Editorial de Wall Street Journal

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  • quarta-feira, 23 de setembro de 2009
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  • Nem tudo está perdido. Editorial do Wall Street Journal põe as coisas no seu devido lugar. Segue o texto original em vermelho. O jornal diz o óbvio: dado o quadro, a única solução, que evita a violência, é Zelaya se entregar às autoridades do seu país, para que seja julgado. Vocês verão que o jornal, de fato, atribui aos EUA a responsabilidade pelo impasse. E está certo. Um texto como este do WSJ é quase impossível na grande imprensa brasileira. É que somos muito plurais, entendem?

    *

    After nearly three months in exile, Manuel Zelaya, the deposed president of Honduras, made a stealth return to Tegucigalpa on Monday, taking sanctuary in the Brazilian embassy. He is now using this diplomatic sanctuary to demand reinstatement and stir up his supporters in the streets. This is a dangerous moment, and if violence breaks out the U.S. will bear no small part of the blame.
    Depois de quase três meses no exílio, Manuel Zelaya volta a Honduras. refugia-se na embaixada brasileira e passa, dali, a comandar os atos em favor de sua reinstalação no poder, incitando seus apoiadores a tomar as ruas. Se a situação degenerar em violência, a responsabilidade dos EUA não será pequena.

    Mr. Zelaya was deposed and deported this summer after he agitated street protests to support a rewrite of the Honduran constitution so he could serve a second term. The constitution strictly prohibits a change in the term-limits provision. On multiple occasions he was warned to desist, and on June 28 the Supreme Court ordered his arrest.
    O jornal lembra que ele foi deposto depois de incitar um movimento em favor da mudança da Constituição, que poderia lhe dar um segundo mandato, o que a Constituição proíbe de modo claro. O texto observa que ele foi advertido muitas vezes a desistir de seu intento, até que foi deposto por decisão da Suprema Corte.

    Every major Honduran institution supported the move, even members in Congress of his own political party, the Catholic Church and the country’s human rights ombudsman. To avoid violence the Honduran military escorted Mr. Zelaya out of the country. In other words, his removal from office was legal and constitutional, though his ejection from the country gave the false appearance of an old-fashioned Latin American coup.
    Sim, vocês já leram algo parecido, hehe. O WST observa que as instituições hondurenhas apoiaram a deposição, inclusive membros de partido de Zelaya, a Igreja Católica e observadores de entidades que defendem os direitos humanos. Para evitar a violência, os militares tiraram Zelaya do país. Ocorre que esse ato deu a falsa impressão de que sua deposição tinha sido ilegal e remetia à velha tradição latino-americana de golpes de estado.

    The U.S. has since come down solidly on the side of-Mr. Zelaya. While it has supported negotiations and called for calm, President Obama and Secretary of State Hillary Clinton have both insisted that Honduras must ignore Mr. Zelaya’s transgressions and their own legal processes and restore him as president. The U.S. has gone so far as to cut off aid, threaten Honduran assets in the U.S. and pull visas to enter the U.S. from the independent judiciary. The U.S. has even threatened not to recognize presidential elections previously scheduled for November unless Mr. Zelaya is first brought back to power-even though he couldn’t run again.
    O texto observa que os EUA apóiam Zelaya desde sempre. Enquanto pediam negociação e recomendavam calma, Obama e Hillary Clinton insistiram que Honduras deveria ignorar as transgressões de Zelaya à ordem legal e reinstalá-lo no poder. Os EUA chegaram ao ponto de cortar a ajuda a Honduras, com a suspensão de vistos. O editorial lembra que os EUA já anunciaram que não reconhecerão o resultado das eleições de novembro, que já estavam marcadas.

    This remarkable diplomatic pressure against a small Central American ally has only reinforced Mr. Zelaya’s refusal to compromise short of a return to the presidency, with all of the instability and potential for violence that could involve. It also probably encouraged him to gamble on returning to Honduras on Monday, figuring even that provocation won’t endanger U.S. support. And so far it hasn’t.
    Esta incomum pressão diplomática contra o pequeno país da América Central colaborou para que ZeLaya recusasse qualquer compromisso para retornar à Presidência, a despeito do potencial de instabilidade e violência que tal comportamento carregava. Isso também o encorajou a retornar ao país, apostando que a provocação não poria em risco o apoio que vem recebendo dos EUA. E não pôs mesmo.

    Now that he is back, Mr. Zelaya and his allies aren’t calling for calm. His supporters have flocked to Brazil’s embassy with cinder blocks, sticks and Molotov cocktails. “The fatherland, restitution or death,” he shouted to demonstrators outside the embassy. In anticipation of trouble and with concern for public safety, President Roberto Micheletti announced a curfew. But when police tried to enforce the curfew, the zelayistas resisted and there is now a Honduran standoff.
    Zelaya e seus seguidores estão agitados. Tomaram a embaixada brasileira e portam coquetéis Molotov. E de lá conclamam: restituição ou morte. Micheletti anunciou o toque de recolher, mas os seguidores de Zelaya resistiram. E Honduras está num impasse.

    On Monday Mr. Zelaya said he owed his return and political survival to “the support of the international community.” He’s getting support from Nicaragua’s Sandinista President Daniel Ortega, the former guerrilla group FMLN in El Salvador, and especially from Venezuelan President Hugo Chávez. But let’s face it: None of that support would mean very much without the diplomatic and sanctions muscle of the U.S.
    Na segunda, Zelaya afirmou que ele deve seu retorno e sua sobrevivência política ao apoio da comunidade internacional. Ele está se referindo ao apoio do sandinista Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, da FMNL, ex-grupo guerrilheiro de El Sabador, e especialmente de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. MAS QUE FIQUE CLARO: NENHUM DESSES APOIOS TERIA VALIDADE SEM AS FORTES SANÇÕES DIPLOMÁTICAS APLICADAS PELOS ESTADOS UNIDOS.

    If the U.S. didn’t know about Mr. Zelaya’s stealth return, it ought to feel deceived and drop its support. Now that he’s back in Honduras, the best solution to avoid violence would be for the U.S. to urge Mr. Zelaya to turn himself over to Honduran authorities for arrest and trial.
    Agora que Zelaya está de volta, a melhor solução para evitar a violência é os Estados Unidos insistirem firmemente para que ele próprio se entregue às autoridades hondurenhas, para que seja preso e julgado.


    Reinaldo Azevedo

     
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