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Datafolha mostra Haddad estável com 60%

A quatro dias da eleição municipal, o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, segue liderando a disputa com 49% das intenções totais de voto. Ele tem 15 pontos vantagem em relação a José Serra (PSDB).

Na pesquisa Datafolha finalizada hoje, o cenário é praticamente idêntico ao do levantamento da semana passada. Em 17 e 18 de outubro, Haddad já tinha os mesmos 49% de agora. Serra, que antes aparecia com 32%, oscilou dois pontos para cima e agora aparece com 34%.

Na conta dos votos válidos (que exclui brancos e nulos), Haddad alcança 60%; Serra, 40%. São exatamente os mesmo índices da semana passada.

O Datafolha também investigou as taxas de rejeição dos dois candidatos. Assim como no levantamento anterior, 52% dos entrevistados disseram que não votam em Serra de jeito nenhum. Já a rejeição ao nome de Haddad oscilou dois pontos para cima, de 34% para 36%.

O Datafolha ouviu 2.084 eleitores entre ontem e hoje. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos. Encomendado pela Folha em parceria com a TV Globo, o levantamento foi registrado no TRE com o código SP-01910/212.

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Ibope mostra Haddad estável com 57%

O Ibope divulgou, nesta quarta-feira (24), a terceira pesquisa de intenção de voto sobre o segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo neste ano.

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo".

Em relação à pesquisa anterior, Haddad manteve 49%, e Serra foi de 33% para 36%.

Segundo o Ibope, "a quatro dias do segundo turno, Haddad fica estável e mantém a liderança e Serra oscila positivamente 3 pontos, na disputa pela Prefeitura de São Paulo".

Veja os números do Ibope para a pesquisa estimulada:
Fernando Haddad (PT) – 49% das intenções de voto
José Serra (PSDB) – 36%
Em branco/nulo – 10%
Não sabe – 5%

A pesquisa foi realizada de 22 a 24 de outubro. Foram entrevistadas  1.204 pessoas na cidade de São Paulo. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.

A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), sob o número SP-01912/ 2012.

Pesquisa anterior

A primeira pesquisa do Ibope do segundo turno foi divulgada em 11 de outubro e registrou os seguintes resultados: Fernando Haddad, 48%; José Serra, 37%; branco/nulo, 9%; e não sabe, 6%.

A segunda pesquisa do Ibope do segundo turno foi divulgada na quarta-feira (17) e registrou os seguintes resultados: Haddad, 49%; Serra, 33%; em branco/nulo, 13%; e não sabe, 5%.

Veja os números do Ibope, considerando os votos válidos:
Fernando Haddad (PT) – 57%
José Serra (PSDB) – 43%

Para calcular esses votos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. O procedimento é o mesmo utilizado pela Justiça Eleitoral para divulgar o resultado oficial da eleição.

No primeiro turno, Serra teve 30,75% dos votos válidos, e Haddad, 28,98% (veja os números completos da apuração dos votos em São Paulo).
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Haddad assina compromisso com o povo de São Paulo


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O namoro PT-Kassab na eleição paulistana

Nesse namoro do Kassab com o PT o único que perde é o segundo. O desgaste que alguns figurões petistas (Lula, principalmente) estão provocando na pré-candidatura do Haddad é totalmente desnecessário. A análise da aliança eleitoral deve ser puramente eleitoral, e menos ideológica. Quando soma, faz-se a aliança. Quando diminui, saí fora. E, nesse quesito, Kassab tem pouco ou nada a devolver para o PT na sucessão paulistana.

O seu partido é novo e, por essa razão, não tem horário eleitoral para turbinar a candidatura do Haddad. E o prefeito Kassab está com avaliação negativa altíssima, o que favorece uma candidatura de oposição. A atual conjuntura política da cidade de São Paulo é por mudança, não continuidade. Ou seja, não é ignorando os eleitores com campanha que preserve a administração municipal que o partido aumentará suas chances de vitória.

Não faz sentido o PT em São Paulo virar situação, deixando que os partidos de sustentação ao governo Serra/Kassab (PSDB, DEM e PMDB, principalmente) tenham a chance de ser a candidatura da mudança. Gabriel Chalita já percebeu esse vácuo. E, se o candidato tucano não for o Matarazzo (este não tem jeito de descolar da administração do Kassab), os tucanos também posarão de oposição, ou seja, mudança.

Se o objetivo do PT é ter uma boa base de sustentação no legislativo caso vença o pleito, quero enfatizar que não precisam se preocupar. Afinal, o PSD tem o DNA do peemedebismo e, dessa forma, irá fazer parte da base de qualquer governo (seja PT, PMDB ou PSDB). O PT não precisa absorver o custo antecipadamente.

Na análise política não podemos ser ingênuos. Nessa questão está óbvio que o jogo é muito maior que a eleição na capital paulistana. Existe uma disputa por espaços dentro do PT com olho em 2014, com reflexos na reeleição de Dilma e na sucessão do Estado de São Paulo.

Em verdade, os patrocinadores da aliança Kassab-PT avaliam que é possível ganhar as eleições com Haddad, mesmo carregando o custo Kassab (porque ele é ônus hoje, não bônus). E, com essa aliança e Haddad vencendo, o grupo que defende a pré-candidatura de Marinho ao governo paulista se fortalece, assim como aumenta as chances de uma ampla aliança. Os grupos da Marta e do Mercadante se enfraquecem.

Por outro lado, Dilma poderá oferecer um ministério para o Kassab, reduzindo o poder de fogo do PMDB no Congresso. Tal estratégia comporta riscos eleitorais para Haddad, porém, explica a movimentação de algumas lideranças petistas em torno do kassabismo.
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Os limites do adesismo

Defesa do projeto PSD explica proposta de Kassab ao PT

Cláudio Gonçalves Couto, publicado no Valor Econômico

Se há algo que notabiliza como político o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é a sua habilidade como articulador. Antes mesmo de ser guindado por José Serra à condição de alcaide da maior metrópole brasileira, Kassab já havia se destacado como o principal construtor do PFL paulista, organizando o partido pelo interior. Foi essa capacidade como negociador político, mais do que eventuais sucessos administrativos, que lhe renderam o posto de vice-prefeito na chapa demo-tucana e, depois, a reeleição, cindindo o PSDB. Seguiu nessa senda ao deflagrar uma defecção em massa do DEM, que teve como subproduto substancial a oportunidade de migração sem custos ou riscos para insatisfeitos de todos os matizes, tanto os desconfortáveis no barco da oposição como os incomodados em agremiações do campo governista. Nada mais fácil, já que o PSD não seria “de direita, de esquerda, nem de centro”, apenas oportunista.

A última cartada desta raposa foi a oferta ao PT de uma aliança nas eleições municipais paulistanas. O fato de seu partido ser um invertebrado ideológico, disposto a negociar com quem quer que seja, em princípio facilita as coisas. Mas isto não seria exatamente algo indispensável, já que a lógica coalicional do multipartidarismo brasileiro facilita todas as aproximações, a despeito de quaisquer origens programáticas que as agremiações possam ter tido. Isto fica evidente tanto pelo apoio do PP (partido do capitão Bolsonaro e sucessor da Arena da ditadura militar) ao governo da ex-guerrilheira Dilma Rousseff, quanto pela presença do PCdoB na administração kassabista em São Paulo. Nessa festa partidária brasileira, ninguém é de ninguém e todos são de todos; ou quase. Um dos limites mais claros para isto está nas alianças eleitorais entre os dois partidos polares do sistema nacional, PT e PSDB. Para esses dois, são interditadas as alianças nacionais, estaduais ou em municípios de primeira grandeza, embora sejam liberadas as coligações pelo interiorzão afora, onde a lógica da política nacional não faz sentido e a ideologia é uma língua estranha.

Aliança entre PSD e PT só interessa ao primeiro

Ao acenar publicamente com seu possível apoio ao PT no pleito paulistano, Kassab aumenta seu cacife numa negociação com os tucanos, seus parceiros de primeira hora. De quebra, facilita sua amizade com o governo federal. Contudo, para que tal proposta matreira seja politicamente levada a sério, é preciso considerar se tal aliança é proveitosa para o PT, já que o casamento não sai sem a anuência das partes. Fazendo-se as contas, faz muito pouco sentido, pois o prefeito paulistano não tem muito a oferecer, mas pode causar prejuízos. Vejamos.

Em primeiro lugar, o PSD não carreia tempo de TV para seus aliados (não mais do que 30 segundos), pois tendo sido criado após as últimas eleições congressuais, não obteve votos para deputado federal e, consequentemente, não pontua no critério de distribuição do tempo no horário eleitoral gratuito. Em segundo lugar, a administração de Kassab é mal avaliada pela população, como demonstram todas as pesquisas. Assim, contar com seu apoio mais tira do que atrai votos – como também foi demonstrado em recente pesquisa do Datafolha. Em terceiro lugar, o PT faz uma forte oposição à administração Kassab na Câmara Municipal e em outras instâncias, de modo que uma aliança obrigaria o partido a moderar seu discurso e, no limite, defender o aliado. Como explicar ao eleitor tal mudança de posição? E, se como afirmou Fernando Haddad ao Valor de ontem, candidatos não devem esconder seus aliados, seria muito difícil jogar Kassab para baixo do tapete.

Em quarto lugar, poder-se-ia alegar que Kassab barganharia a aliança eleitoral em troca do eventual apoio dos vereadores de sua base ao futuro prefeito petista, se eleito. Ora, mas há quem duvide que os vereadores que hoje apoiam o prefeito na Câmara, sejam ou não de seu partido, apoiarão qualquer um que for eleito, desde que recebam algo em troca? Portanto, uma oferta como essa apenas enganaria a ingênuos, que se dispõem a pagar por algo que já têm. Em quinto lugar, Kassab poderia barganhar o apoio do PSD à presidenta Dilma em troca da aliança em São Paulo. Mas vale aqui a mesma lógica dos vereadores: o PSD e seus deputados se dispõem a apoiar qualquer governo que atenda a seus pleitos no Legislativo.

O único ganho a ser auferido pelos petistas no caso de uma aliança com o PSD seria o isolamento de José Serra em relação a um de seus maiores aliados. Contudo, tal ganho é largamente sopesado pelos prejuízos que traz (como nas segunda e terceira razões aduzidas acima). Ademais, Serra já passa por um processo de isolamento dentro de seu próprio partido, tanto na frente nacional (com Aécio à frente), como na estadual (com Alckmin à frente). Para quê, então, gastar cartuchos importantes na aceleração de um processo que já está em curso por questões internas à disputa tucana? Faz mais sentido buscar uma aliança com o principal parceiro nacional, o PMDB, eliminando um adversário que também é ligado à educação, jovem e com forte potencial de crescimento (Gabriel Chalita). Ou então, repetir a tradicional aliança com o PCdoB, que possui um candidato bem situado nas pesquisas (Netinho de Paula) e que reforçaria a candidatura petista na periferia da cidade, oferecendo um contraponto à imagem de moço de classe média escolarizada de Haddad (apesar de sofrer forte rejeição).

Em suma, embora o assédio de Kassab ao PT seja um ato de esperteza política, ela faz muito mais sentido para o prefeito de São Paulo do que para o partido de Lula. Entretanto, como ele, apesar de engenheiro e muito matreiro, não é o único que sabe fazer contas, é pouco provável que tal aliança prospere.

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP e colunista convidado do “Valor”. 
E-mail claudio.couto@fgv.br
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AOS PAULISTANOS

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O avanço de Dilma no reduto tucano

Da Coluna de Maria Inês Nassif, do Valor Econômico

O avanço de Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência, no reduto tucano paulista, é um dado muito delicado para o grupo de José Serra dentro do PSDB. O partido nacional não se sairá bem das eleições de outubro, mas o tucanato paulista estará em maus lençóis mesmo que ganhe as eleições para o governo do estado.

Em São Paulo, a candidata do PT já tem votos para suplantar seu adversário tucano. Isso significa que Dilma conseguiu furar o bloqueio de uma forte rejeição petista no estado, que tem garantido eleições sucessivas de candidatos do PSDB ou apoiados pelos tucanos, no momento em que as lideranças nacionais do PSDB paulista declinam. Para o PT, este é um acontecimento.

Mário Covas, que foi o grande articulador da criação do partido e o único elemento agregador desse núcleo original do PSDB, faleceu em 2001. Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente duas vezes na onda do Plano Real e de uma ideia genérica de “Brasil moderno” trazido pela hegemonia liberal, do qual acabou se tornando o grande artífice no país, com a inestimável ajuda do eleitorado conservador paulista, dos votos conservadores da região Sul e dos grotões sob a influência do PFL no Nordeste e no Norte. Saiu do governo desgastado por sucessivas crises econômicas e não assumiu qualquer papel de liderança interna. Se as pesquisas se confirmarem, José Serra perderá, já no primeiro turno, para Dilma Rousseff.

Sem líderes, PSDB ficará muito parecido com PMDB

O grupo serrista tinha forte influência sobre o partido nacional e assumiu as rédeas do PSDB estadual, até então sob a órbita de influência do herdeiro de Covas, Geraldo Alckmin, um político de prestígio regional, mas afeito à política tradicional de alianças com chefes políticos locais. A máquina tucana no estado foi montada por Alckmin; o chefe da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes, trabalhou muito para cooptá-la. O fato, no entanto, é que Alckmin ainda tem mais votos no estado do que Serra.

Houve, portanto, um movimento claro do governador José Serra para assumir a liderança regional do partido, ao mesmo tempo em que mantinha forte influência sobre o partido nacional, apesar de emersões episódicas do governador de Minas, Aécio Neves.

Enquanto tinha o governo estadual e era tido como o preferido nas eleições presidenciais, o candidato tucano a presidente se manteve no controle das duas máquinas partidárias — a paulista e a nacional.

Se perder a eleição, Serra acumulará duas derrotas nas eleições presidenciais — foi candidato em 2002 e perdeu para Lula; é candidato em 2010 e pode perder para a candidata de Lula, num partido que depende desesperadamente de uma vitória para manter o nariz para fora da água. Está sendo cristianizado pelos candidatos tucanos ao governo e ao Senado quase no país inteiro. Dificilmente conseguirá se manter como liderança nacional sem cargo político e sem aliados internos de peso.

Além disso, apesar das aparências, manteve-se em rota de colisão constante com o DEM. Uma estratégia de articulação oposicionista, no caso de vitória de Dilma Rousseff, tem poucas chances de ter o ex-governador como elemento de coesão — interna ou com aliados.

Por força do seu estilo, e das disputas locais, o candidato a governador tucano no estado, Geraldo Alckmin, jamais alçou voos nacionais. Não se pode dizer que os grupos de Serra e de FHC tenham facilitado a vida de Alckmin, mesmo quando ele foi candidato à Presidência, em 2006. Alckmin entra pela porta da sala na política estadual; tem acesso apenas à porta da cozinha na política nacional. Se vencer a eleição, ele deterá o controle da maior parcela de um PSDB em crise. É duvidoso que consiga, no entanto, ser convidado para entrar na sala de visitas da cúpula nacional.

O PSDB, que sempre sobreviveu como partido de quadros, está com severos problemas — de quadros. Ao longo de sua existência, o partido se manteve em torno de personalidades que se desgastaram politicamente com o passar dos anos, ou estão velhas, ou morreram. A exceção é o governador Aécio Neves, uma geração abaixo da do grupo original e que, por manobras de Serra ou por esperteza, guardou-se do desgaste que o embate com um governo altamente popular traria e retirou a sua pré-candidatura a presidente da República.

São Paulo deve ainda contribuir fortemente para a bancada federal do PSDB, mas, sem líderes que sustentem essa hegemonia, o partido deve ficar muito parecido com o PMDB: cada um cuida de seus interesses eleitorais e todos brigam pelo controle regional porque isso facilita o trânsito de suas necessidades imediatas. Se Aécio não assumir o papel de líder nacional, já que chegará ao Senado com uma votação avassaladora, o PSDB estará condenado a ser uma federação de partidos regionais, a exemplo da legenda de Michel Temer.

Para o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, a eleição foi definida, em favor de Dilma, no momento em que Serra alcançou 40% de rejeição. Do penúltimo CNT/Sensus, coletado de 31 de junho a 2 de agosto, para o último, feito de 20 a 22 de agosto, Serra passou de cerca de 30% de rejeição para 40%. Isso torna qualquer candidatura inviável, segundo Guedes.

Para Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi, Dilma tem grandes chances de vencer no primeiro turno porque o período de propaganda eleitoral gratuita tem sido absolutamente eficiente no trabalho de associação entre ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A campanha no rádio e na televisão tem servido mais como informação a um eleitor pré-disposto a votar na continuidade do que propriamente como instrumento de captação de votos.

Conforme se torna conhecida como a candidata de Lula, Dilma consolida posição. A rejeição a Serra, na opinião de Coimbra, é grande, mas decorrência da definição de voto por Dilma. Por essa razão, Coimbra duvida da eficiência da campanha negativa de Serra.

Maria Inês Nassif escreve todas as quinta-feiras.
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Chalita vai ao PSB com a benção de Aécio e para ser o plano B de Geraldo Alckmin

Do Blog do Fernando Rodrigues

O tucano e geraldista Gabriel Chalita está entrando no PSB. Essa é a informação conhecida. O bastidor é mais apimentado.

Chalita conversou reservadamente com Aécio Neves para receber a benção do tucano mineiro a respeito da troca da canoa tucana pelo PSB paulista. Foi abençoado. Ontem (16.set.2009), bateu o martelo com o principal cacique do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos.

Geraldo Alckmin tem em Chalita um de seus mais fortes puxadores de votos na região metropolitana da capital paulista. Em 2008, Chalita foi o mais bem votado vereador na cidade de São Paulo, com 102.048 votos.

Alckmin esboçou no final de 2008 um desejo de ele próprio pular para o PSB. Não deu certo. Lula não se animou em vê-lo num partido de sua base. O petista detesta Alckmin. Credita ao tucano alguns ataques que considera além do aceitável na disputa presidencial de 2006.

Mesmo assim, Alckmin estava determinado a sair do PSDB no final do ano passado. Achava que não teria espaço no partido para ser candidato a governador em 2010, pois não se dava com José Serra. Por essa razão o próprio Serra ficou com medo de ter um candidato como Alckmin fora do PSDB em 2010. Trouxe Alckmin para seu secretariado estadual e acorrentou o antigo adversário à sigla.

Alckmin sabe o que se passa. Não tem mais como sair do PSDB. Resolveu então mover pedras importantes no tabuleiro de 2010. Se Serra acabar mudando de ideia mais adiante e não deixá-lo ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Alckmin terá uma excelente opção dentro do PSB para apoiar na disputa pelo governo estadual paulista: Gabriel Chalita.

Ainda mais agora que Aécio Neves também está ciente da estratégia e já deu seu nihil obstat para a entrada de Chalita no PSB. Aliás, se tudo der errado para Alckmin e Aécio no PSDB, Chalita pode tranquilamente subir em São Paulo no palanque presidencial da petista Dilma Rousseff. Seria um tucano avançado no campo adversário, com o objetivo de minar as chances de vitória de Serra na disputa pelo Planalto.

Como se observa, o jogo entre os tucanos ainda está longe de ser um jogo jogado.

Comentário do Blogueiro: Na política, não existe espaço para os inocentes. Uma mexida no tabuleiro do xadrez, por mais despretensiosa que pareça, sempre procura esconder o verdadeiro jogo. E o caso de Chalita é exemplar.

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Começa a ser decidido o futuro do PT

Um artigo publicado na edição de hoje, 06 de maio de 2009, no Jornal Gazeta Mercantil, sobre as opções do PT para a sucessão do governo paulista. Apesar de preferido por Lula e por algumas correntes petistas, a candidatura do ex-ministro Antônio Palocci (PT-SP) pode-se revelar enorme equívoco. Mesmo que o STF o livre do processo, não há garantia que o eleitor (o que importa de fato) absolverá o ministro tão rapidamente. De todo modo, Palocci aparece nas pesquisas com baixas intenções de voto, e ainda terá de enfrentar uma campanha dura tendo que explicar para o eleitor as acusações.

Caso o PT opte por velhos nomes, o melhor seria Eduardo Suplicy ou Marta Suplicy, em função da densidade eleitoral. Porém, o melhor caminho para o partido seja mesmo a renovação, testando novos nomes, o que não incluiria Palocci. As melhores opções seriam: Fernando Haddad, ministro da Educação, Emídio de Souza, prefeito de Osasco e José Eduardo Cardoso, deputado federal. O último enfrentaria fortes resistências no partido, e o primeiro poderia ser apadrinhado por Lula e surpreender politicamente, a despeito da falta de experiência eleitoral. Emídio de Souza é outra opção de renovação, e parece possuir bom discurso. Segue o artigo.

Thales Guaracy, publicado na Gazeta Mercantil

Esfacelado no governo Lula por denúncias de corrupção, que trituraram suas principais lideranças, o PT encontra-se hoje diante de uma encruzilhada. Por um lado, pode recuperar as raízes, criar um novo projeto mais alinhado com o que viu ser bem-sucedido na era Lula e manter-se como um partido eleitoralmente forte. Ou pode agarrar-se aos nomes chamuscados e às raízes criadas na máquina pública durante seu período no poder para, mesmo sem grande futuro eleitoral, manter-se vivo. Terá, neste caso, um destino semelhante ao do PMDB, um partido que nasceu apoiado em uma boa causa (a luta pela volta à democracia), teve seu período de força eleitoral e vitalidade, e depois de experimentar o poder aproveitou as estruturas nele criadas para sobreviver graças ao fisiologismo.

Para recolocar o PT nos trilhos, é necessário um trabalho de grande envergadura e que começa com a sucessão em São Paulo, cenário onde se definirá não apenas o nome do próximo governador como o destino do partido. Vamos saber, assim que for oficializado o nome do candidato ao governo do estado, para que lado o PT penderá. Em boa parte cabe ao presidente definir os rumos que o partido irá tomar. Lula pode trazer a legenda mais para perto do que deu certo em seu governo - um PT light, fortemente preso ao compromisso tradicional com a distribuição de renda, mas sem o antigo discurso agudo de esquerda - e injetar sangue novo para dar nova face ao partido. Ou pode manter-se apegado aos antigos nomes de um partido enfraquecido, mas ainda capaz de influir. Nesse caso, viraria outro José Sarney.

Pula nos corredores do PT que Lula apóia no governo de São Paulo a candidatura do seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Em eventos públicos, lideranças importantes do partido, postulantes potenciais ao governo paulista, como a ex-prefeita Marta Suplicy e o senador Aloizio Mercadante, já deram sinal de que darão passagem a Palocci, se esta for a vontade todo-poderosa do presidente. Ventilou-se também o ministro da Educação, Fernando Haddad, como um segundo nome do seu agrado. Cresce dentro do partido, porém, a corrente que busca um nome novo, que possa ser conciliatório - sem romper totalmente com as velhas lideranças, traria um ar novo e ao mesmo tempo promissor nas urnas.

Nessa raia, vem correndo por fora nas preferências dos convencionais do partido o nome de Emidio de Souza, prefeito de Osasco. Ex-metalúrgico de fala mansa, cujo sotaque e timbre da voz lembram muito o ex-ministro e deputado federal José Dirceu, Emidio foi reeleito numa cidade de orçamento importante, sede de algumas das maiores empresas do Brasil, como o Wal-Mart e o Bradesco, mas que sempre foi um município de pouco prestígio político, de onde saiu pouca gente de expressão nacional. Emidio candidata-se à exceção.

Nome em ascensão dentro do PT, pode-se dizer que é em torno dele, e da decisão sobre quem será o candidato ao governo do estado-chave da federação, que será decidido também o destino do partido. Nas últimas semanas, Souza vem percorrendo o interior de São Paulo, de cidade em cidade, em busca de apoio para seu nome. Já obteve declarações favoráveis de lideranças do partido e foi convidado para uma reunião com Lula para falar da sucessão paulista, ao lado de Marta e do próprio Palocci.

Nas conversas de Emidio, que vem se tornando cada vez menos privadas, ele lembra que é um prefeito empreendedor, que trouxe um município que era a 25 economia do estado para o 13 lugar, graças a uma política de desburocratização e incentivo a empresas. Tem também uma frase muito simples para convencer seus pares de qual é sua principal vantagem sobre Palocci na vaga do PT da próxima eleição: "Não tenho de ficar explicando nada". Possui um discurso para ganhar o governo do estado, segundo o qual o PSDB já teve muito tempo para arrumar o que não foi arrumado, como a segurança e a saúde, e que poderia ser a vez de testar o PT. E olha também para o cenário nacional, com a ideia de que São Paulo perdeu a condição de liderança política econômica do País.

Para aqueles que desejam entrar na eleição com o objetivo não apenas de recuperar prestígio como de ganhar de fato a eleição, Palocci aparece como a pior escolha possível. Nas simulações já feitas pelo Datafolha, do jornal Folha de S. Paulo, largou na rabeira. Segundo o levantamento, obtido em resposta estimulada, o ex-ministro aparece com 3% das intenções de voto para o próximo governo paulista, metade do eleitorado de Soninha, e distante assim como o homem está da Lua do líder Geraldo Alckmin, com 46%. Com Marta Suplicy, que levaria 13%, o índice de Alckmin cairia a 41%, mas continua parecendo muito sólido. Nessa pesquisa, o nome de Emidio sequer foi considerado.

Emidio sabe que não é fácil enfrentar o presidente mais popular da história do País dentro de um partido de imagem enfraquecida, mas cuja máquina ainda é poderosa, e que ficou sem outra liderança de peso, caso ele se decida por Palocci. "O que eu quero é que ele ponha a mão em mim, como fez com ele o Barack Obama, e diga: ‘Esse é o cara’", afirma. Mesmo contra o presidente, porém, há uma corrente defensora da antiga vocação do PT de tirar suas novas lideranças da base. E de criar um programa positivo de governo que pode balizar também um projeto de reconstrução do partido, alinhado com aquilo que deu certo no governo mais popular da história.

A missão de Emidio é fazer-se mais conhecido entre empresários e o eleitorado fora de São Paulo, mostrar-se competente tecnicamente como Palocci, mas dono de carisma próprio, de uma conduta e um programa que podem recolocar o partido no caminho certo. Se conseguir, terá obtido um feito realmente histórico de reagrupar uma grande legenda esfrangalhada e poderá surgir de fato como um forte candidato não apenas ao governo do estado como a outros voos futuros. Se falhar, Emidio será tragado junto com o PT a um destino que é, no máximo, ficar exatamente onde está.

Obs: Se o partido não injetar sangue novo, Lula pode se transformar em um Sarney.
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O milionário comercial da SABESP

Quem primeiro levantou a bola para criticar o comercial da Sabesp é o jornalista Luis Nassif em seu site. Veja aqui.
A Sabesp é a empresa de saneamento do governo paulista. Presta serviços para a população do Estado de São Paulo. Recentemente lançou uma campanha comercial nacional na televisão. Por que uma empresa que presta serviços dentro de um Estado precisa fazer um comercial nacional? A única resposta para gasto desmedido é propaganda política para seu mandatário maior, o governador do Estado.

A campanha de 2010 já começou, e a conta é paga pelo usuário da Sabesp, que presta um serviço de qualidade duvidosa. A turma de Serra joga mesmo pesado. É dinheiro de empresa pública para o ralo para promover sua candidatura presidencial. E tudo com a conivência da grande mídia. Aliás, a grande mídia está satisfeitíssima com mais uma polpuda verba publicitária. Fica a pergunta: Cadê o Ministério Público? Onde foi parar a indignação de certos meios? Será que a conta será paga com o SerraCard?
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Três reflexões sobre as eleições: Preconceito, conservadorismo e mídia

A idéia de colocar a culpa no suposto preconceito da elite paulistana à candidata Marta Suplicy não é boa explicação, pois não é verossímil. É claro que existem segmentos que podem trazer algum preconceito, mas nada que possa ser generalizado para a cidade de São Paulo. Afinal, a população paulistana quase a levou para o segundo turno na eleição para o Estado de São Paulo em 1998, elegeu Marta prefeita em 2000, e nas eleições de 2004 e 2008 levou sua candidatura para o segundo turno. Além do mais, como bem disse o Blog do Alon, que outra grande capital no país elegeu (i) uma assistente social vinda do interior da Paraíba (Erundina em 1988); (ii) um descendente de libaneses (Maluf); (ii) um negro vindo do Rio de Janeiro (Pitta); e (iv) uma mulher que se tornou famosa por apresentar um programa de orientação sexual na televisão numa época em isso era um escândalo (Marta). De fato, é uma explicação bastante simplória, e que escamoteia os erros que o PT e a campanha martista tiveram ao longo da eleição paulistana.

Uma outra explicação pouco feliz diz respeito ao suposto conservadorismo paulistano que impediria a vitória de uma candidata do campo de esquerda. As vitórias de Marta e Erundina desmentem ou, pelo menos, estão na contramão dessa versão. Além disso, como assinalou um leitor atento da blogosfera, José Márcio Tavares, numa mensagem que recebi por meio de e-mail, o Rio de Janeiro é considerado de esquerda e São Paulo de direita, mas a última vez que o Rio teve um candidato de esquerda no segundo turno foi na eleição de 1992, com Benedita da Silva (PT). Qual dessas cidades é mais conservadora mesmo? É uma observação pertinente, algo para refletir.

É importante assinalar que a questão da mídia permanece em aberto, e esta extremamente desfavorável à candidata petista. Na verdade, a grande mídia em geral, e a paulista em particular, travam batalhas constantes contra o campo mais à esquerda. No episódio que envolveu a suposta invasão da privacidade do candidato Kassab, a mídia teve uma reação desproporcional. Isso porque a mídia nunca teve zelo com a privacidade dos políticos ligados ao campo mais popular (e duvido que passará a ter). Segundo, é bom fazer uma comparação entre a escorregada da campanha martista e as escorregadas do candidato do PV à prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (este apoiado pela mídia). Gabeira mostrou desprezo para com a população do subúrbio quando disse que a vereadora tinha uma visão suburbana. Ele não atacou apenas a vereadora eleita, mas os eleitores e moradores das regiões pobres do Rio. Em outra ocasião, o candidato também atacou ao mesmo tempo três símbolos do carioca: a feijoada, o samba e o carnaval. O Biscoito Fino e a Massa fez uma ótima análise sobre a candidatura verde trazendo esses elementos. E por fim, Gabeira deixou transparecer o preconceito com as regiões pobres mais uma vez, ao dizer que o prefeito não deveria ficar apenas no Rio, mas também na Zona Oeste (ou seja, o Rio para o Gabeira é apenas a Zona Sul, o resto é subúrbio).

No episódio de Marta, ela não aparece, nem houve sinais de que participou de alguma maneira da decisão de veicular o comercial de sua campanha. É óbvio que a responsabilidade é da candidata, porém é diferente quando isso vem do próprio candidato. Gabeira, por sua vez, é o principal ator dos seus escorregões, pois saíram de sua boca as palavras que mostraram preconceito ou desprezo com segmentos que são a maioria do eleitorado carioca, ou seja, a população do subúrbio e os amantes do samba, da feijoada e do carnaval. Porém, a mídia deu super exposição ao escorregão da campanha petista, taxando-a de preconceituosa, mas minimizou aqueles do Gabeira. Imaginem se Gabeira fosse candidato pelo PT? Ou se fosse Marta que tivesse professado aquelas palavras? No fim, Gabeira foi vendido pela mídia como o candidato moderno, de uma nova forma de fazer política (isto é, o PSDB, DEM e PPS, a centro-direita), e Marta como a preconceituosa. Mais uma vez, dois pesos e duas medidas, a tão propalada indignação seletiva. Dizem que o Gabeira saiu da eleição com uma vitória moral, enquanto Marta saiu menor que entrou na campanha. Pode ser verdade, mas o papel que desempenhou a mídia na construção (Gabeira) e destruição (Marta) da imagem do candidato foi fundamental.

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O que houve de errado na campanha petista na eleição de São Paulo?

Uma primeira observação diz respeito à própria dinâmica eleitoral. Existem três tipos de campanhas eleitorais na ótica do candidato: (i) eleições perdidas, em que só um grave erro do adversário pode levá-lo à vitória (é o caso da candidatura petista em Curitiba); (ii) eleições possíveis de ganhar, mas deve contar com o erro do adversário e não errar na campanha, ou seja, o ganhador é aquele candidato que errar menos na formação de alianças e na campanha eleitoral; e (iii) eleições vencedoras, em que só um grave erro pode levar o candidato à derrota (Curitiba também é o melhor exemplo para o caso da candidatura de Beto Richa). Para complicar esse quebra-cabeça, existem ainda eleições que podemos chamar de continuidade (situação) e outras de mudança (oposição).

Tal cenário torna-se ainda mais complexo com o instituto da reeleição, que beneficia enormemente o candidato que tem a caneta na mão. Um ditado comum é que o candidato a um cargo executivo no Brasil é eleito para oito anos, mas com um referendo popular na metade do mandato quando a população tem a opção de repensar sua escolha, confirmando a escolha inicial ou escolhendo outro mandatário. Uma prova da força da reeleição para o candidato-mandatário é que todos eles conseguiram melhorar a imagem de suas administrações com as eleições. Mesmo as candidaturas perdedoras (é o caso de Serafim Almeida em Manaus), a avaliação do governo melhorou ao longo da campanha eleitoral. A construção de ampla aliança com grande tempo de televisão colaborou para melhorar a imagem de seus governos.

Como poderíamos classificar a eleição da capital paulistana? Sem dúvida nenhuma tratava de uma eleição possível de ganhar, mas com grandes dificuldades para um partido de oposição ao governo local. Uma dos complicadores é que também a eleição paulistana poderia ser enquadrada como de continuidade, muito embora a aprovação regular do governo local no início do período eleitoral.

No cenário da eleição paulistana, a candidatura da Marta não tinha o menor direito de errar. E ainda tinha que contar com o erro do adversário. A campanha de Marta começou bem, trabalhou com competência a redução da rejeição à candidata nas primeiras semanas de campanha. Foram os acertos de sua campanha que levaram a atingir 41% nas pesquisas em certo momento do primeiro turno, sendo que sua taxa de rejeição estava em 26%, contra 33% do prefeito naquela pesquisa. A pergunta a ser respondida é: o que mudou a partir desse pico eleitoral? De forma bastante simples, a campanha petista começou a errar sistematicamente, e a campanha de Kassab mostrou grande competência de exposição do candidato, exaltando suas realizações, minimizando suas fragilidades e reduzindo sua rejeição. Amparado por um grande tempo de televisão, Kassab melhorou significativamente a aprovação de sua administração, o que traduziu em votos para o candidato.

A campanha petista começou a errar bem antes da polêmica com relação às perguntas “é casado? Tem filhos?”. A campanha de Marta sabia que era muito difícil vencer no primeiro turno, e tal fato não mudou quando ela obteve uma taxa de intenção de votos recorde. Mas foi justamente a partir dessa época que a campanha de Marta perdeu seu eixo (que nunca mais foi encontrado). A constatação era de que Kassab era mais fácil de ser vencido que Alckmin no segundo turno. O problema era que ele estava em terceiro lugar e poderia ficar de fora do segundo turno. A campanha de Marta passou então a polarizar com Kassab, como forma de minar o candidato Alckmin. Esse movimento favoreceu enormemente o candidato Kassab destruindo a campanha alckmista. Ou seja, a forma que a campanha petista encontrou para minar o segundo colocado na época fortaleceu a candidatura anti-Marta de Gilberto Kassab. Marta e Kassab trouxeram realizações de suas gestões para estabelecer comparações, mas Alckmin só podia dizer que tinha sido bom governador e poderia ser bom prefeito. De fato, Alckmin tinha pouco a oferecer para o tipo de candidato que o eleitor paulistano buscava naquele momento.

O grande erro da campanha da candidata Marta foi abandonar uma estratégia eleitoral que a tinha levado ao maior patamar que obteve nas pesquisas, redução de sua taxa de rejeição e a conseqüente melhora em sua imagem. Além do mais, naquele instante ela pela primeira vez aparecia vencendo os adversários no segundo turno. A clara mudança na estratégia eleitoral com o intuito de enfrentar um candidato supostamente mais frágil no segundo turno (retrospectivamente já sabemos que a tese não era verdadeira) foi um erro colossal. A candidata petista precisava era chegar ao segundo com uma boa imagem pessoal e a campanha estava conseguindo esse resultado. A estratégia adotada não assumidamente naquele instante era de alto risco. Provou-se ao longo do resto da campanha que a polarização com Kassab elevou a avaliação de seu governo, e a conseqüente subida nas pesquisas, e aumentou consideravelmente a rejeição da petista, o que traduziu em queda em sua intenção de votos.

A campanha de Marta deixou de pautar as eleições, o que explica que problemas como trânsito sumiram da campanha, enquanto temas que incomodavam a candidata petista passassem ao centro do debate eleitoral. Um exemplo disso foi ressurgimento da questão das taxas e da saúde pública. É fato que o governo Serra-Kassab não tem muito o que mostrar com relação à saúde em São Paulo, mas têm uma avaliação melhor que da ex-prefeita. O curioso dessa história é que Marta teve que construir todo o sistema de saúde pública de São Paulo, que inexistia até então. Quando dizem que ela não fez nada, é bom lembrar que ela só municipalizou a saúde em São Paulo, não é pouca coisa, como bem lembrou o Blog do Bruno. Ou seja, a Marta tirou São Paulo do atraso e recomeçou do zero a implantação do Sistema Único de Saúde em São Paulo. A tarefa da prefeita Marta foi incomparavelmente superior a essa invenção privatista chamadas AMA (Assistência Médica Ambulatorial). São unidades de atendimento de baixo grau de complexidade administrados por terceiros. O atendimento continua ruim e precário. Não houve investimento em programas mais estruturantes como Saúde da Família ou Unidades Básicas de Saúde.

De fato, as duas últimas eleições em São Paulo foram dominados pelos paradigmas estabelecidos na gestão de Marta Suplicy. Assim como na saúde, na educação a eleição se dá em torno dos CEU de Marta, embora houve piora significativa na qualidade na gestão Serra-Kassab, principalmente com redução dos espaços para cultura e diversão dos jovens da periferia. No trânsito, a mídia simplesmente sumiu esse tema do debate, até mesmo porque foram abandonados os projetos que valorizavam o transporte público da época de Marta sem que nada fosse colocado no lugar. Mesmo o projeto Cidade Limpa, menina dos olhos do prefeito do DEM, teve início na gestão de Marta com a recuperação do centro, mas sendo aperfeiçoado e ampliado na gestão seguinte. O fato é que os paradigmas para a cidade de São Paulo continuam sendo dados pela ex-prefeita Marta Suplicy, mesmo sendo esta derrotada nas urnas. O inusitado nessa história é que o vencedor não traz idéias novas para São Paulo, mas apenas representa um projeto de menor radicalização (isto é, menor inclusão) daquilo que ele promete continuar ou aperfeiçoar, mas que não foi definido por ele, mas pela candidata derrotada.

A candidatura de Marta ao forçar uma polarização, com comparações, perdeu a chance de apresentar novas idéias e projetos para São Paulo. Ela trouxe o passado, que não era bom para ela, em vez de focar no futuro, muito mais promissor. Não adianta ficar batendo em ponta de faca. Ela perdeu em 2004, o jeito é aceitar e conviver com aquela derrota. Trazer o passado para melhorar a avaliação daquela gestão que supostamente teria sido injusta não faz qualquer sentido. O eleitor não quer ser considerado burro. Se descobrir que errou em 2004, ficará mais puto ainda com quem fez perceber esse erro. A comparação só fazia sentido se tivesse sido vitoriosa, mas não foi esse o caso. Agindo assim, a campanha perdeu o rumo e o resultado foram quedas continuadas nas intenções de votos e subida de sua rejeição. Até mesmo quando quis trazer para o debate o nepotismo do candidato e de seu suposto amante, fez isso de forma atrapalhada. Não soube explorar uma fragilidade do adversário com competência. Marta perdeu a oportunidade de melhorar sua imagem perante o eleitor paulistano, mesmo que isso não levasse a sair vitoriosa das urnas. O melhor é esquecer mais esse round, mas tirar as lições para batalhas futuras dos motivos que a levaram à derrota.

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O vale-tudo da corrida eleitoral

É hipocrisia imaginar que na corrida político-eleitoral o vale-tudo não é a regra, mas a exceção. A campanha da Marta Suplicy em São Paulo errou na estratégia eleitoral ao abordar a vida privada do candidato Kassab, mas não quer dizer que a eleição é uma peleja entre mocinhos. É um erro permitir que a campanha eleitoral invada indevidamente a vida privada do candidato. Esse é apenas um princípio. Todavia, o maior erro em termos de estratégia eleitoral é que a campanha da Marta devia prever a reação negativa da mídia, apesar de estar aí uma grande hipocrisia.
Os petistas reclamam que a mídia sempre escancara a vida privada deles, mas quando acontece com seus adversários, essa mesma mídia insurge indignada. É público e notório que a vida privada de Lula e Marta Suplicy (só para citar alguns) foi e continua sendo invadida descaradamente pela grande mídia que a todo custo busca proteger a vida privada do candidato Kassab. Marta Suplicy foi e continua sendo vítima de preconceitos resultados da invasão de sua vida privada (algumas verdadeiras calúnias). Esse é mais um caso de indignação seletiva.
Estrategicamente, a candidata Marta Suplicy deveria ter reconhecido o erro no início, pedido desculpas, sem abandonar a estratégia de levar ao eleitor mais informação negativa sobre seu adversário. Seria uma escolha tática, e não tem nada a ver com a noção de certo ou errado. Aliás, em eleição a idéia de certo ou errado é bobagem. Tanto é verdade que contra o PT vale-tudo, e ninguém fica espantado.
Tudo indica que Marta Suplicy só viu o comercial depois de sua divulgação, mais tal fato não é atenuante para ela. A responsabilidade da campanha é sempre do candidato (a). Assim, ao perceber a repercussão negativa, a melhor estratégia é sempre reconhecer o erro, pedir desculpas e manter a estratégia de outra forma (desde que ainda se acredite que a estratégia possa surtir resultado eleitoral).
Uma maneira inteligente de abordar a suposta homossexualidade do candidato Kassab é questionar a existência da Secretaria de Desburocratização. Para que foi criada? Teria sido para abrigar na administração de Kassab o deputado Rodrigo Garcia? Quais os critérios que levaram sua escolha? No final, alguém acabaria levantando a questão do homossexualismo de Kassab, sem precisar que a campanha abordasse sua vida pessoal.

Também é importante questionar o estrondoso crescimento do patrimônio de Kassab desde que iniciou na política no governo de Celso Pitta. O comercial de Marta Suplicy traz essas questões, mas a mídia ignora, centrando somente na sua suposta indignação. Nesse episódio, a mídia sem pudor propaga que a candidata tem preconceito contra homossexuais. É o vale-tudo da mídia contra Marta Suplicy. Contra Marta Suplicy o vale-tudo é permitido.
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O Mantra

Do Blog do Luís Favre, de 27 de agosto de 2008

“A petista é, entre todos os candidatos à prefeitura, a que tem a maior taxa de rejeição.”

Hoje no Blog de Josias (jornalista Folha de São Paulo)

Pesquisa Datafolha - Rejeição e intenção de voto

Comentário deste blogueiro: A frase do Josias de Souza, da Folha de São Paulo, fala por si só. É mais uma demonstração cabal da tentativa de manipulação escandalosa do jornalismo engajado para a direita do espectro político. É mentira deslavada, na maior cara de pau, o que dispensa maiores comentários. Depois ficam reclamando que o povo não é mais influenciado pela mídia. Esquecem de dizer que o povo foi colocado de lado pela mídia há muito tempo. E o povo sabe das coisas, não é bobo. Enquanto o PSDB paulistano com a candidatura de Alckmin critica a administração Kassab, que não deixa de ser do PSDB, Marta Suplicy continua subindo. Se até eles já perceberam que a administração não é essa coca-cola que a Folha tenta vender, fica difícil defender o governo tucano-demo da prefeitura de São Paulo.

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As opções do blogueiro nas eleições municipais

Belo Horizonte: Este blog apóia a candidatura Jô Moraes (PC do B). Fiquei muito triste com o papelão que o PT de Belo Horizonte representou nessa eleição. Nada de pessoal contra Márcio Lacerda (PSB), mas a forma com que foi conduzida a escolha do candidato pelo prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) é um desrespeito aos eleitores da cidade. Por outro lado, a candidata Jô Moraes tem história de luta popular em Belo Horizonte. Nesses 16 anos, esteve sempre ao lado do projeto popular iniciado por Patrus. Porém, o candidato Lacerda tem a máquina municipal e estadual, recursos financeiros para campanha e uma vantagem de horário eleitoral sem precedentes. É muito difícil vencer uma candidatura nesse patamar. Todavia, o importante é manter a esperança. A última pesquisa mostrou um crescimento espantoso do candidato Lacerda. Isso era esperado, mas a rapidez da elevação das intenções de voto surpreende. Em Belo Horizonte, em que o número de indecisos era muito grande, a exposição do candidato é crucial para seu sucesso. E, nesse quesito, Márcio Lacerda dá de goleada na Jô Moraes. Uma eleição de Jô Moraes é uma grande vitória da democracia. Uma candidatura construída nas bases contra um adversário escolhido por caciques partidários.

Curitiba: A candidata Gleisi Hoftmann (PT), esposa do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, é a opção do blogueiro para Curitiba. A vantagem do prefeito e candidato à reeleição Beto Richa (PSDB) é muito alta. A administração municipal possui elevados índices de avaliação popular, o que praticamente aniquila as chances de uma candidatura de oposição como a representada pela candidata petista. A estratégia eleitoral da petista de levar estrelas do PT para fazer campanha no município – Dilma, Lula, Paulo Bernardo, etc. – dificilmente produzirá o resultado de impedir a vitória do prefeito no primeiro turno. Todavia, pode elevar o “recall” da candidata para futuras campanhas eleitorais.

Porto Alegre: Este blog apóia a candidata Maria do Rosário (PT) contra a reeleição do prefeito José Fogaça (PMDB). A disputa para ir para o segundo turno trava-se no campo da esquerda entre Maria do Rosário (PT) e Manuela Ávila (PC do B). As mulheres estão representando bem nesta eleição de Porto Alegre. A quarta colocada é a filha do ministro Tarso Genro, a deputada Luciana Genro (PSOL). Este blog ficará satisfeito se a candidata do PC do B chegar ao segundo turno e vencer a eleição. Todavia, sua aliança com o PPS tira um pouco o brilho de sua candidatura, o que reforça a opção pela candidata do PT. A expectativa que a esquerda vença a eleição no segundo turno, até mesmo porque a soma dos votos das candidaturas do campo da esquerda supera largamente as intenções de votos da direita, e do prefeito em particular.

São Paulo: A melhor surpresa das últimas rodadas de pesquisas eleitorais – IBOPE e DATAFOLHA – foi o crescimento das intenções de voto da candidata Marta Suplicy (PT). Kassab realiza um governo razoável, para não dizer centrista. Não é um governo popular, mas também não nenhum governo que possa ser classificado como ruim. Todavia, eleitores de segmentos sociais de renda mais baixa – os pobres – sentem abandonados pela administração tucano-demos. Daí vem a principal força da candidatura da Marta. Ademais, os problemas no trânsito deram à Marta a chance de penetrar em segmentos da classe média baixa, que havia perdido no último embate eleitoral. Mas o mais importante é que a direita paulistana enfrenta uma divisão interna entre as candidaturas de Kassab e Alckmin. Esse último está completamente perdido na eleição. Não sabe se ataca Marta ou se ataca a administração Kassab, que também é tucana. Isso porque os tucanos ligados ao governador Serra detém os mais importantes cargos da administração. Este blog espera uma vitória de Marta em São Paulo. O melhor que poderia acontecer é se viesse no primeiro turno, o que passou a ser uma hipótese crível, tendo em vista as últimas pesquisas eleitorais. Aliás, esse é o desespero do tucanato atualmente.

Rio de Janeiro: Este é um blog de um eleitor petista, portanto, preferencialmente o apoio é para candidatos petistas. Porém, no Rio de Janeiro, o PT conseguiu se auto-destruir, desde a desastrada intervenção patrocinada por José Dirceu para impedir a candidatura de Vladmir Palmeira e apoiar o candidato Garotinho em 1998. Desde então, o PT nunca mais teve o mesmo brilho no município. O desgaste da figura de Benedita da Silva e a saída de Chico Alencar para o PSOL só agravaram uma situação que já não era boa. Tenho boas referências do candidato petista Alessandro Molon, é uma boa novidade. Porém, nessas eleições, sua candidatura não tem a menor chance. Assim, o melhor é o PT desistir de vez de seu sonho impossível e apoiar uma candidatura do campo popular: Jandira Feghali (PC do B). Essa sim é uma ótima opção para prefeita do Rio de Janeiro. Todavia, o PT tende a insistir com sua candidatura até o final. O risco é que o candidato metamorfose-ambulante Eduardo Paes (PMDB) consolide no segundo lugar e terei que apoiar o candidato Crivella (PRB). Nem eu, muito menos o Rio merecemos. Vale ressaltar que a candidatura Gabeira (PV) e seus neo-aliados (PSDB e PPS) não decola. Se a eleição fosse realizada somente no Leblon, Copacabana, Ipanema e adjacências, Fernando Gabeira seria o prefeito carioca. Todavia, o Rio é um pouco mais que a classe média da zona sul. Como os pobres também votam, é natural que queiram ser levados em consideração pelo candidato que deseja seu voto. Acorda Gabeira.

Recife: As últimas pesquisas eleitorais são unânimes em apresentar o crescimento da candidatura do petista João da Costa. A administração do prefeito João Paulo (PT) é muito bem avaliada, o que favorece uma candidatura de continuidade. Ademais, o governo estadual de Eduardo Campos (PSB) é bem avaliado pela população, e apóia o candidato do prefeito da cidade. Tal cenário favorece o crescimento da candidatura governista. Como nunca tinha disputado uma eleição, o candidato do PT era pouco conhecido (“baixo recall”), muito embora tenha sido o secretário de planejamento do governo municipal. O fato de participar de um governo bem avaliado é um fator que ajuda o crescimento de sua candidatura, pois fica mais fácil uma identificação pelo eleitorado da continuidade administrativa. Os dois outros postulantes mais competitivos têm bom “recall” de eleições passadas, mas fazem oposição à administração atual. A expectativa do blogueiro é que PT continue na administração de Recife.

Fortaleza: A opção do blogueiro para Fortaleza é para a continuidade da administração de Luizianne Lins (PT). Há uma disputa envolvendo os evangélicos, com cartazes de outdoors contra a prefeita por razões de puro fanatismo religioso. Ademais, a candidata Patrícia Saboya (PDT) tem atacado a candidata petista, principalmente por que foi proibida pela Justiça Eleitoral de usar as imagens de Lula e de mensagens de apoio do ex-marido Ciro Gomes (PSB). Este último partiu para ataques de baixo calão contra a candidata do PT, mostrando mais uma vez seu descontrole verbal. Vale lembrar o Ciro Gomes que o seu partido apóia a candidata do PT, tendo inclusive indicado o candidato a vice, e que o maior partido da base do governo de seu irmão Cid Gomes é o PT. Mas o descontrole do Ciro acaba contra ele mesmo. É um político de qualidades inegáveis, que tinha tudo para ser um grande estadista, mas deixa-se levar por querelas pessoais. Em Belo Horizonte, ao classificar como escoria os contrários à candidatura de seu apadrinhado político Márcio Lacerda, Ciro demonstrou sua pouca tolerância política. Agora em Fortaleza, mostra falta de coerência. Por último, vale ressaltar que o candidato do DEM, Moroni Torgan, está em segundo lugar nas pesquisas, tendo tudo para ir para o segundo turno.

Salvador: Em Salvador, as pesquisas mostram a liderança do neto do Toninho Malvadeza, o ACM Neto (DEM). Em seguida, o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB), seguido do atual prefeito João Henrique (PMDB). No quarto lugar, está o candidato do PT Walter Pinheiro, o único dos principais postulantes que subiu na última pesquisa DATAFOLHA. Este blog torce por sua candidatura. A subida do candidato petista foi significativa, já estando em empate técnico com o prefeito João Henrique. A expectativa é que o horário eleitoral ajude o candidato petista alcançar o segundo turno, representando a esquerda popular contra a candidatura direitista.

Em tempo: Este blog apóia o retorno de Maria do Carmo (PT) para a prefeitura de Betim (MG). Realizou talvez o melhor governo que Betim já teve. Ultimamente vem sofrendo ataques anônimos de baixo calão, de figuras que escondem no anonimato para divulgar mentiras e calúnias contra a candidata. Boa sorte Maria do Carmo.
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Agora o jogo fica mais claro para o eleitor

A cientista política Fática Pacheco, em artigo publicado no Estado de São Paulo, faz uma análise do crescimento das intenções de voto da candidata Marta Suplicy (PT). Sua análise baseia-se na performance de Marta na mídia eletrônica e impressa no período pré-horário eleitoral quanto de sua sintonia com as preocupações dos eleitores paulistanos. Vale a pena conferir.

Agora o jogo fica mais claro para o eleitor

Fátima Pacheco Jordão

Embora só comece oficialmente depois de amanhã, o horário eleitoral no rádio e na televisão já teve um ensaio em agosto. A mídia, tanto impressa como eletrônica, fez uma opção diferenciada de cobertura, tratou de forma mais focada os problemas de eleitores nas suas regiões, elaborou diagnósticos e estimulou os candidatos a oferecer as soluções que propõem.

Em São Paulo esse processo foi ainda mais sofisticado, organizações civis até encaminharam aos candidatos perguntas sobre metas a serem alcançadas em cada distrito da cidade. Ou seja, há uma percepção geral de que o eleitor busca respostas mais precisas dos candidatos. E é nesse tom que o horário oficial eleitoral que começa vai ser formatado. A sintonia dos candidatos com esta pauta pôde ser acompanhada no noticiário de maior audiência na cidade - o SPTV2, da TV Globo. Na última semana, estimulados pela emissora, os candidatos discutiram saúde, coleta de lixo e segurança nos bairros.

Este ensaio prévio já rendeu resultados. Marta Suplicy, a primeira a apresentar programa completo de governo, virou o jogo antes da entrada do novo tempo da campanha. A pesquisa do Ibope, publicada ontem, mostra que ela ganhou pontos em quase todos os segmentos pesquisados e se coloca na perspectiva de poder ganhar a eleição no primeiro turno. O que seria inédito para essa complexa cidade, com seus graves problemas que todos sabem.

Os números mostram, efetivamente, uma forte aceleração das decisões na cabeça dos eleitores: os que não declinam nomes espontaneamente eram, em junho e julho, 40%. Caíram agora, nesta pesquisa Ibope, para 33%. Ou seja, cresce a parcela de eleitores com declaração de voto mais convicta, porque espontânea.

Quase todos os que consolidaram sua posição foram para Marta, que cresceu de 22% para 29%. Seus concorrentes mais diretos não mudaram. Alckmin fica no patamar anterior de 14% e Kassab no de 6%. Ou seja, apenas Marta Suplicy aproveitou as novas características da cobertura da mídia e consolidou, entre indecisos, boa parcela de votos. Ela respondeu mais convincentemente às questões sensíveis aos eleitores.

O mesmo ocorreu nas taxas de voto estimulado. Entre julho e agosto a dupla situacionista Kassab e Alckmin tinha 42% (média das pesquisas publicadas) e perdem agora 8 pontos (34%). Marta, com 41% agora, aumenta a distância de Alckmin para 15 pontos, claramente assumindo a liderança. Mais ainda, pela primeira vez na série publicada de pesquisas, ela tem taxas superiores a Alckmin nas projeções de segundo turno (47% a 42% respectivamente).

Os segmentos que mais mudaram de posição corroboram a hipótese de que a petista teve um desempenho, na mídia de massa, mais focado nos problemas da cidade e que fez uso mais produtivo do seu tempo na mídia. Seus concorrentes ainda perderam espaço para discutir quem tem o apoio de quem e vazaram para o eleitor tensões internas de seus partidos, gerando obviamente insegurança no eleitorado.

Observando o comportamento de diferentes segmentos através do voto espontâneo, a candidata do PT avança 5 pontos no total e soma 29% do eleitorado, cresce 13 pontos entre os menos escolarizados, segmento que já liderava - chega agora a 38%; cresce 8 pontos entre mulheres (antes liderado por Alckmin) e acumula 30% e ainda cresce 8 pontos (chega a 33%) entre jovens eleitores, até então majoritariamente indefinidos.

Quanto ao voto estimulado, em que o entrevistado lê um cartão com a lista de candidatos, a petista ganha 7 pontos, tirando-os de Alckmin e Kassab, e avança mais nos segmentos já citados. Estes saltos são coerentes com a ampliação da campanha na mídia de massa, a incorporação ao debate dos segmentos de mais baixa renda ou escolaridade e a falta de foco no eleitor dos seus principais oponentes.

Marta consegue uma superação notável, entre eleitoras, segmento que Alckmin ainda sustentava. Esta rodada da pesquisa Ibope mostra um giro importante entre as mulheres, passa de um empate anterior (Alckmin 35%, Marta 32%) para uma liderança considerável (Marta 43%, Alckmin 28%).

Os segmentos onde Marta mais cresceu são os mais estratégicos porque tradicionalmente mantêm taxas mais altas de indefinição até as vésperas da eleição e só consolidam sua escolha com o horário eleitoral no rádio e na TV. Neste ano não será diferente, pesquisas qualitativas em curso têm captado esta tendência. Ninguém brinca em serviço nesta fase da campanha. Marta e Kassab têm mais tempo de rádio e de televisão e ambos, administradores testados na cidade, têm mais o que defender, propor e contrapor. A comparação de suas administrações será o grande referencial na cabeça do eleitor.

Alckmin, com menos tempo, vai precisar ampliar para argumentos de ação e de propostas o pilar que mais o sustenta até o momento: uma boa imagem pessoal - o menos rejeitado dentre os candidatos. O jogo não está todo na mesa, mas vai agora depender da tela.

Publicado na edição do dia 17/08/2008 de O Estado de S. Paulo.
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