.

Deve-se prever o ressurgimento de movimentos antissemitas nos EUA, se os cidadãos norte-americanos concluírem que políticos eleitos serviam a dois senhores no Congresso, e que o braço executivo de nosso governo lançou nossos soldados em guerra provocada, sob falsos argumentos, por Likudniks cegos a tudo que não fossem seus próprios estreitos propósitos.

Nada nos autoriza a crer que os principais atores políticos em Telavive ou em Washington sejam suficientemente sensíveis a esses fatores críticos.

Mas o senhor, presidente Obama, o senhor pode, sim, evitar que se detone essa desgraçada, mas muito provável e iminente, reação em cadeia. Concedemos que é possível que a ação militar dos israelenses contra o Irã talvez não leve a grande guerra regional, porque tudo é possível, mas avaliamos como baixa, bem baixa, a probabilidade de que não leve.

NOTA FINAL E ASSINATURAS
Os membros do grupo Veteran Intelligence Professionals for Sanity (VIPS) já enfrentamos antes situação semelhante à atual. Nosso primeiro Memorando ao Presidente foi distribuído na tarde de 5/2/2003, depois do discurso de Colin Powell na ONU.
Já há tempos acompanhávamos o processo pelo qual o trabalho da inteligência dos EUA vinha sendo corrompido e utilizado como a falsa-inteligência que mais tarde foi oficialmente (e corretamente) declarada “jamais comprovada, contraditória e inexistente” – adjetivos usados pelo ex-presidente da Comissão do Senado para Assuntos de Inteligência Jay Rockefeller, na conclusão de investigação ali conduzida durante cinco anos.
Ouvindo Powell falar, decidimos em coletivo que a única coisa séria a fazer seria tentar alertar o presidente, antes de que ele agisse orientado pela ‘anti-inteligência’ que o cercava e atacasse o Iraque. Diferentes de Powell, jamais dissemos que nossas análises seriam “irrefutáveis e inegáveis”. Concluímos nossa carta ao presidente com a seguinte mensagem de alerta:
“Depois de ouvir falar o secretário Powell hoje, estamos convencidos de que o presidente só terá a ganhar se ampliar a discussão (...) para além do círculo desses conselheiros que bem evidentemente desejam uma guerra, para a qual nós não vemos nenhuma causa ou motivo, e da qual entendemos que só podem advir conseqüências catastróficas.”
Não sentimos qualquer prazer por termos acertado no caso do Iraque. Naquele momento, vários outros grupos, alguns com bom conhecimento imediato do Iraque, acertaram tanto quanto nós e também lançaram alertas semelhantes ao nosso. Mas não conseguimos nos aproximar dos círculos que blindavam Bush e Cheney.
Infelizmente para os EUA, nosso vice-presidente, que então presidia a Comissão do Senado para Assuntos Externos, estava entre os que mais se empenharam para calar todas as vozes dissidentes. Por isso, também, fomos arrastados para o Iraque e para o pior desastre da política exterior da história dos EUA.
Sabemos que outra vez é possível que nossas análises estejam corretas e outra vez os EUA estão ameaçados por catástrofe, dessa vez ainda maior, no Irã. Outra vez o presidente, dessa vez o senhor, presidente Obama, não está sendo corretamente aconselhado pelo seu círculo mais próximo de conselheiros.
É provável que muitos à sua volta estejam dizendo ao senhor que, uma vez que o senhor já aconselhou o primeiro-ministro Netanyahu a não atacar o Irã, ele não atacará. O mais provável é que se trate, na Casa Branca, da conhecida síndrome de só dizer ao presidente o que outros suponham que o presidente queira ouvir.
Surpreenda-os, presidente Obama. Diga que há quem insista em que eles estão terrivelmente errados quanto a Netanyahu. A única coisa positiva em tudo isso é que só o presidente – o senhor e só o senhor – pode ainda impedir que Israel ataque o Irã.
[seguem-se as assinaturas, pelo grupo Veteran Intelligence Professionals for Sanity (VIPS)]
Ray Close, Diretoria de Operações, Divisão do Oriente Próximo, CIA (26 anos de serviço)
Phil Giraldi, Diretoria de Operações, CIA (20 anos de serviço)
Larry Johnson, Diretoria de Inteligência, CIA; Departmento de Estado; Departamento de Defesa (consultor) (24 anos de serviço)
W. Patrick Lang, Coronel do Exército, EUA, Forças Especiais (aposentado); Alto Serviço Executivo: Oficial da Defesa, Inteligência, para Oriente Médio/Sul da Ásia, Diretor de HUMINT, Agência de Inteligência de Defesa (30 anos de serviço)
Ray McGovern, Oficial de Inteligência do Exército dos EUA; Diretoria de Inteligência, CIA (30 anos de serviço)
Coleen Rowley, Agente Especial e Conselho da Divisão de Minneapolis, FBI (24 anos de serviço)
Ann Wright, Coronel do Exército dos EUA (aposentada) (29 anos de serviço); Funcionário do Serviço Exterior, Departamento de Estado (16 anos de serviço)
_______________________________


[1] Veteran Intelligence Professionals for Sanity (VIPS), é organização formada em janeiro de 2003 "para falar contra o uso dos serviços de inteligência para justificar a invasão do Iraque”. É “organização nacional, costa a costa, nos EUA. Reúne funcionários dos serviços de inteligência, sobretudo analistas, mas também agentes de campo, da CIA e outras agências e serviços” (em Sourcewatch, http://www.sourcewatch.org/wiki.phtml?title=Veteran_Intelligence_Professionals_for_Sanity).
[3] Orig. The Guns http://www.consortiumnews.com/2010/080310c.html)/080310c.html August, obra de história militar, de Barbara Tuchman, publicada originalmente como August 1914, em 1962 [NT].
[4] Jack Kevorkian (norte-americano, nascido em Michigan, em 1928) também conhecido como “Dr. Morte”, famoso por sua luta para que o suicídio assistido seja direito de todos. É o inventor da “máquina do suicídio” [NT].
em Consortiumnews, http://www.consortiumnews.com/
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O punho cerrado de Obama

No discurso de posse, com W. Bush e família saindo de cena rápido mas fininho, Obama disse algo lindo, sobre a relação que promoveria com os países em conflito com os EUA, como o Irã. Não lembro as palavras exatas, mas ele disse algo como:

Se vocês abrirem seus punhos, nós lhes estenderemos a mão.

Eu me emocionei. É tudo o que eu gostaria de ter ouvido um presidente dos EUA falar, naquele momento. Senti esperança de paz.

Agora, Obama cerra o punho. Os céticos já diziam que a coisa seria assim, e eles têm razão, infelizmente. Não há diferença entre Obama e W. Bush para nós que não votamos para presidente dos EUA.

O Brasil e outros países buscam soluções pelo diálogo, e fomos todos esbofeteados pela hybris estadunidense. Isso não quer dizer que perdemos, pois o perdedor claro é Obama, pois ele simplesmente repete a fórmula que tirou a credibilidade de W. Bush e Blair, além dos EUA e da Inglaterra. Não se pode dizer nem mesmo que Obama e os EUA ganham por ter a decisão final, no caso a opção pela guerra, dado que as sanções darão nisso. Não há vitória aqui, pois este é o beco sem saída no qual W. Bush enfiou os EUA, e do qual os estadunidenses achavam que Obama os tiraria. É um beco sem saída econômico, dados os custos trilionários da guerra. É um beco sem saída político, dada a insatisfação popular. E é um beco sem saída diplomático, por razões mais do que óbvias.

PS - É claro que a comunidade internacional tem o direito de tentar impedir a proliferação de armas nucleares, se é que isto não é um dever. A crítica é ao meio escolhido, no caso as sanções. Por duas razões. Primeiro, é inefetivo, pois maltrata a população civil, o que leva à exacerbação e extremismo internos, com consequente enfraquecimento de posições mais ao centro e liberais. No caso do Irã, isto sim é explosivo. Segundo, porque a história recente nos mostra que usualmente o passo seguinte é a guerra ou o impasse, ao invés do diálogo. Tivemos guerra no caso do Iraque, e impasse nos casos de Cuba e das Coreias. O meio escolhido tem que ser o diálogo. Esta é uma lição importante do século 20, a qual levou à criação da ONU. Pode ser caro e doloroso esquecer disto.

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Sobre o acordo nuclear com o Irã, vale a pena ler...

Levando em conta que a Globo decidiu noticiar meras reações emocionais negativas e tolices, eis uma amostra do que vale a pena ler sobre o acordo nuclear com o Irã conquistado pelo eixo Brasil-Turquia:
  • Brasil e Turquia conseguiram fazer com que o Irã aceitasse agora os termos da proposta dos EUA de oito meses atrás. Ou seja, não há conflito com os EUA. Ao contrário, há competência de Brasil e Turquia por terem conseguido fazer, pelos EUA, o que os EUA não conseguiram.
  • Para Leonam dos Santos Guimarães, consultor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o acordo conquistado por Brasil e Turquia é positivo, e não há bases nucleares para a desconfiança dos EUA e da Europa, apesar de haver bases geopolíticas que extrapolam a discussão.
Também vale a pena lembrar, e discutir, o que não está sendo discutido: o poder nuclear de Israel. Discutindo o problema do ponto de vista nuclear, ao invés de geopolítico: cadê a proposta de sanções a Israel? Israel preocupa a AIEA, e está com novos submarinos capazes de lançar mísseis com ogivas nucleares.

PS - A França apoia o acordo. Se tiver acordado e tiver paciência, troca por um instante do Studio Pampa, programa com garotas seminuas da TV Pampa, o qual é um programa relativamente sério, perto da concorrência, e coloca na Globo, canal que estará apresentando um comidiciário ou notédia (mistura de comédia com noticíario, pois as "notícias" são uma piada) só pra ver o apresentador William Waack fazendo cara feia para Sarkô, por (sic!) chutar as canelas dos EUA. Isso se o apoio da França ao Brasil for assunto para a Globo, é claro.
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Eixo Brasil-Turquia é nova força global, diz colunista de The Guardian

Para Stephen Kinzer, do jornal inglês The guardian, o acordo com o Irã mostra que o eixo Brasil-Turquia é uma nova força global.

Para Kinzer, o acordo com o Irã conquistado pelo eixo Brasil-Turquia é uma boa notícia para todos, a não ser para os membros dos governos dos EUA e de Israel que buscavam uma desculpa para isolar o Irã. e, apesar das declarações da secretária de Estado Hillary Clinton em direção contrária, há sinais de que Obama via com bons olhos a iniciativa do novo eixo.

Kinzer elogia a habilidade dos corpos diplomáticos do Brasil e da Turquia, e dos líderes Lula e Erdogan. Ele nota que, nos últimos anos, Brasil e Turquia foram os países que mais abriram embaixadas no mundo.

Além da conquista do acordo, Kinzer nota que o eixo Brasil-Turquia mostrou aos EUA, Israel e União Europeia que eles estavam errados ao presumir que somente ameaças e sanções fariam o Irã aceitar um acordo.

PS - É de se imaginar que a conquista do acordo tenha reflexos no Brasil. Por exemplo, já há quem diga que o PSDB entrará com ação no TSE contra o Irã, por campanha antecipada para Dilma. :)

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Gráfico com ícones bonitos, e desarmamento

A Folha de São Paulo (LibraryPress, acesso restrito) traz um gráfico bonitinho, com belos ícones, comparando poder de fogo do Irã e de Israel. Mas as informações são falhas.

Falta uma comparação direta entre número de aviões, por exemplo.

Além disso, o gráfico apenas indica que Israel talvez tenha 200 ogivas nucleares, sem dar isso como a manchete, pois isso sim é preocupante para qualquer nação vizinha. A matéria também não diz que a Agência Internacional de Energia Nuclear manifestou preocupação com o uso militar da energia nuclear por Israel, e pediu inspeções internacionais.

Faltou também comparar o número de submarinos com capacidade de disparar mísseis com ogivas nucleares. Israel tem três submarinos Dolphin com essa capacidade, e está para adquirir mais três.

Ah, e faltou dizer que os EUA estocam bombas em Israel, e Israel tem direito de usá-las em caso de "emergência". E a noção de "emergência" em jogo é bem frouxa. Tipo, ficar sem bombas após atirá-las em civis é uma "emergência".

Claro, a matéria fala em "sanções". Mas seria bacana dizer pro leitor que sanções acabam com a vida dos civis, o que acaba com a estabilidade do país, e fortalece os extremistas. As sanções de Blair e Bush ao Iraque serviram para que crianças morressem por falta de remédios simples. A que vem tal tipo de atitude?

Mas, não sejamos tão críticos. Talvez o jornal não informe nada disso porque todos estejam cansados se saber. Ú ié.......

O fato é que há gente como a gente que só quer viver em paz aqui, nos EUA, no Irã, em Israel e em todos os lugares. Tipo a garota iraniana abaixo:



Se me permitem a divagação, e o final cafona, pois o desarmamentismo está fora de moda, é irresponsável entrar na onda dos loucos por guerra, sejam esses quem forem, venham esses de onde vierem. Se é para falar de uma ameaça, que se fale do quadro todo, o que inclui todas as forças militares envolvidas, e também todas as pessoas que só querem viver em paz. Ameaça mesmo é fortalecer malucos que achariam ruim uma garota malhar em público ao som de Eye of the Tiger, e se os fortalece com sanções mais 200 ogivas nucleares nunca admitidas.
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Armas nucleares, EUA, e sanções internacionais (Mundo)

No discurso "O estado da União", Obama prometeu sanções internacionais ao Irã, por suposta proliferação nuclear do tipo que incomoda a Agência Internacional de Energia Atômica, no caso de Israel, a quem Obama não promete sanções. Juan Cole comenta, sobre a promessa de Obama:
Nem uma nem muitas sanções, de tipo algum, funcionarão no Irã, para provocar mudança de regime. Sanções servem para debilitar o país e dificultar, até o tormento, a vida diária de civis – o que já se viu no Iraque. Mas sanções não arrancam do poder as elites que reinam nos países do petróleo, porque petróleo que brote do chão é altamente contrabandeável e pode ser convertido em dinheiro, e o dinheiro pode ser sempre facilmente canalizado para a mesma elite governante. A arrogância com que senadores dos EUA falam de sanções contra o Irã é mera arrogância e não dará qualquer dos resultados esperados, sobretudo porque a China não imporá qualquer sanção ao Irã.

Se Washington apertar os parafusos de sanções, Obama terá ainda menos condições para fazer negociações sérias com o Irã as quais, além de necessárias, são promessa do candidato e, depois, do presidente.

O discurso de ontem foi, essencialmente, discurso de capitulação ante os neoconservadores, em relação ao Irã. Não é, de modo algum, passo adiante na agenda que Obama traçara, para manter abertas linhas de negociação com Teerã.
O raciocínio de Cole também vale para a relação entre EUA e Cuba. A promessa de Obama era estender a mão, mas o que vemos é o SourceForge fechando acesso a cubanos, por causa da política externa dos EUA.
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Irã

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