Quem é o dono da boca?

Pautados pelo filme “Tropa de elite”, nossos jornalões e revistas dedicaram recentemente um razoável espaço para a discussão sobre drogas. Articulistas gastaram muitas letras para dividir culpas, fazer julgamentos e destilar prosa. Fariam melhor seu dever de casa se tivessem prestado atenção a uma pequena notícia , totalmente desprezada em suas páginas.

Em 24 de setembro um pequeno avião americano caiu em Yucatan, no México, com cerca de quatro toneladas de cocaína. Seria apenas mais uma pequena notícia se alguns repórteres não tivessem procurado saber a quem pertencia. A resposta foi confusa. O luxuoso jato era propriedade de uma empresa de Nova York, de um certo William Achenbaum que o vendeu dias antes da viagem a outra empresa, da Flórida, a Donna Blue Aircraft, de dois brasileiros, João Luiz Malago e Eduardo Dias Guimaraes. O tal Achenbaum nada quis comentar, os brasileiros disseram que apenas fizeram um negócio em comprar e vender o aparelho, logo em seguida, para dois pilotos, Clyde O’Connor e Greg Smith, os que pilotavam o avião. A Federal Aviation Administration disse que nada foi informada sobre as estranhas transações comerciais.

Não foram as grandes agência de notícias que procuraram conhecer a tal Donna Blue Aircraft. Quem o fez, descobriu que a empresa não tinha placas, ninguém os recebeu e, estranhamente, estacionados à porta, estavam seis carros da polícia, novos e sem distintivos. Seguindo a mesma reportagem, outros tentaram saber dos recentes registros de planos de vôo do avião, descobrindo que Guantanamo foi visitado algumas vezes.

Para não deixá-los com sensação de filme de James Bond, sugiro uma pesquisa sobre a notícia no Google. É claro que há o dedo da CIA. E você, imagino, estará dizendo agora que é impossível, o governo americano tem o DEA, que combate as drogas no mundo, isso é mais uma teoria da conspiração, blá blá blá... Legal. Sugiro começar a entender um tanto como os vários governos americanos colocaram a mão diretamente no tráfico de drogas internacional, começando no caso Irã-contras. Alguns posts à frente, voltamos ao assunto.
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Vai, Google, vai!

Na falta do que fazer, um sujeito pop do mundinho dos blogs resolveu atacar este humilde espaço. O Velho do Farol, o Marcus Pessoa, resolveu tomar o Abundacanalha como um blog de pessoas fake, que fazem comentários fake ( e com "nomes de pobre").

Isso porque a pessoa que vos escreve cometeu o crime de se chamar Kelly, não gostar da mídia golpista (o que me transformou em petista fanática. Hein?!?!) e ter feito um comentário no blog do cidadão querendo saber como ele sabe tudo sobre os usuários de drogas. Qual a metodologia. But. O que tive em resposta foi o tal ataque. Além de um xingamento na minha caixinha de comentários.

O rapaz não gosta MESMO de ser questionado. Gente sábia é assim mesmo.

Então Google, é isso:

Este é o blog que o Marcus Pessoa odeia.
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Fedor no parquinho



Original: Detalhe de Nicolas Bertin, Phaéton na carruagem de Apollo, óleo, 90 x 125 cm, Museu do Louvre, Paris.
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Itália: querem blogs com certificado e impostos

Nossa mídia, mais desejosa de descobrir desvios antidemocráticos em Chávez, não deu importância ao projeto de lei que Romano Prodi, primeiro-ministro da Itália, encaminhou ao Conselho de Ministros no dia 12 de outubro. Ele exige de cada site, cada blog italiano, um certificado do governo, com pagamento de impostos, mesmo que não tenham proposta comercial. As agências de notícias internacionais acharam coisa pouca, olharam para o outro lado. Foi o terceiro blog mais acessado do mundo, o Boingboing, quem deu a notícia, com justo escárnio. Vale ler seus irados leitores.

O fascismo deixou marcas e alguns herdeiros na Itália. Um dia após o projeto, 500 mil pessoas se reuniram em Roma convocadas por Francesco Fini, líder da Aliança Nacional, saudosa dos camisas negras, aliada de Berlusconi, aquela espécie de Silvio Santos versão cosa nostra, dono da mídia italiana. Os brados, a motivação, era para desqualificar a vitória de Walter Veltroni, prefeito de Roma desde 2001, nas primárias do Partido Democrático, que o qualificou como adversário de Berlusconi nas próximas eleições.

O que desejam em restringir blogs? A Itália é hoje um dos países onde mais se necessita uma versão diferente da mídia tradicional, concentrada nas mãos do mesmo grupo. E estas outras versões existem. Uma delas, o blog de Beppe Grillo, um ex-comediante da televisão, consegue ser lido por 200 mil pessoas diariamente, que deixam cerca de 2 mil comentários cotidianos. Ele conseguiu, no fim de semana anterior às primárias, fazer com que 300 mil italianos assinassem, em 200 cidades, uma petição para expurgar a vetusta classe política italiana. Iconoclastia pura.

O que fazem os “democratas” italianos? O mesmo que todos os existentes no planeta. Mudam o jogo, criam novas leis. É como o tapetão em qualquer campeonato fuleiro de futebol. Só valem regras quando permitem chances ao time dos donos da bola.

Infelizmente, os italianos não estão inventando a pólvora.
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Adivinhação

Deu em:
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=58010

Adivinanza

Michel Collon
www.michelcollon.info


El presidente A propone una nueva Constitución. La somete a la votación de su pueblo.

El presidente B propone también una Constitución. En cuanto una parte del pueblo dice no, se deja de votar. Un poco después es impuesta la misma Constitución. Sin votación. ¿Quién es el demócrata?

Se equivocan ustedes completamente. El primer presidente se llama Chávez; por lo tanto, es un populista y un dictador. El segundo se llama Sarkozy y la Unión Europea; son, por lo tanto, demócratas.

¡Viva la democracia!
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Coisa de guri fedorento

"Eu não diria isso, mas lá no Rio Grande se chama isso de um guri de merda"

Comentário de Nelson Jobim, ministro da Defesa, sobre o deputado Rodrigo Maia, presidente do DEM, após o jovem nervosinho ter feito várias grosserias no animado karaokê-jantar na casa do senador Demóstenes Torres, Fonte: Estadão.
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Eu canto samba pq só assim eu me sinto contente

O Tuchinha é um dos compositores do samba da Mangueira de 2008.

E ex-traficante, dos quase românticos anos 80. Que foi condenado, preso e cumpriu parte da pena. Está solto como permitiu a lei.

Saiu da cadeia e deu a fazer samba. O dele ganhou a disputadíssima escolha do que a Mangueira irá cantar na Sapucaí.

Os jornais cariocas estamparam isso como um escândalo. Foi capa do Expresso, do Extra, do Dia, nota n´O Globo. Aliás, este último resolveu atacar com força o compositor.
O Ancelmo Goes - que todo dia publica uma gracinha pró Aécio ou pró Vale do Rio Doce (oh. Por que será?) - chegou a estampar uma foto com a legenda "a senadora do PT ideli curte o samba feito pelo traficante tuchinha na mangueira" e fez uma enquete no seu blog questionando se o fato do tal samba ter sido composto por um ex traficante não iria prejudicar a escola no ano que vem. Como era de se esperar, vindo de leitores cadastrados naquele jornal de eleitores de bolsonaro, o resultado deu que sim.

Não sei o que motiva tamanho ódio. Será que algum amigo da coluna perdeu a disputa do samba? Eu suspeito que não. Acho que só é preconceito.

Tuchinha talvez não quisesse ser traficante a vida toda. O Cacciola tem todo direito de fugir, não é mesmo? Mas um traficante, favelado, achar que pode ter uma vida mais ou menos normal?

Isso é inconcebível para as elites, cada dia mais favoráveis - e propagandeando cada dia mais - a bandeiras como a pena de morte, estado de exceção ou tortura. Tanto que a enquete atual do já citado colunista é para saber se a OAB pode ficar defendendo que os bandidos não sejam exterminados. Para eles é óbvio que defender a lei (ou existirem leis que protegem o que é diferente deles - este é o ponto) é tão absurdo quanto o fato de um ex traficante, feio, favelado virar um compositor.

Queria ver a ficha corrida do Aécio. Deve ser uma delícia.

Ah, não conheço Tuchinha. Nem ouvi o tal samba. Minha escola é outra. E olha, não falta é bandido bom nas escolas. E na Liesa... Mas desses, com carrões, ninguém fala mal ;)
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AdSense: Chega de prostituição!

Está virando uma praga. Muitos blogueiros estão sendo seduzidos pelas parcas comissões que o Google oferece para seus anúncios. O resultado é uma suruba capitalista para se vender de tudo o possível que faça sentido com as palavras de nossos outrora independentes blogs. Sim, se a primeira vítima é a boa diagramação, com um fuzuê de anúncios misturados ao texto, é a independência a maior vítima. Se o nosso blogueiro reclama da companhia de seu celular, lá aparece a mesma empresa vendendo seu último produto. Se é uma delicada análise das relações afetivas, vende-se um amor rápido em um site de “namore já”.

Nada é novo. Jornais, revistas, TVs, todos são sujeitos às mesmas leis capitalistas. Você ajuda a vender, junto vêm seus compromissos. Alguém acredita em falta de obrigações quando sua receita depende de alguns certos anunciantes? Toda a grande mídia tem sua lista de pautas proibidas. É este o mundo que alguns estão entrando. Blogs ainda são a esperança de uma outra versão dos fatos. A possibilidade da informação surgir nua, crua ou não, e servir de contraponto aos limites do jornalismo de pura propaganda da grande imprensa.

Não vamos com esta sedução imaginar estar reinventado a roda, ou o fogo. Lembro agora de uma aula de um antigo professor que citou um fato verídico acontecido na década de 30 do século passado, no Ceará. Um criativo fazendeiro inventou uma mistura moderníssima que permitiu eliminar várias pedras que atrapalhavam o caminho do seu gado. Os jornais locais o chamaram de gênio. Repercutiu até no sul. Ele havia descoberto que salitre, carvão e enxofre faziam aquele efeito. Quis até registrar a invenção.

Não precisamos redescobrir a pólvora. Blogs e anúncios não combinam. Melhor ganhar dinheiro mais honestamente, e fazer o bom jornalismo que a grande mídia não tem como fazer com o seu enorme rabo preso.
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O dono da bola

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Dura vida de baluarte da direita

Uma nota na última Carta Capital dá a Denis Rosenfeld o papel de primeiro neoliberalóide comercial de nossa mídia. Um exagero. O professor de ética política da Universidade do Rio Grande do Sul, embora algumas vezes citado por profetas da direita em alguns recantos do país, tem sua fama restrita às proximidades do Chuí. O que permite refletirmos o quão regionais eles o são. Exceção e justiça seja feita a Diogo Mainardi, graças a enorme tiragem da Veja, que o coloca em um palenquezinho bem remunerado há anos. E apenas a isso, vale registrar. Mais correto seria lembrar de nomes como Roberto Campos, Eugênio Gudin e Gustavo Corção, que freqüentaram quase cotidianamente páginas de jornais, como porta-vozes do mais legítimo pensamento da direita. Ganharam para tal.

Interessante que os três se formaram em engenharia. O primeiro foi diplomata, passou a se interessar por economia, tendo participado até da Conferência de Bretton Woods, aquela que forjou o enorme “banco imobiliário” que ainda estamos vivendo e que ajuda a empurrar o capitalismo para o buraco. Gudin se interessou por economia em 1920 quando passou a publicar artigos no O Jornal, do Rio de Janeiro. Algum tempo depois foi ser seu diretor de redação. Corção foi pensador católico, autor de vários romances e ensaios, um dos participantes mais constantes e ativos da imprensa carioca. Todos, ainda hoje, têm seus textos lembrados e citados pela nata do pensamento liberal.

Penso que deve ser difícil entrar hoje neste mundinho não tendo um bom curriculum de pensamento conservador. Daí, imagino as dificuldades de um Ali Kamel, depois de uma curta carreira de repórter, que tenta agora publicar seus primeiros livros e fazer polêmica para agradar seus chefes, atualmente enrolado em disse-me-disses prosaicos com Luis Nassif. Logo ele que justificou ontem algumas de suas últimas tentativas desastradas de opinião em carta de leitores no Globo como “Nota da redação”. Ou seja, o diretor do jornalismo da TV Globo também é a redação do jornal O Globo. Tem em suas mãos todo o poderio da mídia e se sujeita ao triste papel da retórica diversionista, evitando ser desnudado em sua impostura como teórico de qualquer assunto.

Claro, não vamos por isso ressuscitar Gudin, Corção ou Bob Fields, melhor esquecê-los todos.
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As bancas são agora da Abril

Com a compra da Fernando Chinaglia pela Abril, anunciada dia 11 último, o processo de monopolização da mídia tupiniquim deu um de seus maiores e derradeiros passos. O que mais falta? A empresa era responsável pela distribuição de revistas como Carta Capital, Fórum, Diplô, entre outras. Agora todas ficam sujeitas à política da Abril. O que vocês acham que vai acontecer. É caso para ação no Cade, para irmos às ruas.
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Dilma

para presidente!
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A Folha de cabelo na língua

Certamente foi um momento masoquista, li a coluna de Nelson Ascher na Folha da última segunda. Chamou minha atenção o destaque da chamada da capa. A Folha, como outros jornais, investe no pensamento de quem bem esbraveja contra qualquer sintoma de esquerda. É cargo em alta nas empresas de mídia, qualquer currículo está emplacando. O deste cidadão não o credencia como alguém a se levar em conta. Ao dedilhar uma primeira pesquisa, vejo que na Wikipedia ele “cursou um ano de medicina, para enfim seguir o curso de administração da Fundação Getúlio Vargas e posteriormente pós-graduação em semiótica na PUC-SP.”. Tudo bem, talvez ainda procure uma ciência. Mas, nos passos seguintes, e dito pela própria Folha, é hoje poeta. Tamanho arco acadêmico me faz pensar que um dia ainda estará no programa do Faustão, especialista em dança no gelo, mágica de salão ou biógrafo de Ariel Sharon. Sim, isto está claro em seus escritos até aqui registrados: é um notório sionista, de cabelo na língua. Todo seu pensamento é uma confusa mistura de lógica motivada por ódio ao islamismo e profundo anti-comunismo. O que fica claro em sua última coluna.

Para ele, Eric Hobsbawm é um exemplo de contradição da visão comunista, já que o historiador apoiou a invasão da Finlândia pela URSS, como a única possível diante da ameaça nazista. Diz:

“Só que, se era tão antinazista, por que continuou a apoiar os soviéticos entre 39-41, quando estes eram os mais importantes aliados da Alemanha? Por que não abandonou o partido para apoiar o país que estava combatendo o Terceiro Reich, isto é, o seu?

Não é possível haver dúvida histórica no papel da URSS na derrota do nazismo. E, para tal, o pacto germânico-soviético foi fundamental naquele ambiente da traíras. Era exatamente o pais de Chamberlain que tentava um acerto com Hitler para que este se jogasse rumo ao Cáucaso, e adiasse uma treta com o oeste. Basta uma olhada básica no mapa para entender que a fronteira da Finlândia ficava a 36km de Leningrado. Foram 21 meses para preparar o que seria o começo da derrota do nazismo.

Mas o articulista tem um nítido valor entre as partes envolvidas. Diz sobre o comunismo:

“... não houve no mundo sistema mais desprezado e odiado por suas vítimas, as pessoas comuns. Mesmo o nazismo foi mais popular...”

Mais adiante, sobre os discípulos de Eric Hobsbawm:

“... especialmente no Reino Unido, acreditam que em sua aliança com as lideranças e massas islamizadas está a chave para a revolução antiimperialista.”

Cumé? Onde? Há quem acredite em um Osama bin Laden como líder? Não creio. O povo muçulmano está tomando feio, e Israel tem um papel horroroso nesta história, que bem lembra as práticas do nazismo.

Mas a parte mais esclarecedora do “pensamento” do quadro da Folha vem a seguir:

Se o comunismo foi um dia a aspiração prometéica de transformar o mundo sobre os ossos de cadáveres, hoje em dia ele não passa de um reacionarismo desorientado e rancoroso, cioso de cada detrito de sua mitologia kitsch (como Che Guevara) e sempre acreditando que “quanto pior, melhor”.

Como assim? A revolução comunista fabricou cadáveres, as burguesas distribuíram flores?

"Isso é o que transparece em reações a um artigo que, a respeito do assalto que sofrera nos Jardins, o apresentador de TV Luciano Huck publicou, na semana passada, na seção “Tendências/Debates”.

"O tom das respostas negativas era o de que um brasileiro que não seja “excluído” não tem direito nem aos benefícios da cidadania, nem à proteção das leis nem sequer à solidariedade. Está proibido até de reclamar. Segundo aquelas, caso alguém pertença à “elite”, mesmo que pague impostos e não cometa crimes, tem é que morrer, salvo, talvez, se ingressar no PT."

Não, pare o carro que tenho que descer. Entendo que o cartel da mídia tenha necessidade de reproduzir o seu pensamento, mas deveriam melhor escolher seus artistas. Este é capaz de fazer até Gengis Khan ficar corado de vergonha.
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Sobre os ódios e a ternura

A mídia das elites com seu poder monopolista consegue transformar pensamentos vulgares em audiência. Onde escreveria um Ali Kamel se existisse diversidade de pensamento na mídia? Que importância teria um Diogo Mainardi? Pensei isto agora ao ler mais um texto do Laerte Braga. Ele publica seus textos nas escondidas vielas da mídia alternativa. Ainda bem que com a internet elas sobrevivem. Foi dele o que mais me tocou sobre a lembrança do dia 9 de outubro de 1967, quando Che Guevara foi morto. Gostaria que aqui ficasse registrado:

“Quando publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor “

Laerte Braga

Ernesto Rafael Guevara de La Serna viveu e morreu com a dignidade que nem VEJA e nem o Civita, mafioso que preside o grupo que edita a revista, jamais tevera em qualquer momento. VEJA é venal, mentirosa e representa interesses de uma república dentro do Brasil, a FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), uma espécie de país vizinho que fala a mesma língua.

VEJA é a imagem do CANSEI, movimento de escravocratas mineiros e paulistas, dondocas aflitas e desesperadas e da chamada classe “mérdia”. A que não é e nem consegue ser.

É como a GLOBO. A cabeça da GLOBO pode ser sintetizada no episódio envolvendo o diretor do prostíbulo em casa, o Big Brother. O dito cujo ao lado da socialite Narcisa Tamborindeguy, monumento das elites ao vazio, ao não ser nada, injetava éter (como será que conseguia?) em centenas de ovos e escondido da janela do apartamento de um dos boys ou girls da turma se deliciavam atirando-os nas “vagabundas” que passavam pela rua.

Um grupo de rapazes criados com todo o “esmero” global, todos os cuidados informativos de VEJA, a turma dos condomínios fechados, baixou num ponto de ônibus e a pretexto de justiçar uma “vagabunda”, agrediu uma trabalhadora. Roubaram-lhe sessenta reais e um celular para comprar drogas.

O pai de um deles disse que o filho não podia ficar detido junto com presos comuns, pois era estudante de direito. Não disse mais uma palavra depois que ficou provado que a prática era comum. “Vagabundas” eram justiçadas todos os dias pela droga dos filhos dos condomínios fechados.

VEJA é podre. Quando da queda do avião da TAM o robô que apresenta o JORNAL NACIONAL, o tal que disse que “nosso público é como Homer Simpson” (um sujeito simplório que exerce uma função de importância numa agência nuclear e se deixa iludir e enganar com a maior facilidade), sofreu uma crise de chip ao transmitir a notícia, na tentativa de mostrar que a falta de ranhuras em Congonhas tinha provocado o acidente, pois o AIRBUS teria aquaplanado.

Em dois dias a mentira estava desfeita e o moço ganhou férias de uns cinco dias para não desgastar a imagem de mentiroso das oito e pouco da noite de segunda a sábado.

No domingo, a capa de VEJA era a seguinte: “O PILOTO FOI O CULPADO”. Nenhum respeito por coisa alguma, ou quem quer que seja, no afã de servir aos que pagam e compram a revista para publicar o que querem. Imunda.

Duas semanas depois a “caixa preta” mostrou que o acidente foi provocado por falha numa das turbinas, falha no reverso, a manutenção era precária na TAM e o piloto e o co-piloto haviam tomado todas as atitudes necessárias e corretas à situação.

Nem uma palavra de desculpas. A TAM é uma das empresas que compram VEJA. É uma empresa que anuncia em VEJA.

Há centenas de relatos e biografias de Chê em todas as partes do mundo. O rosto de Chê virou lucro para o capitalismo de cada dia. Por que tentar transformá-lo em vilão agora, cinqüenta anos depois de sua morte?

Só o setor do governo do Texas que comprou a revista, a matéria, em VEJA várias publicações sórdidas em todo o mundo pode explicar.

Chê ultrapassa seu tempo. Torna-se exemplo para uma juventude que vê diariamente as mentiras globais e aprende a matar nos jogos de vídeo e computador.

A morte asséptica da tortura nas prisões do Iraque, no campo de concentração de Guantánamo, ou no documento recém divulgado pelos próprios jornais independentes do Texas (ex EUA) em que o líder terrorista da Organização Casa Branca autoriza o uso de “técnicas aprimoradas de interrogatórios”. Tapas no rosto, exposição contínua a baixas temperaturas e afogamentos simulados.

A presença cada vez maior de Guevara incomoda. Claro. Em quem o jovem vai buscar inspirar-se? Em Renan Calheiros? Em Fernando Henrique Cardoso? Em José Serra? Em Aécio Neves? Num presidente que sobrevive engolindo sapos e largando compromissos ao Deus dará como Lula? Em Boninho e seus ovos podres? Em Mônica Veloso que fez tudo para “garantir” o futuro do filho, “preservá-lo” e foi parar nas páginas da PLAYBOY?

Em Antônio Ermírio de Moraes, “paladino” do progresso que vê o Parlamento da Suécia aprovar uma lei determinando que Estado venda as ações da ARACRUZ por práticas criminosas contra pessoas e contra o ambiente?

Nos heróis e vilões da GLOBO?

O modelo está falido. Tentar reduzir Guevara a adjetivos que interessam aos “donos”, aos senhores feudais da Idade Média da Tecnologia é parte de um processo de diluição do ser humano, de seus valores, de transformação desse ser em objeto, em mercadoria.

Roberto Requião, ao término das apurações no Paraná, onde foi reeleito governador com frente mínima, desabafou: “a senhora Miriam Leitão é mentirosa e mentiu com dolo no caso do Porto de Paranaguá. O senhor Pedro Bial é mentiroso e escolheu um terminal privado para tentar mostrar que o governo do estado não cuidava do porto para atender a interesses de privatização e dos plantadores de soja transgênica”.

Ambos engoliram em seco porque são mentirosos. Não importam os fatos, importam as versões que atendam aos interesses dos que pagam (bancos, grandes corporações, governo do Texas, FIESP (uma espécie de delegacia texana por aqui, algo como a agência Pinkerton).

A presença de Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa mostrando uma alternativa à verdade absoluta das franquias texanas ao resto do mundo incomoda. Palestinos lutando por liberdade e por sua terra incomodam. Iranianos buscando com um governo eleito pelo voto direto no único país árabe onde as mulheres votam incomodam.

Não é só VEJA que está procurando demolir a imagem de coragem de Guevara. São revistas e jornais da imprensa marrom no mundo inteiro, parte da sociedade de espetáculo, onde o show é formado de vários esquetes e o ser é tratado como um abjeto objeto sem o menor respeito.

O dia que a mídia for livre, isso mesmo, livre, e publicarem a dor e a coragem, terão que publicar o amor.

Guevara vive porque foi o oposto dessa podridão que gera Calheiros aqui. Calheiros no Paquistão. Calheiros na Argentina. Esses caras não suportam imaginar que possa existir quem se lhes seja exatamente o contrário.

Quanto o grupo que edita VEJA perdeu ao não conseguir vencer as concorrências para a edição de livros didáticos para as escolas públicas do País inteiro? FHC saiu e as fraudes ficaram mais difíceis. Pelo menos isso.

Como foram as operações do grupo com estrangeiros em violento desrespeito à legislação brasileira e agora tentam a todo custo evitar uma CPI para apurá-las?

A lavagem de dinheiro no “negócio”.

VEJA não fala nada de graça e nem publica. É tudo uma questão de tabela.

E a GLOBO também.

A matéria sobre Guevara é mais que um achincalhe mentiroso. É parte do processo de desrespeito total e absoluto à verdade e ao ser humano, com objetivos claros de manter ativos os “negócios”.

Um detalhe. Se o dono da VEJA pisar em solo italiano vai preso por fraudes financeiras. Mafioso.

A frase do título é de Fernanda Tardin.
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Esculacho no quintal dos outros é festim


Li na Folha o desabafo de Luciano Hulk após ser assaltado em São Paulo, quando roubaram seu relógio de R$ 48 mil. Disse ele revoltado: “Onde está a polícia? Onde está a elite da tropa? Chamem o capitão Nascimento!”. Pronto. As elites têm um herói. Mais, é um novo modelo. Confesso que nunca entendi o projeto de segurança pública dos representantes dos mais abastados. O Alckmin vivia dizendo que o negócio era simples, bastava fazer mais presídios, contratar mais policiais. Mas agora o discurso deve mudar. No caso do relógio roubado, basta um capitão Nascimento subir a favela, colocar no saco alguns moradores, torturar até conseguir informações, que logo alguém dedura o ladrão. Simples, e o Luciano ficaria contente com seu relógio de volta.

Fiquei matutando esta confessa barbárie. Impossível não associar à última capa da Veja, esta revista que pretende ser porta-voz desta elite, suas preocupações. Para ela, o importante neste momento é desmascarar a farsa da imagem de Che Guevara. Juntou alguns notórios inimigos de Fidel, um agente da CIA para que dissessem que Che foi um bárbaro, um assassino cruel, além de mal cheiroso. Surpresa se tal time comentasse outras coisas, como a atabalhoada invasão da Baía dos Porcos, ou a operação NorthWoods, imaginada pela CIA. Não. Tudo o que dizem é que o revolucionário Che Guevara era violento.

Quer dizer, para fazer uma revolução não podemos dar tiros, temos que tratar bem os inimigos. A violência só é justa quando precisamos ter de volta um relógio roubado.

Outra coisa: um leitor anônimo deste blog deixou registrada uma ótima contribuição para análise. Em 1997 a Veja fazia uma isenta reportagem sobre Che Guevara, de autoria de Dorrit Harazim, esposa de Elio Gaspari. Pergunto: mudou a Veja? Mudou Che? Há uma marcha à direita no pais? Gostaria de opiniões.

E mais outra: Antonio Gabriel Haddad é um especialista em Cuba. Desmonta a "reportagem" da Veja em cada letra. Leia no blog do André Lux, o Tudo em Cima.

Na imagem acima, pintura de John Trumbull, “A morte do general Warren na batalha de Bunker Hill”. Momento não muito glorioso para os revolucionários de George Washington. Mesmo assim, detonaram mil soldadinhos vermelhos (não, não eram comunistas). E que eu saiba, não entraram para a história como bárbaros e violentos.
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Eu vaio minuto de silêncio

Eu odeio adsense. Odeio links patrocinados. Verdade que rio muito com o humor involuntário do google ads. E só.

Amigos blogueiros, me permitam fazer uma observação quase desagradável num mundo onde parece que todos só querem ganhar dinheiro.

Eu (e ninguém que conheço) nunca clico nos anúncios que poluem os blogs que eventualmente leio. Você quer ganhar dinheiro? Aplique na bolsa, prestenção no que conta nesse mundinho dos que querem ganhar dinheiro. O meu (que é pouco, admito) dinheirinho não cai nessa treta não.

E mais. Cuidado com os anúncios que vocês publicam nos seus sites. Daqui a pouco, caso dê certo, vocês se sentirão obrigados a falar bem deles. Olha, sei do que estou falando.

Vocês já leram jornais falando mal de anunciante?
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